Saturday, February 27, 2010

SEIS DA MANHÃ

Chove torrencialmente lá fora. São seis da manhã. O meu cérebro não pára. Pensa no homem e no sentido da vida. Nascemos, somos crianças, crescemos, vamos à escola. Depois começam a impingir-nos o capitalismo, a competição pelas notas, a vida adulta. Aos poucos vão-nos tirando a infância, a gratuitidade, a imaginação, o prazer da descoberta. "Ganharás o pão com o suor do teu rosto". O pão perde o gosto, deixa de ser dado, como diz Henry Miller. O mundo fica mais pequeno. É o mundo do homem pequeno de que fala Nietzsche. Assim se destrói o Homem. Assim se destrói a vida.

O PINGUIM DO JOAQUIM


É madrugada uma vez mais. Troveja lá fora. No Pinguim houve palmas e casa cheia. Apareceu lá o Joaquim. Bebeu copos comigo. Falámos da antiga liberdade. Do homem e da mulher livres. Do tempo da Palavra. Dos homens de Palavra.

Agora estou de novo só. Tenho escrito bons textos em casa. Já não sou apenas o poeta de café. Tornei-me mais exigente na escrita. Para sair um bom poema são necessários vários poemas falhados. Tenho fome. Chove intensamente e troveja. Não pára de trovejar. Tenho à minha frente o "Ulisses" de James Joyce e a "Cidade do Sol" de Campanella. Nunca consegui acabar o "Ulisses". Tenho de tentar uma vez mais. E outra, e mais outra, até conseguir. Como tangerinas. O sumo da tangerina derrama-se no papel e cria uma obra de arte. Tenho estado distante da natureza. A natureza ama-me e cuida de mim.

Friday, February 26, 2010

Se Buda, Jesus, Sócrates e os profetas não trabalhavam eu também não tenho de trabalhar.
Buscar o conhecimento e o despojamento sobre todas as coisas. Procurar o sentido da vida. Viver na dádiva, na iluminação. Eis o que verdadeiramente importa.

E EU AQUI


Ter comportamentos absurdos. Beber uma cerveja quando parte do dinheiro da cerveja fazia falta para o metro. Andar à solta, ao Deus dará, sem juízo. Olhar as gajas que se insunuam nas revistas. Esperar pelo gajo que nunca mais vem com Henry Miller à frente e o desenho erótico na capa. Ouvir falar alemão ao lado e não perceber a ponta de um corno. Observar os boémios no Piolho. Desejar até a vinda do chato do costume. 30 cêntimos. O meu reino por 30 cêntimos. A minha vida por 30 c~entimos. Ao ridículo a que um gajo chega. Estar dependente de 30 c~entimos como um mendigo. Nem sequer chega o Fred maluco. Ninguém a quem cravar. Os gajos a beber cerveja de copo grande e eu aqui. Os gajos e as gajas com papel e eu aqui sem cacau que chegue para o metro. Estou fodido. Não aparece ninguém. Os gajos das novelas sempre nas novelas e eu aqui. Os gajos agarrados ao computador e eu aqui. As gajas a mostrar as mamas e eu aqui. Os gajos a cantar e eu aqui. Que grande merda!

ANTI-NATO

PAGAN - PLATAFORMA ANTI-GUERRA, ANTI-NATO

Comunicado

Comandos podem substituir tropas holandesas no Afeganistão
No cumprimento da decisão do seu parlamento, a Holanda vai retirar do Afeganistão, em Agosto, os seus 1950 soldados. Isto, depois de 21 deles lá terem perdido a vida.
A Austrália, que tem tropas na mesma região (Uruzgan) onde os holandeses têm actuado, já veio anunciar que não preencherá a ausência daqueles, a partir de Agosto.
Entretanto, Portugal já se comprometeu a manter no Afeganistão 263 soldados e o ministro Santos Silva em declarações ontem proferidas veio implicitamente a oferecer um reforço dos seus serviços como ocupante de um país soberano, com quem os portugueses não têm qualquer conflito.
Se o povo português já está suficientemente massacrado com a crise económica, o desemprego, o congelamento salarial, os efeitos da corrupção e as dificuldades no crédito, que interesses serve o Governo ao insistir no empenho numa guerra ilegítima, de agressão, susceptível de gerar retaliações escusadas em território nacional?
Exigimos o fim imediato da presença militar portuguesa no Afeganistão.

25 de Fevereiro de 2010-02-25


PAGAN - PLATAFORMA ANTI-GUERRA, ANTI-NATO



http://antinatoportugal.wordpress.com/
antinatoportugal@gmail.com

EZLN


La Comisión por la defensa de los bienes comunales de Santa María Ostula denuncia la desaparición de compañeros.
A LOS PUEBLOS Y GOBIERNOS DEL MUNDO.
AL PUEBLO DE MEXICO.
A LOS MEDIOS DE COMUNICACIÓN.

La COMISIÓN POR LA DEFENSA DE LOS BIENES COMUNALES DE LA COMUNIDAD INDÍGENA DE SANTA MARÍA OSTULA hace del conocimiento público que el día 23 de febrero del presente año, alrededor de las 3:30 horas de la tarde, los comuneros JAVIER ROBLES MARTÍNEZ, quien además es regidor indígena del municipio de Aquila, y el profesor GERARDO VERA ORCINO, fueron “levantados” y secuestrados en el centro de la cabecera municipal de Aquila por un grupo paramilitar fuertemente armado; razón por la que tememos por su vida e integridad física. Ambos comuneros participaban activamente en la lucha de la Comunidad por la defensa de sus territorios y autonomía; en dicho sentido tenemos la firme convicción de que nuestros compañeros fueron secuestrados por su participación en la lucha social de la comunidad para la recuperación de las tierras localizadas en el paraje de Xayakalan.

La anterior situación suma al hecho de que desde el pasado 18 de agosto hasta el día de hoy ocho comuneros de Ostula y El Coire han sido violentamente asesinados sin que nadie realice las investigaciones y finque las responsabilidades correspondientes; mientras que los medios de comunicación locales ocultan la existencia impune de poderosos cárteles mafiosos en la zona y señalan falsamente que nuestra lucha comunal es la causa de estos asesinatos y de otros desmanes con el fin de facilitar la persecución y represión hacia nuestro movimiento.

Asimismo el día 26 de julio de 2008 el profesor Diego Ramírez Domínguez, comunero perteneciente a nuestra comunidad y coordinador, hasta su muerte, de la comisión especial que nuestra asamblea general nombró para la defensa y recuperación de las tierras de Xayakalan, fue violentamente asesinado.

Ante los hechos manifestados hemos decidido CRECER NUESTRA RESISTENCIA A TODOS LOS NIVELES NECESARIOS; asimismo exigimos la presencia del Gobernador del Estado y del Procurador General de Justicia del Estado en nuestra comunidad para que se aclaren los crímenes cometidos en la región y en contra de nuestra comunidad y se resuelvan nuestras exigencias, mismas que puntualizamos a continuación:

Presentación con vida de los comuneros JAVIER MARTÍNEZ ROBLES y GERARDO VERA ORCINO; esclarecimiento del asesinato del profesor Diego Ramírez Domínguez y el castigo a los autores intelectuales y materiales de su muerte; e investigación de los asesinatos hasta hoy impunes de ocho comuneros pertenecientes a las comunidades nahuas de la Costa.
1. Respeto a la posesión que nuestra comunidad guarda sobre las tierras que recuperó el pasado 29 de junio en el paraje conocido como Xayakalan.
2. Creación de mecanismos por parte de los gobiernos del estado y federal que garanticen en forma definitiva la tenencia de dichas tierras a favor de nuestra comunidad.
3. El reconocimiento del nuevo asentamiento humano que hemos establecido en las tierras recuperadas y que lleva el nombre de Xayakalan.
4. La creación de un plan de seguridad que inhiba nuevos ataques por parte sicarios o grupos paramilitares contratados o protegidos por supuestos pequeños propietarios de La Placita, municipio de Aquila, Michoacán.
5. El otorgamiento de garantías por parte de los gobiernos federal y del estado de Michoacán para el funcionamiento de las policías comunitarias y su guardia comunal en las comunidades de Santa María Ostula, El Coire y Pómaro, es decir, en todo el territorio nahua de la Costa michoacana.
6. Por último queremos hacer nuevamente del conocimiento general la cuenta bancaria en la que pueden hacer depósitos económicos tod@s aquell@s que deseen solidarizarse con nuestra lucha:

CUENTA “PERFILES” BANAMEX A NOMBRE DE VICTOR SELESTINO GRAGEDA, TESORERO DE LA COMUNIDAD. CUENTA NÚMERO 7989603, CLABE NÚMERO 002497044779896031. SUCURSAL LÁZARO CÁRDENAS NÚMERO 447.

SANTA MARÍA OSTULA, AQUILA, MICH., A 24 DE FEBRERO DE 2010.

TIERRA Y LIBERTAD

LA COMISIÓN POR LA DEFENSA DE LOS BIENES COMUNALES DE LA COMUNIDAD INDÍGENA DE SANTA MARÍA OSTULA

Thursday, February 25, 2010

SLAVOJ ZIZEK

Excesso de Superego – Este conceito pode ser materializado na figura do coronel Kurtz (Marlon Brando em Apocalipse Now) ou até mesmo, a meu ver, na personagem Mestre Ubu. Ambos simbolizam o pai primordial freudiano por excelência, o pai obsceno do gozo ao qual nenhuma lei simbólica opõe um limite, o Mestre absoluto que ousa confrontar-se com o Real do gozo aterrador. A sua supra-identificação com o sistema leva-o a tornar-se o excesso que o sistema, posteriormente, é obrigado a eliminar. Bin Laden, Hitler e Estaline são figuras que cabem dentro deste conceito. O que permanece fora do nosso horizonte é a perspectiva de uma acção política quebrando o círculo vicioso do sistema que engendra o excesso do seu superego, uma violência revolucionária que já não assentaria na obscenidade do superego, passada essa primeira fase de ostentação do verdadeiro bacanal da destruição, da despesa supérflua, puramente revolucionária. É este acto impossível, em que a violência revolucionária já não assentaria na obscenidade do superego, que todavia ocorre em qualquer autêntico processo revolucionário. Note-se ainda que, para Zizek, o desejo pio de privar a revolução deste excesso é simplesmente o desejo de ter uma revolução sem revolução. A grande diferença entre Lenine e Estaline consiste primeiramente na explosão da energia leninista puramente destruidora, portanto liberatória, para o cabouco estalinista e obsceno da Lei: Lenine é revolucionário e Herói, enquanto Estaline é ditador totalitário, resultado do excesso de Superego estatal que teria de ser eliminado.

