Friday, October 30, 2009


“Nestes tempos de crise das bolsas, dos bancos, dos negócios, nestes tempos de falência, de desemprego em massa, em que a vida perde o seu valor, a mensagem de Nietzsche e de Jim Morrison ganha uma actualidade única. Ao homem-mercadoria, ao homem-percentagem, ao homem-número, ao homem vencido, há que opôr o homem criador, o homem que diz sim à vida, não à vidinha da submissão, não à vidinha da rotina, não à vidinha do rebanho, mas sim à vida plena, à vida alegre, à vida autêntica. É possível passar do sub-homem ao super-homem se acreditarmos que, como disse Jim Morrison, isto não passa de um jogo, de um jogo imbecil. Se num desafio de futebol um jogador, uma estrela qualquer, decidir, de repente, pontapear a bola para fora e, pura e simplesmente, abandonar o campo toda a gente vai dizer: ponham esse palhaço na rua! Mas ele responde: ora, isto não passa de um jogo, da merda de um jogo, não sei porque lhe dão tanta importância. E o que temos de fazer é isso: abandonar o jogo, deixar que façam de nós escravos, imbecis. Temos de fazer alguns sacrifícios, seguir a nossa via ("solitário, segue o caminho que conduz a ti mesmo", diz Nietzsche), descurar a sobrevivência, abandonar a máquina mas o ganho será muito superior: tornar-nos-emos livres, poetas, filósofos, super-homens. Temos de nos juntar, fazer a revolução, mas não uma mera revolução política como a de 1917, como a de 25 de Abril, uma revolução global do espírito, das consciências. Teremos de ser até algo irracionais contra a pretensa racionalidade das bolsas, dos bancos, das empresas, da economia. TEmos de derrubar todos os governos. Destruir para construir. Começar do zero. Não ouçamos os jogos eleitoralistas e tácticos dos partidos políticos, dos sindicatos e das outras organizações. Sejamos nietzscheanos, morrisonianos. Punhamos à prova os limites da realidade. SEjamos doidos! Sejamos poetas! Superemos o homem, superemos o real. Construamos a vida. Sejamos afirmadores da vida. Afastemos a morte! Afastemos Deus, o capital e o dinheiro! Brindemos a Dionisos. Construamos o Céu na Terra, o Paraíso na Terra. O mundo é nosso. Não há regras. Não há limites. Queimemos o dinheiro! Queimemos a economia! Calemos para sempre os economistas. Sejamos, como disse Nietzsche, "decifradores de enigmas". Tornemo-nos deuses em vez de carneiros. Demos caos ao caos.” A. Pedro Ribeiro

Thursday, October 29, 2009

SOU APENAS AS LETRAS


Sou apenas as letras
as palavras que escrevo
nada mais
vivo nelas
elas são o espírito e a alegria
elas dançam na folha
cantam para mim
e para o mundo
é automático
não interfiro
elas vivem por si
são livres autónomas
deslizam
sem limites.
este é o caminho é entrar nem sequer bato punhetas hoje o espectáculo esteve a matar este é o caminho é entrar gajas boas a apresentar gajas boas a rodear este é o caminho é entrar acredito na vida acredito no rock n' roll o público acha graça antes que caia em desgraça já estoirei hoje estou em casa a celebrar mesmo que diga maluquices não há problema este é o caminho é entrar joy division quero a minha namorada quero a minha namorada estou a arder quero a minha namorada onde está ela no comité central? onde vai ela vou apanhá-la este é o caminho é entrar, minha gente nau catrineta vou estoirar um abraço ao gesta vou aterrar.

Tuesday, October 27, 2009

O GRAAL

Origem - A etimologia da palavra Graal é um tanto duvidosa, mas costuma-se considerá-la como oriunda do latim gradalis - cálice. Com o brilho resplandecente das pedras sobrenaturais, o Graal, na literatura, às vezes aparece nas mãos de um anjo, às vezes aparece sozinho, movimentando-se por conta própria; porém a experiência de vê-lo só poderia ser conseguida por cavaleiros que se mantivessem castos. Transportado para a história do Rei Arthur, onde nasce o mito da taça sagrada, encontramos o rei agonizante vendo o declínio do seu reino. Em uma visão, Arthur acredita que só o Graal pode curá-lo e tirar a Bretanha das trevas. Manda então seus cavaleiros em busca do cálice, fato que geraria todas as histórias em torno da Busca do Graal. É interessante notar que a água é uma constante na história de Arthur. É na água que a vida começa, tanto a física como a espiritual. Arthur teria sido concebido ao som das marés, em Tintagel, que fica sob o castelo do Duque da Cornualha; tirou a Bretanha das mãos bárbaras em doze batalhas, cinco das quais às margens de um rio; entregou sua espada, Excalibur, ao espírito das águas e, ao final de sua saga, foi carregado pelas águas para nunca mais morrer. Certo de que sua hora havia chegado, Arthur pede a Bedivere que o leve à praia, onde três fadas (elemento ar) o aguardam em uma barca. "Consola-te e faz quanto possas porque em mim já não existe confiança para confiar. Devo ir ao vale de Avalon para curar a minha grave ferida", diz o rei. Avalon é a mítica ilha das macieiras onde vivem os heróis e deuses celtas e onde teria sido forjada a primeira espada de Arthur - Caliburnius. Na Cornualha, o nome Avalon - que em galês refere-se à maçã - é relacionado com a festa das maçãs, celebrada durante o equinócio de outono. Acreditam alguns que Avalon é Glastonbury, onde tanto Arthur quanto Guinevere teriam sido enterrados. A abadia de Glastonbury, onde repousaria o casal, é tida também como o lugar de conservação do Graal.

