Tuesday, February 16, 2010
DOEM-ME OS OLHOS
Doem-me os olhos. Leio sobre a utopia. Sobre o Homem Novo, sobre a Idade do Ouro que vem dos séculos. Doem-me os olhos. Mas sou verdadeiramente outro. O que importa é ler o livro que nos eleva. Mesmo que estejamos até às quatro na cama. Mesmo que estejamos sem as nossas meninas. Trabalhamos. Melhor, criamos. Quem diz que não trabalhamos? E nem sequer procuramos recompensas...a não ser...a própria glória.
Doem-me os olhos. Os vidros distorcidos. A Gotucha liga-me todos os dias. Os meus textos proféticos não têm a saída dos satíricos. Mas há que continuar a procurar o sentido da vida. Mesmo que ninguém nos ouça.
Doem-me os olhos. Leio "A Reconquista do Paraíso" de ramón Tamames. As mulheres falam. Os olhos doem. Não consigo ler mais. O café dá-me alento. Faço da "motina" a minha biblioteca. A D. Rosa abraça-se à amiga. A fraternidade existe. Acredito na mulher e no homem. Quero as minhas meninas. Sou um profeta sem seguidores. Sou um profeta dos bares. Quero as mulheres. Quero as mulheres acima de tudo para conversar. Para contar-lhes a vida. As mulheres falam de Deus. Não sei se quero Deus. Sei que quero o Amor. Não sei se preciso de Deus. Não sei se sou Jesus. Sei que não procuro a submissão, a pequenez. Procuro a praça pública mas sei dos perigos que ela encerra. Aprendo a rir. Mas há séculos que não rio sarcasticamente.
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