Sunday, March 28, 2010


Às vezes sinto-me mal porque não reajo logo às solicitações dos meus semelhantes. Uma saudação que fica por fazer em resposta, um cumprimento mais efusivo, uma palavra a propósito. Demoro a aquecer, a reagir. Mas não é por mal. Sei que tenho um fundo de bondade. Se vejo o bem, o bom e o belo eu respondo com bondade. Mais tarde ou mais cedo. Tenho as minhas defesas, claro. Já fui muito ingénuo e continuo a sê-lo às vezes. Era muito puro aos 16, 17, 18 anos. Claro que tinha a minha inteligência, jogava com isso. Depois adquiri vários vícios: vícios dos bares e da vida nocturna. Descobri a arte e o palco e tornei-me vaidoso. Fui confrontado com os efeitos da estrada do excesso, provoquei e fui provocado, ameacei e fui ameaçado, agredi e fui agredido. Senti o ódio e o apelo da destruição. Conheci a grande solidão e a longa depressão. Mas depois vieram anjos e trouxeram-me a bondade, a vontade, a própria verdade. Continua a travar-se dentro de mim um duelo entre o ódio e o amor. O ódio a tudo quanto tenta castrar a minha liberdade; o amor a tudo quanto me aproxima da criação, do conhecimento do homem, da bondade, da verdade.
Volto a ser o homem dos livros na confeitaria. Aqui não há conversas sobre Virgílio, Shakespeare ou Joyce como há pouco com a Madalena do facebook. Aqui só há café e torradas e guardanapos e a música da RFM. Aqui não há gajas a darem-me a volta à cabeça. Só os meus livros e Miller, sempre Miller. Estive a lê-lo ontem até às tantas. Não é só a temática, é o ritmo da escrita. Os dilemas do escritor, do artista, a aversão ao trabalho, o homem livre.

Thursday, March 25, 2010

TORNA-TE NAQUELE QUE ÉS!

Escrito por António Pedro Ribeiro


TORNA-TE NAQUELE QUE ÉS








António Pedro Ribeiro


Sofrimento, trabalho, obediência, castração, humilhação.


Eis o que o capitalismo, mesclado com algum cristianismo que Nietzsche denuncia, nos dá.


E o capitalismo, o mercado, ao contrário do cristianismo, nem sequer promete o Céu ou a Vida Eterna.


Mas há em ambos, como diz Nietzsche, o desprezo pela Terra, o desprezo pelo Homem, o desprezo pela vida.


A linguagem do mercado, das contas, da economia despreza o homem enquanto criador, enquanto ser que descobre, enquanto ser que imagina.


O homem assim nunca será o menino e o bailarino de Nietzsche: nunca se passeará pela corda-bamba do devir, nunca fará da vida um contínuo experimento de si mesmo.


A linguagem da economia e do capitalismo é a linguagem das taxas de juro, das cotações da bolsa, das percentagens assexuadas que entediam e castram o Homem.


Urge falar outra linguagem: a linguagem do homem em construção. A linguagem de Nietzsche e de Henry Miller, que diz que "o único objectivo na vida é chegar perto de Deus - isto é, chegar mais perto de mim próprio".


"Torna-te naquele que és!", acrescenta Nietzsche. Sendo plenamente nós próprios seremos livres, meninos, bailarinos, afirmadores da vida e estaremos em condição de deitar abaixo o mundo do tédio e da economia.


http://freezone.pt

Sunday, March 21, 2010

Sou o homem interior mas sou das paixões.
Só a espaços escrevo como um grande poeta. Mas é isso que eu quero ser. Farto-me do poeta de café e dos poetas médios ou apenas bons. Houve quem já dissesse que eu não chego lá. Mas eu sei que já tenho chegado lá a espaços. Se leio os grandes, se sigo os grandes também eu posso ser grande.

Saturday, March 20, 2010

PRIVATIZE-SE TUDO!

«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.»

José Saramago - Cadernos de Lanzarote - Diário III - pag. 148

Wednesday, March 17, 2010

Talvez tenhas razão, Angel. Talvez os poemas com Cavaco ou Sócrates fiquem datados. Mas uma coisa é a palavra escrita, outra a palavra dita. Ao dizer um texto posso fazer-lhe as alterações que quiser. Quanto ao escrito, ao já publicado, posso sempre cortar e alterar o verso e publicá-lo mais tarde noutro livro. Tens alguma razão. Mas acho que os poemas "Futebol-Dada" e "Hino ao Bêbado" vão ficar, com ou sem Cavaco.

