Saturday, December 27, 2008

SITUACIONISMO


Situacionismo


Definição

Movimento europeu de crítica social, cultural e política, que tem lugar entre 1957 e 1972, reunindo poetas, arquitetos, cineastas, artistas plásticos etc. A criação do movimento data de julho de 1957, quando da fundação da Internacional Situacionista, em Cosio d'Aroscia, Itália. O grupo se define como uma "vanguarda artística e política", apoiado em teorias críticas à sociedade de consumo e à cultura mercantilizada. A idéia de "situacionismo", segundo eles, se relaciona à crença em que os indivíduos devem construir as situações de suas vidas no cotidiano, cada um explorando o seu potencial de modo a romper com a alienação reinante e a obter prazer próprio. Do ponto de vista da reflexão, as principais fontes dos situacionistas são utopistas como Charles Fourier (1772-1837) e Saint-Simon (1760-1825), hegelianos como Feuerbach (1804-1872) e o jovem Karl Marx (1818-1883). O clima intelectual e político francês dos anos de 1950 e 1960 alimentam o situacionismo, que, por sua vez, auxilia a redefinir os contornos de sua época. A tradução francesa de História e consciência de classe, de Georg Luckács, a edição dos dois primeiros volumes da Crítica da vida cotidiana, de Henri Lefebvre, as reflexões dos pensadores da Escola de Frankfurt, as revistas Socialismo e Barbárie e Argumentos, entre outros, marcam a reflexão social, cultural e política do momento, apontando para os efeitos perversos do capitalismo avançado, bem como para a necessidade de alterar a ordem social pela reinvenção da vida cotidiana. A utopia maior que norteia o situacionismo é a projeção de uma sociedade comunista próxima aos ideais anarquistas, capaz de ser alcançada pela recusa radical do autoritarismo de Estado e da burocracia.

Às reflexões teóricas, os situacionistas associam uma série de intervenções - distribuições de panfletos, declarações, envio de telegramas etc. - com o objetivo de marcar com clareza as suas posições sociais, culturais e políticas. No âmbito da atuação política, o grupo se engaja em formas de apoio aos movimentos de contestação que têm lugar na época. Apoiam as revoltas das comunidades negras de Los Angeles (1965); as iniciativas operárias, fora dos sindicatos e partidos; as atividades de auto-gestão e os Conselhos Operários criados na Espanha e Argélia; o movimento estudantil e os acontecimentos de Maio de 1968, que o grupo contribui também para suscitar. Do ponto de vista artístico, as principais fontes do movimento são o dadaísmo e o surrealismo - sobretudo em função da conexão por eles defendida entre arte e vida - e o Letrismo de Isidore Isoue (1928) e Gabriel Pomerand (1926-1972). Fruto de uma dissidência no interior do Letrismo, A Internacional Letrista e o boletim Potlach (1954-1957), criados por Michèle Bernstein, Mohamed Dahou, Guy Debord (1932-1994), Gil Wolman, entre outros, desenham um primeiro esboço das teses situacionistas. A intenção estratégica de Potlach, segundo Debord, um dos expoentes do movimento, é promover a "reunificação da criação cultural de vanguarda e da crítica revolucionária da sociedade". E a Internacional Situacionista, afirma ele em 1985, "é criada sobre essa mesma base". Articulação entre arte e vida, arte e política, arte e cidade, eis alguns dos eixos do letrismo internacional retomados pelo situacionismo. Trata-se de ver a poesia, "para lá da estética", nos rostos dos homens e na forma das cidades, anuncia o nº 5 do Potlach, 1954. "A nova beleza", dizem eles, "será de SITUAÇÃO, quer dizer, provisória e vivida". A idéia de realizar intervenções no ambiente, cara aos situacionistas, já está aí posta. Práticas como a "deriva", a "psicogeografia" e o "desvio" defendem as perambulações ao acaso pela cidade e estimulam as reinterpretações do espaço a partir da experiência vivida (vide o Guia prático para o desvio, 1956, de Wolman e Debord). As práticas e intervenções no espaço urbano têm como fonte a crítica da vida cotidiana; por isso mesmo o urbanismo e a arquitetura constituem dimensões fundamentais para letristas e situacionistas.

