Friday, October 22, 2010

A SERENIDADE GREGA


A SERENIDADE GREGA

Um homem pode ficar parado a olhar sem escrever. Um homem pode, pura e simplesmente, dar-se ao mundo, mesmo que o mundo não seja o que ele quer. Um homem pode, simplesmente, contemplar sem se atirar de cabeça. Um homem pode também refugiar-se em si próprio, fugir da propaganda. Esse homem tem uma certa serenidade grega que o distingue dos outros. Esse homem olha o mundo com o olhar inaugural da criança. Pouco ou nada o afecta. Os outros homens transportam cargas como os camelos e têm horários a cumprir. O nosso homem não. Trabalha mas não o faz para a sua subsistência. Passa horas a escrever. É um criador, só a espaços se esforça. Todavia, um dos olhos vai-se queixando. As horas vão passando. Há jornais e revistas que o publicam. Há outros que recordam o seu nome. A sua escrita, dizem, chega mesmo àqueles que não costumam ler.

O PREÇO DA GUERRA DO IRAQUE

Dubai, 22 out (Lusa) - Pelo menos 109 mil pessoas, das quais 63 por cento civis, foram mortas no Iraque depois da invasão norte-americana, revelam os ...



Iraque: Guerra fez pelo menos 109 mil mortos, 63% civis - WikiLeaks, citado pela Al-Jazeera
Dubai, 22 out (Lusa) - Pelo menos 109 mil pessoas, das quais 63 por cento civis, foram mortas no Iraque depois da invasão norte-americana, revelam os documentos secretos obtidos pelo site WikiLeaks e revelados hoje pela televisão Al-Jazeera.

O período de tempo deste levantamento situa-se entre março de 2003 e o fim de 2009.

Segundo a cadeia televisiva do Qatar, "os documentos confidenciais obtidos pelo WikiLeaks revelam que as forças norte-americanas dispunham de um balanço dos mortos e feridos iraquianos, apesar de o negarem publicamente".

Adianta a cadeia televisiva que os registos "mostram que o conflito fez 285 mil vítimas, das quais pelo menos 109 mil mortos", entre 2003 e o fim de 2009. Dos mortos, 63 por cento eram civis.

Um balanço norte-americano, publicado no fim de julho no site do Comando Central do Exército (Centcom), indica que entre janeiro de 2004 e agosto de 2008, o período mais sangrento em sete anos de guerra, foram mortos cerca de 77 mil iraquianos, dos quais 63 185 civis e 13 754 membros das forças de segurança.

A avaliação do número de vítimas iraquianas desde a invasão lançada pelos Estados Unidos em março de 2003 alimenta controvérsias e varia, conforme as fontes, desde menos de 100 mil a várias centenas de milhares.

Num relatório publicado em outubro de 2009, o Ministério dos Direitos Humanos iraquiano avançou o número de 85 694 mortos e 147 195 feridos.

O site independente da Internet Iraq Body Count estima, por sua vez, que o número de civis mortos desde 2003 se situa entre 98 252 e 107 235 pessoas.

Um estudo publicado na revista britânica The Lancet em 2006 concluía que a guerra custara a vida a 655 mil iraquianos.

Um outro balanço baseado no site independente www.icasualties.org aponta para a perda de vida por parte de 4425 militares norte-americanos no Iraque desde 2003.

RN.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

Lusa/Fim.

Tuesday, October 19, 2010

MANIFESTO ANTI-GOVERNO, ANTI-ORÇAMENTO E ANTI-MERCADOS


O Governo não tem que me dizer o que devo fazer. O Governo não tem que dizer que eu devo levar uma vida frugal. A minha vida não está no Orçamento. Não aceito a minha vida reduzida a percentagens e estatísticas. O Governo e o Orçamento não me podem proibir de sair à noite nem de beber copos. Nem o Governo, nem o Orçamento, nem ninguém me podem impedir de escrever, de ter ideias e de olhar para as gajas.
Estou farto dos apelos ao diálogo do Presidente da República. Não sou do Presidente, nem do Governo, nem do Orçamento, nem dos mercados. Recuso-me a dialogar com essa gente. Não confio nessa gente. Aliás, ainda ninguém me explicou quem são os mercados. Os mercados nunca me foram apresentados. Só sei que o Presidente, o Governo, o Orçamento, o PSD, os banqueiros, a Comissão Europeia e o Estados Unidos obedecem aos mercados. Os mercados estão em todo o lado e entram no cérebro das gentes. Estou farto dos mercados! Os mercados e a economia enchem-me de tédio e de morte. Os mercados e o Governo não comandam a minha vida. Os mercados e o Governo não pertencem à vida.