ACTOR


Para dizer os meus textos e alguns outros não preciso de curso nenhum de teatro. Já sou o actor, como alguns dizem. É claro que para dizer bem um poema tenho de senti-lo. Há textos que não resultam comigo. Quando muito digo-os de uma forma neutral. Não sou o diseur que se adapta a tudo. Mas há textos que digo melhor do que os outros. Sou o tal animal de palco, como alguém já disse.

Tuesday, March 16, 2010

ALMOÇO NO CEUTA

ALMOÇO NO CEUTA

4 poetas e 1 guitarrista almoçaram juntos no Ceuta
1 vocalista, 2 guitarristas, 1 baixista e 1 baterista
Almoçaram juntos no Ceuta
3 desempregados, 1 professor e 1 publicitário
Almoçaram juntos no Ceuta
4 poetas, 3 guitarristas, 1 vocalista, 1 baixista, 1 baterista,
3 desempregados, 1 professor e 1 publicitário
Almoçaram juntos no Ceuta
40 poetas, 30 guitarristas, 10 vocalistas, 10 baixistas,
10 bateristas, 30 desempregados, 15 professores,
12 publicitários, 5 contabilistas, 3 futebolistas, 2 chulos
E 1 vendedor de vassouras almoçaram juntos no Ceuta
400 poetas, 321 guitarristas, 105 vocalistas, 97 baixistas,
120 bateristas, 314 desempregados, 137 professores,
117 publicitários, 17 contabilistas, 7 futebolistas, 5 chulos,
3 putas, 2 lixeiros e 1 vendedor de vassouras
Almoçaram juntos no Ceuta
4327 poetas, 3221 guitarristas, 1014 vocalistas,
999 baixistas, 1255 bateristas, 3417 desempregados,
1527 professores, 1884 publicitários, 115 contabilistas,
98 futebolistas, 54 chulos, 37 putas, 16 toxicodependentes,
9 homossexuais, 7 lixeiros e 1 vendedor de vassouras
Almoçaram juntos no Ceuta
40211 poetas, 30007 guitarristas, 11014 vocalistas,
11917 baixistas, 12323 bateristas, 31223 desempregados,
15616 professores, 18114 publicitários, 15007 cineastas,
8047 ginastas, 1015 contabilistas, 887 futebolistas,
535 empregados de mesa, 429 chulos, 357 putas,
127 toxicodependentes, 91 homossexuais, 73 lixeiros
E 1 vendedor de vassouras
Almoçaram juntos no Ceuta

O Ceuta rebentou.

POESIA DE CHOQUE


António Pedro Ribeiro e Luís Carvalho apresentam mais uma sessão de POESIA DE CHOQUE no Clube Literário do Porto na próxima quinta, 18, pelas 22,00 h. A poesia a abrir e a arder.

Monday, March 15, 2010

SUICÍDIO

Carlos Braz Saraiva, professor de Psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e autor de vários livros sobre o suicídio, acredita também que actualmente existe uma "melhor fiabilidade do registo do número de casos". Porém, não tem dúvidas de que esta melhoria no registo não é um efeito do Plano de Saúde Mental, mas antes do mérito da Medicina Legal. E, apesar do esforço no apuramento de dados sobre as mortes por suicídio, afirma: "Há pelo menos uma década que se sabe que os dados do suicídio em Portugal não são muito rigorosos. Portugal tem, por exemplo, uma taxa de morte por causa indeterminada acima da média europeia. É provável que algumas destas mortes sejam atribuíveis ao suicídio. Podemos estar longe da verdade. Braz Saraiva insiste num velho cavalo-de-batalha: "A única maneira de conseguir separar os acidentes dos suicídios é realizando autópsias psicológicas [através de entrevistas a familiares e a amigos] e isso não é feito hoje".