Monday, October 26, 2009

A D. Rosa vai ser operada. A D. Rosa comoveu-se. Por três semanas não verei a D. Rosa. Que pena. Já me tinha habituado às conversas da D. Rosa. Hoje até me disse que eu era um homem livre. Deus abençoe a D. Rosa.

UM POETA NO SAPATO


Local: Teatro do Campo Alegre
Horário: 22:00h
Município: Porto
Ficha Técnica: Espectáculo para maiores de 16 anos. As "Quintas de leitura" vão pegar fogo. Eles são quatro vozes fulgentes, irreverentes, alucipantes, da poesia portuguesa contemporânea: António Pedro Ribeiro, Daniel Jonas, João Rios e Nuno Moura. Durante quarenta minutos, ler-nos-ão os seus poemas incendiários, eivados de amor e humores de todas as cores.
Promotor: Porto
Temática: Etc
Ciclo: Quintas de Leitura
Início:
2009-10-29
Fim:
2009-10-29

Venho ao café
só para te olhar
bebo cervejas
só para te olhar
princesa da pista
mulher a gingar
dava-te o mundo
só por uma palavra
ia ao fundo
por um sorriso

percorres a sala
é toda tua
és o desejo
fazes-me sonhar
venho ao café
só para te olhar
bebo cervejas
até fartar
és a minha deusa
bailas na noite
até estoirar.

Thursday, October 22, 2009

O POEMA DO HOMEM SENTADO À MESA


Este é o poema
do homem sentado à mesa
do homem que já cá está
desde as cinco da tarde
são oito agora
e o homem não vai embora
já cá estiveram
os amigos do homem
a tratar do livro
com o gerente
os amigos foram
o homem permanece
sente-se em casa
sente-se com a sua gente
o homem do livro
o homem presente

não há aqui segredo
nem qualquer transcendente
é apenas o homem
com a cerveja à frente

limita-se a escrever
o que lhe vem à mente
o homem do livro
o homem crente

este é o poema
do homem sentado à mesa
do homem que observa
e não se mexe
já se imaginava assim
aos quinze anos
o homem das ideias
o homem que permanece

nem sempre o poema
sai de enfiada
mas o homem não desespera
o homem não se enfada
o homem só quer
ficar sem fazer nada.


"Piolho", 21.10.2009

DEUS E SARAMAGO


José Saramago tem razão. O Deus da Bíblia, sobretudo o do Antigo Testamento, é um deus cruel, vingativo que está sempre a ameaçar com dilúvios, catástrofes, fins do mundosó porque fazemos umas asneiras. Mas é bom que se ponha a questão de Deus em cima da mesa. Como em Atenas, como em Florença, como na Renascença. É bom que se discuta tudo, que não haja temas-tabu. Sobretudo a questão essencial, a questão da criação. Deus expulsou-nos do Paraíso, deu-nos o dilúvio, arrasou Sodoma e Gomorra. É preciso discutir Deus. Pôr em causa Deus, a vida, tudo. Começar do zero. Até porque Deus vende livros.

QUEIMAI O DINHEIRO NA BIBLIOTECA DE VILA DO CONDE

O livro "Queimai o Dinheiro" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro vai ser apresentado na Biblioteca José Régio, em Vila do Conde, na próxima sexta, dia 23, pelas 21,30 h. A apresentação do livro vai estar a cargo do escritor Valter Hugo Mãe.


Queimai o Dinheiro" é uma mescla de poesias e prosas que falam do dinheiro elevado a deus supremo, do homem reduzido às operações da bolsa e do mercado mas também do amor e da liberdade como últimos redutos da subversão.


A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968 e reside actualmente em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). Além de "Queimai o Dinheiro", publicou os livros de poesia "Um Poeta a Mijar" (Corpos, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (2003), "Á Mesa do Homem Só" (Silêncio da Gaveta, 2001) e "Gritos. Murmúrios" (com Rui Soares, 1988). Participou em várias revistas ou colectâneas como "Portuguesia", "Aguasfurtadas", "Bíblia", "Sinismo" ou "Conexão Maringá" (Brasil) e foi fundador da revista literária "Aguasfurtadas".

http://www.corposeditora.com/site/default.asp

http://www.pimentanegra.blogspot.com

Wednesday, October 21, 2009

JOSÉ SARAMAGO TEM RAZÃO

José Saramago apresentou-se hoje perante os jornalistas para uma conferência de imprensa de apresentação do seu novo livro "Caim". O Nobel da literatura acabou por reconhecer que foram as suas declarações em Penafiel que suscitaram "incompreensões" e "ódios velhos" e não o seu último livro.Comentar Artigo Aumentar a fonte do texto do Artigo Diminuir a fonte do texto do Artigo Ouvir o texto do Artigo em formato �udio O escritor José Saramago fez ao início da tarde de hoje a apresentação do seu último livro que tanta polémica tem suscitado desde que o Nobel da Literatura se deslocou a Penafiel no passado Domingo onde o seu último trabalho foi apresentado.
Saramago começou por lamentar que "Caim" tenha suscitado "incompreensões" e "ódios velhos", um "alvoroço" não suscitado pelo livro, mas pelas declarações por si proferidas na apresentação do livro em Penafiel.

"Desperto muitos anti-corpos" disse o escritor que com ironia referiu ser este o "livro que mais se tem falado apesar de não ter sido lido", uma situação que qualificou de "magia e quase milagre" por "se ter dito tanto sobre um livro que não leram".

"É obra!", disse José Saramago que considera "magia" e "quase um milagre que certos sectores tenham conseguido dizer tanto em relação a um livro que não leram".