A abertura do Letrismo Internacional a outros grupos cria as condições para a fundação da Internacional Situacionista. A amizade de Debord com Asger Oluf Jorn (1914-1973) estreita os laços com o Grupo CoBrA - sobretudo com Constant (1920) e Jorn - e com o movimento por uma Bauhaus imaginista, fundado em 1955 por Jorn e pelo pintor italiano Pinot-Gallizio (1902-1964). A defesa da livre expressão e do gesto espontâneo associados às convicções políticas fazem do Grupo CoBrA um aliado primeiro do situacionismo. A aproximação com o grupo se dá em 1949, sobretudo em função das teses sobre "o desejo, o desconhecido, a liberdade e a revolução" defendidas por Constant na quarta edição da revista CoBrA, que se tornariam centrais para o movimento situacionista. São também evidentes os interesses dos letristas internacionais pela reflexão sobre o urbanismo empreendida pelo movimento de Jorg e Pinot-Gallizio, que partem de uma crítica à funcionalidade excessiva praticada pela Bauhaus de Gropius. Não por acaso a plataforma que marca o início das atividades da Internacional Situacionista intitula-se Para um urbanismo unitário. A revista Internacional Situacionista (1958-1969) apresenta as formulações teóricas do grupo e acompanha as atividades de seus membros. Do conjunto, apreendem-se duas críticas fundamentais. Uma que diz respeito à vida cotidiana e à sociedade do espetáculo mercantil. Trata-se de libertar a vida do cotidiano e separar o tempo da organização do trabalho. Uma segunda crítica incide sobre a cultura como "mercadoria ideal do capitalismo avançado". A idéia da servidão posta pela "sociedade do lazer" encontra-se esboçada na obra maior da teoria situacionista, A sociedade do espetáculo (1967), de Debord, a liderança mais importante do movimento. Além dessa obra, que alcança grande repercussão em 1968, Debord é autor de diversos artigos e livros, e responsável por alguns filmes, entre os quais Hurlement en faveur de Sade [Grito a favor de Sade], 1952. Realiza também com M. Bernstein e A. Jorn exposições de fotografias, como a de Paris, 1961.

Após um período marcado pela criação de diferentes seções do situacionismo em diversos países da Europa (Grã-Bretanha, Alemanha, países nórdicos etc.), sobretudo de 1958 a 1969, e uma espécie de auge do movimento alcançado por ocasião dos acontecimentos de maio de 1968, Debord anuncia oficialmente, em abril de 1972, a dissolução do situacionismo. Muitos dos seus membros continuariam a participar dos movimentos de esquerda nos anos 1970. No Brasil, a editora Conrad Livros, criada na década de 1990 em São Paulo, tem sido a grande responsável pela edição das obras de Debord e dos situacionistas entre nós e pelo ressurgimento do interesse por essas idéias entre artistas brasileiros.

FRANCIS PICABIA


O conhecimento é um velho erro que pensa na sua juventude.
Os descontentes e os fracos fazem a vida mais bela.
As leis são contra a exceção,
e só me atrai a exceção.
A arte é o culto do erro.
O mundo divide-se em duas categorias:
os fracasados e os desconhecidos.
Eu me fantasio de homem para não ser nada.
Não esquecer que o maior homem
é só um animal com máscara de deus.

Tuesday, December 23, 2008

MANIFESTO CONTRA OS GOVERNANTES E CONTRA OS POLÍTICOS


Vós, governantes,
que amais o gado eleitor
que o mantendes cativo
que o converteis à mansidão
ao ram-ram da compra e venda
que o seduzis com as leis do dinheiro,
do trabalho e do relógio
vós, governantes,
que odiais a vida e o espírito livre
que tudo reduzis à mesquinhez
da percentagem e da conta
que amais o cidadão cumpridor
que vos masturbais com a bolsa
vós, políticos,
que invejais tudo quanto é grande,
tudo quanto é belo,
que o mantendes afastado do rebanho
que tudo tendes normalizado,
formatado, castrado
que sois incapazes de olhar o além
vós, políticos,
que redigis discursos ocos
que seduzis bacocos
que vendeis sabonetes
que vos escondeis nos gabinetes
vós, políticos,
que fornicais o poder
que vos guerreais pelo poder
que vos aliais pelo poder
sabei que a vossa hora
está a chegar
vós, políticos,
que pregais a morte
que apelais à doença
que instituis a crença
no mercado salvador
sabei que a vossa hora
está a chegar
vós, políticos,
que sois uma merda
que deixais os outros na merda
que fazeis do mundo uma merda
sabei que a vossa hora
está a chegar...

NIETZSCHE


Dou caça aos homens, como um verdadeiro corsário, não para os vender como escravos, mas para os levar comigo para a liberdade.

UTOPIA


Utopia
(José Afonso)

Cidade
Sem muros nem ameias
Gente igual por dentro
Gente igual por fora
Onde a folha da palma
afaga a cantaria
Cidade do homem
Não do lobo, mas irmão
Capital da alegria

Braço que dormes
nos braços do rio
Toma o fruto da terra
É teu a ti o deves
lança o teu desafio

Homem que olhas nos olhos
que não negas
o sorriso, a palavra forte e justa
Homem para quem
o nada disto custa
Será que existe
lá para os lados do oriente
Este rio, este rumo, esta gaivota
Que outro fumo deverei seguir
na minha rota?