SEF NÃO PROVA ACUSAÇÕES A ACTIVISTAS

Porto: SEF não prova acusação a activistas

artigo retirado de: http://pt.indymedia.org/conteudo/editorial/2461

AACILUS; CNLI; ESSALAM – Associação de Imigrantes Magrebinos e de Amizade Luso – Árabe; Espaço MUSAS; SOS Racismo; TERRA VIVA!/Terra Vivente AES foram as seis associações que subscreveram o comunicado de Imprensa que em Junho de 2006 atribuía responsabilidade moral aos serviços do Porto do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) pelo suicídio do imigrante paquistanês Ahmed Hussein. Na sequência dessas notícias (1 e 2), o SEF processou quatro dessas associações AACILUS; ESSALAM; Espaço MUSAS; e TERRA VIVA. Em julgamento estiveram representantes destas quatro associações. De fora ficaram, por razões que ficam por explicar, SOS Racismo e CNLI.

O processo arrastou-se. A primeira audiência foi marcada para Dezembro 2008, mas foi adiada por ausência do país de um dos arguidos. Em Janeiro seguinte, veio a público que o processo tinha transitado para as Varas Criminais.

A primeira sessão, no Tribunal do Bolhão, no Porto, realizou-se quase dois anos depois, em 15 de Setembro passado, na qual foram ouvidas duas testemunhas de acusação e adiada a sessão para duas semanas depois, por falta da terceira testemunha do SEF, elemento da instituição a gozar licença sem vencimento, algures no estrangeiro.

A testemunha de acusação também não compareceu no dia 30 e as testemunhas de defesa foram prescindidas. A promotora pública tomou posse da palavra: apesar de considerar que as acusações aos serviços do Porto do SEF, subscritas em comunicado de imprensa pelas associações arguidas, podiam, pelo seu carácter genérico, denegrir a imagem daquela instituição, afirmou não haver matéria suficiente para formalizar culpa.

À defesa, constituída por três advogados, coube pedir por justiça. Dois em jeito um tanto tímido, outro muito destemido: “Este é um caso em que há o puro arbítrio de uma instituição que se melindra. As pessoas melindram-se por tudo e por nada. Estamos num tempo em que há democracia mas não há democracia nenhuma. Este é um processo absurdo do ponto de vista social”. Frisou ainda que os quatro arguidos foram, durante quatro anos e meio, e sem formalização de culpa, sujeitos a medidas de coação, nomeadamente a termo de residência.

A leitura da sentença ficou então marcada para dia 6, mas só veio a concretizar-se dia 8 de Outubro. A absolvição já era esperada.

http://redelibertaria.blogspot.com

Monday, October 18, 2010

O GRANDE ABSURDO


Este é o tempo do grande absurdo, da "grande náusea", do niilismo. Assim falava Nietzsche. Colocamos o nosso destino nas mãos dos mercados, de especuladores sem escrúpulos. Entregamos a nossa vida a políticos patéticos, ao serviço dos especuladores e dos banqueiros, a seres sem brilho, charlatães, vigaristas, que se servem à vez e nos cortam a vida. Este é o tempo dos pregadores da morte, dos inimigos da vida, que nos dão (ou vendem) o tédio e a miséria. Sobem as tentativas de suicídio, as depressões, a melancolia, o homem que não quer, que não crê, que não cria, o homem que já não é homem. É preciso fazer a ruptura. É preciso outro homem "que voltará a libertar a vontade, que devolverá à Terra o seu objectivo e ao homem a sua esperança, este anticristo e antiniilista, este homem que triunfará sobre Deus e sobre o nada." (Nietzsche, "Para a Genealogia da Moral"). Esse homem existe no homem. É preciso ir buscá-lo às profundezas, ao homem interior. Esse homem já existe naqueles que negam a não-vida "metro, trabalho, sepultura", naqueles que apedrejam os bancos e as bolsas, que negam a morte que vem dos mercados e dos políticos que lhes obedecem. É também um instinto. Mas o instinto existe. O mesmo instinto que nos leva a amar as pessoas, os cães e o planeta.

DO PAÍS

"Com os aumentos dos casos de carência, aumentam os casos de tentativa de suicídio, depressões e violência doméstica que não eram visíveis há uns anos atrás."
(Manuela Coelho, responsável pela acção social da Câmara da Feira, Jornal de Notícias, 18/10/2010).