OBAMA

Assunto: ¿Qué tal el primer año de Obama?

The Nation, una publicación progresista de América del Norte buque insignia, remitió el asunto a varias personas. La pregunta era: ¿Buscas el primer año de Obama, que se considera fue su punto más alto? Y lo que es su momento de mayor decepción?

Reproducimos aquí dos de estas respuestas, una de Eduardo Galeano, uno de los grandes de América del Norte el historiador Howard Zinn, quien murió pocos días, el autor principal de la historia del pueblo estadounidense.

Galeano: "El preso más poderosos del mundo"

El punto más alto fue la encarnación de la lucha contra el racismo, todavía con vida después de la larga lucha por los derechos civiles y su plan para reformar el sistema de salud.

Las mayores decepciones:

- Bahía de Guantánamo, una vergüenza universal.

- Afganistán, un cáliz envenenado, aceptado y celebrado.

- Su presupuesto de guerra de alta, todavía se llamaba, nadie sabe por qué, el presupuesto de defensa.

- Su falta de respuesta a la cuestión del cambio climático y sus subordinados respuesta a Wall Street, una contradicción perfectamente captado por un cartel de una manifestación masiva en la Conferencia de Copenhague: "Si el clima fuera un banco, se habrían salvado".

- Su luz verde a los autores del golpe de Estado en Honduras, América Latina traicionar las esperanzas de cambio después de un siglo y medio de visitas hechas por los estadounidenses contra la democracia en nombre de la democracia.

- Sus discursos recientes predicación himnos de guerra de masacres futuras por el petróleo o la sagrada causa de los gobiernos extorsionista, totalmente divorciado de los discursos que lo puso donde está ahora.

No lo sé. Tal vez Barack Obama es un prisionero. El preso más poderoso del mundo. Y tal vez no se da cuenta. Así que muchas personas están en las cárceles.


Howard Zinn:

He estado buscando con dificultad por un tiempo elevado. Lo único que se parece un poco a esto es su retórica, no veo ningún punto más alto en sus acciones y sus políticas.

Para hablar de decepción, no estaba terriblemente decepcionado porque no tenía muchas expectativas. Yo esperaba que fuera un presidente demócrata tradicional. En política exterior, es poco diferente de un republicano - nacionalista, expansionista, imperial y un poco belicoso como los demás. En este sentido, no se esperaba y no decepción. En la política interna, la que tradicionalmente los presidentes demócratas son más reformista, más cerca de los sindicatos, más dispuestos a aprobar leyes favorables a los pobres - y esto es cierto para Obama. Pero las reformas también los demócratas han sido siempre limitada, cauteloso. Y Obama no es la excepción. Sobre el sistema de salud, por ejemplo, comenzó con un compromiso y cuando usted comienza con un compromiso, con el compromiso de compromiso, que es donde estamos ahora.

Considero que el área de los derechos constitucionales que podía er funcionó mejor de lo actuado. Esta es la mayor decepción, ya que Obama fue a Harvard Law School, y es supuestamente un experto en derechos constitucionales. Pero se convirtió en presidente, y no hacer ningún progreso significativo más allá de las políticas de Bush. Por supuesto, todavía está hablando sobre el cierre de Guantánamo, pero sigue tratando a los prisioneros como "sospechosos de ser terroristas." Fueron juzgados y, por tanto, no fueron condenados. Por eso, cuando Obama propone llevar a las personas a Guantánamo y ponerlos en las cárceles, no está avanzando mucho en la causa de los derechos constitucionales. Y se fue a la corte alegando la detención preventiva y se está continuando la política de enviar a sospechosos a países donde puede ser torturado.

Creo que la gente se sienten fascinados por la retórica de Obama y que la gente necesita entender que él está dirigiendo a ser un presidente mediocre - lo que significa, en nuestro tiempo, un presidente peligroso - a menos que exista un movimiento nacional para presionarlo para que una mejor dirección.

Publicado por Emir Sader
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Wednesday, February 24, 2010

DEPRESSÃO

Vejo cada vez mais pessoas deprimidas. Até nas telenovelas agora há gente deprimida e tentativas de suicídio. Sinal dos tempos. Há quase dois anos que não tenho depressões. Mas não há dúvida que um mundo com tantas depressões, tentativas de suicídio, suicídios não presta. Este é o cerne da questão. A felicidade. Um mundo que faz as pessoas infelizes não serve. Não é preciso ir mais longe. Não é preciso calcular PIB's ou défices, não é preciso vomitar estatísticas. Se não queremos optar pelo suicídio ou pela depressão permanente ou pela loucura só há uma saída: mudar esta merda. Deitar esta merda abaixo. De uma vez por todas.

Tuesday, February 23, 2010

EZLN


Feliz cumpleaños insurrección rojinegra zapatista
Sergio Rodríguez Lascano

(Texto basado en la ponencia leída, el 1 de enero, en San Cristóbal de las Casas, en ocasión de la presentación del libro sobre el Primer Coloquio Internacional in memoriam Andrés Aubry)

A dos de los nuestros:
A Eladio Villanueva Saravia, muerto después de cumplir su deber regresando de una reunión de trabajadores. Por varios años secretario general de la Confederación General del Trabajo del Estado Español. Sindicalista revolucionario, heredero de la mejor tradición del anarcosindicalismo de los años 30. Enamorado de la lucha zapatista, fue un factor no únicamente para la solidaridad con las comunidades indígenas sino para mirarse en su espejo. Eladio, amigo, compañero, formabas parte de los irreductibles, de los insumisos, de los subversivos. Tu recuerdo está en nuestros corazones.

A Calixto Tlacotzi Meléndez, bracero indígena de la montaña de la Malintzi en San Pedro Tlalcualpan, Tlaxcala. Murió el lunes 16 de noviembre y las palabras que sus familiares le escucharon antes del deceso fueron: “Avisen al Subcomandante Insurgente Marcos que cumplí, que no me vendí, que no me rendí, que no me dejé engañar”. Sus compañeros de la Asamblea Nacional de Braceros agregaron: “el compañero murió en pie de lucha y, como él, otros hemos tomado la decisión de vivir y morir sin rendirnos”. De esa estirpe era nuestro compañero Calixto, de esa estirpe son nuestros compañeros braceros.