A segunda razão é "um aumento do número de casos". "Desde o início do século XXI que se nota este aumento", constata, confirmando um acréscimo de depressões na prática clínica. "As pessoas estão a passar uma onda melancólica e de desespero. Há uma desesperança, uma onda de pessimismo e muito medo do futuro, do desconhecido. É o pior medo que existe".

www.publico.clix.pt

SUICÍDIO


Os óbitos por lesões autoprovocadas intencionalmente ultrapassaram as mortes na estrada. Porém, há falhas nos registos destes números.
A taxa de suicídios em Portugal está dentro da média europeia (David Clifford (arquivo))

Em 2008 registaram-se 1035 suicídios em Portugal, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE). No mesmo ano, o Ministério da Administração Interna refere que terão ocorrido 776 mortes na estrada, na sequência de acidentes de viação. O suicídio consolida-se, desta forma, como a principal causa de morte não-natural. O fenómeno verifica-se desde há poucos anos e justifica-se com o aumento do número de óbitos por lesões autoprovocadas intencionalmente, mas, sobretudo, com uma diminuição nos números oficiais das vítimas mortais em acidentes de viação. No entanto, os especialistas alertam que podem existir falhas importantes no registo destes números.

O cadastro iniciado em 1960 mostra que, durante muitos anos, a primeira causa de morte não-natural no país foram os acidentes de viação, que, nos piores anos de 1975 e 1988, chegaram a somar um total de 2676 e 2534 mortos, respectivamente. A partir do ano 2000, os números começaram a ficar cada vez mais próximos e a primeira ultrapassagem dos suicídios foi em 2004. Neste ano, o INE reporta 1195 suicídios e o MAI 1135 mortos em acidentes de viação. Em 2005, uma ligeira descida dos suicídios (passaram para 910) dava o primeiro lugar aos mortos na estrada (1094). Porém, desde 2006 que os óbitos por lesões autoprovocadas intencionalmente ocupam o primeiro lugar nas causas de morte não-natural. De uma diferença mínima entre os 868 suicídios para as 850 mortes a lamentar nas estrada, em 2006, no ano seguinte o fosso alargava com o aumento de óbitos por lesões autoprovocadas intencionalmente (1014) e a manutenção da tendência descendente nas vítimas mortais em acidentes de viação (854).

Estes são os números crus. Mas os vários especialistas contactados pelo PÚBLICO referem que, dificilmente, estes serão os números reais. Segundo argumentam os profissionais de saúde mental, faltará contabilizar alguns dos registo efectuados pelo INE ao abrigo da "mortalidade por sintomas, sinais, achados anormais e causas mal definidas". É que, explicam, algumas das mortes de causa indeterminada poderão ser atribuídas a suicídio. Segundo o INE, mais uma vez, a taxa deste tipo de mortalidade sem uma causa definida em 2008 ascende aos 64,5 por cem mil habitantes, enquanto, no mesmo exercício estatístico, os suicídios se ficam pelos 7,9 por 100 mil habitantes.

Por outro lado, o registo das vítimas mortais em acidentes de viação também poderá estar aquém do que realmente se passa nas estradas do país. É que apenas este ano começou a contar para as estatísticas o número de vítimas com ferimentos graves que acabam por morrer no hospital nos 30 dias seguintes ao acidente de viação. É a chamada contagem "de mortos a 30 dias" adoptada internacionalmente. Até agora, oficialmente, as autoridades portuguesas contabilizavam apenas os mortos no local do acidente ou a caminho do hospital. Para obter um total mais fidedigno e próximo da União Europeia, onde já se registam os "mortos a 30 dias", as autoridades acabam por aumentar o valor em 14 por cento.

A taxa oficial de suicídio em Portugal está dentro da média europeia. Nos anos 90 notou-se um decréscimo do número de suicídios, que chegaram aos 519 em 2000 (o mais baixo valor registado desde 1960). Hoje, são o dobro. Segundo os dados oficiais, há países europeus com taxas bastante mais elevadas, como é o caso, por exemplo, dos países de Leste ou a Alemanha. No Sul da Europa, Portugal surge nos países com mais alta taxa, em grande parte devido ao elevado número de suicídios de idosos, a sul do Tejo. Os homens suicidam-se mais do que as mulheres e se o género feminino opta por intoxicação medicamentosa, o masculino parece preferir métodos mais violentos como o enforcamento, as armas de fogo ou, sobretudo nas zonas rurais, o envenenamento com pesticidas. Mas será na adolescência que se registam mais tentativas de suicídio.