Saramago diz que não escreve para ser polémico e recusou as acusações da Conferência Episcopal Portuguesa de que as declarações que fez em Penafiel fazem parte de uma operação publicitária e acrescenta que "todo este alvoroço se levantou não por causa do livro mas por umas quantas palavras que eu disse em Penafiel. O curioso é que não disse nada que as pessoas não saibam".


Saramago não escreve sobre o Corão

Com polémica ou não Saramago reafirmou que na Bíblia há "crueldade, há incestos, há violência de todo o tipo, há carnificinas. Isto é indesmentível" e sobre a acusação de ter feito uma interpretação literal do texto bíblico, os escritor referiu que "aquilo que eles querem e não conseguem é colocar ao lado de cada leitor da Bíblia um teólogo que dissesse à pessoa que aquilo não é assim, que há que fazer uma interpretaçao simbólica, a isto chamam a exegese. (...) Eu sou suficientemente ingénuo para ler aquilo que esta lá e é sobre aquilo que está lá que eu trabalho".

Desde que o livro foi apresentado, em Penafiel no passado domingo, foram muitas as reacções e uma delas, do eurodeputado do PSD Mário David, que incitou Saramago a abdicar da cidadania portuguesa, o escritor limitou-se a ironizou com o assunto: "Imagina que eu vou fazer algum comentário sobre isso? É evidente que não."

Já sobre a hipótese do Nobel da Literatura vir a escrever sobre o Corão, a resposta foi rápida: "Tenho mais que fazer, estou a escrever outro livro. Espero que para o próximo ano haja novo livro de José Saramago".

A polémica instalou-se desde domingo passado após as declarações de José Saramago sobre o seu último livro, "Caim", declarações que não caíram bem no seio da igreja católica e que, desde logo, foram veementemente repudiadas.

José Saramago voltou a referir-se a este tema e ao seu livro numa conferência de imprensa convocada para Alfragide, nas instalações do Grupo Leya, de que faz parte a editora Caminho, a histórica editora do autor.

O livro "Caim", lançado em Penafiel no domingo passad, já está nas livrarias desde segunda-feira passada, ao mesmo tempo que edições em castelhano e catalão foram postas à venda, tal como a edição brasileira

Tuesday, October 20, 2009

41 ANOS

Podia-me sair algo de genial. Mas não sai. Sai-me uma gaja jeitosa na mesa do lado. Mas não é para mim. Resta-me a consolação de o meu nome sair nos jornais de vez em quando, como hoje. De vez em quando lá há uns gajos que se lembram de mim, que me mantêm vivo. E é isto a minha vida. Vivo do palco, vivo dos jornais. Não me dão dinheiro mas dão-me fama. No dia 7 de Novembro lá vais fazer outra coisa a Braga, a convite do César Taíbo. Na "Velha-a-Branca", onde estiveste este sábado, a beber cervejas, a ver estrelas. Daqui a cinco anos ou és uma estela ou estás na miséria. E é nessa merda, no estrelato que tens de apostar. Mesmo que seja difícil. Mesmo que haja dias em que ninguém te reconhece. Como esta noite aqui no "Piolho". Onde te limitas a escrever, a ver se te sai a sorte grande. Não há aqui aplausos nem glória. Nem gajos e gajas que vêm falar contigo. Só gajos e gajas a conversar ao teu lado. É quase meia-noite e é assim a tua vida. Apareces nos jornais de vez em quando. De longe a longe lá aparece a tua fotografia. Não te dás bem com o socialmente correcto. Morres de tédio com as conversas da normalidade. És doido. E sabe-lo. Pode ser que a tua loucura te leve ao sucesso, seja lá o que isso for. Só assim te safarás neste mundo. Tens 41 anos.

QUEIMAI O DINHEIRO NA BIBLIOTECA DE VILA DO CONDE


APRESENTAÇÃO DE "QUEIMAI O DINHEIRO" NA BIBLIOTECA JOSÉ RÉGIO

O livro "Queimai o Dinheiro" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro vai ser apresentado na Biblioteca José Régio, em Vila do Conde, na próxima sexta, dia 23, pelas 21,30 h. A apresentação do livro vai estar a cargo do escritor Valter Hugo Mãe. A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968 e reside actualmente em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). Além de "Queimai o Dinheiro", publicou os livros de poesia "Um Poeta a Mijar" (Corpos, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (2003), "Á Mesa do Homem Só" (Silêncio da Gaveta, 2001) e "Gritos. Murmúrios" (com Rui Soares, 1988). Participou em várias revistas ou colectâneas como "Portuguesia", "Aguasfurtadas", "Bíblia", "Sinismo" ou "Conexão Maringá" (Brasil) e foi fundador da revista literária "Aguasfurtadas". "Queimai o Dinheiro" é uma mescla de poesias e prosas que falam do dinheiro elevado a deus supremo, do homem reduzido às operações da bolsa e do mercado mas também do amor e da liberdade como últimos redutos da subversão.

Friday, October 16, 2009

AINDA DO HOMEM À MESA


Podia dar-me para escrever um daqueles poemas potentes acerca do Santo Graal e do sagrado feminino. Podia endeusar a mulher que passa. Em vez disso volto a ser o homem à mesa. Podia rebentar em alucinações aqui mesmo na confeitaria. Podia mandar altos berros à D. Arminda. Em vez disso volto a ser o homem à mesa. Podia dizer que alcancei Deus, que amei a eternidade, que sou eu próprio Zaratustra. Em vez disso volto a ser o homem à mesa. Podia falar da rosa, do cálice, do amor sagrado. Podia até armar-me em trovador, cavaleiro, poeta. Em vez disso volto a ser o homem à mesa.
Os actores conversam na mesa do fundo. Eu fui mijar. Também eu sou um actor, à minha maneira. Só nunca tive jeito para decorar os textos. Mas acho que faço bem o meu teatro e o meu cinema. Às vezes, pura e simplesmente, deixo-me levar pela minha loucura. Ou limito-me a olhar para as gajas que me interessam. Para o Sagrado Feminino. Outras vezes sou só o homem à mesa que bebe e que com isso se satisfaz.