En el seminario de hace dos años in memoriam de Andrés Aubry —maestro-estudiante, compañero de las comunidades zapatistas rebeldes—, el Subcomandante Insurgente Marcos, en su primera intervención, terminaba poniendo en el centro del debate siete tesis, las últimas cuatro decían:
“CUATRO.- El Capitalismo no tiene como destino inevitable su autodestrucción, a menos que incluya al mundo entero. Las versiones apocalípticas sobre que el sistema colapsará por sí mismo son erróneas. Como indígenas llevamos varios siglos escuchando profecías en ese sentido.
“CINCO.- La destrucción del sistema capitalista sólo se realizará si uno o muchos movimientos lo enfrentan y derrotan en su núcleo central, es decir, en la propiedad privada de los medios de producción y de cambio.
“SEIS.- Las transformaciones reales de una sociedad, es decir, de las relaciones sociales en un momento histórico, como bien lo señala Wallerstein en algunos de sus textos, son las que van dirigidas contra el sistema en su conjunto. Actualmente no son posibles los parches o las reformas. En cambio, son posibles y necesarios los movimientos antisistémicos.
“SIETE.- Las grandes transformaciones no empiezan arriba ni con hechos monumentales y épicos, sino con movimientos pequeños en su forma y que aparecen como irrelevantes para el político y el analista de arriba. La historia no se transforma a partir de plazas llenas o muchedumbres indignadas sino, como lo señala Carlos Aguirre Rojas, a partir de la conciencia organizada de grupos y colectivos que se conocen y reconocen mutuamente, abajo y a la izquierda, y construyen otra política”.
Dos años después, quisiera abordar estas cuatro tesis, buscar su desarrollo y tratar de ubicar lo que, desde mi particular perspectiva, representa uno de los rasgos centrales del pensamiento zapatista.
1. Hace muchos años, un socialista norteamericano, Hal Draper, escribió un pequeño panfleto titulado “Las dos almas del socialismo”. En él, realizaba un análisis histórico de las dos formas de entender la lucha por la construcción del socialismo: una desde arriba y otra desde abajo. Él concluía: “Desde el comienzo de la sociedad, han existido un sinfín de teorías ‘probando’ que la tiranía es inevitable y que la libertad en democracia es imposible; no hay otra ideología más conveniente para una clase dominante y para sus intelectuales lacayos. Se trata de predicciones autosatisfechas, ya que ellas solamente son ciertas mientras son tomadas como ciertas. En último análisis, el único camino de demostrar su falsedad es la lucha misma. Esta lucha desde abajo nunca ha sido detenida por las teorías desde arriba, y ha cambiado el mundo una y otra vez. Escoger cualquiera de las formas del socialismo desde arriba es mirar hacia atrás, al viejo mundo, a la ‘vieja mierda’. Escoger el camino del socialismo desde abajo es afirmar el comienzo de un nuevo mundo”.
En el fondo, aquí se ubica el debate central que hoy se expresa en el conjunto del pensamiento de izquierda. Y no en un debate mal formulado, abstracto y profundamente ahistórico, sobre el poder. En el que, por un lado, algunos confunden tomar el poder con ganar elecciones, aunque se mantenga intacta la lógica interna del capital (es decir, la explotación, el incremento del trabajo abstracto, la autovalorización del capital), el despojo, (el permanente proceso de separar a los productores de los medios de producción); el desprecio en el que se persigue al que piensa, se viste, vive o es diferente; y la represión, al mantener intocada la vieja estructura burocrática del Estado oligárquico o dictatorial: la policía y el ejército.
Y, por otro lado, están quienes ubican la lucha contra el capitalismo únicamente como gestos y símbolos: hoy dejo de creer en el capital y, por lo tanto, me desenchufo de él. Este día no voy a trabajar, hoy no siembro… ¡Cómo si el trabajador en su cotidianidad pudiera tener opciones de esta naturaleza! Mal entendiendo lo que son las experiencias zapatistas, por las cuales lanzaron la Sexta Declaración de la Selva Lacandona.
El problema del poder es algo muy serio que no puede ser banalizado: Ni por aquellos que se dicen revolucionarios y se la pasan planeando la próxima participación electoral, para ver si, por fin, pasan del 5 por ciento de la votación. Ni por aquellos que dicen representar la revolución con minúsculas y hacen una teoría cerrada de la intuición ética zapatista de no luchar por el poder, para acabar en la semiparalización de una subjetividad abstracta y, casi siempre, ajena a la lucha real de los de abajo.
La renuncia zapatista a tomar el poder es una decisión ética y política, pero eso no quiere decir dejar de luchar por generar una nueva relación social, en la cual el que mande lo haga obedeciendo. Donde el poder no sea ejercido por una nueva casta sacerdotal que haga de la información el monopolio de su poder. Donde no exista una clase política con intereses materiales especiales separados y en contra de los trabajadores del campo y la ciudad.
El debate sobre las dos almas del pensamiento de izquierda se refiere a dos visiones no únicamente del proceso de organización de la lucha social, sino del mismo funcionamiento del sistema de dominación. La crisis actual, de la que hablamos hace dos años, ha puesto otra vez en el tapete de las discusiones el tema de estas dos almas.
Si pudiéramos hacer un resumen de lo que se promueve desde la izquierda frente a esta crisis, podríamos decir que los reformistas ya no promueven ninguna reforma de verdad (reformismo sin reformas), y que los revolucionarios son lo que promueven una salida reformista (revolucionarios reformistas) que busca dotar al Estado de viejas herramientas, las cuales fueron útiles en el paréntesis que abrió la dictadura del dinero inmediatamente después de la Revolución rusa. (Que ahora algunos quieren ridiculizar como un simple golpe de Estado. Un “golpe de Estado” que puso a temblar a Wall Street, a la City londinense, a la Bourse en París; que hizo que cambiara la forma del Estado y que llenó de esperanza a millones de seres humanos por todo el mundo).
El problema que tienen estas visiones es que no entienden cuál es el corazón de la dominación capitalista. El problema no es si la propiedad es privada o estatal, cuando el Estado está al servicio de una burguesía parasitaria. Eso lo sabemos bien en México. El petróleo estatizado no fue una herramienta para la sociedad en contra de la burguesía, en cambio, sí fue el basamento sobre el cual se construyó el capitalismo mexicano. Igual podríamos decir de los ferrocarriles o de la electricidad.
Los zapatistas son transparentes, su anticapitalismo busca trastocar el corazón de la dominación, no le temen a la palabra expropiación de los medios de producción, de comunicación y de la tierra, para regresarla a manos de los campesinos. No estatización sino expropiación. Y esto se debe a que no hay mucho espacio para dónde hacerse
Decididamente, la fase actual del capitalismo ha confiscado los derechos de la vida, la vida misma. Los fenómenos de incautación se han multiplicado y amplificado en todas partes. Se ha expropiado a la gente de sus derechos fundamentales: en tanto que “recurso humano”, no tiene derecho a la existencia mas que en función de su rentabilidad. “Ahora bien, la fuerza de trabajo en acción, el trabajo mismo, es la propia actividad vital del obrero, la manifestación misma de su vida. Y esta actividad vital la vende a otro para asegurarse los medios de vida necesarios. Es decir, su actividad vital no es para él más que un medio para poder existir. Trabaja para vivir. El obrero ni siquiera considera el trabajo parte de su vida; para él es más bien un sacrificio de su vida. Es una mercancía que ha adjudicado a un tercero. Por eso el producto de su actividad no es tampoco el fin de esta actividad”. (Carlos Marx: Salario, Precio y Ganancia). Para que luego nos cuenten sobre quién inventó el concepto de biopoder.
El capitalismo en su fase actual, conocida como neoliberalismo, con sus repercusiones en el terreno de la economía, la política, la sociedad, la cultura, la ideología, la comunicación; con su proceso de reordenamiento y reorganización del trabajo por medio de la combinación de procesos tecnológicos muy sofisticados con el regreso del trabajo esclavo, con su deslocalización y relocalización, con su outsourcing, con su precariedad, ha sido complementado con una violencia semejante a una avalancha por su intensidad y extensión. Todos los límites de la moral y la naturaleza, la edad y el sexo, el día y la noche. El capital celebra sus orgías (Marx dixit). Todas las coyunturas y los esqueletos de todas las instituciones que se construyeron en el origen del capitalismo crujen y se desmoronan. Como piel de víbora yacen en el suelo, en especial la democracia representativa (el gran fraude del Obama’s dream no es sino la más espectacular demostración). Efectivamente: todo lo sólido se desvanece en el aire.

Sunday, February 21, 2010

CARTA À MINHA MÃE

CARTA À MINHA MÃE
Sabes, mãe,
estes gajos deram cabo do Homem
sabes, mãe,
houve um tempo em que fui à escola
houve um tempo em que até trabalhei
mas agora cansei-me, mãe,
não posso mais ficar passivo
não posso mais assistir sentado
eles estão a dar cabo de mim
estão a dar cabo do Homem
sabes, mãe,
estas coisas vêm da infância
eu observava as coisas
era o mais inteligente, mãe
mas não intervinha
contentava-me com o meu mundo
com as minhas personagens
mas agora o teatro é outro
envolvi-me com o mundo
casei-me com o mundo
e estes gajos estão a dar cabo
do nosso mundo, mãe
destroem a natureza
viram a natureza contra nós
até podes votar neles, mãe
mas sabes, mãe, eu não sou como eles
eu preocupo-me com os meus filhos
e paro como as outras mães
sabes, mãe, essa merda dos negócios
e do dinheiro
não me diz nada
gasto-o em dois tempos
quando o tenho
são papéis e pedaços de metal
que se trocam
nada mais
mãe, estou farto dos discursos deles
na televisão
é a mim que eles querem destruir
querem-me mole, fraco, deprimido
mas desta vez não vão conseguir
porque agora conheço o jogo deles.

Mãe,
eu sou o Homem.

PEQUENOS


Família, trabalho, televisão
eis ao que se resumem as vossas conversas
os vossos projectos

aborreceis-me de morte
com os vossos trocos contados
com as vossas poupanças
com os vossos bens

A vossa vida não tem grandeza alguma
não há qualquer golpe de génio
nas vossas vidas
sobreviveis sub-viveis
cumpris as horas
deixais-vos comer pelo paleio imbecil
do mercado e da televisão
só amais o próximo
e nem esse amais verdadeiramente
receais o longínquo
rejeitais o maldito
viveis da intriga e da mercearia
tudo quanto tocais é pequeno
sois homens e mulheres pequenos
à cata da pequena vantagem
como dizia Nietzsche
e sempre o sereis.

Saturday, February 20, 2010

DISCURSO À NAÇÃO


Discurso de António Pedro Ribeiro, candidato à Presidência da República, poeta, diseur, performer, anarquista a proferir na próxima terça, pelas 22,30h, no Clube Literário do Porto e na próxima quinta no Art 7 Menor em São João da Madeira pelas 22,30h.

"It's all fucked up!", "Está tudo fodido!", como dizia o Jim Morrison. Nem rei nem rock. O governo na mão de vigaristas, de vendedores da banha da cobra. O homem reduzido ao elementar, aos instintos primários, à mera sobrevivência. Uma terra inóspita de gente deprimida, desesperada. "All the children are insane/waiting for the summer rain". "Todas as crianças atacadas pela loucura/ à espera da chuva de Verão". This is the end. Isto é definitavamente o fim ou talvez o novo começo.
Não me venhas agora dizer que a revolução não está próxima. Não me venhas agora dizer que está tudo morto, que nada há a fazer.
Só a revolução vale a pena. A revolução é a única solução. Afastai de mim o vosso paleio mansinho. Afastai de mim os vossos negócios e a vossa conversa de velhas. Não quero saber de niilismos nem de humildades. Não trabalho nem me sacrifico. Só trabalho, só me sacrifico em prol da revolução. E ela está próxima. E ela sorri. Sorri no meio do dilúvio da Madeira. Sorri no meio das palavras dos inconscientes. Vem ter comigo cada vez mais quanto mais te enterras na depressão. Vem ter comigo mais e mais. Vem ter comigo quanto mais me dais este ambiente de pasmaceira. Não há outra saída. Vivemos estes anos todos para chegar aqui. Passamos todos estes infernos para chegar aqui. Somos do mundo. Somos daqui. Estamo-nos a cagar para o além! Queremos o aqui e o agora! Os vindouros que venham a seu tempo. Isto é nosso! ISto é absolutamente nosso! Não há aqui primeiros-ministros, nem Presidentes, nem executivos vigaristas e imbecis. Isto é o Homem, porra! Isto não està à venda nem está cotado na bolsa! Isto és tu, sou eu, é o Homem, porra! Estamos a falar do amor. Estamos a falar da dignidade. Estamos a falar da construção do Homem. Estamos fartos do homem dos bancos, do homem da bolsa, do homem do hipermercado. Tudo isso falhou. Tudo isso está morto. Tudo isso destruiu o homem. Estamos a falar da reconstrução. Estamos a falar do começar de novo. Estamos a falar da criação. Não me venhas com discursos conciliadores nem com porreirismos de pacotilha. Estamos a falar do que vai ser. Estamos a falar do que é.