www.publico.clix.pt

Saturday, March 13, 2010

CANDIDATURA DE APR À PRESIDÊNCIA


A candidatura de António Pedro Ribeiro, embora respeite muito a figura de Manuel Alegre enquanto poeta e humanista, vai contra os entendimentos de mercearia entre o Bloco de Esquerda e o PS de Sócrates que se desenha em torno da candidatura do poeta. A candidatura de António Pedro Ribeiro é a candidatura do homem livre que está contra a economia de mercado e a social-democracia de mercado que nos enfernizam a vida. A candidatura de António Pedro Ribeiro é uma candidatura de ruptura contra todas as formas de capitalismo, estejam elas na bolsa, nos bancos ou no grande capital. É uma candidatura que não pactua com negociações e sindicatos em busca de influências, estatutos e poderes. É uma candidatura pela vida no sentido nietzscheano, pela vida autêntica, plena sem patrões nem grandes irmãos. É uma candidatura que olha para os desempregados e para os pobres sem estatísticas nem contas de mercearia. Todo o ser humano tem direito à sua subsistência e algo mais. Não tem de andar a mendigar coisa nenhuma. A candidatura de António Pedro Ribeiro é uma candidatura de rebelião e de ruptura com o instituído que acredita, com Rosa Luxemburgo, que os problemas não se resolvem no Parlamento mas sim na rua. Acredita também que o capitalismo destrói o homem e que, portanto, deve ser derrubado nas ruas como tem sido tentado na Grécia e em França. Acredita também que o melhor governo é não existir governo nenhum e que os partidos de esquerda (PCP, Bloco de Esquerda) têm feito, muitas vezes, o jogo do sistema aceitando migalhas do poder.

BANDIDOS!

Comissão Europeia autoriza cultivo de batata transgénica
02.03.2010
PÚBLICO, Agências

A Comissão Europeia anunciou hoje que autorizou o cultivo de uma espécie de batata geneticamente modificada, produzida pelo grupo alemão BASF. Esta é a primeira luz verde deste tipo dos últimos 12 anos na União Europeia, onde os transgénicos ainda suscitam acesa controvérsia.

A batata Amflora é um tubérculo concebido pela BASF destinado ao uso industrial, como a produção de papel, e à alimentação animal. Esta autorização põe fim a um processo que começou em Janeiro de 2003 na Suécia.

Além disso, Bruxelas também aceitou a comercialização, mas não o cultivo, de três variedades de milho transgénicas do grupo Monsanto, derivadas do MON 863 - MON863xMON810, MON863xNK603 e MON863xMON810xNK603 - segundo um comunicado do executivo europeu.

Estas autorizações são válidas por dez anos.

“Depois de uma vasta e profunda análise aos pedidos existentes sobre transgénicos, tornou-se claro para mim que não existem questões científicas que exijam mais estudo. Todas as questões científicas, especialmente as relativas à segurança, foram totalmente levadas em conta”, comentou o comissário europeu para a Saúde e Consumo, John Dalli. O comissário lembrou que estas decisões se basearam nos estudos da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar.

Paralelamente a estas autorizações, a Comissão Europeia lançou hoje uma reflexão sobre como combinar um sistema de autorização, baseado na ciência, com a liberdade dos Estados membros para decidir se querem ou não cultivar OGM.

Itália critica decisão de Bruxelas

O ministro italiano da Agricultura foi dos primeiros a criticar a decisão tomada por Bruxelas e apelou aos outros países europeus para fazerem uma "frente comum" contra os OGM.

"Somos contra a decisão assumida hoje pela Comissão Europeia de autorizar o cultivo de uma batata geneticamente modificada", declarou Luca Zaia, em comunicado.

"Romper com a prudência que tem sido respeitada desde 1998 é um acto que arrisca modificar profundamente o sector primário europeu. Mais. Não nos reconhecemos nesta decisão e voltamos a insistir que não permitiremos que ela ponha em causa a soberania dos Estados membros na matéria", acrescentou.

O Governo italiano vai avaliar qual a possibilidade de promover uma frente comum de todos os países que se queiram unir para "defender a saúde dos cidadãos e os agricultores", salientou.

Ecologistas europeus dizem-se "chocados"

Os ecologistas no Parlamento Europeu dizem-se "chocados" com a autorização dada por Bruxelas.

"Estou chocado por ver que o comissário para a Saúde e protecção dos consumidores, John Dalli, precisou apenas de algumas semanas nas suas novas funções para mostrar um apoio assim tão flagrante aos interesses industriais", considerou o eurodeputado dos Grupo dos Verdes, Martin Häusling.