Wednesday, October 14, 2009

MADALENA E O GRAAL

A perda do feminino teve um impacto desastroso em nossa cultura. Masculino e feminino estão profundamente feridos neste início do terceiro milênio. As dádivas do feminino não foram aceitas ou apreciadas por completo. Enquanto isso, o masculino, frustrado pela incapacidade de harmonizar suas energias com um feminino bem desenvolvido, continua a liderar o mundo empunhando a espada, brandindo armas irresponsavelmente, atacando com violência e destruição.
No mundo antigo, o equilíbrio entre as energias opostas era compreendido e respeitado. Mas, no mundo moderno, as atitudes e os atributos masculinos têm dominado. A adoração do poder e da glória do princípio masculino/solar está a poucos passos da "adoração do filho': um culto que, com freqüência, produz um homem mimado e imaturo - zangado, frustrado, entediado e, muitas vezes, perigoso." Sem poder se integrar à sua "outra metade", o masculino se exaure. O resultado final do princípio feminino desvalorizado não é apenas a poluição ambiental, o hedonismo ou a criminalidade desenfreada. O resultado fundamental é o holocausto.
Este livro é uma exploração da heresia do Santo Graal e um argumento a favor do resgate da mulher de Jesus, com base em importantes provas circunstanciais. É também uma busca do significado da Noiva Perdida na psique humana, na esperança de que seu retorno ao nosso paradigma de completude possa nos ajudar a restaurar a terra infértil. Aqui, registrei os resultados da minha busca pessoal pela Noiva Perdida na história cristã. Procurei explicar de que modo ela foi esquecida e como esse fato tem sido devastador para a civilização ocidental. Tentei, ainda, visualizar o que aconteceria se conseguíssemos restituí-Ia ao paradigma.
Os anos que passei pesquisando acarretaram conseqüências. Levei o assunto a sério. Lutei com o material deste livro e batalhei para lhe dar forma e substância. O trabalho foi longo e difícil. Muitas vezes, temi que ele me virasse do avesso. Doutrinas nas quais acreditei pela fé tiveram que ser arrancadas e descartadas para que novas crenças fossem plantadas e cuidadas até formarem raízes. Toda a estrutura da Igreja Católica da minha infância precisou ser desmontada para deixar à mostra a perigosa falha existente em suas fundações, permitindo que um novo sistema de crenças pudesse ser cuidadosamente reconstruído quando a fissura tivesse se fechado. Esse processo durou muitos anos. Em algum momento, desisti de ser apologista da doutrina e embarquei na busca pela verdade. Estou dolorosamente consciente de que minhas conclusões não são ortodoxas, mas isso não significa que não sejam verdadeiras.
Muitas pessoas estão se tornando cada vez mais conscientes do abismo que separa as descobertas dos modernos estudiosos da Bíblia da versão de cristandade ensinada nos púlpitos das igrejas. Espero que este livro possa ser uma ponte que transponha esse hiato. Ao escrevê-lo, tomei a liberdade de comparar passagens em várias Bíblias e escolher as palavras que expressavam melhor o que eu pretendia dizer. A Bíblia que usei por vários anos, de onde a maioria de minhas citações foi extraída, é a Saint Joseph New Catholic Edition (Nova Edição Católica de São José), de 1963, somente porque ela é a Bíblia com a qual tenho maior familiaridade. Em vários casos, os textos escolhidos foram da Nova Versão Internacional (NVI) e estão identificados com essa sigla. Tive a preocupação de manter a coerência com relação ao uso dos nomes e à numeração dos livros e salmos encontrados no cânon protestante da Bíblia.
Espero que este livro inspire outras pessoas a começarem a sua própria busca pelo tesouro mais precioso da cristandade, uma pérola de valor inestimável: o Santo Graal.

MULHERES E DEUSAS


MULHERES & DEUSAS

"A DEUSA TORNA O CORPO E A VIDA SAGRADOS, E LIGA-NOS À DIVINDADE QUE PERMEIA TODA A MATÉRIA: O SEU ÓRGÃO SIMBÓLICO É O ÚTERO. " A MULHER NO CORAÇÃO DAS MULHERES". O SEU ÓRGÃO DE CONHECIMENTO É O CORAÇÃO. TANTO O CORAÇÃO COMO O ÚTERO SÃO VASOS ATRAVÉS DOS QUAIS A VIDA DESPERTA. SÃO AMBOS CÁLICES PARA O SANGUE QUE OS ENCHE E OS ESVAZIA. UM SUSTENTA A VIDA, O OUTRO TRAZ NOVAS VIDAS AO MUNDO." J.S.B.

Segunda-feira, Abril 06, 2009
Recolhimento Sagrado Feminino
“O ciclo feminino é como a teia da vida e seu sangue está para seu corpo
assim como a água está para a Terra."

Autora: Tatiana Menkaiká

Observando os ciclos de nosso corpo, entramos em sintonia com o corpo maior e organismo vivo e pulsante que é a Mãe Terra.

Nós, mulheres, carregamos em nosso corpo todas as Luas, todos os ciclos, o poder do renascimento e da morte.