EZLN


Canción de La Otra Cultura para las viudas y familiares de Pasta de Conchos.
NOS MANIFESTAMOS Y NOS SOLIDARIZAMOS A NUESTRO MODO CULTURAL CON LAS VIUDAS Y FAMILIARES DE PASTA DE CONCHOS.VA ROLA PARA USTEDES.

Solidaridad con Pasta de Conchos

A 4 AÑOS DEL HOMICIDIO INDUSTRIAL EN LA MINA DE PASTA DE CONCHOS NO HAY RESCATE Y NO HAY JUSTICIA POR PARTE DE LAS AUTORIDADES,PORQUE SON NUESTROS VERDUGOS.
¡VIVA LA RESISTENCIA DE LAS VIUDAS Y FAMILIARES EN PASTA DE CONCHOS!
¡NOSOTROS NO OLVIDAMOS A NUESTROS MUERTOS!

La Otra Cultura IN-LAK-ECH



Nuestro proposito es informar las actividades y denuncias de la Otra Campaña,asi como participar en las acciones politicas y culturales,civiles y pacificas como factor importantisimo para la lucha junto con nuestros herman@s zapatistas y de todo el país,atendiendo siempre al principio fundamental de que la verdad resulta beneficiosa para los pueblos.

¡Presos políticos libertad!

¡Alto a la guerra de baja intencidad en chiapas!

¡Libertad y justicia para Atenco y México!

¡Viva la otra campaña!

¡Viva EZLN!

COPIA,PEGA,REPRODUCE Y DIFUNDE

Friday, February 19, 2010

O LEÃO

As pessoas não entendem a minha missão. Preocupam-se apenas com o imediato, com a maldita economia, com os trocos. A minha missão está muito para lá disso. A minha missão tem a ver com Quixote, com a demanda do Graal, com o amor. Amo a vida. Por isso, não tenho de ser humilde nem pequeno. Nem tenho de fazer sacrifícios, nem tenho de trabalhar como o cidadão comum. Trabalho é sofrimento. Para sofrimento já me bastam os meus abismos e os meus infernos. Já Platão dizia que a acumulação de bens é uma actividade desprezível. Trabalho para o mundo. É isso que não compreendeis. Trabalho para o mundo. Não trabalho para enriquecer nem só para mim, nem para os patrões. Tenho uma missão. É certo que me deveria levantar mais cedo. Mas a minha filosofia não é a do rigor nem a do método nem a da disciplina. Ando entre o leão e a criança sábia. Mas tenho quebras. Às vezes deixo-me levar pela conversa mansa da mercearia. Às vezes deixo-me cair e fico sem palavras. Felizmente, nos últimos tempos tenho voltado sempre ao leão.

Thursday, February 18, 2010

ÉS DAS MULHERES


Só o amor nos pode salvar. O amor das mulheres. O amor daquelas que vêm ter connosco ao café e que nos dão a mão. Daquelas que nos beijam no carro completamente bêbadas. Daquelas que comentam os nossos textos e nos dizem que estamos a escrever melhor. Daquelas que se preocupam com o número de cervejas que emborcamos. Daquelas que não vêm de Deus nem do diabo. Daquelas que nos telefonam ao fim da tarde.
O amor das mulheres. Não era isso que querias, ó poeta? Não era isso que cantavas nos teus versos? Aí o tens. O essencial. Nem sequer precisas de sexo. Estás enamorado. És das mulheres.

Tuesday, February 16, 2010

DOEM-ME OS OLHOS


Doem-me os olhos. Leio sobre a utopia. Sobre o Homem Novo, sobre a Idade do Ouro que vem dos séculos. Doem-me os olhos. Mas sou verdadeiramente outro. O que importa é ler o livro que nos eleva. Mesmo que estejamos até às quatro na cama. Mesmo que estejamos sem as nossas meninas. Trabalhamos. Melhor, criamos. Quem diz que não trabalhamos? E nem sequer procuramos recompensas...a não ser...a própria glória.
Doem-me os olhos. Os vidros distorcidos. A Gotucha liga-me todos os dias. Os meus textos proféticos não têm a saída dos satíricos. Mas há que continuar a procurar o sentido da vida. Mesmo que ninguém nos ouça.
Doem-me os olhos. Leio "A Reconquista do Paraíso" de ramón Tamames. As mulheres falam. Os olhos doem. Não consigo ler mais. O café dá-me alento. Faço da "motina" a minha biblioteca. A D. Rosa abraça-se à amiga. A fraternidade existe. Acredito na mulher e no homem. Quero as minhas meninas. Sou um profeta sem seguidores. Sou um profeta dos bares. Quero as mulheres. Quero as mulheres acima de tudo para conversar. Para contar-lhes a vida. As mulheres falam de Deus. Não sei se quero Deus. Sei que quero o Amor. Não sei se preciso de Deus. Não sei se sou Jesus. Sei que não procuro a submissão, a pequenez. Procuro a praça pública mas sei dos perigos que ela encerra. Aprendo a rir. Mas há séculos que não rio sarcasticamente.
Não sejas humilde e temente a Deus. Sê soberbo.

Sunday, February 14, 2010

SOU DO MUNDO


Sou do mundo!
Quero o paraíso aqui!
Não quero esperar mais mil anos
sou do mundo!
Não tenho que ser humilde
não tenho que ser de Deus
sou do mundo!
Escrevo para o mundo
não sou da mercearia
não faço contas
sou do mundo!

O ACTO DE ESCREVER À MESA

Porquê escrever? Há escritores que vão à televisão, aos encontros, às conferências. Não falo desses. Falo do acto de escrever à mesa do café. A maior parte das pessoas não compreende. A maior parte das pessoas acha-o uma perda de tempo, um gesto inútil, um acto de parasitas sociais que não se encaixa na racionalidade económica. Para mim, pelo contrário, o acto de escrever no café representa a vida, a criação, a liberdade. Não passo sem ele, nem sem cafés, nem sem mesas.

A DROGA


Não há dúvida de que sem àlcool se perde o gás. Sem àlcool e sem mulheres. De nada vale olhar para o Sporting. Ainda por cima o Sporting! Ainda por cima não há dinheiro. Se houvesse dinheiro passava a noite a beber. Agora já não digo "queimai o dinheiro", mas sim queimai o mercado. O mercado destrói o homem. Ainda tenho alguma coisa a dizer. Sim, ainda tenho alguma coisa a dizer. Não morri. Estou aqui vivo. Não estou cheio de gás mas estou com algum gás. A Jorge não estava em casa. Faz-me falta a mulher. Nem que seja só para me fazer companhia. Foi-se a Ana. É pena. Bebíamos mais uns copos juntos. Paga ela. Vá lá que há amigas que me pagam os copos. Bebo depressa. Bebo mais depressa do que os outros. A mesa treme. À mesa do "Bom Pastor". lembro-me do Rui. O Rui que vinha cá e que se suicidou. Um dia vim cá e dei com a cara dele nos anúncios dos funerais. Era jovem. Eu continuo aqui. A gaja de há pouco era engraçada, tocava-me nas pernas ao falar. Gostava de voltar a vê-la. Não sou um escritor consagrado como o valter hugo mãe. Sou um poeta maldito. Dizem. Vivo com a minha mãe. Só ganho dinheiro de longe a longe. Não vim ao mundo para ganhar dinheiro. Já o disse. Vim ao mundo para passar mensagens. Porque é que não aparece um anjo que me passe 20 euros para a mão? Com 20 euros fazia a noite. 20 euros é o que ganho por cada entrevista para o jornal. Tem piada que hoje estou com mais pedal. Não apareço no jornal mas estou com mais pedal. Eis uma bela frase. Dai-me cerveja, senhores! Dai-me cerveja que eu produzo para vós e para o mundo. Ontem ofereceram-me cinco. Hoje vou na quarta mas não estou satisfeito. Isto só com cerveja é que vai. Não me canso de o dizer. Sem cerveja e sem mulheres o mundo é uma merda. Não saio desta mas é o que é. Que se foda lá toda a filosofia das cátedras. Sem cerveja o homem não vai lá. O homem é este, à mesa do "Bom Pastor". O "Bom Pastor" igual a si próprio, o "Bom Pastor" sem novidade. Pronto, já estás a escrever algo de novo. Já não te é custoso escrever. E tens fãs da tua escrita. E a Gotucha só na Madeira. O que importa é que a escrita já não é forçada. E o Sporting continua a mesma merda. POrque raio é que o Sporting há-de ficar sempre no poema? O "Poeta no Piolho" é mesmo de poemas de café. De copos e cafés. Que me importa o Sporting e o mundo? O que me importa é ter pedal para a escrita. Custa-me sim ver a cerveja a esgotar-se. Custa-me sim não ter mais dinheiro para a cerveja. Tudo o resto é secundário. Por enquanto estou em cima mas sei que vou cair. Quero lá saber do que dá na SIC, cavalheiro! O que me importa é esta droga, o que me importa é ter droga para consumir. Sou toxicodependente assumido. A droga acabou.

Saturday, February 13, 2010

UM NOVO MUNDO É POSSÍVEL

O sociólogo Pedro Ribeiro afirma que “Um novo mundo é possível”

Na palestra de abertura deste segundo dia do Mutirão de comunicação América Latina e Caribe, o sociólogo Pedro Ribeiro de Oliveira nos brindou com uma brilhante reflexão sobre os “Novos cenários políticos e os processos de comunicação”. Durante a exposição, ele utilizou uma metáfora sobre a composição do espaço cênico no teatro para explicar como foram compostos os cenários na América Latina.