"Existem sérias preocupações quanto ao gene" da batata Amflora "que é resistente aos antibióticos", acrescentou, lembrando que se mantêm "as dúvidas sobre as possíveis consequências sobre a saúde humana e o ambiente".

A luz verde de Bruxelas é, "no melhor dos casos inútil e no pior, perigosa", considerou.

"Esta decisão de retomar as autorizações de disseminação de OGM no Ambiente, abandonando o debate sobre os seus riscos, é inaceitável", disse a liberal francesa Corinne Lepage, vice-presidente da Comissão de Ambiente no Parlamento Europeu.

A decisão "constitui uma verdadeira declaração de guerra contra os cidadãos europeus, maioritariamente contrários aos cultivos OGM, da parte de (José Manuel) Barroso", o presidente da Comissão, acrescentou.

A organização Amigos da Terra também denunciou estas autorizações. "É um dia mau para os cidadãos europeus e para o Ambiente", disse em comunicado

Friday, March 12, 2010

ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO, CANDIDATO À PRESIDÊNCIA NO "REGIONAL" DE SÃO JOÃO DA MADEIRA


SECÇÃO: Política

Candidatura apresentada em S. João da Madeira
António Pedro Ribeiro na corrida à Presidência da República



O poeta António Pedro Ribeiro esteve em S. João da Madeira a apresentar o seu manifesto poético e político, bem como a sua candidatura anarquista à Presidência da República. Combater comportamentos quase fascistas e uma maior atenção aos pobres e desempregados são as suas principais prioridades da sua candidatura à cadeira de Belém.
António Pedro Ribeiro, poeta, anarquista, “diseur” e “performer”, veio, quinta- -feira, dia 4, a S. João da Madeira apresentar o seu manifesto poético e político, bem como a sua candidatura anarquista à Presidência da República. Durante a apresentação, que decorreu no Art7-Bar, nas Galerias Avenida, o candidato afirmou que cada vez mais os partidos são as pessoas e não as cores e ideais políticos. Em declarações à nossa reportagem, o candidato diz que vê um primeiro-ministro “suspeito de controlar a comunicação social, tem comportamento quase fascista e arrogante”. Por outro lado, “temos um Presidente da República conivente”. É isso “que vou tentar combater, pois nenhum partido olha os desempregados e para os pobres”.
António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em 1968. É autor de vários livros, foi activista estudantil na Faculdade de Letras do Porto e no Jornal Universitário do Porto. Fez performances poéticas no Festival de Paredes de Coura. Diz regularmente poesia em bares.
O candidato referiu que a sua corrida à presidência não pactua com “negociações e sindicatos em busca de influências, estatutos e poderes”. A candidatura de António Pedro Ribeiro é essencialmente de um homem livre que está contra a economia de mercado e a social-democracia de mercado que “nos infernizam a vida”.

“Nenhum partido olha os desempregados e para os pobres”

Segundo António Pedro Ribeiro, a sua candidatura tem uma vertente de “ruptura contra todas as formas de capitalismo, estejam elas na bolsa, nos bancos ou no grande capital”.
«Poema de Amor Inocente, em Jeito de Manifesto Autárquico para a Cidade do Porto», «Futebol-Dada», «Se me Pagares uma Cerveja estás a Financiar a Revolução», «Carta à Minha Mãe», «O Dia Triunfal», «Homem Livre» e a já célebre «Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro» foram alguns dos poemas e manifestos ditos pelo poeta. António Pedro Ribeiro não separa os referidos poemas e manifestos da sua candidatura. “Vivemos dominados pela economia e pela linguagem económica: uma linguagem pobre, castradora, entediante, feita de percentagens, PIB’s, contas, bancos”, disse. “Está tudo no mercado, tudo na bolsa, tudo se compra, tudo se vende”, acrescentou. Para o poeta, que vê cada vez mais gente deprimida, triste, descrente, “uma sociedade, como a do mercado, que faz as pessoas infelizes, não presta”. Mas, para a combater o discurso económico dos partidos de esquerda já não é eficaz. Daí falar-se no “Homem livre”, na construção do Homem, na recuperação da vida.

“Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro”

“Temos um primeiro-ministro fascista. Temos um Presidente da República conivente, ao serviço do grande mercado e da linguagem mercantil da morte. Que alma têm estes homens? É preciso falar na vida”, disse o poeta que, seguidamente, declamou o poema/canção «When The Music’s Over», de Jim Morrison.
Interrogado sobre as primeiras medidas que tomaria, caso fosse eleito presidente, António Pedro Ribeiro respondeu que encerraria a Bolsa e que tentaria tirar os sem-abrigo da rua, dando-lhes comida, bebida e abrigo. “Se há dinheiro para os TGV’s também tem de haver para os que nada têm”, justificou.
Questionado se receia que as pessoas não o levem muito a sério, disse que “não sou político. Sou poeta”.No entanto, lembra que, “se não tivesse feito alguns disparates ao longo da vida, a esta altura já teria apodrecido de tédio ou de depressão”. Porém, “custa sempre reagir às provocações quando insultam, principalmente, aqueles que amamos”, rematou.



Por: António Gomes Costa


www.oregional.pt

Thursday, March 11, 2010

VIVE L' ANARCHIE!


Carla Bento e A. Pedro Ribeiro apresentam a performance "Vive l'Anarchie-Terrorismo Poético" no Riba Kafee em Ribeirão (Trofa) nesta sexta, 12, pelas 22,00 h. A liberdade vai andar uma vez mais à solta.

HAKIM BEY


Zona Autónoma Temporária, Hakim Bey
15 May 2006 1 Comentário


Zona Autónoma Temporária é um livro sobre o presente. Sobre o que está a acontecer e não sobre o que aconteceu ou irá acontecer. É um livro sobre participar, não sobre ficar a assistir. “O mais importante [neste livro] é não ser um ditado — mas um convite ao jogo. Quer entrar no jogo? Saboreie o jogo. Isto não é um partido comunista”.

Zona Autónoma Temporária é sobre o gosto pelo Caos — “único monstro merecedor de adoração” e percursor de toda a ordem e entropia —, o caminho que nos leva para longe do aborrecimento da civilização e das ideias de bem e de mal que nos venderam. É um manual sobre Terrorismo Poético, a arte que abandona os palcos e as galerias, surgindo nos lugares mais inusitados, de forma a causar um choque tão intenso quanto a emoção do terror — “uma poderosa aversão, uma excitação sexual, uma angustia dadaesca (…)”. Ilegal — “a arte como crime; o crime como arte” — como o Amour Fou, não é fruto da liberdade mas sim a sua pré-condição. É a fuga da mediação, dos sentidos e de toda a arte. “A verdadeira arte é o jogo, e o jogo é a mais imediata de todas as experiências”. Mas se não for ilegal, e “em segredo — tal como os Tong — de modo a evitar toda a contaminação pela mediação”, nada disto é válido. Por oposição ao espectáculo, o Imediatismo é uma festa, “pois todos os espectadores terão igualmente de ser executantes”. É a forma encontrada para humanizar a nossa condição de vitimas e criminosos, alimentada pela cultura chui, já que todos os prazeres são ilegais — “hoje em dia até os churrascos ao ar livre violam as normas sobre fumos poluentes.”.

Hakim Bey, pseudónimo de Peter Lamborn Wilson, classifica as suas ideias como anarquismo ontológico, ou imediatismo, sendo estas uma mistura de situacionismo e, os improváveis, sufismo e neo-paganismo — algo para muitos incompatível.

Recheado de ideias estimulantes, o livro não se revela tão bom ao nível da escrita, que não parece ser o forte de Bey, podendo acabar por prejudicar o que se pretende transmitir, principalmente para os mais desprevenidos ideologicamente.

Esta pequena edição portuguesa da Frenesi deixa também um pouco a desejar por não ser uma tradução directa do livro de Bey com este nome, nem sequer de uma das 3 partes em que se encontra dividida a obra original: Chaos: the broadsheets of ontological anarchism; Communiques of the association for ontological anarchy e The temporary autonomous zone. É, curiosamente, a tradução de 6 textos, seleccionados pelo escritor, que integram um álbum, baseado na obra, produzido por Bill Laswell e com musica dos Material, Nicky Skopelitis, Wu Man, Buckethead, entre outros, em que o autor lê excertos do livro. Quatro desses textos são tirados da obra original (Caos, Terrorismo Poético, Amour Fou e Boicotemos a cultura chui) e os outros dois de um outro livro chamado Immediatism, Essays by Hakim Bey (Imediatismo e Os Tong).