Aprendemos com nossas ancestrais que temos nosso tempo de contemplação interior quando, como a Lua Nova, nos recolhemos em busca de nossos sonhos e sentimentos mais profundos. As emoções, o corpo, a natureza são alterados conforme a Lua.
Nas tradições antigas, o Tempo da Lua era o momento em que a mulher não estava apta a conceber, era um período de descanço, onde se recolhiam de seus afazeres cotidianos para poderem se renovar. "É o tempo sagrado da mulher", o período menstrual, conforme nos conta Jamie Sams, "durante o qual ela é honrada como sendo a Mãe da Energia Criativa". O ciclo feminino é como a teia da vida e seu sangue está para seu corpo assim como a água está para a Terra. A mulher, através dos tempos, é o símbolo da abundância, fertilidade e nutrição. Ela é a tecelã, é a sonhadora.

Nas tradições nativas norte-americanas há as "Tendas Negras", ou "Tendas da Lua", momento em que as mulheres da tribo recolhem-se em seu período menstrual. É o momento do recolhimento sagrado de comtemplação onde honram os dons recebidos, compartem visões, sonhos, sentimentos, conectam-se com suas ancestrais e sábias da tribo. São elas que sonham por toda a tribo, devido ao poder visionário despertado nesse período. O negro é a cor relacionada à mulher na Roda da Cura. Também são recebidas nas tendas as meninas em seu primeiro ciclo menstrual para que conheçam o significado de ser mulher. Esse recolhimento não é observado somente entre as nativas norte-americanas, mas também entre várias outras culturas.
(...)
LER MAIS EM: http://www.joselaerciodoegito.com.br/site_mulher_tema_recolhimento.htm
TELA : LENA GAL
Publicada por Rosa Leonor em 10:37 AM

Tuesday, October 13, 2009

ESTADO DE GRAÇA


ESTADO DE GRAÇA

Há três dias consecutivos que estou em estado de farra e rock n' roll. Foi o cacau que veio do jornal, foi a festa do Manuel do "Guarda-Sol", foi o "meddley" a matar no "púcaros" com o "Poema de Amor Inocente Em Jeito de Manifesto Autárquico para a Cidade do Porto" e a "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro", foram também as palavras provocatórias introdutórias no "Art 7" de São João da Madeira do Angel e do Vitó. Depois houve aquela cena absolutamente "non-sense" nos Aliados, o gajo da câmara de filmar, o gajo do microfone a perguntar se eu era um homem que acreditava na sinceridade e depois a ficar 10 minutos calado e eu sem saber o que dizer. Uma cena absolutamente surrealista. Depois pediu-me para encostar o ouvido dele à minha barriga de cerveja. Eu deixei. As perguntas provocatórias sobre a homossexualidade, o abraço. Enfim, o gajo disse que o trabalho era só para ele. Vamos ver. Regressamos ao ecrã.
A verdade é que me sinto novamente em estado de graça, próximo dos deuses e do espíritos. Capaz de teorizar sobre a situação de palco. As bocas que tu mandas, as provocações, o gozo com a campanha política permanente têm resultado. Não é chegar ali e "vomitar" os poemas. Há que fazer um enquadramento quando nos sentimos à vontade para isso. É esta a nossa profissão, o nosso trabalhinho.

António Pedro Ribeiro

http://quintasdeleitura.blogspot.com

Sunday, October 11, 2009

NASCIMENTO DO PSSL


Hoje, dia de eleições autárquicas, nasce oficialmente o Partido Surrealista Situacionista Libertário (PSSL). Como dizia Rosa Luxemburgo, as eleições e os parlamentos burgueses só servem para passar as nossas mensagens. Mais nada.

Saturday, October 10, 2009

JEAN MESLIER, O PADRE ANARQUISTA

Jean Meslier, o padre anarquista (1664-1724)


«No início do século das Luzes, entre os verdadeiros precursores do anarquismo conta-se uma personagem admirável, Jean Meslier. Padre na aldeia de Étrépigny, na região francesa de Champanha, deixou à data da sua morte um volumoso manuscrito que contém a confissão do mais resoluto dos ateísmos e uma crítica às autoridades religiosas e políticas. Em 1762, Voltaire publicaria extractos do Testamento de Meslier, destacando, sobretudo, a sua faceta irreligiosa. Contudo, os ataques de Meslier visam tanto o poder político como a autoridade religiosa. Para ele, a religião e a política ajudam-se mutuamente: “Entendem-se como gatunos. [...] A religião apoia o governo político, por pior que este possa ser. O governo político apoia a religião, por mais estúpida e vã que esta possa ser.“.

Este sacerdote desejava que “todos os poderosos da Terra e todos os nobres fossem enforcados com as tripas dos padres“. [...] A casta política, reis, nobres ou detentores de cargos, ou seja, aqueles que hoje se designam por burocratas, grandes ou pequenos, bem como o alto clero e os ricos ociosos, são violentamente atacados.

Aliás, o nosso padre conta bastante com o assassinato político como forma de livrar o bom povo dos seus dirigentes: “Onde estão aqueles generais matadores de tiranos que vimos nos séculos passados? Onde estão os Brutos ou os Cássios? Onde estão os generais que mataram Calígula e tantos outros monstros semelhantes? [...] Onde estão os Jacques Clément e os Ravaillac da nossa França? Deviam viver ainda no nosso século, [...] para espancarem ou apunhalarem todos esses detestáveis monstros e inimigos do género humano e, deste modo, libertarem todos os povos da Terra do seu domínio tirânico!“.