"É preciso dar um sinal ao mercado, ou seja, aos que especulam com o dinheiro."
(Rafael Barbosa, Chefe de Redacção do "Jornal de Notícias", "Sem Sentido", 18/10/2010)

"Um país de bananas governado por sacanas."
(D. Carlos)

ORÇAMENTO

Como se esperava o ministro das finanças de o governo mais à direita desde do 25 de Abril, apresentou hoje (depois de entregar a “pen” do crime incompleta ao presidente da AR…) o Orçamento para 2011 com a contenção salarial e a redução de custos como fundamentais, para claro, sossegarem os mercados, vulgo, o grande capital.
Além da redução de salários, o roubo nos apoios sociais, onde se inclui o corte em muitos abonos de família e cortes nas prestações nos subsídios de desemprego, os trabalhadores e os seus agregados familiares nos chamados benefícios fiscais irão levar um enorme rombo, se estas medidas se concretizarem.
Por exemplo a generalidade dos trabalhadores por conta de outrem vai pagar IRS em 2012 quando entregar a declaração relativa aos rendimentos de 2011. Nalguns casos, as subidas no imposto podem ultrapassar os 26%. As subidas fazem-se sobretudo por via da imposição de tectos às deduções e benefícios fiscais, mas também das novas taxas de IRS anunciadas pelo Governo em Março deste ano.
De acordo com as simulações um casal com dois filhos - em que um dos membros esteja desempregado e não tenha rendimentos e o outro tenha um ordenado de 1.500 euros mensais - será penalizado em 26,7%. Já um casal sem filhos com rendimentos de 4.500 euros por mês terá um agravamento da carga fiscal de apenas 3,29%. No caso de um solteiro sem filhos com um rendimento de 1.500 euros, a subida será de 11,7%. Só quem ganha o salário mínimo escapa ao agravamento.
Na prática, os contribuintes têm direito às mesmas deduções, mas os montantes não poderão ultrapassar um determinado limite máximo. Os tectos correspondem a uma percentagem do rendimento - que varia entre 9,4% para quem se insere no terceiro escalão de rendimento - e 1,66% - para quem ganha até cerca de 153 mil euros. A esta percentagem é ainda aplicado um limite que varia entre os 800 euros para ganhos até cerca de 18.400 euros e os 1.100 euros para rendimentos superiores a 153 mil euros.
Quanto aos cortes nos ministérios, mais uma vez, a maior fatia vai para o Ministério da Saúde que lidera os cortes na despesa consolidada para 2011 com um decréscimo de 12,8 por cento, dos 9818,88 para os 8563 milhões de euros, outro é o Ministério da Educação, o segundo mais atingido com cortes no orçamento para 2011, que sofre um decréscimo de 11,2 por cento face à estimativa para este ano, para os 6391,1 milhões de euros.
O Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social tem menos 10,4 por cento para gastar em 2011 face à estimativa para este ano, uma redução de 902,2 milhões de euros.
Como se vê os cortes afectam os sectores mais permeáveis à crise deste sistema capitalista.
Os preços de primeira necessidade vão aumentar por via do aumento do IV, a maioria dos casos sobe para 23%, e outros aumentos significativos é o da electricidade 3,8% mais cara. E, claro, os bancos vão pagar um imposto extraordinário…entre 0,01% e 0,05%...á fartar vilanagem!
A resposta a este novo repositório de medidas reaccionárias de austeridade, só pode ser combatida se os trabalhadores forem determinantes na luta contra este governo e seus apoiantes do bloco de direita, tendo como objectivo o derrube deste governo. A próxima greve geral nacional tem de demonstrar isso mesmo, que os trabalhadores podem vencer a crise, lutando contra este sistema de exploração e opressão.
Para os trabalhadores poderem viver, o capitalismo tem de morrer.

http://lutapopularonline.blogspot.com

Sunday, October 17, 2010

A ARDER


A ARDER

O país a arder
e eu também
o país a chorar
e eu a enlouquecer
aos berros
pelas ruas da aldeia
A insultar Deus
e o presidente
e a uivar Led Zeppelin

O país a arder
e eu a beber
copo sobre copo
sem parar
o país a arder
e eu a discutir
com o estalajadeiro
a exibir o cartão do partido
e a carteira profissional
a oferecer poemas às meninas
e a dar-lhes treta

O país a arder
e eu a sofrer
a cambalear
livre
embriagado
animal de palco
o país em fogo
e eu em chamas
anjo em chamas

O país a arder
e eu a incendiar.


in "Saloon" (Edições Mortas, 2007).