Tuesday, December 16, 2008

A SOCIEDADE DA CRIAÇÃO


A Sociedade da Criação


Vivemos numa sociedade em que o dinheiro é Deus, uma sociedade de mercadores, de especuladores, onde somos reduzidos à condição de mercadorias que se trocam no mercado global.


A organização social capitalista conduz a que aqueles que são explorados se guerreiem uns com os outros, se invejem, se entreguem à competição desenfreada e a que adoptem uma atitude derrotista face à transformação da sociedade.


À sociedade da morte devemos opor, como propõe Raoul Vaneigen, uma sociedade que exalte a vida. Uma sociedade assente no humanitarismo e no desejo, no amor e não no ódio, que acabe com o dinheiro e com o mercado.


Uma sociedade assente na criação poética que vá de encontro à idade do ouro em que a vida era, nas palavras de Rimbaud, "um banquete em que todos os corações se abriam e em que todos os vinhos corriam".


E acrescenta Henry Miller: "não há alegria comparável à do criador, do poeta, porque a criação não tem outra finalidade para além de si própria".


E esse poeta é um xamã, um feiticeiro dionisíaco que canta e dança, que faz da arte uma festa e que torna ridícula a sociedade capitalista.

Friday, December 12, 2008

DADA


Formado em 1916 em Zurique por jovens franceses e alemães que, se tivessem permanecido em seus respectivos países, teriam sido convocados para o serviço militar, o Dada foi um movimento de negação. Durante a Primeira Guerra Mundial, artistas de várias nacionalidades, exilados na Suíça, eram contrários ao envolvimento dos seus próprios países na guerra.


Fundaram um movimento literário para expressar suas decepções em relação a incapacidade da ciências, religião, filosofia que se revelaram pouco eficazes em evitar a destruição da Europa. A palavra Dada foi descoberta acidentalmente por Hugo Ball e por Tzara Tristan num dicionário alemão-francês. Dada é uma palavra francesa que significa na linguagem infantil "cavalo de pau". Esse nome escolhido não fazia sentido, assim como a arte que perdera todo o sentido diante da irracionalidade da guerra.


Sua proposta é que a arte ficasse solta das amarras racionalistas e fosse apenas o resultado do automatismo psíquico, selecionado e combinando elementos por acaso. Sendo a negação total da cultura, o Dadaísmo defende o absurdo, a incoerência, a desordem, o caos. Politicamente , firma-se como um protesto contra uma civilização que não conseguiria evitar a guerra.

Ready-Made significa confeccionado, pronto. Expressão criada em 1913 pelo artista francês Marcel Duchamp para designar qualquer objeto manufaturado de consumo popular, tratado como objeto de arte por opção do artista.

O fim do Dada como atividade de grupo ocorreu por volta de 1921.

Principais artistas:

Marcel Duchamp (1887-1968), pintor e escultor francês, sua arte abriu caminho para movimentos como a pop art e a op art das décadas de 1950 e 1960. Reinterpretou o cubismo a sua maneira, interessando-se pelo movimento das formas.
O experimentalismo e a provocação o conduziram a idéias radicais em arte, antes do surgimento do grupo Dada (Zurique, 1916). Criou os ready-mades, objetos escolhidos ao acaso, e que, após leve intervenção e receberem um título, adquiriam a condição de objeto de arte.
Em 1917 foi rejeitado ao enviar a uma mostra um urinol de louça que chamou de "Fonte". Depois fez interferências (pintou bigodes na Mona Lisa, para demonstrar seu desprezo pela arte tradicional), inventou mecanismos ópticos.





François Picabia (1879-1953), pintor e escritor francês. Envolveu-se sucessivamente com os principais movimentos estéticos do início do século XX, como cubismo, surrealismo e dadaísmo. Colaborou com Tristan Tzara na revista Dada.
Suas primeiras pinturas cubistas, eram mais próximas de Léger do que de Picasso, são exuberantes nas cores e sugerem formas metálicas que se encaixam umas nas outras. Formas e cores tornaram-se a seguir mais discretas, até que por volta de 1916 o artista se concentrou nos engenhos mecânicos do dadaísmo, de índole satírica. Depois de 1927, abandonou a abstração pura que praticara por anos e criou pinturas baseadas na figura humana, com a superposição de formas lineares e transparentes.




Max Ernest (1891-1976), pintor alemão, adepto do irracional e do onírico e do inconsciente, esteve envolvido em outros movimentos artísticos, criando técnicas em pintura e escultura. No Dadaímo contribuiu com colagens e fotomontagens, composições que sugerem a múltipla identidade dos objetos por ele escolhidos para tema. Inventou técnicas como a decalcomania e o frottage, que consiste em aplicar uma folha de papel sobre uma superfície rugosa, como a madeira de veios salientes, e esfregar um lápis de cor ou grafita, de modo que o papel adquira o aspecto da superfície posta debaixo dele. Como o artista não tinha controle sobre o quadro que estava criando, o frottage também era considerado um método que dava acesso ao inconsciente.