Depois de um breve resgate histórico que teve inicio no primeiro ato com a hegemonia da Holanda, a colonização das Américas e a exterminação dos povos que aqui existiam, ele relatou o surgimento e a construção de um novo sistema econômico, conhecido até os dias de hoje: o capitalismo. Desse primeiro ato, o conferencista destaca ainda como os colonizadores ao trazer sua cultura, tecnologias e principalmente, as armas acabaram por esmagar a cultura local. “O povo da roça, o índio ao perderem suas tribos perdem também sua identidade, sua auto-estima, ficam envergonhados, tornam-se “caipiras”. E é justamente como caipiras que eles têm que entrar na sociedade” afirma o sociólogo.

Em outras palavras, uma das características desse ato é que a periferia, ou seja, as pessoas que estão à margem do sistema capitalista, não têm voz nem vez, pois ao longo da história, sempre que a massa se revoltou, ela foi esmagada e silenciada.

O fim desse ato culmina com a crise da hegemonia holandesa e a emergência da nova economia dominante: a inglesa, no final do século XVIII. Nesse segundo ato, podem-se observar as conseqüências dessa ideologia liberal, entre elas: a queda dos antigos regimes na Europa, como a monarquia, o fim do regime escravista, a independência de alguns países na América, a instalação de um capitalismo mais moderno e o endividamento externo e eterno, como ele ironiza.

O terceiro ato, por sua vez, se inicia com a crise do sistema capitalista no final do século XIX e a passagem da hegemonia da Inglaterra para os Estados Unidos, presenciada até os dias de hoje, mas cuja soberania está ameaçada desde a crise de 2008, o que faz o sociólogo apontar, com base em dados de outros estudiosos, que a China emergirá após a crise como a nova potência econômica mundial.

Um detalhe curioso desse ato é que com a transferência do palco, do centro do sistema econômico da Inglaterra para os EUA, faz com que nós da América Latina e Caribe, embora ainda continuemos na periferia, nos tornemos mais próximos do centro. A analogia ganha força com a reflexão de que passados mais de 500 anos da colonização das Américas, não houve mudanças estruturais. Ao centro do palco ainda se encontra uma elite branca e na periferia, estão os afrodescentes, os indígenas e todo o resto.

A grande mudança que se pode observar ao final desse ato é o surgimento de um novo ator em cena: os movimentos sociais, mais precisamente na segunda metade do século XX. Segundo o sociólogo, um dos fatores que permitiu a emergência dos movimentos sociais foi a cultura popular, passada de pessoa a pessoa, de geração a geração, realizada geralmente em forma coletiva e anônima, em mutirão, através do qual eram formadas consciências de que “outro mundo é possível”.

Além disso, esse novo ator não se limitava a defender os direitos da periferia, mas também a propor alternativas para sua valorização. “A massa estava calada, mas não silenciada, pois no murmúrio há comunicação” afirmou o conferencista. Segundo ele, ao longo da historia, a elite tentou destruir a cultura popular, através da desqualificação e não divulgação desta nos meios de comunicação de massa.

Mesmo assim, ela sobreviveu a isso e os movimentos sociais se tornaram atores importantes no processo de desintegração desse sistema de mercado. Uma forma de fazer isso seria criar um novo sistema. De acordo com Pedro Ribeiro, uma opção é o sistema solidário, que tem por base uma economia solidária, tema deste evento. Com destaque para o Rio Grande do Sul, estado pioneiro na implantação desse sistema no Brasil.
O sociólogo finalizou a primeira parte da conferência dizendo que o Mutirão de comunicação pode contribuir para a construção desse novo mundo possível, pois transmite uma mensagem de esperança que vem sendo murmurada ao longo dos séculos e que agora vê a possibilidade de ser amplificada pelos meios de comunicação.

O conferencista Pedro Ribeiro de Oliveira é Doutor em Sociologia, Professor de Ciências da Religião da PUC-MG com pesquisas na área do Catoliscismo popular, fé e política.

Karla Nery, da redação do Muticom.org

NÃO ESCREVO


Não escrevo
não consigo escrever
a verbe não se solta
não crio
não creio
não sou pleno
bloqueio
não sai a palavra
não sou o poeta
da fotografia
não sou a poesia
em movimento
dá-me a mão
irmão, amigo
dá-me alento
para continuar.


Vilar do pinheiro, "Motina", 11.2.2010

OBRIGADO, SOL

Friday, February 12, 2010

O DIA TRIUNFAL


SECÇÃO: Opinião

António Pedro Ribeiro


O Dia Triunfal

Estou em Braga e este é um dia triunfal, um dos mais felizes da minha vida. Tenho apenas uns trocos mas sou feliz. Abençoado por Zaratustra e pelos pássaros da manhã. Sou a criança sábia. Estou a regressar á infância. Não tenho de fazer pactos com a social-democracia nem com os Sócrates deste mundo. Não tenho de me ajoelhar diante do grande capital ou dos senhores do dinheiro.


Sou um homem livre. Escrevo o que quero. Assumo o que quero. Sou o que quero. Nem sequer preciso de Deus, caro padre Mário. Basta-me o Jesus que expulsou os vendilhões do templo. Expulsar os vendilhões do templo, é isso que temos de fazer agora. Expulsar os senhores do dinheiro, do poder. Expulsá-los da vida. Eis a nossa missão na Terra. Demandar o Graal, o sagrado feminino, o amor das mulheres. Não devemos nada a ninguém.


Entraremos na casa das pessoas como Jesus. Sem dinheiro. Somos deuses. Comportamo-nos como reis no mundo do dinheiro, da intriga, da mercearia. Não podemos ser iguais aos outros. Nascemos de graça, na graça do divino. Nascemos e vivemos na dádiva, no coração, no espírito. Somos absolutamente livres. Amamos a eternidade do instante. Por isso, às vezes somos doidos, completamente fora. Não temos limites. Não somos formatados pela tradição ou pelo medo. Dançamos na corda bamba de Nietzsche. Provocamos como Debord, como os surrealistas, como os dadaístas. Gozamos com o quotidiano imbecil dos outros porque queremos provocá-los, trazer-lhes a luz.


E é a luz que vemos neste momento. A luz que queremos trazer aos outros, aos que ainda não estão completamente mortos para a vida. É a vida que queremos, não a vidinha das trocas, do mercado e do tédio. Sentimo-nos iluminados mas não somos mais do que os outros. Apenas diferentes. E exigimos sermos respeitados como tal. Somos do mundo. Deste mundo e não do outro. Profundamente deste mundo. “Humanos, Demasiado Humanos”. Desde a infância que pensamos mais do que os outros, que questionamos mais do que os outros, que observamos a realidade mais do que os outros. Nascemos com um dom. Já atravessamos muitos desertos, muitas idades de dor mas agora estamos curados. Estamos de volta á Idade do Ouro dos anos 80 e 90. Mas mais sábios, mais purificados, mais livres. Estamos prontos para enfrentar a cidade. Chegámos à idade de passar a mensagem. Este é o poema. O poema em prosa que há muito queríamos escrever. O poema bendito e maldito. O início do novo livro. O livro que pretende mudar a face da Terra. O livro que se dirige ao mundo. O livro que escrevo com o meu próprio sangue.

DESTRUIÇÃO DE LIVROS

Destruição de Livros…

É verdade o título colocado a encimar esta noticia, não é retórica, destruíram-se mesmo livros, mas vamos aos factos concretos…



Dezenas de milhar de livros de diversos autores, onde se inclui Jorge de Sena, Eugénio de Andrade, Eduardo Lourenço e Vasco Graça Moura, publicados pela ASA ao longo da última década, foram destruídos recentemente pelo Grupo Leya.



A acusação partiu de José da Cruz Santos, editor que colaborou com a ASA nesse período. Ele afirma que ter sido informado pelos novos proprietários da decisão de guilhotinar parte significativa das edições em armazém. Em média, foram destruídos 90% dos livros disponíveis, restando escassas dezenas de exemplares de cada obra.



Das obras que foram destruídas, dos 96 títulos, incluem-se obras importantes como "Daqui houve nome Portugal", uma antologia de verso e prosa sobre o Porto organizada e prefaciada por Eugénio de Andrade, e "21 retratos do Porto para o século XXI", e também uma edição comemorativa dos 150 anos da morte de Almeida Garrett que inclui textos, pinturas, desenhos e fotografias de dezenas de autores.



Espantoso esta atitude deste grupo de Editores que dá pelo nome Leya, que absorveu durante os últimos anos, diversas editoras, como a Caminho, a Asa ou a Dom Quixote, entre outras, mas nada para admirar porque este potentado na edição nasceu precisamente para monopolizar a edição em Portugal, de livros, para que o controlo efectivo do mercado livreiro, e a sua edição.



Mais pobre ficou o nosso diminuto mundo do livro com esta atitude, além de ser abusiva e prepotente, é obtusa porque, e muito bem disse José da Cruz Santos, os livros poderiam ter sido entregues para uso nas bibliotecas nas escolas, hospitais ou prisões, entre outras soluções e não a destruição de livros.