METRO, TRABALHO, SEPULTURA

Se mudam assim a idade da reforma, vão enterrar-nos vivos. Agora é "metro, boulot, caveau" [metro, trabalho, sepultura]." O protesto de Raoul Bourbot, de 56 anos, despedido da empresa de componentes automóveis Molex, registado pela AFP em Toulouse, mostra o sentimento dos que ontem saíram à rua em França, em luta contra a reforma do sistema de pensões: 850 mil, segundo o Ministério do Interior, muito perto de três milhões, segundo a CGT, principal central sindical.

Os números de adesão à quinta jornada de luta desde o início de Setembro contra o aumento da idade mínima de acesso à reforma dos 60 para os 62 anos e de adiamento da pensão completa dos 65 para os 67 foram inferiores aos da última terça-feira, mas considerados encorajadores pelos sindicatos.

Os 850 mil manifestantes da contabilidade do Governo são menos que os 899 mil que as autoridades reconheceram no protesto de 2 de Outubro, também um sábado, e os 1,2 milhões que admitiram na terça-feira passada. As centrais sindicais não coincidiram ontem na leitura dos números das 230 manifestações promovidas em dezenas de cidades e em que os jovens se incorporaram em grande número: a CGT anunciou quase três milhões de participantes, a CFDT ficou-se pelos 2,5 milhões. Ambas tinham reivindicado quase três milhões a 2 de Outubro e 3,5 milhões há cinco dias.

A tradicional disparidade nos números foi ontem mais evidente do que em ocasiões anteriores. Na maior concentração, em Paris, desfilaram 50 mil pessoas, segundo a polícia, 310 mil, de acordo com a CFDT. Em Marselha, houve 16.400 manifestantes ou 180 mil, conforme a fonte; em Bordéus 13.500 ou 130 mil; e em Toulouse 24 mil ou 125 mil.

Para o Governo - que viu na adesão de ontem uma "baixa significativa" relativamente às mobilizações anteriores -, o copo já vai meio vazio. Para os sindicatos, que tinham estabelecido como fasquia uma mobilização equivalente à de dia 2, está meio cheio. Porquê? No entender de Bernard Thibault, líder da CGT, o "movimento ancora-se e alarga-se". A opinião de Jean-Claude-Mailly, da Force Ouvrière, é de que as manifestações de ontem deixam prever "uma mobilização ainda mais forte" na próxima jornada de luta de greves e manifestações, marcada já para depois de amanhã, véspera da votação pelo Senado do projecto de reforma já adoptado pela Assembleia Nacional.

"Temos vários milhões de pessoas na rua, que nos apoiam e acreditam em nós", disse ontem, citado pela Reu- ters, o líder da CFDT, François Chérèque, em Paris. "O único bloqueio do país é o Governo." Para além das sucessivas manifestações, os sindicatos têm conseguido perturbar o estratégico sector dos transportes, particularmente os comboios, e quase fecharam a torneira do abastecimento de combustíveis.

A determinação parece bem viva entre os milhões que se têm mobilizado contra a impopular reforma do sistema de pensões, uma das principais bandeiras do Governo do Presidente Nicolas Sarkozy, que a considera indispensável para a sustentabilidade da Segurança Social. "É preciso ir até ao fim, permanecer firme e continuar com modos de acção diferentes", afirmou à AFP Daniel Daumières, de 54 anos, animador sócio-cultural, um dos manifestantes que se concentraram ontem em Bordéus.