Man Ray (1890-1976), fotógrafo e pintor norte-americano, em 1915 conhece o pintor francês Marcel Duchamp, com quem funda o grupo dadá nova-iorquino. Em 1921 contata com o movimento surrealista na pintura. Trabalha como fotógrafo para financiar a pintura e, com a nova atividade, desenvolve a sua arte, a raiografia, ou fotograma, criando imagens abstratas (obtidas sem o auxílio da câmara) mas com a exposição à luz de objetos previamente dispersos sobre o papel fotográfico.






Autoras: Simone R. Martins e Margaret H. Imbroisi www.historiadaarte.com.br©
Design: Márcio Lopes

Thursday, December 11, 2008

COMUNICADO DO GRUPO SURREALISTA DE ATENAS


O ESPECTRO DA LIBERDADE SURGE SEMPRE COM UMA FACA NOS DENTES


O nec plus ultra da opressão social está a ser atingido a sangue frio.
Todas as pedras arrancadas do pavimento e atiradas contra os escudos da bófia ou contra as fachadas dos templos comerciais, todas as garrafas flamejantes que traçam suas órbitas no céu nocturno, todas as barricadas erguidas nas ruas das cidades, separando a nossa área da deles, todos os caixotes do lixo do consumo que, graças ao fogo da revolta, tornaram-se Algo saindo do Nada, todos os punhos erguidos sob a Lua, são as armas dando carne, assim como a força verdadeira, não só à resistência como também à liberdade. E é precisamente o sentimento da liberdade que, nesses momentos, é a única coisa em que vale a pena apostar: aquele sentimento das manhãs esquecidas da infância, quando tudo pode acontecer, porque fomos nós, como seres humanos criativos, que despertámos, e não aquelas futuras máquinas humanas produtivas conhecidas como “sujeito obediente”, “estudante”, “trabalhador alienado”, “proprietário”, “mulher ou homem de família”. O sentimento de enfrentar os inimigos da liberdade – de não mais os temer.




É portanto com boas razões que estão preocupados, aqueles que desejam continuar com a sua azáfama como se nada estivesse a acontecer, como se nada tivesse acontecido. O espectro da liberdade surge sempre com a faca nos dentes, com a vontade violenta de quebrar as cadeias, todas aquelas cadeias que tornam a vida uma miserável repetição, servindo para reproduzir as relações sociais reinantes. No entanto desde Sábado, 6 de Dezembro, as cidades do país não estão a funcionar correctamente: nenhuma terapia de compras, nenhuma abertura de estradas para nos levar para o trabalho, nenhumas notícias sobre as próximas iniciativas governamentais de recuperação da economia, nenhuma mudança tranquila de uma telenovela para outra, nenhuma condução nocturna à volta da Praça Syntagma, etc, etc, etc. Estes dias e estas noites não pertencem aos mercadores, comentadores de TV, ministros e bófia: Estes dias e estas noites pertencem ao Alexis!




Como surrealistas estamos nas ruas desde o início, juntamente com milhares de outros, em revolta e solidariedade; pois o surrealismo nasceu com o hálito da rua, e não tenciona abandoná-la jamais. Após a resistência massiva ante os assassinos do estado, o hálito da rua tornou-se ainda mais cálido, mais hospitaleiro e criativo que antes. Não é da nossa competência propor uma linha geral ao movimento. No entanto assumimos a nossa responsabilidade na luta comum, já que é uma luta pela liberdade. Sem ter que concordar com todos os aspectos deste fenómeno de massas, sem sermos partidários do ódio cego e da violência pela violência, aceitamos que este fenómeno existe por um bom motivo.




Não deixemos este hálito flamejante de poesia atenuar-se ou extinguir-se.




Tornemo-lo numa utopia concreta: transformar o mundo e mudar a vida!


Nenhuma paz com a bófia e seus mandantes!





Todos para as ruas!




Aqueles que não sentem a raiva que se calem!



http://velha-toupeira.blogspot.com

Tuesday, December 09, 2008

WE WANT THE WORLD AND WE WANT IT...NOW!