O significado de um livro é dado pelos seus leitores e só ele pode dar a imortalidade ou não do que lê, por isso é fundamental ler, para com a compreensão do que absorvemos do que lemos, impormos sobre os muros de ignorância que são demonstrados por estas atitudes vesgas e imbecis, criminosas que atentam contra a memória da cultura de um povo.

www.lutapopularonline.blogspot.com

Thursday, February 11, 2010

DA CARLINHA-CARLA OM

mais um dia colorido, icarie les conceptions utopiques socialistes de cabet aux states no século passado talvez ... tenho tido algumas "alucinações" sonhos intensos e brilhantes procuramos a deusa da noite que protege a arte sincera e criativa ... já ninguém quer saber dos xibos e das xibas, não tem interesse, o assunto não tem progressão é o que eu digo ao "meu" povo, enrolo um ao mesmo tempo que o sol tenta romper a realidade beira rio ... encharco me em café e nicotina faço arte de rua, leio a minha poesia a quem passa, às vezes dao me dinero para o café hi hi hicarla a flutuar no mundo azul eléctrico do rock and roll dimensoes paralelas e eu disse "táxi e devia ter diro ácido" sempre curti alucinogeneos .... com som à mistura ... tenho uma imagem da barragem do ermal a dançar trance no acampamento um dia lindo bués brilhante ...em marylin manson ... rituais all over um encontro com o demo na última noite, um tipo que me saiu da tenda todo pintado que susto a meio da noite ... encontrar tal personagem ... o universo do rock é protegido pelo dr albert hoffman ... e por mim claro, proteption aka moi la libertÁ ! .. beijos no surrealismo da cor ... (sinto me um personagem de um road movie existencialista...) a um passo da anarquia, punks not dead ... e brindamos a vitória com champagne francês, não adianta eles não têm a progressão, o sentimento, a criatividade, fuck them !!! narcótico para o cérebro ... medo medo medo .... fascismos all over the planet ... quero ir acampar para o minho ... o parque de campismo de vilar de mouros é altamente talvez faça uma visita e recordar o festival em noites de lua cheia (cuidado com a maldição da igreja católica na era medieval ... warewolfs in the mountains looking for freedom) fazemos uma rave acabamos com o feitiço ... e o papa vem a portugal ... vai ser recebido pelo estado a china avisa os states para nao receberem o dalai lama ... que filha da putice ... o estado deve ser laico, estado e catolicismo a controlar esta merda toda ... até jazz então !!! ...

Wednesday, February 10, 2010

CANDIDATURA DE ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA E "UM POETA NO PIOLHO" NO PINGUIM


Perante um cenário em que o primeiro-ministro Sócrates está sob suspeita, em que o mesmo lida claramente mal com a liberdade de informação. Perante um cenário em que Sócrates e Cavaco são ambos pregadores da morte, meros executantes ao serviço dos banqueiros, dos grandes empresários, dos especuladores bolsistas, dos senhores do dinheiro e do mercado. Perante um cenário onde quase todos se rendem à linguagem da economia e da morte. Perante um cenário em que o Bloco de Esquerda, que é hoje um partido perfeitamente institucionalizado e social-democrata, salvo as suas correntes revolucionárias minoritárias, como a FER, anda atrás do PS de Sócrates no apoio a Manuel Alegre. Perante um cenário onde a vida não parece prestar, onde são cada vez mais aqueles que se afundam na depressão e mesmo em tentativas de suicídio. Perante um cenário de pobreza, miséria e desemprego. Perante uma sub-vida de tédio, rotina, alienação e competição que substitui a verdadeira vida, António Pedro Ribeiro, 41 anos, poeta anarquista e maldito, diseur, performer, sociólogo, aderente nº 346 do Bloco de Esquerda declara a sua candidatura à Presidência da República. Em nome da vida, em nome da liberdade, em nome da revolução.

António Pedro Ribeiro ou A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto no Maio de 1968. É autor dos livros "Queimai o Dinheiro" (Corpos, 2009), "Um Poeta a Mijar" (Corpos, 2007), "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco, 2006) e "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001), entre outros. Foi fundador da revista literária "Aguasfurtadas" e colaborou nas revistas "Cráse", "Bíblia", "Conexão Maringá" e "A Voz de Deus", entre outras. Foi activista estudantil na Faculdade de Letras do Porto e no Jornal Universitário do Porto. Fez performances poéticas no Festival de Paredes de Coura 2006 e 2009 (com a banda Mana Calórica) e recentemente nas "Quintas de Leitura" do Teatro Campo Alegre (Outubro de 2009). Diz regularmente poesia nos bares Púcaros e Pinguim e no Clube Literário (Poesia de Choque).

POEMA DE PAUL VERLAINE

12.

Éramos, no café, entre gente imbecil,
Apenas nós os dois adeptos do tal vil
Vício de ser «pró-macho»; e com simulção
Ríamo-nos do parvo, ar de bonacheirão,
De seus amores normais, com a moral à coca.
Punhetas mil fazendo, a desbastar a moca,
À bruta, à tripa-forra, e nisso apostados,
Plo fumo do cachimbo apenas meio velados
(Assim como Hera outrora a copular com Zeus),
As nossas piças, quais pencas e Karrogheus
Assoados à mão, aprazível limpeza,
Em jactos de langonha espirravam sob a mesa.

em Hombres, Lisboa: &etc, colecção Contramargem (nº17), tradução de Luíza Neto Jorge, 1983, p. 27.

publicado por manuel a. domingos às 21:21 0 comentário(s) ligações

retirado de http://meianoitetododia.blogspot.com

NÃO HÁ MENINAS


Estou no Piolho. Vim ao Porto. Houve amigos mas não há meninas. Sem meninas a vida é uma merda. Por outro lado, não há cerveja. Na televisão joga o Braga. Com o Belenenses. Vim ao Porto para combater o tédio. Mas o tédio persiste. Domina a minha vida. Escrevo mas não há grande vontade. Nem meninas. Vêm meninas mas não para mim. Já fui rei neste café mas hoje não sou. Qualquer coisa que me empurre, que me eleve e me tire deste marasmo. Ainda não é o marasmo total mas para lá caminha. Quero uma menina que me alegre! Estou a ficar sem palavras, deprimido. Hoje não vou ao Pinguim. Se tivesse dinheiro nos bolsos ia. Não tenho dinheiro nem para um fino. Estou no Piolho. Nada se passa. Vou escrevendo. Preencho as horas. Pouco mais há a dizer. Não há meninas. A vida não presta. Há uma semana era outro. Há uma semana era a alegria. Não sei explicar.
Mesmo no Piolho há empregados que mudam. Mais uns escritos que não ficam para a posteridade. Escrevo porque tenho necessidade. As coisas correm mal para o Braga. Tantos dias na aldeia fazem-me mesmo mal. Penalty. Defende o Eduardo. Não há meninas. Está tudo fodido. Tens razão, ó Amaral. Uso palavras a mais. Escrevo no meio do tédio. Afinal, mesmo no Piolho há tédio. Olho para a TV. O Braga não marca. O Adriano discute com o patrão ao balcão. Não há meninas para mim. Nem àlcool. Já não há candidato nem poeta maldito com foto no jornal. Um fino e tudo mudaria. Neste café onde já alcancei a glória. Entra gente mas não para mim. ALgo que me desperte. Eu não estava assim. O Belenenses ataca. O Braga não marca. Estou no Piolho. Não há menina. Não vem o Fred nem o chato do costume. O chato do costume teve sorte, não apareceu no livro. Vá lá que os amigos falam. Eu fico calado. À espera da musa. Não vou ao Pinguim. Que vai ser de mim? Talvez a escrita me faça sentir melhor. Vim ao porto para me sentir melhor. Talvez esteja um pouco melhor. Escrita enrolada não conduz a nada. Apetecia-me um fino. Um, dois, três. Estou no Piolho. Não há aqui glória. A glória já está em mim, diz a Filipa. Poeta, mago, profeta. Ela diz que o sou. Há uns tempos que não estava assim. E a Gotucha não vem. Rola a bola. Falta aqui o Reinaldo "Avô Cantigas" para animar a malta. Golo do Braga!

Mais de dois dias na aldeia e fico abatido. Mas um gajo lá se vai aguentando. Era preferível estar com as minhas meninas. Uma está doente, outra não pode, outra há dias que não atende o telefone. Não estou definitivamente com a verbe de há dias. Não sei explicar o fenómeno. Há dias em que estamos cheios de pedal, outros em que estamos quase mortos. Quero as minhas meninas. Elas são o sol e a vida. E esta prosa fica por aqui. Pelo caderno.
“"No único almoço que o 'Sol' teve com Sócrates em São Bento, ele às tantas disse-me que 'isto de a gente tentar comprar jornalistas é um disparate, porque a melhor forma de controlar a imprensa é controlar os patrões'. Foi extraordinário o desplante de ter dito isto e depois ter posto esse plano em prática".

José António Saraiva, director do "Sol", jornal "i", 10-02-2010

Tuesday, February 09, 2010

FANTOCHE

Fantoche

Não importa o que eu faça
eu sou apenas massa
vivo sem respirar
e cheio de dores
sou um fantoche nesse teatro de horrores
a dor me consome quando eu rio
por isso,
sou tão frio
não sou uma perturbada infeliz
brinco pra tentar ser feliz
finjo ser poeta escrevendo sobre amor
fujo apenas da dor!!!

Palyllahh Armstrong

Sunday, February 07, 2010


Não estou bem. Só espero não estar a caminho da depressão. A "Padeirinha" mudou de gerência e continua a mudar de gajas. O patrão controla. A TVI passa um filme completamente imbecil. A gaja abana o cu. Vou começar o "Caim" do Saramago. O Amaral seleccionou 15 ou 16 poemas. Curiosamente não seleccionou aqueles que têm tido mais êxito em sessões públicas: "O Poeta e as Gajas Boas", "Paredes de Coura", "O beijo na Boca", "O Poema". Mas não estou bem. As gajas põem-me melhor mas ainda assim não estou bem.

A GAJA BONITA


Quando estou a fazer a revolução não quero saber de gajas. Ou estão comigo ou não estão.
Mas não há dúvida que isto está cheio de gajas. As gajas vêm em grupos, em matilhas. Mas ainda não me ligam da maneira que eu pretendo. Continuo a escrever e ouço as conversas. A gaja do lado até é bonitinha. Vou ao "77". A gaja é mesmo bonita.

Saturday, February 06, 2010

ENTREVISTA A A. PEDRO RIBEIRO EM "A VOZ DA PÓVOA"


Arquivo: Edição de 16-01-2008

SECÇÃO: Cultura



Entrevista a António Pedro Ribeiro

Por José Peixoto

A Surrealizar Por Aí

António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 68. Vive em Vilar do Pinheiro. É Licenciado em Sociologia. Com Rui Soares, publicou o livro de poesia, “Gritos. Murmúrios” (Grémio Lusíada, 1988), seguiu-se “à mesa do homem só”, (Silêncio da Gaveta, 2001); sexo noitadas e rock n’roll, (Edição de Autor, 2004); Declaração de Amor ao Primeiro Ministro, (Objecto Cardíaco, 2006); Sallon, (Edições Mortas, 2007) e recentemente, Um poeta a Mijar, (Corpos Editora, 2007).