www.publico.clix.pt

Friday, October 15, 2010

FILHO DE DIONISOS


FILHO DE DIONISOS

São cinco da manhã e eu sou um homem livre. Não há fantasmas e o mercado não me entra pelos cornos.
Tenho companheiras que me dão a mão e entendem a minha mensagem. Companheiras que procuram, como eu, a verdade e a construção do homem. Até aqui segui o caminho da solidão mas agora encontrei companheiras. Eu sabia o que estava a dizer quando afirmava que me dirigia essencialmente às mulheres. A algumas mulheres. As minhas companheiras. Talvez as minhas bacantes. Sou um filho de Dionisos que escreve e filosofa, que tem as suas fases eufóricas e as suas depressões. Que nas suas fases eufóricas produz freneticamente e é excessivo no palco e na dança. Que nas suas fases depressivas se recolhe e lê. Sim, a era de Dionisos está de volta. É preciso que as minhas companheiras o entendam. Sou filho de Dionisos. Entendei-me agora, companheiras. Isto não é apenas literatura. Isto é um novo mundo que se está a criar. Um novo mundo de caos, celebração, mas também de amor. Do amor de que falamos hoje, companheiras. Como vos amo, como sois belas, companheiras. Como queria desposar-vos agora, companheiras. Vede agora como eu sou, como sou desprendido. Sou do mundo mas nada tenho a ver com a máquina. Sou da vida. Amo-vos. Atravessai comigo o deserto. Sois capazes. Amo-vos.

VIVO


VIVO

O impulso vital. A vida. Eis o que me mantém aqui. Falar. Ouvir. Ser ouvido. Ou então isto. Escrever. Esperar que alguém leia. Ou dizê-lo publicamente. O amor. A vida. O olhar. O olhar inaugural. Como se o mundo começasse agora. O conhecimento do mundo. A ideia. O papel, a caneta. A mesa, a cerveja. Os outros que me rodeiam. O beijo, o sorriso. A luz. Dentro e fora. O ecrã. A coluna. O texto que se constrói. O homem à solta. Vivo. Pleno. Que te aguarda. Que te celebra. Tudo o que está. Tudo o que é. A bondade. As amigas que se abraçam. O mundo que assim é belo. A partilha. O brinde. O estar à mesa.

Thursday, October 14, 2010

REVOLTA NA GRÉCIA E EM FRANÇA

Grécia: Polícia reprime trabalhadores que se manifestam…Em França a greve geral continua…

Dezenas de trabalhadores gregos em situação precária manifestaram-se esta manhã em frente à Acrópole, em Atenas.
Os manifestantes exigem emprego estável e o pagamento dos salários em atraso, face à intenção do ministério em dispensá-los no fim do mês.
A polícia usou gás lacrimogéneo ( http://pt.euronews.net/2010//) para dispersar os trabalhadores, reprimindo violentamente os trabalhadores.
O governo grego anunciou, mais uma vez outras medidas, entre elas uma série de cortes nas despesas públicas e o congelamento das contratações.
A luta dos trabalhadores continua diariamente contra os variados PEC (lá como cá), que o governo lacaio (que coincidência…lá como cá…), quer impor sob os ditames da UE e do FMI.



Entretanto os trabalhadores franceses continuam a manifestarem-se nas ruas, cumprindo o 3º dia de greve geral.
Estão paralisados portos, transportes, refinarias (prevendo-se falta de combustível nas bombas de abastecimento).
Para o dia 19 de Outubro está já marcado nova jornada de luta, com mais greves e manifestações. Recordemos que estiveram em greve, mais de 3,5 milhões de trabalhadores.

Publicada por Luta Popular Online em 19:48

ENLACE ZAPATISTA


4160oct
13
2010Desde Suiza e Italia, apoyando a las BAZ desplazadas y a la educación autónoma.

Desde Suiza e Italia, apoyando a la educacion autonoma
A la Otra Campaña
A la Zezta Internacional
A las Juntas de Buen Gobierno
A los medios independientes
A los pueblos del mundo en lucha

Existe un mundo en donde los niños y las niñas pueden aprender sin jerarquías impuestas, sin tener que comprar un uniforme para ir a clase, sin pagar por ello. Donde, entre juegos y canciones de lucha, aprenden junto con los más grandes a ser libres, a decidir colectivamente, a respetar a la Madre Tierra, los mayores, los hombres, las mujeres, el otro. Un mundo, un espacio, una escuelita donde los niños y las niñas pueden aprender en el mismo idioma que hablan en sus hogares; un lugar donde su cultura, usos y costumbres y la historia de los de abajo es el eje de su aprendizaje. Donde no hay maestros, sino promotores, es decir, la enseñanza es un círculo.

No es una utopía, es el Sistema de Educación Rebelde Autónomo Zapatista que con mucho esfuerzo se construyó en cientos de comunidades indígenas de Chiapas y ha educado y sigue educando en la lucha a miles de jóvenes zapatistas.

La Educación Autónoma es uno de los ejes de la autonomía zapatista, el corazón del mañana que ya se perfila. Junto con otros avances, en salud, en justicia, en trabajo, en transporte y en agroecología, la educación autónoma es parte trascendente del auto-gobierno indígena
zapatista.