Talvez da Grécia venha algo de novo. Talvez da Grécia venha a revolução. O assassinato do rapaz de 15 anos pela polícia reacendeu tochas que pareciam apagadas. A tocha do anti-autoritarismo, a tocha do anti-capitalismo, traduzida na fúria contra os bancos e as bolsas, os verdadeiros culpados da crise capitalista. Em Atenas queimam-se automóveis, lojas, bancos, e põem-se a nu os podres dos "gestores" que acumulam cargos e rapinas nas empresas e bancos da crise. A revolta grega, despoletada por grupos anarquistas, é o grito daqueles que dizem basta a um mundo que promove a morte: a morte das relações humanas livres e autênticas, a morte dos sentimentos, a morte das pulsões vitais, a morte da fraternidade, a morte da criatividade, a morte do Homem. A revolta grega é o grito pela vida, o grito dos que se fartaram de esperar, o grito dos que pouco ou nada têm a perder. We Want the World and We Want it...Now! Tal como em 68 não são os jovens dos subúrbios nem os operários que se começam por se revoltar mas sim os filhos da burguesia, os estudantes. We Want the World and We Want it...Now! Queremos o mundo mas queremo-lo agora! Agora, tem que ser agora. Não há tempo a perder. É a vida que nos empurra. Não há dúvidas nem hesitações. A frase de Jim Morrison volta a soar, a bater, insistente, perfurante, dilacerante. We Want the World and We Want it...Now! Todas as missas chegaram ao fim, todas as máscaras se desmascaram, todas as infâncias vêm dar aqui, todas as convicções são postas à prova, uma nova era começa aqui. Este é o princípio do fim do capitalismo.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Declaração Universal dos Direitos humanos
Preâmbulo
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;

Considerando que o desconhecimento e o desprezo dos direitos humanos conduziram a actos de barbárie que revoltam a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os seres humanos sejam livres de falar e de crer, libertos do terror e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração humanos;

Considerando que é essencial a protecção dos direitos humanos através de um regime de direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão;

Considerando que é essencial encorajar o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações;

Considerando que, na Carta, os povos das Nações Unidas proclamam, de novo, a sua fé nos direitos fundamentais humanos, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres e se declararam resolvidos a favorecer o progresso social e a instaurar melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla;

Considerando que os Estados membros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efectivo dos direitos humanos e das liberdades fundamentais;

Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta importância para dar plena satisfação a tal compromisso:

A Assembléia Geral proclama a presente Declaração Universal
dos Direitos humanos como ideal comum a atingir por todos os povos e todas as nações, a fim de que todos os indivíduos e todos os órgãos da sociedade, tendo-a constantemente no espírito, se esforcem, pelo ensino e pela educação, por desenvolver o respeito desses direitos e liberdades e por promover, por medidas progressivas de ordem nacional e internacional, o seu reconhecimento e a sua aplicação universais e efectivos tanto entre as populações dos próprios Estados membros como entre as dos territórios colocados sob a sua jurisdição.

Artigo 1°
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.

Artigo 2°
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação.
Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.

Artigo 3°
Todo o indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

Artigo 4°
Ninguém será mantido em escravatura ou em servidão; a escravatura e o trato dos escravos, sob todas as formas, são proibidos.

Artigo 5°
Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes.

Artigo 6°
Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalidade jurídica.

Artigo 7°
Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual protecção da lei. Todos têm direito a protecção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.

Artigo 8°
Toda a pessoa tem direito a recurso efectivo para as jurisdições nacionais competentes contra os actos que violem os direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição ou pela lei.

Artigo 9°
Ninguém pode ser arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo 10°
Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que contra ela seja deduzida.

Artigo 11°
Toda a pessoa acusada de um acto delituoso presume-se inocente até que a sua culpabilidade fique legalmente provada no decurso de um processo público em que todas as garantias necessárias de defesa lhe sejam asseguradas.
Ninguém será condenado por acções ou omissões que, no momento da sua prática, não constituíam acto delituoso à face do direito interno ou internacional. Do mesmo modo, não será infligida pena mais grave do que a que era aplicável no momento em que o acto delituoso foi cometido.
Artigo 12°
Ninguém sofrerá intromissões arbitrárias na sua vida privada, na sua família, no seu domicílio ou na sua correspondência, nem ataques à sua honra e reputação. Contra tais intromissões ou ataques toda a pessoa tem direito a protecção da lei.

Artigo 13°
Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado.
Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país.
Artigo 14°
Toda a pessoa sujeita a perseguição tem o direito de procurar e de beneficiar de asilo em outros países.
Este direito não pode, porém, ser invocado no caso de processo realmente existente por crime de direito comum ou por actividades contrárias aos fins e aos princípios das Nações Unidas.
Artigo 15°
Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade.
Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade.
Artigo 16°
A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. Durante o casamento e na altura da sua dissolução, ambos têm direitos iguais.
O casamento não pode ser celebrado sem o livre e pleno consentimento dos futuros esposos.
A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à protecção desta e do Estado.
Artigo 17°
Toda a pessoa, individual ou colectivamente, tem direito à propriedade.
Ninguém pode ser arbitrariamente privado da sua propriedade.
Artigo 18°
Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.

Artigo 19°
Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.