Zona Autónoma Temporária é um dos livros mais importantes da cultura subversiva dos últimos anos, sendo por isso alvo de constantes discussões e estudos e influência de diversos movimentos sociais. Para aqueles que procuram compreender o mundo que nos rodeia, e estar activos de alguma forma na subversão da sociedade do espectáculo, talvez este seja um livro a não deixar passar ao lado.

por Diogo Duarte

Zona Autónoma Temporária
Hakim Bey
Trad. Jorge P. Pires
Frenesi
2000

ANTÓNIO JOSÉ FORTE

AINDA NÃO

Ainda não
não há dinheiro para partir de vez
não há espaço de mais para ficar
ainda não se pode abrir uma veia
e morrer antes de alguém chegar

ainda não há uma flor na boca
para os poetas que estão aqui de passagem
e outra escarlate na alma
para os postos à margem

ainda não há nada no pulmão direito
ainda não se respira como devia ser
ainda não é por isso que choramos às vezes
e que outras somos heróis a valer

ainda não é a pátria que é uma maçada
nem estar deste lado que custa a cabeça
ainda não há uma escada e outra escada depois
para descer à frente de quem quer que desça

ainda não há camas só para pesadelos
ainda não se ama só no chão
ainda não há uma granada
ainda não há um coração

(»Uma Faca nos Dentes», 1983)

Wednesday, March 10, 2010

JARDINICES

Seria bom que a ajuda aos madeirenses não passasse pelo Jardim e pela mafia do PSD Madeira




É ASSIM A VIDA



Há pouco mais de dez anos, quando Timor era palco da destruição provocada pelas milícias pró-Indonésia e em todo o mundo se multiplicavam as manifestações de solidariedade e o envio de ajuda financeira, Alberto João Jardim garantia que a Madeira não daria um tostão, que cada um se deve governar por si. No entanto agora, depois da tragédia que se abateu sobre a ilha, a Madeira vai contar com muita ajuda, de dentro e de fora, e, entre essa, com 750 mil dólares oferecidos pelo governo timorense. Não sei se os ecos dos dislates de Jardim terão nesses tempos idos chegado a Timor. Se sim, isto é uma bofetada de luva branca; se não, é apenas a demonstração do provérbio que afiança que pela boca morre o peixe.

Bernardo/Grazia Tanta

Tuesday, March 09, 2010

TORNA-TE NAQUELE QUE ÉS!


Sofrimento, trabalho, obediência, castração, humilhação. Eis o que o capitalismo, mesclado com algum cristianismo que Nietzsche denuncia, nos dá. E o capitalismo, o mercado, ao contrário do cristianismo, nem sequer promete o Céu ou a Vida Eterna. Mas há em ambos, como diz Nietzsche, o desprezo pela Terra, o desprezo pelo Homem, o desprezo pela vida. A linguagem do mercado, das contas, da economia despreza o homem enquanto criador, enquanto ser que descobre, enquanto ser que imagina. O homem assim nunca será o menino e o bailarino de Nietzsche: nunca se passeará pela corda-bamba do devir, nunca fará da vida um contínuo experimento de si mesmo. A linguagem da economia e do capitalismo é a linguagem das taxas de juro, das cotações da bolsa, das percentagens assexuadas que entediam e castram o Homem. Urge falar outra linguagem: a linguagem do homem em construção. A linguagem de Nietzsche e de Henry Miller, que diz que "o único objectivo na vida é chegar perto de Deus- isto é, chegar mais perto de mim próprio". "Torna-te naquele que és!", acrescenta Nietzsche. Sendo plenamente nós próprios seremos livres, meninos, bailarinos, afirmadores da vida e estaremos em condição de deitar abaixo o mundo do tédio e da economia.

Sunday, March 07, 2010

O PARAÍSO DE VOLTA!


Um primeiro-ministro controleiro, mafioso e fascista
um Presidente da República ao serviço da mercearia
um país de homens pequenos e de intriga