Voz da Póvoa – Um Poeta a Mijar, continua a fazer declarações de amor ao primeiro ministro?


António Pedro Ribeiro – O surrealismo e o dadá continuam presentes e até a linha Beatnick. O poeta a mijar é no fundo um poeta que observa, está no mundo mas está deslocado do mundo de uma forma muito critica. Por um lado está a mijar e está-se a cagar, mas por outro está preocupado com um mundo que é feito de economicismos, materialismos e de castrações. O poeta coloca-se um pouco à margem, na posição de um certo voyeur, mas é aí que observa.


V.P. – Este livro continua a assumir o lado crítico na linha dos anteriores?


A.P.R. – O livro, Declaração de Amor ao Primeiro Ministro, tinha mais poder e era mais directo, mas penso que este é mais abrangente, porque vai buscar coisas que não estavam nos outros livros. Não sendo tão directamente politizado, acaba por ser mais critico porque vai buscar a fundo o que está mal na sociedade e até o amor continua presente, talvez menos por uma mulher como no Sallon, já o lado místico, como lúcifer, deus, o céu, continua muito presente.



V.P. – Nos livros aparecem sempre poemas que hibernavam nas gavetas?


A.P.R. – A escrita tem destas coisas, por vezes passo por certos períodos de espera e de silêncio e depois há outros em que escrevo bastante. Há também poemas que vão esperando por um livro que os acolha, mas nem sempre é assim, por vezes ficam esquecidos ou perdidos num qualquer sítio e depois por obra do acaso vão sendo recuperados à luz do dia que são os livros por onde passam a morar.


V.P. – O poeta volta a ser candidato, desta vez à Câmara do Porto...


A.P.R. – É uma forma de bombardear o sistema, é puro terrorismo poético. Não há qualquer inocência nesta candidatura, nem a intenção é provocar por provocar, é o tal lado surrealista que exige uma postura radical, que se tem mantido na minha escrita e que é coerente com a minha pratica. Depois a velha ganga marxista já não se aplica à sociedade de hoje, é preciso procurar outros caminhos, como o sentido de humor por exemplo.


V.P. – Pensa que este é um momento em que se exige uma viragem na sociedade?


A.P.R. – Já fui comunista, marxista-leninista e só marxista. Agora já não tenho a propor um modelo de sociedade, tenho é a certeza que este modelo não serve e portanto devo tentar ridiculariza-lo ao máximo. Neste momento estou afastado dos partidos e não acredito neles nem nos seus projectos. Não tenho uma solução para o problema, mas sei que isto não serve e o que posso fazer é escrever sobre isto e dizer que nada disto vai ao encontro da felicidade do homem.


V.P. – O poeta era capaz de escrever um livro em oposição a tudo o que escreveu?


A.P.R. – Se fizesse uma selecção de poemas de amor que nunca publiquei, alguns mesmo antigos, era capaz de ser diferente, não completamente porque o amor acaba por estar sempre presente em todos os meus livros. Este fala muito do palco, ou tudo o que se vive enquanto lá está, o declamador de poesia, o cantor ou o performer. Um palco onde Jim Morrison ou Ian Curtis eram feiticeiros que conseguiam transportar o publico para outra dimensão, é esta a minha homenagem.

FILOSOFIA

Filosofia. Eis o que me apetece fazer. Sem método, sem regras, sem disciplina. Tu aprendeste as regras e o método, Gotucha. Tens de os aplicar. Eu não sou assim. Sou um vadio. Na esteira de Agostinho da Silva. Já nem escrevo poemas, pelo menos poemas líricos. O patrão controla. Não gosto de patrões. Bom, há alguns que são meus amigos. Mas esses não são bem patrões. Não gosto de ver gajos ou gajas a mandar. Não sei o que seria se estivesse no poder. Talvez às vezes fosse autoritário como Fidel ou Chávez. Por isso não quero o poder. Quero apenas derrubá-lo. Por isso estou aqui. Por isso escrevo nesta padaria de Vila Nova de Telha às sete da tarde. Escrevo o que vejo, o que ouço, o que vem à cabeça. Não sou daqueles que colocam a palavrinha no sítio, a palavrinha na coninha. Faço correcções e revisões às vezes. Mas são mínimas. Talvez devesse fazer mais. Mas assim não seria original.O patrão controla. Não gosto de patrões que controlam nem de gajos arrogantes. Sou um vadio. Um poeta que anda por aí. Um homem de ideias. Um homem doutros séculos neste século. Não tenho de respeitar os capitalistas, nem os economistas, nem os merceeiros, nem os bolsistas. Ecce Homo.

ANARQUISTA


Se os outros dizem que sou anarquista é porque sou. Se os outros dizem que sou maldito é porque sou. Se os outros dizem que sou livre é porque sou. A partir de hoje todos os erros do passado, todos os pecados estão perdoados. A partir de agora quero a mulher. A partir de agora quero a revolução. O Rocha é o meu melhor amigo mas eu não embarco no pessimismo do Rocha. O dinheiro cai, com estrondo, da máquina. O Rocha é um técnico e um pessimista militante. EStá doente. Coitado do Rocha. Caí há 20 anos mas voltei a subir. Já vi a glória do palco e das mulheres. Essa estória do "ganhar mais" não me interessa. Não luto por tostões. Os homens levam a máquina das moedas. Fora com as moedas! Viva a pedra na tola!

Thursday, February 04, 2010

ESTUDANTES VOLTAM À RUA

Os estudantes do ensino básico e do secundário afirmam que cerca de 30 mil alunos participaram hoje nas manifestações realizadas em todo o país e adiantam que está a correr um abaixo-assinado para recolher 50 mil assinaturas.
Estudantes dizem que houve tentativas para impedir os protestos (Paulo Pimenta)

Os alunos que decidiram "fazer do dia 4 de Fevereiro uma grande jornada de luta", no continente e ilhas, reivindicam a revogação do estatuto do aluno, do regime de faltas, a aplicação imediata da educação sexual nas escolas, o fim dos exames nacionais, a melhoria das condições dos estabelecimentos de ensino e a gratuitidade dos manuais escolares.

Em comunicado, a Delegação Nacional das Associações de Estudantes do Ensino Secundário e Básico (DNAEESB), que promoveu o protesto, acusou o Ministério da Educação, os agentes da autoridade e as escolas de uma acção concertada para "impedir os protestos identificando estudantes, fechando portões para impedir os estudantes de saírem da escola e impedindo trajectos de manifestações".

A DNAEESB fala ainda em dezenas de estudantes identificados pela polícia em todo o país e afirma ter tomado conhecimento de "uma circular do Gabinete Coordenador da Segurança Escolar em que se ordenou às escolas que tomassem 'medidas especiais' com vista a impedir a realização dos protestos".

O Ministério da Educação nega ter havido quaisquer orientações no sentido de impedir os protestos, manifestando-se respeitador dos "direitos de liberdade de associação dos estudantes".

Wednesday, February 03, 2010

“"Demonstrando uma total ausência de 'fair play', revelando que não consegue passar por cima ou esquecer os excessos ou as meras diatribes de quem não gosta dele, Sócrates parece ter como desporto preferido a tentativa de silenciamento de certas opiniões"

Domingos Amaral, 03-01-2010, "Correio da Manhã"

Tuesday, February 02, 2010

AMOR


Tu,
que te sentas de mimissaia
que vens de preto
e te fazes ao poeta maldito
tu,
que bebes o bolo e a chávena
que devoras o jornal e as notícias
vem
bebe do meu copo
senta-te no meu colo
sê livre
faz a festa
vive
vem,
atravessa o gelo
linda
de couro negro
loira
como és
como sabes ser
como te mostras

Vem
não ligues às conversas
lança-te
atira-te
dá-te ao mundo
e ao poeta.


Vilar do Pinheiro/Porto 1-2/2/2010.

QUERO UMA MULHER


Quero uma mulher
uma mulher que se sente
à minha mesa
que ouça as minhas palavras
e me conte a vida

Quero uma mulher que me ame
que me beije loucamente
uma mulher que me acompanhe
e que diga os meus versos
que atravesse os céus e os infernos
que siga a minha loucura

Quero uma mulher
que vá até ao fim
uma mulher
que venha até mim.