Artigo 20°
Toda a pessoa tem direito à liberdade de reunião e de associação pacíficas.
Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo 21°
Toda a pessoa tem o direito de tomar parte na direcção dos negócios, públicos do seu país, quer directamente, quer por intermédio de representantes livremente escolhidos.
Toda a pessoa tem direito de acesso, em condições de igualdade, às funções públicas do seu país.
A vontade do povo é o fundamento da autoridade dos poderes públicos: e deve exprimir-se através de eleições honestas a realizar periodicamente por sufrágio universal e igual, com voto secreto ou segundo processo equivalente que salvaguarde a liberdade de voto.
Artigo 22°
Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e pode legitimamente exigir a satisfação dos direitos económicos, sociais e culturais indispensáveis, graças ao esforço nacional e à cooperação internacional, de harmonia com a organização e os recursos de cada país.

Artigo 23°
Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à protecção contra o desemprego.
Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual.
Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana, e completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social.
Toda a pessoa tem o direito de fundar com outras pessoas sindicatos e de se filiar em sindicatos para defesa dos seus interesses.
Artigo 24°
Toda a pessoa tem direito ao repouso e aos lazeres, especialmente, a uma limitação razoável da duração do trabalho e as férias periódicas pagas.

Artigo 25°
Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozam da mesma protecção social.
Artigo 26°
Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos em plena igualdade, em função do seu mérito.
A educação deve visar à plena expansão da personalidade humana e ao reforço dos direitos humanos e das liberdades fundamentais e deve favorecer a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e todos os grupos raciais ou religiosos, bem como o desenvolvimento das actividades das Nações Unidas para a manutenção da paz.
Aos pais pertence a prioridade do direito de escholher o género de educação a dar aos filhos.
Artigo 27°
Toda a pessoa tem o direito de tomar parte livremente na vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar no progresso científico e nos benefícios que deste resultam.
Todos têm direito à protecção dos interesses morais e materiais ligados a qualquer produção científica, literária ou artística da sua autoria.
Artigo 28°
Toda a pessoa tem direito a que reine, no plano social e no plano internacional, uma ordem capaz de tornar plenamente efectivos os direitos e as liberdades enunciadas na presente Declaração.

Artigo 29°
O indivíduo tem deveres para com a comunidade, fora da qual não é possível o livre e pleno desenvolvimento da sua personalidade.
No exercício destes direitos e no gozo destas liberdades ninguém está sujeito senão às limitações estabelecidas pela lei com vista exclusivamente a promover o reconhecimento e o respeito dos direitos e liberdades dos outros e a fim de satisfazer as justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar numa sociedade democrática.
Em caso algum estes direitos e liberdades poderão ser exercidos contrariamente aos fins e aos princípios das Nações Unidas.
Artigo 30°

Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada de maneira a envolver para qualquer Estado, agrupamento ou indivíduo o direito de se entregar a alguma actividade ou de praticar algum acto destinado a destruir os direitos e liberdades aqui enunciados.

Monday, December 08, 2008

REVOLUÇÕES EUFÓRICAS


"As revoluções eufóricas são muito sonoras,
vêm para a rua, fazem a festa,
deitam foguetes,
apanham as canas e vão-se embora.
O totalitarismo, não.
Deitamo-nos descansados,
embalados na lenda da Bela Adormecida,
e, quando acordamos,
já os gajos estão instalados."

Laura "Bouche" (Séc. XXI)

Sunday, December 07, 2008

CITAÇÕES

"A arte e nada além da arte. Temos
a arte para não sermos mortos pela verdade."
N i e t z s c h e

"Stavróguin: - Você acredita na vida eterna no
outro mundo? Kirílov: - Não, na vida eterna neste aqui."
D o s t o i e v s k i

"Ó minha alma, não aspira à imortalidade:
esgota o campo do possível."
P í n d a r o

Friday, December 05, 2008

NIETZSCHE


Os grandes intelectuais são cépticos.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

A vida mais doce é não pensar em nada.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Temos a arte para não morrer da verdade.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Até Deus tem um inferno: é o seu amor pelos homens.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Querer a verdade é confessar-se incapaz de a criar.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

A vida vai ficando cada vez mais dura perto do topo.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Não há fatos eternos,como não há verdades absolutas.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Saber é compreendermos as coisas que mais nos convém.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Há uma exuberância na bondade que parece ser maldade.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

O castigo foi feito para melhorar aquele que o aplica.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

É pelas próprias virtudes que se é mais bem castigado.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

A recompensa final dos mortos é não morrer nunca mais.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

A música oferece às paixões o meio de obter prazer delas.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

É difícil viver com as pessoas porque calar é muito difícil.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o homem.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Não posso acreditar num Deus que quer ser louvado o tempo todo.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Você precisa de uma alma caótica para deixar nascer um bailarino
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Quanto mais me elevo, menor fico aos olhos de quem não sabe voar.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

O casamento põe fim a breves loucuras - sendo uma longa estupidez.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Você vive hoje uma vida que gostaria de viver por toda a eternidade?
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Tudo é precioso para aquele que foi, por muito tempo, privado de tudo.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