Meslier protesta também contra a apropriação individual dos bens e das riquezas da terra e preconiza o comunismo social. Nos seus escritos, lança um verdadeiro apelo ao povo, que deve agir: “A salvação está nas vossas mãos. A vossa liberdade só depende de vós, se todos souberdes entender-vos. [...] Uni-vos, pois, povos, se sois sábios. [...] Começai por comunicar entre vós secretamente os vossos pensamentos e desejos. Divulgai por toda a parte, e o mais habilmente possível, os escritos deste tipo, por exemplo, que dêem a conhecer a todo o mundo a vanidade dos erros e das superstições da religião e que tornem odioso o governo tirânico dos príncipes e dos reis da Terra.“.

Jean Meslier chega até a considerar a greve dos trabalhadores e dos produtores, de maneira a levar as autoridades – políticas e religiosas – e os seus serviçais ao arrependimento, privando-os daquilo que lhes é necessário.

Solitário e clandestino, o padre Meslier aparece retrospectiva­mente como um autêntico espírito libertário. Ao redigir em segredo, no silêncio do presbitério rural, o seu Testamento, teve certamente o sentimento de ser um precursor e, apesar da sua visão pessimista do género humano, acreditou que as suas ideias poderiam ter alguma influência póstuma, como o prova a adver­tência que anexou ao papel que envolvia o seu manuscrito, como nos é relatado por Voltaire: “Vi e reconheci os erros, os abusos, as vaidades, as loucuras e as maldades dos homens; odiei-os e detestei-os. Não o ousei dizer durante a vida, mas di-lo-ei pelo menos ao morrer e depois da morte; e é para que se saiba isto que faço e escrevo a presente memória, para que possa servir de testemunho de verdade a todos os que a virem e a lerem, se a acharem boa.”.»

Préposiet, Jean, História do Anarquismo, Edições 70 (p. 32-34)

Também publicado no Diário Ateísta

Este artigo foi publicado em 10/12/2007 às 3:47, na(s) categoria(s) Liverdades, agnosticismo, anarquia, anarquismo, anticlericalismo, ateismo, ateus, biblia, catolicismo, cristianismo, deus, geral, historia, liberdade, literatura, pensamento, politica, religião, religiões, sociedade, teologia, verdade . Pode seguir as respostas a esta entrada através do feed RSS 2.0 Pode deixar uma resposta ou fazer trackback do seu próprio site.

retirado de http://liverdades.wordpress.com

Quando calha até escrevo umas coisas com piada. É do estado de espírito, não sei. Estou mais aberto às coisas e às pessoas. Mesmo sem beber whisky ou cerveja. Também é uma questão de desenvolver a técnica. De trabalhar o texto. E eu confesso que, muitas vezes, tento ir pela via automática, não trabalho o texto e perco claramente com isso, pelo menos em algumas situações. Serei preguiçoso como me dizia o meu professor de Português. Mas, por outro lado, sobretudo na poesia, isto não pode ser só uma questão de técnica mas sobretudo uma questão de espírito e de coração, direi mesmo de genialidade. E isso poucos são capazes de atingir. Não sei se me encontro entre eles.

Friday, October 09, 2009

DA CARLA OM

altamente diferente
... cá estou eu a baralhar vos os neurónios ! te nho um amigo que diz que eu sou up sou down !!! o am+erico que acompanha fervorosamente a carreira do gerry adamns diz que eu vivo permanentemente na utopia ! assim não dá, por vezes não se entendem pessoas utópicas e anarca de espírito que grita mais alto do que o ser ... sinto me completament e mãomortiana .... preciso de um livro aparece me um a falar da distopia na literatura ... ya deve ser um ensaio sobre a cegueira sinto me estranha as paredes do meu quarto irritam me gosto de andar por aíii em movimento ! um dia cinzzento quase a chover ha quem goste !!! .... levar com chuva n a cara sentirmos a transformação da nosso pele quente e suave, delicada como as águas de maio ... nascer livre e selhgem m e andar por aí a curtir e a escrever sobre realidades paralelas .... altamente sensíveis ... respiro e sabe bem ! where is my mind, concerteza a navefar em altos estados de mente passam me ao lado os politicos slogans gastos e irrita nem sei como é que os deolinda se associaram a esta museria toda, desgasta a imagem VIVA A REVOLUÇÃO !!! VIVA A IMAGINAÇÃO !!!

in http://voodooexperience.blogspot.com

nota: preciso de um discman emprestado sa alguem me puder desenrascar era altamente ... tou sem som uma nóia mesmo !
beijo fiquem bem C.

BUKOWSKI


Não suporto lágrimas
havia algumas centenas de imbecis
de volta de uma ganso que tinha partido uma perna
enquanto decidiam
o que fazer
quando um polícia apareceu
e sacou do seu canhão
e o assunto estava encerrado
excepto para uma mulher
que saiu a correr da sua barraca
a gritar que lhe tinham morto o animal de estimação
mas o polícia agarrou o seu cinto
e disse-lhe
vai ao raio que te parta,
queixa-te ao presidente da república;
a mulher estava a chorar
e eu não suporto lágrimas.

Arrumei a minha tela
e fui para outro sítio:
os filhos da mãe tinham-me estragado
a paisagem.

versão de manuel a. domingos às 11:38
o amor é um cão do inferno

Thursday, October 08, 2009

O PODER E A VIDA

SECÇÃO: Opinião

António Pedro Ribeiro


O PODER E A VIDA

Não estamos interessados no poder. Contrariamente ao Bloco de Esquerda, com quem partilhamos algumas ideias, não estamos interessados no governo do país. Aliás, até achamos que o melhor governo é não existir governo nenhum.