Piolho, 2.2.2010

MÁRIO CRESPO

Os intocáveis
O processo Face Oculta deu-me, finalmente, resposta à pergunta que fiz ao
ministro da Presidência Pedro Silva Pereira - se no sector do Estado que lhe
estava confiado havia ambiente para trocas de favores por dinheiro. Pedro
Silva Pereira respondeu-me na altura que a minha pergunta era insultuosa.
Agora, o despacho judicial que descreve a rede de corrupção que abrange o
mundo da sucata, executivos da alta finança e agentes do Estado, respondeme
ao que Silva Pereira fugiu: Que sim. Havia esse ambiente. E diz mais.
Diz que continua a haver. A brilhante investigação do Ministério Público e da
Polícia Judiciária de Aveiro revela um universo de roubalheira demasiado
gritante para ser encoberto por segredos de justiça.
O país tem de saber de tudo porque por cada sucateiro que dá um Mercedes
topo de gama a um agente do Estado há 50 famílias desempregadas. É
dinheiro público que paga concursos viciados, subornos e sinecuras. Com a
lentidão da Justiça e a panóplia de artifícios dilatórios à disposição dos
advogados, os silêncios dão aos criminosos tempo. Tempo para que os
delitos caiam no esquecimento e a prática de crimes na habituação. Foi para
isso que o primeiro-ministro contribuiu quando, questionado sobre a Face
Oculta, respondeu: "O Senhor jornalista devia saber que eu não comento
processos judiciais em curso (…)". O "Senhor jornalista" provavelmente já
sabia, mas se calhar julgava que Sócrates tinha mudado neste mandato.
Armando Vara é seu camarada de partido, seu amigo, foi seu colega de
governo e seu companheiro de carteira nessa escola de saber que era a
Universidade Independente. Licenciaram-se os dois nas ciências lá
disponíveis quase na mesma altura. Mas sobretudo, Vara geria (de facto
ainda gere) milhões em dinheiros públicos. Por esses, Sócrates tem de
responder. Tal como tem de responder pelos valores do património nacional
que lhe foram e ainda estão confiados e que à força de milhões de libras
esterlinas podem ter sido lesados no Freeport.
Face ao que (felizmente) já se sabe sobre as redes de corrupção em
Portugal, um chefe de Governo não se pode refugiar no "no comment" a que
a Justiça supostamente o obriga, porque a Justiça não o obriga a nada disso.
Pelo contrário. Exige-lhe que fale. Que diga que estas práticas não podem
ser toleradas e que dê conta do que está a fazer para lhes pôr um fim.
Declarações idênticas de não-comentário têm sido produzidas pelo
presidente Cavaco Silva sobre o Freeport, sobre Lopes da Mota, sobre o
BPN, sobre a SLN, sobre Dias Loureiro, sobre Oliveira Costa e tudo o mais
que tem lançado dúvidas sobre a lisura da nossa vida pública. Estes
silêncios que variam entre o ameaçador, o irónico e o cínico, estão a dar ao
país uma mensagem clara: os agentes do Estado protegem-se uns aos
outros com silêncios cúmplices sempre que um deles é apanhado com as
calças na mão (ou sem elas) violando crianças da Casa Pia, roubando carris
para vender na sucata, viabilizando centros comerciais em cima de reservas
naturais, comprando habilitações para preencher os vazios humanísticos que
a aculturação deixou em aberto ou aceitando acções não cotadas de uma
qualquer obscuridade empresarial que rendem 147,5% ao ano. Lida cá fora a
mensagem traduz-se na simplicidade brutal do mais interiorizado conceito
em Portugal: nos grandes ninguém toca.

Monday, February 01, 2010

TELEJORNAL


O gerente do café explica o funcionamento do mesmo aos clientes. O primeiro-ministro
diz que ganhou a batalha da governabilidade. O governo mantém o aeroporto e a alta velocidade. O ministro das Obras Públicas discursa. o "pivot" do Telejornal é sério e usa gravata. O primeiro-ministro garante que o aumento do défice não foi descontrolo. O país janta e vê o Telejornal. O presidente da Junta anda descontrolado e bate uma punheta. O gerente do café continua a explicar o funcionamento do mesmo. O Orçamento é bom para o país. O ministro das Finanças admite que se engana. A deputada do CDS é boa...para o país. O défice dispara. As agências de rating controlam. O Bloco de Esquerda é bom para o país. Os deputados do Bloco de Esquerda são sérios mas não usam gravata. O gerente do café gosta de Coca-Cola. O governo já aguentou 100 dias. As garrafas estão expostas. O gerente arrota teses de doutoramento acerca do funcionamento do café. O primeiro-ministro é sério e usa gravata. Além disso, nunca se enerva. O primeiro-ministro é bom...para o país. O Presidente da República é sério e usa gravata. O líder do CDS também. O primeiro-ministro dá dinheiro aos bebés. O primeiro-ministro quer casar com a Carochinha. O primeiro-ministro e todos os ministros são bons...para o país. O gerente analisa agora a problemática da cerveja. O Presidente da República é sério e não bebe cerveja. O PPM quer referendar a monarquia. O PPM é sério e usa gravata. A autarca corrupta não vai a julgamento. O Obama continua a pregar. O gerente do café também. Todos os homens do poder são sérios e usam gravata. O Presidente da República é sério, honesto e usa gravata. Uma bombista suícida detonou explosivos em cima dos peregrinos. O México continua cheio de pistoleiros. O Presidente da República é sério, honesto, usa gravata e quer a estabilidade do país. O Leixões defronta o Marítimo. O gerente do café já resolveu todos os problemas da Humanidade. A brasileira alapa o cu ao balcão. O poeta escreve o que vê, o que ouve e o que lhe vem à cabeça. O Presidente da República é sério, honesto, usa gravata, quer a estabilidade do país e não apanha bebedeiras. O primeiro-ministro é bom...para o país e também não apanha bebedeiras. O ministro das Finanças é sério, honesto e usa gravata. Todos os homens públicos são bons...por natureza. A televisão promove os "Ídolos". Os "Ídolos" são sérios, honestos, querem a estabilidade do país mas não usam gravata. O presidente da Câmara é bom...para a cidade. O TGV mantém-se, apesar do aumento da dívida pública. A sabedoria do gerente do café faz o meu cérebro dar voltas. O poeta é bom...mas também é mau, não quer a estabilidade do país, apanha bebedeiras e não usa gravata. O Pesidente da República é sério, honesto, usa gravata, quer a estabilidade do país, não apanha bebedeiras e só percebe de finanças. O ministro das Finanças é bom...para o país. O Presidente da República, o primeiro-ministro, o ministro das Finanças, todos os ministros, a oposição, o Orçamento, o presidente da Câmara, o presidente da Junta, o "pivot" do telejornal, o Leixões, os "Ídolos", os pistoleiros mexicanos, a bombista suícida, os empresários dos carrosséis, o CDS, o PPM, o Bloco de Esquerda e o gerente do café são bons...para o país. A Beyoncé mostra as mamas. A Beyoncé é boa...para o país.


Algures, 1.2.2010

GORDO IMBECIL


A TV passa mais uma vez o concurso do gordo imbecil. Esse atrasado mental matraqueia todos os dias a cabeça dos meus concidadãos. A culpa também é dos meus concidadãos. Dão importância às imbecilidades do gordo imbecil.

TERCEIRO MANIFESTO PRESIDENCIAL


Eu, António Pedro Ribeiro, poeta, diseur, performer, sociólogo, aderente nº 346 do Bloco de Esquerda, sou candidato à Presidência da República porque não estou à espera do PS de Sócrates, um Sócrates que é arrogante e quer amordaçar toda a crítica. Sou candidato porque o Bloco de Esquerda é, neste momento, com excepção das suas correntes trotskistas e revolucionárias minoritárias, como a FER, um partido perfeitamente institucionalizado que apenas pretende reformar o capitalismo. Sou candidato porque é preciso combater a ditadura do económico e da linguagem económica e contabilística de que Cavaco e Sócrates são executantes e servidores e, por isso, pregadores da morte e do darwinismo social. Sou candidato contra o mercado e a mercearia, contra a existência quadrada de tédio e de morte que nos vendem todos os dias. Sou candidato contra a lógica dos ganhos e das perdas, do custo e do prejuízo, da competição e da competividade. Sou candidato pela liberdade e pela vida. Sou candidato contra o poder e as hierarquias. Sou candidato pela erradição da pobreza, sobretudo da miséria, por aqueles que têm fome e sede e não têm abrigo. Sou candidato porque sou anarquista.
Sou candidato porque o Homem não pode ser conta, percentagem, orçamento, porque o Homem é muito mais do que isso, porque o Homem é espírito, afecto, vontade, mesa partilhada.


Vilar do Pinheiro, Vila do Conde, 1 de Fevereiro de 2010,
António Pedro de Basto e Vasconcelos Ribeiro da Silva
http://partido-surrealista.blogspot.com
http://tripnaarcada.blogspot.com

MÁRIO CRESPO

Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”.
Mário Crespo (Público)

Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.

Nota: Artigo originalmente redigido para ser publicado hoje (1/2/2010) na imprensa

A LINGUAGEM DO TÉDIO


Todos os dias somos bombardeados pela economia, pela linguagem dos economistas, dos contabilistas e dos empresários. Tudo está na bolsa, tudo é mercado. Mesmo os pretensamente mais esquerdistas se deixam contagiar. Tudo tem um preço. Tudo é colectável, tudo é convertível em dinheiro.
Isto não é o homem! Isto não é o homem em construção de que fala Nietzsche, de que fala Henry Miller. Isto é apenas uma caricatura do homem. É vergonhoso ver o homem reduzido à conta, ao deve-haver, ao défice. O homem é espírito, coração e vontade. O homem não pode aceitar ser reduzido a um número, a uma percentagem. É por isso que não aceitamos a linguagem dos economistas, dos empresários, dos financeiros. Aliás, evitamo-la.

ESCREVO DEMAIS


Escrevo demais. Ando a escrever demais. Escrevo a todo o momento, em qualquer lugar. Tudo me faz escrever. Não tenho limites. Escrevo quase tudo o que me vem à cabeça. Não faço cortes. Não selecciono. Deixo correr. Sou irmão gémeo da caneta. As leituras fazem-me escrever. Tudo me faz escrever. Todas as conversas. Até o tédio me faz escrever. Repito-me. Há uma voz que me chama sempre, incessantemente. Essa voz não me larga. É o bem e o mal. Estou agora mais próximo daqueles que admiro, daqueles que amo. Há quem lhe chame loucura. E o cérebro prossegue. Corre. Corre quilómetros. E eu deixo correr. Escrevo rigorosamente o que me vem à cabeça.

RAZÃO

Talvez os meus críticos tenham razão. Talvez eu esteja a usar palavras a mais. Tenho de ter mais cuidado com as correcções. Na ânsia do automatismo, na ânsia da publicação deixo ficar palavras a mais. Só a espaços faço a síntese. Tenho a escrita à flor da pele. À mesa do café deixo fluir. De agora em diante vou-me preocupar com a forma, com a revisão, com a correcção. Na prosa já estou bem. Tenho de aperfeiçoar a poesia. Cortar os versos. Cortar nas palavras. Tenho de aperfeiçoar a poesia e não me precipitar com livros a publicar. Este é o ponto de viragem. Tenho de ler e reler os poemas. Tenho de ser mais crítico e estar mais atento.
Talvez os meus críticos tenham razão. Alguma razão. Mas também sei que sou, que já fui capaz do melhor, do sublime. Estou lúcido. Estou absolutamente lúcido.