Deus expulsou-nos do Paraíso
eu quero o Paraíso de volta!
É para isso que estou aqui
mãe, estou a nascer de novo
mãe, eu olho para o mundo
com o olhar da descoberta
mãe, eu quero ficar
mãe, eu tenho andado às voltas
tenho bebido neste e naquele tasco
sentia-me sempre insatisfeito
entediado muitas vezes
mas agora estou em mim, mãe
agora estou em comunhão
comigo mesmo
sou capaz de filosofar
de transmitir a mensagem
sou capaz de me soltar
de me atirar para a frente
de partir os vidros
de rebentar
mãe, eu quero o Paraíso de volta!
Estou a nascer outra vez. É a minha própria mãe que o diz. Toco as coisas, olho para as mulheres pela primeira vez. Sou um provocador mas não sou apenas um provocador. Sei onde quero chegar. Mas agora sou mais senhor. Filosofo. Gosto de filosofar. Mantenho o monólogo comigo mesmo e depois transmito-o ao mundo. E assim me sinto vivo.
Depois de realmente acordar não gosto de ficar quieto, a olhar para o balão. Tenho de estar a criar ou, pelo menos, a escrever para mim.
Volto à "Padeirinha". As empregadas estão sempre a mudar. Voltou a boazona. A "Padeirinha" está às moscas.

Thursday, March 04, 2010

CARTA À MINHA MÃE

CARTA À MINHA MÃE

Sabes, mãe,
estes gajos deram cabo do Homem
sabes, mãe,
houve um tempo em que fui à escola
houve um tempo em que até trabalhei
mas agora cansei-me, mãe,
não posso mais ficar passivo
não posso mais assistir sentado
eles estão a dar cabo de mim
estão a dar cabo do Homem
sabes, mãe,
estas coisas vêm da infância
eu observava as coisas
era o mais inteligente, mãe
mas não intervinha
contentava-me com o meu mundo
com as minhas personagens
mas agora o teatro é outro
envolvi-me com o mundo
casei-me com o mundo
e estes gajos estão a dar cabo
do nosso mundo, mãe
destroem a natureza
viram a natureza contra nós
até podes votar neles, mãe
mas sabes, mãe, eu não sou como eles
eu preocupo-me com os meus filhos
e paro como as outras mães
sabes, mãe, essa merda dos negócios
e do dinheiro
não me diz nada
gasto-o em dois tempos
quando o tenho
são papéis e pedaços de metal
que se trocam
nada mais
mãe, estou farto dos discursos deles
na televisão
é a mim que eles querem destruir
querem-me mole, fraco, deprimido
mas desta vez não vão conseguir
porque agora conheço o jogo deles.

Mãe,
eu sou o Homem.

António Pedro Ribeiro

Wednesday, March 03, 2010

O ACTOR


Estou sujeito a acabar como o Jaime e como o Alba. Sei perfeitamente disso. Estou a seguir a mesma via. Tenho um nome, um certo nome mas isso pode não me servir de muito. O mundo do trabalho começa a não ser para mim. A eficácia, a competividade não são para mim. Não nasci para isso. No liceu, em Braga, ainda me integrava no sistema. Tirava boas notas. Ia às aulas. Era um jovem promissor. Mas depois veio o Roger Waters, o Jim Morrison, o "Apocalipse Now". Ainda por cima fui parar à Faculdade de Economia. Comecei a pôr tudo em causa. Os números, as contas, a eficácia. Ainda fui dar à Faculdade de Letras, a Sociologia. Mas depois veio a estória do Feira Nova. A primeira alucinação. O filme. As grandes depressões. As humilhações públicas. Nunca mais fui o mesmo. Busco o conhecimento, o despojamento, a iluminação. Não busco, como o meu pai, o conhecimento da Matemática e da Física. Busco o conhecimento do Homem. O sentido da vida. Há quem pense que o faço apenas por gozo ou para ocupar o tempo mas eu faço-o por necessidade. É uma busca permanente. Um experimento. Bem sei que em certos meios não me dou a conhecer. Bem sei que só pontualmente tenho um feitio expansivo. Que, se calhar, deveria divulgar mais as minhas teses fora dos locais de espectáculo. Mas também não posso estar sempre a expõr-me. Não posso ser sempre o actor.

Tuesday, March 02, 2010

LIBERDADE


LIBERDADE



Vim ao mundo gratuitamente

não tenho de pagar o que como

nem o que bebo

não tenho de pagar

a ponta de um corno pela vida

nem tenho de trabalhar

para pagar o que como

e o que bebo

não tenho de me sacrificar

por coisa nenhuma

a vida é livre e gratuita

só faço o que quero

o que me dá na real gana

e é isto que vos tinha a dizer

MANIFESTO E CANDIDATURA

António Pedro Ribeiro apresenta o seu manifesto e a sua candidatura à Presidência da república no Art 7 em São João da Madeira na próxima quinta, dia 4, pelas 22,30 h. A liberdade vai andar à solta.

Pelo comité central do PSSL,
Serafim Morcela.