No entanto, caso fosse Primeiro-Ministro encerrava de imediato a Bolsa e nacionalizava os bancos. A Bolsa e os bancos são os culpados da crise. A Bolsa, os bancos e os grandes capitalistas são os rostos do capitalismo.


“Dinamitemos a Bolsa!” é uma velha palavra de ordem dos surrealistas e dos anarquistas. O capitalismo é desumano. O capitalismo está a destruir o homem, as relações entre os homens. O capitalismo é inimigo da vida.

É preciso dizer, sem rodeios, que queremos destruir o capitalismo. Não temos de fazer quaisquer pactos ou coligações com os sociais-democratas nem com a ala social-democrata de Miguel Portas. Ou estamos contra o capitalismo ou estamos com o capitalismo.


Somos pela vida, pela criação, pela liberdade. Amamos as mulheres. Não suportamos castradores como José Sócrates ou Paulo Portas. Deixamos a vida fluir.

Monday, October 05, 2009

ODISSEIA NA PADEIRINHA


És boa. És mesmo boa. Venho ao café por tua causa. Percorres as mesas. Não me dás bola. És boa. És mesmo boa. Bebo cerveja por tua causa. Ficas ao balcão. Tiras café. Corpo de gata. Dá mesmo gozo vir aqui. As mamas salientes. O sorriso. És mesmo boa. Matas o tédio na minha cabeça. Só não tenho dinheiro para te dar. Sou um poeta solitário. É mesmo pena. Agora estás ao balcão, pensativa. Róis as unhas, tatuada. Ver-te gingar é uma festa. Agora estás muito divertida. Traz-me outra cerveja que ainda vamos celebrar. Se calhar já topaste que só tenho olhos para ti. As mulheres apercebem-se de coisas de que nós não damos conta. O Tavares, o homem que se dá com toda a gente, também te chama. Pareces ser de poucas palavras. Talvez se eu te dissesse que já actuei em Paredes de Coura e que já apareci nos jornais me desses bola. és boa. És mesmo boa. Agora refugiaste-te na padaria. Deves ter namorado, concerteza. No fundo, só queria uns beijos e uns apalpões. Agora comes uma mista. Ris-te, de vez em quando, para o mundo. E o mundo agora és tu. Só queria estar aos beijos à tua mesa. Convidar-te para as minhas cenas. Eh! Menina, olha para mim. Ri-te para mim. Estes gajos são uns chatos. Só falam de bolas. Poderíamos ter uma conversa interessante. Falar do que falas com a tua amiga. No fundo, é tudo uma questão de solidão. Deixa esse sumo. Anda beber uns copos comigo. Vamos ficar noite fora. Já nem penso em sexo. É só a cerveja a subir. Olha para mim como eu olho para ti. Já me apetece ficar aqui a beber noite fora. Que se foda a bola! A asma já passou. A cerveja anima sempre um gajo. Por muito que se fale, por muito que me venham dizer, a cerveja põe um gajo em cima. Pode durar pouco, pode até pesar negativamente no dia seguinte mas o que é facto é que a cerveja põe um homem em cima. E tu permaneces aí, a beber café, aparentemente indiferente à minha prosa. Gasto o meu latim e tu aí, indiferente, a receber trocos. Até bebia mais uma. Mas não sei se tu mereces. O Sporting a empatar com o Belenenses. E tu na arrecadação. Estes cafés, no fundo, são uma seca. Não se ouve uma conversa interessante. E tu desapareces e reapareces, passeias-te no tapete como se fosses uma estrela. Os gajos chateados com a bola e tu passeias-te no tapete, indiferente. Até te peço mais uma cerveja. Dou dinheiro ao teu patrão. Há gajos que têm carros e conta bancária. Que correram atrás do dinheiro. Eu não segui essa via. Agora arrumas os gelados. Acabou o Verão. Se eu fosse um artista remunerado é que vos dizia. Se eu fosse um artista remunerado passava os dias a whisky nos vossos cafés de tédio. Se eu fosse um artista remunerado, como vou ser em Novembro, olhavas para mim e davas-me um beijo na boca. Tens uma calma, uma paciência impressionante. Se eu fosse um artista remunerado gozava com os vossos futebóis. Mas se não fosses tu e as tuas coxas e o teu umbigo isto era uma seca monumental. Esta zona de Vilar do Pinheiro e de V.N. Telha é uma seca monumental. Não se ouve uma conversa de jeito. Vá lá que existes tu e a cerveja. Eram conversas de jeito aquelas que eu tinha com o Jaime Lousa, com o Joaquim Castro Caldas. Agora dialogas em desafio com os clientes. Isto realmente é uma grande seca. Estar aqui tantas horas deve ser para ti uma grande seca. Não se passa nada- já dizia o outro. Agora até olhaste para o meu caderno. Deves ter alguma curiosidade. Mas isto deve ser uma grande seca. Passar aqui tantas horas é uma grande seca. A vida assim é uma grande seca. Mas, ao menos, posso olhar para ti. Observo os teus estados de espírito. Além disso, hoje tive dinheiro para beber três cervejas. Isso permite-me combater a grande seca. Eles querem fazer da vida uma grande seca. Ajuda-me, querida! Ajuda-me a vencer a grande seca. Isto não passa de uma sucessão de jogos de futebol e de longos bocejos. Aliás, os jogos são exteriores a nós, não temos interferência neles. Limitamo-nos a ser espectadores na sociedade do espectáculo. Bebemos umas drogas (cervejas) para contornar a coisa. Bebemos umas drogas quando temos dinheiro para elas. E os que trabalham? O trabalho é também, muitas vezes, sacrifício ou seca. E temos sempre de continuar a trabalhar para sacar mais dinheiro. A vida torna-se, de facto, uma seca. Vá lá que existes tu para eu me distrair, para eu me excitar. Mas a vida é, de facto, muitas vezes, uma grande seca.

