Saturday, June 30, 2007

O POETA VEM


O poeta vem e senta-se

a menina dos olhos está grávida

o poeta vem e senta-se

a menina do encontro

ainda não chegou

mas ainda está dentro da hora

o poeta vem e senta-se

não se passa nada

o poeta vem e senta-se

a menina dos olhos passa

o poeta vem, senta-se

e agarra-se à literatura

o poeta vem e senta-se

o mundo é o mesmo

não muda nada

o poeta vem e senta-se

espera pela dama

o poeta vem e senta-se

será que vem?


A. Pedro Ribeiro

Saturday, June 23, 2007

Nietzsche

O grande homem irradia, transborda, consome-se, não se poupa.
(Nietzsche, "Crepúsculo dos ídolos")

Wednesday, June 20, 2007

Vida pequeno-burguesa


Ah! Como tenho asco aos moralismos das coisas certinhas

das hora-determinadas que vos movem

da vidinha pequeno-burguesa sem ponta de novidade


e, no entanto, amo-vos

amo-vos do lado de lá do balcão

a sonhar mundos

a entrar no filme

a dirigir palavras amáveis

à clientela.


A. Pedro Ribeiro.

Tuesday, June 19, 2007

Artur Rockzane,cidadão das galáxias, poeta edecodificador, geraçao nexus23.balada nadaísta" quando se fizer o tempo em que o tempo será despertem-me!é que dormi de...tédioe assim trouxeram-me por um preciso feitiço aquia mim que já estava láagoniza a raça in-humanamilitares tambores rufam afobadosjorram as fezes das bocas de um e de todo rei e presidente_o mundo anda de cu cozidomerda... afinal que tenho eu que ver com esta ordem infecta?sou andarilho dos mundos carroceiro da palavra ando de estrela em estrela como um cantor cegocomo o grande leproso aquele a quem se encomendou o verbo nú e em carne vivae apenas anseia ao silêncioagitam-me pulsões electrónicas destroço cabos extensões do peito retiro uma bombasou o velho rapaz subliminalque por um destino fatal provoca explosõese merda merda merda !estou farto desta morte! assim por sobre as baladas de villon _bêbedo drogado inválido-social _ coloco a mão e jurovou ao meu nadaísmo rezarque isto acabe de vez este filme em branco e brancodesliguem a máquina já!sobram-me 500 000 anos de caminhospercorridos para tráse outros 500 000 percorridos para diante sonho sem dormir dormir já não possosou cúmplice da insónia de ciorandeserdado e pobre fui no entanto beatificadopelo privilégio de certos caminhosque levam a encontros proscritosem determinadas encruzilhadasonde nos juntámos os danados e nos lambemos as feridastalvez que por tudo isso não possa mentir_ isso só aos agentes da realidade ! ah ah ah!!!que sou ladrão assumidoaprendi em criança com dignos bandidosnão existe tesouro perdidofedayin com hassan ibn sabbha assaltei caravanas degolei cristãosinvestiram-me haxixinnão sinto culpa tão pouco sou inocentetenho chamas nos cabelose um olhar verde e descrentebardo calcorreio a terra dos homensdjilaba negra khol nos olhoso camelo indiferente o cavalo andaluz_ uma adaga ainda com sangue quenteastronauta das ruínas fumegantesaleitei-me de ópios que sorvi dos figados de junkies mortos por radiaçãopisei luas blasé e li poemas em marte no âmago do conflitotransmiti a tragédia desde onde a tragédia é premente e afinal sobrevivié que tenho a alma no bolsoe a arma escondida na coluna vertebralno meu ventre um alien procria um ser deve nascer pelo natalah que bom se não tivesse nem alma nem bolsonão usaria mais a arma no dorsotrá-la-ia sempre na mão pronta a não dispararque não fosseao acaso de bretonou para sobreviver ao ocasodo betão armado."in nexus.caos
vacinado por Marginal às 23:23 0 infecções

Sunday, June 10, 2007

MY KING

Onde ir,
meu rei,
nesta terra putrefacta
nesta terra de mortos-vivos?

Onde ir,
meu rei,
içar a bandeira,
erguer a espada,
combater o mal?

Onde ir,
meu rei,
para fora da menina de verde,
para junto do Graal?

Onde ir,
meu rei,
neta terra d cães,
nete deserto sem lei?

Onde ir,
meu rei,
para quê prestar juramento,
quando tudo se desfaz?

Onde ir,
meu rei,
fugir à emboscada,
escapar à cilada,
qual é a senha,
meu rei?

meu rei,
porque não respondes
à minha chamada?

APR, PADEIRINHA, 10.6.2007

Thursday, June 07, 2007

Tuesday, June 05, 2007

O ARTISTA


Voltas a oferecer poemas às meninas

e tens sucesso

mas não o sucesso materialista

o sucesso daflor e do amor

o sucesso de ir até à dor

de passar o Bojador

e de ficar por cima

a cantar

estrela do rock n' roll

renascido das cinzas

caído de costas

assim vai o artista

a meio da missa

eis o artista

o poeta lisonjeador

o D. Juan

o Casanova da aldeia

que deixa em chamas

tudo por onde passa

excepto a mulher

que ama sempre

sempre sempre

até ao fim

ecce homo

at home

o artista

fora da tua lista.


APR, Vilar do Pin, 5.6. 2007


Sunday, June 03, 2007

STAY FREE


Conhecemo-nos quando andávamos na escola

não aceitávamos shit de ninguém

não éramos tolos

o professor diz que somos parvos

só estamos a divertir-nos

mijamos em todos os da turma

quando fomos expulsos eu saí sem muito alarido

aos fins de semana íamos dançar

descendo Stratham de autocarro

sempre me fazias rir

metiasm briga difíceis

jogávamos brilhar toda a noite

fumando mentol


porque os anos passaram

e as coisas mudaram

e eu vou da forma que quiser ir

nunca esquecerei o que senti

quando soube que tinhas regrssado a casa

e nuca equecerei o sorriso no meu rosto

e sabia onde estarias

e se estiveres no crown esta noite

bebe um cop à minha conta


mas vai comcalma...an cuidado..mantèm-te livre


THE CLASH/JOE STRUMMER