A moralidade é a melhor de todas as regras para orientar a humanidade.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

É mais fácil lidar com uma má consciência do que com uma má reputação.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

O macaco é um animal demasiado simpático para que o homem descenda dele.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

O inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Em última análise, amam-se os nossos desejos, e não o objecto desses desejos.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Culpamos as pessoas das quais não gostamos pelas gentilezas que nos demonstram.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Começamos a desconfiar das pessoas muito inteligentes quando ficam embaraçadas.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Logo que, numa inovação, nos mostram alguma coisa de antigo, ficamos sossegados.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Quem, em prol da sua boa reputação, não se sacrificou já uma vez - a si próprio?
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

A ideia do suicídio é uma grande consolação: ajuda a suportar muitas noites más.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

O homem é definido como um ser que evolui, como o animal é imaturo por excelência.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

É mais difícil ferir a nossa vaidade justamente quando foi ferido o nosso orgulho.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Logo que comunicamos os nossos conhecimentos, deixamos de gostar deles suficientemente.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Para a maioria,quão pequena é a porção de prazer que basta para fazer a vida agradável!
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

O esforço dos filósofos tende a compreender o que os contemporâneos se contentam em viver.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Não é a intensidade dos sentimentos elevados que faz os homens superiores, mas a sua duração.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

O homem precisa daquilo que em si há de pior se pretende alcançar o que nele existe de melhor.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Não se odeia quando pouco se preza, odeia-se só o que está à nossa altura ou é superior a nós.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

O verdadeiro homem quer duas coisas: perigo e jogo. Por isso quer a mulher: o jogo mais perigoso.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

O amor é o estado no qual os homens têm mais probabilidades de ver as coisas tal como elas não são.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Odeio as almas estreitas, sem bálsamo e sem veneno, feitas sem nada de bondade e sem nada de maldade.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Muitos são os obstinados que se empenham no caminho que escolheram, poucos os que se empenham no objetivo.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

O que o pai calou aparece na boca do filho, e muitas vezes descobri que o filho era o segredo revelado do pai.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Todos vós, que amais o trabalho desenfreado (…), o vosso labor é maldição e desejo de esquecerdes quem sois.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Não há fatos eternos,como não há verdades absolutas.
( Frases e Pensamentos de Friedrich Nietzsche)e

A vida vai ficando cada vez mais dura perto do topo.
( Frases e Pensamentos de Friedrich Nietzsche)

A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte
( Friedrich Nietzsche)

Você precisa de uma alma caótica para deixar nascer um bailarino
( Friedrich Nietzsche)

Quando se amarra bem o próprio coração e se faz dele um prisioneiro, pode-se permitir ao próprio espírito muitas liberdades.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

A grandeza do homem consiste em que ele é uma ponte e não um fim; o que nos pode agradar no homem é ele ser transição e queda.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Uma alma que se sabe amada, mas que por sua vez não ama, denuncia o seu fundo: - vem á superfície o que nela há de mais baixo.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

O casamento põe fim a breves loucuras – sendo uma longa estupidez.
( Frases e Pensamentos de Friedrich Nietzsche) Mensagem sobre Casamento

A objecção, o desvio, a desconfiança alegre, a vontade de troçar são sinais de saúde: tudo o que é absoluto pertence à patologia.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Para a maioria,quão pequena é a porção de prazer que basta para fazer a vida agradável!
( Frases e Pensamentos de Friedrich Nietzsche) Mensagem sobre Prazer

Nós fazemos acordados o que fazemos nos sonhos: primeiro inventamos e imaginamos o homem com quem convivemos - para nos esquecermos dele em seguida.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Uma vez tomada a decisão de não dar ouvidos mesmo aos melhores contra-argumentos: sinal do caráter forte. Também uma ocasional vontade de se ser estúpido.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Perdido seja para nós aquele dia em que não se dançou nem uma vez! E falsa seja para nós toda a verdade que não tenha sido acompanhada por uma gargalhada!
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

As mulheres podem tornar-se facilmente amigas de um homem; mas, para manter essa amizade, torna-se indispensável o concurso de uma pequena antipatia física.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

A vontade é impotente perante o que está para trás dela. Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

O amor revela as qualidades sublimes e ocultas do que ama, - o que nele há de raro, de excepcional: nesse aspecto facilmente engana quanto ao que nele há de habitual.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Encontra-se sempre, aqui e ali, algum semi-deus que consegue viver em condições terríveis, e viver vencedor! Quereis ouvir os seus cantos solitários? Escutai a música de Beethoven.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Sou demasiado orgulhoso para acreditar que um homem me ame: seria supor que ele sabe quem sou eu. Também não acredito que possa amar alguém: pressuporia que eu achasse um homem da minha condição.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

A filosofia é uma patologia superior.
( Frases e Pensamentos de Friedrich Hebbel )

No convívio com sábios e artistas facilmente nos enganamos no sentido oposto: não é raro encontrarmos por detrás dum sábio notável um homem medíocre, e muitas vezes por detrás de um artista medíocre - um homem muito notável.
( FRIEDRICH NIETZSCHE )

Cristo morreu cedo demais. Se tivesse vivido até a minha época, ele teria repudiado a sua doutrina.
(NIETZSCHE)

Thursday, December 04, 2008

THOREAU

Porque, para Thoreau, a verdadeira transformação é pessoal, interior, totalmente individual, correspondendo à descoberta da divindade em cada pessoa como elemento indissociável da Natureza.