Saturday, October 03, 2009

DAS BOLSAS


Confesso que ainda não percebi bem essa merda das bolsas. As cotações baixam mas há gajos que ganham com isso. Até parece que há gajos que fazem de propósito para elas baixarem. A conclusão a que chego é que é uma coisa completamente podre. Os gajos a sacar e um gajo aqui a contar os trocos. São esses os cabrões que se riem na nossa cara, que vivem à nossa custa, que chupam o nosso sangue. "Dinamitemos a bolsa!", eis o grito surrealista e situacionista. A bolsa é a essência do capitalismo. A bolsa significa o avanço das forças da morte. E nós estamos claramente do lado da vida.

Friday, October 02, 2009

PRIMEIRO MANIFESTO DADÁ


PRIMEIRO MANIFESTO DADÁ

Hugo Ball

Dadá é uma nova tendência da arte. Percebe-se que o é porque, sendo até agora desconhecido, amanhã toda a Zurique vai falar dele. Dadá vem do dicionário. É bestialmente simples. Em francês quer dizer "cavalo de pau" . Em alemão: "Não me chateies, faz favor, adeus, até à próxima!" Em romeno: "Certamente, claro, tem toda a razão, assim é. Sim, senhor, realmente. Já tratamos disso." E assim por diante.
Uma palavra internacional. Apenas uma palavra e uma palavra como movimento. É simplesmente bestial. Ao fazer dela uma tendência da arte, é claro que vamos arranjar complicações. Psicologia Dadá, literatura Dadá, burguesia Dadá e vós, excelentíssimo poeta, que sempre poetastes com palavras, mas nunca a palavra propriamente dita. Guerra mundial Dadá que nunca mais acaba, revolução Dadá que nunca mais começa. Dadá, vós, amigos e Também poetas, queridíssimos Evangelistas. Dadá Tzara, Dadá Huelsenbeck, Dadá m'Dadá, Dadá mhm'Dadá, Dadá Hue, Dadá Tza.
Como conquistar a eterna bemaventurança? Dizendo Dadá. Como ser célebre? Dizendo Dadá. Com nobre gesto e maneiras finas. Até à loucura, até perder a consciência. Como desfazer-nos de tudo o que é enguia e dia-a-dia, de tudo o que é simpático e linfático, de tudo o que é moralizado, animalizado, enfeitado? Dizendo Dadá. Dadá é a alma-do-mundo, Dadá é o Coiso, Dadá é o melhor sabão-de-leite-de-lírio do mundo. Dadá Senhor Rubiner, Dadá Senhor Korrodi, Dadá Senhor Anastasius Lilienstein.
Quer dizer, em alemão: a hospitalidade da Suíça é incomparável, e em estética tudo depende da norma.
Leio versos que não pretendem menos que isto: dispensar a linguagem. Dadá Johann Fuchsgang Goethe. Dadá Stendhal. Dadá Buda, Dalai Lama, Dadá m'Dadá, Dadá m'Dadá, Dadá mhm'Dadá. Tudo depende da ligação e de esta ser um pouco interrompida. Não quero nenhuma palavra que tenha sido descoberta por outrem. Todas as palavras foram descobertas pelos outros. Quero a minha própria asneira, e vogais e consoantes também que lhe correspondam. Se uma vibração mede sete centímetros, quero palavras que meçam precisamente sete centímetros. As palavras do senhor Silva só medem dois centímetros e meio.
Assim podemos ver perfeitamente como surge a linguagem articulada. Pura e simplesmente deixo cair os sons. Surgem palavras, ombros de palavras; pernas, braços, mãos de palavras. Au, oi, u. Não devemos deixar surgir muitas palavras. Um verso é a oportunidade de dispensarmos palavras e linguagem. Essa maldita linguagem à qual se cola a porcaria como à mão do traficante que as moedas gastaram. A palavra, quero-a quando acaba e quando começa.
Cada coisa tem a sua palavra; pois a palavra própria transformou-se em coisa. Porque é que a árvore não há-de chamar-se plupluch e pluplubach depois da chuva? E porque é que raio há-de chamar-se seja o que for? Havemos de pendurar a boca nisso? A palavra, a palavra, a dor precisamente aí, a palavra, meus senhores, é uma questão pública de suprema importância.

Zurique, 14 de Julho de 1916

MANIFESTO DO MOVIMENTO DADÁ


Manifesto do movimento Dadá

(manifeste du mouvement Dada)





Não mais pintores, não mais literatos, não mais músicos, não mais escultores, não mais religiões, não mais imperialistas, não mais anarquistas, não mais socialistas, não mais bolcheviques, não mais políticos, não mais proletários, não mais democratas, não mais burgueses, não mais aristocratas, não mais exército, não mais polícia, não mais pátrias, enfim chega de todas estas imbecilidades, mais nada, mais nada, nada, nada, nada.

Desta maneira, esperamos que a novidade que será a mesma coisa que aquilo que nós não queremos mais, se imporá menos apodrecida, menos egoísta, menos mercantil, menos obtusa, menos imensamente grotesca.

Vivam as concubinas e os concubistas. Todos os membros do Movimento DADÁ são presidentes.

Thursday, October 01, 2009

GATA


És boa
és mesmo boa
mexes comigo
deixas-me à toa

tiras café
tatuada
beijava-te toda,
minha amada

gingas as ancas
sempre apressada
t-shirt preta
cheia de garra

umbigo ao léu
corpo de gata
Deus meu
só quero farra.