Júlio Henriques

Tuesday, December 02, 2008

NIETZSCHE

O Super Homem (Übermensch)
E assim falou Zarathustra ao povo:

"Mostro-vos o super-homem. O homem é algo que deve ser sobrepujado. Que tendes feito para sobrepujá-lo ? "Todos os seres até hoje criaram alguma coisa superior a si mesmos; e vós quereis ser o refluxo deste grande fluxo e até mesmo retroceder às bestas, em vez de superar o homem?"

Friedrich Nietzsche, "Prólogo de Zarathustra" Assim falou Zarathustra (1883)

O Übermensch de Friedrich Nietzsche sofreu uma das mais espantosas transformações culturais -- de homem estóico, não convencional, a Homem de Aço. Os quadrinhos criados por Siegel e Shuster, pouco têm em comum com o original de Nietzsche, além do nome, e até mesmo aí diferem. "Übermensch" literalmente significa "sobre-humano", não "super-homem", embora o último termo seja usado nas traduções mais antigas de Assim falou Zarathustra, e tenha sido utilizado por George Bernard Shaw em Homem e Super-homem.

O personagem que prega o "sobre-humano" é Zarathustra (também conhecido como Zoroastro), um profeta Persa do sexto século a.C., que atua como máscara profética/poética de Nietzsche. Contrariamente ao que você poderia pensar, Zarathustra não está falando de um super intelecto imerso em uma massa de músculos ou de qualquer outro "evoluído" espécime da humanidade. Na verdade, todos nós, homens e mulheres (mensch -- ser humano -- é do gênero neutro) somos super-homens potenciais. Para isso, não precisamos de mais ginástica ou de algum elixir da inteligência, mas de coragem e vontade, já que nossos maiores obstáculos são o medo e o hábito.

No alicerce do conceito de Nietzsche está o que ele chama de "inclinação para o poder", que para ele é a força motivadora básica de todas as coisas viventes. "Poder" não significa força bruta, ou dominação sobre outros, e sim algo próximo a "destemor". Desde que somos primariamente motivados pelo desejo de poder, aquilo que mais admiramos ou imitamos é o que deve melhor representar esse poder. Tais coisas (afirma Nietzsche) são auto-harmonia, autocontrole e auto-realização -- exemplificadas, por exemplo, por Sócrates calmamente tomando a taça de cicuta.

De um modo geral, estamos bem aquém desse Übermensch ideal. Longe de sermos senhores de nós mesmos, somos motivados principalmente pelo medo, pelos hábitos, superstições, ressentimentos e tudo o mais que compõe a "mentalidade de escravo". Desde que nascemos, somos treinados pela família, pela igreja e pela escola, para nos submetermos a regras e leis, agir segundo o padrão, acreditar em superstições, e nos escravizarmos a vários senhores. Cada coisa atribuída à "natureza humana" é na verdade apenas hábito. Crescemos preguiçosos e receosos de desafios e perigos, entorpecidos para as inspirações de nossa consciência interior.

Um mundo sem padrões de costumes ou sem alguém a quem obedecer é assustador, mas a alternativa é a escravidão e a alienação. Podemos nos render à sociedade ou podemos superar nosso medo e nos tornarmos criadores, em vez de meras criaturas. Criar é construir seu próprio entendimento do mundo, que de fato é caótico e está sempre mudando; ser criatura é submeter-se ao entendimento dos outros. Toda linguagem, do ponto de vista de Nietzsche, é uma interpretação mais ou menos inspirada, um tipo de "mentira". Se a linguagem engana, então é melhor -- mais verdadeiro para nós mesmos -- construirmos nossos próprios enganos. Isso é o que significa ser "super-homem".

O que não significa que devamos, por nossa vez, simplesmente nos tornarmos escravizadores. Tirania é o resultado, não de autonomia, mas de frustração: é simplesmente a expressão de mais ressentimento. O homem superior, em vez disso, vive a vida sem ressentimentos, e está realmente pronto, se a situação assim o exigir, para servir, bem como para liderar. (Para a maioria de nós, servir é algo parecido com escravidão). Controlando suas paixões e canalizando sua vontade, este ser que está acima do humano cria arte e filosofia, assegurando vida, alegria e todas as coisas boas.