Por ello, se les ataca.

La última agresión de una larga serie es concretamente contra l@s habitantes de la comunidad de San Marcos Avilés, culpables, según los partidos políticos y el mal gobierno, de querer una escuela autónoma y ser zapatistas. Es una evidente agresión no sólo a las Bases de Apoyo de dicha comunidad (y de otra, Pamala) sino que es un intento de acabar con los proyectos autonomos impulsados por el EZLN.

De San Marcos Avilés y de Pamala fueron expulsad@s 170 Bases de Apoyos Zapatistas, es decir hombres, niñ@s y mujeres que ahora viven como desplazad@s en el monte y a l@s cuales se les robaron sus pertenencias, su ganado y sus tierras. Un despojo violento concertado entre todos los partidos políticos (PRD, PRI y Verde Ecologista) y del cual hay que responsabilizar los tres niveles del mal gobierno (local, estatal y federal).

Nos sumamos a la indignación internacional que recorre el planeta ante esta nueva agresión que padecen nuestr@s herman@s zapatistas. En adelante, estaremos informando sobre la guerra de exterminio que se está dando en México en contra de las comunidades indígenas en resistencia (Chiapas, Guerrero, Oaxaca, Michoacán) y luchando, desde nuestras trincheras, con ellas.

Nos sumamos a las actividades propuestas por la “Campaña Miles de Rabias, un corazón”, así que a través de una gira por Italia y Suiza, presentando también una muestra fotografica sobre la insurreción civil de Oaxaca 2006, estaremos difundiendo, platicando, tejiendo redes en solidaridad con el EZLN, las Juntas de Buen Gobierno, l@s compas afectad@s de San Marcos Avilés y de otras comunidades indígenas de Chiapas y de México. Nuestras actividades (que incluyen volanteos, distribución de textos sobre el zapatismo y La Otra, pláticas públicas y recolección de fondos) se darán en estos lugares:

- desde el 12 al 16 de octubre en el Centro Social Molino de Lugano, Suiza.
- desde el 19 al 21 de octubre en el Centro Social Laboratorio Okupado Ska de Napoles, Italia.
- desde el 22 al 26 de octubre en el Centro Social Forte Prenestino de Roma, Italia.
- desde el 26 al 30 de octubre en el Centro Social XM24 de Bolonia, Italia.
- desde el 5 al 7 de noviembre en el Espacio Social Ocupado Cox 18 de Milan, Italia.

Además, nuestr@s compañer@s en México tomarán parte en las actividades de protesta, acopio, difusión y participarán en la caravana de solidaridad organizada por el V Foro de Solidaridad con las Comunidades Zapatistas, para darle, con nuestras modestas posibilidades, un alcance internacional a dichas iniciativas.


“La libertad es un sueño que la educación hará realidad”

Desde la Otra Europa:

Colectivo Zapatista de Lugano “Marisol” (Suiza) –

http://czl.noblogs.org/

Observatorio America Latina del centro social XM24 de Bolonia (Italia)
- http://reporter.indivia.net/
Colectivo Nodo Solidale de Roma (Italia) –

http://www.autistici.org/nodosolidale/

Wednesday, October 13, 2010

DO HOMEM À MESA


DO HOMEM À MESA

Senta-se um homem à mesa para criar. As barbas já crescidas. O homem agora está parado mas já viveu filmes que os outros não viveram. Raramente vai ao cinema. O homem pensa. Pensa que o pensamento é tudo. Olha a mulher que balança as ancas. Pensa que a própria mulher é fruto do seu pensamento. Observa depois o céu e as nuvens. As rivalidades entre os três cafés da zona não lhe dizem respeito. Só escolheu este porque têm mais mulheres jovens. Elas são amáveis para com o homem. O homem tem uma doença. É a sua maldição mas também a sua bênção. Hoje sente um estranho contentamento. Não está eufórico. Sentou-se à mesa para criar. Às vezes cai em raciocínios primários mas não tanto como o homem comum. Sente necessidade de falar, de estar com companheiros e companheiras. Tira os óculos. A mulher jovem fala de hipocrisia. Este não é certamente o mundo que deseja. “Cada um vive no mundo que cria”, diz o outro. É um facto. Mas estão sempre a espetar-nos coisas. Quando o homem cai ficam muito poucos e muito poucas. Contudo, o próprio homem nem sempre foi verdadeiro, nem sempre foi um poço de virtudes. Ainda ontem negou a mulher louca. Foi atrás do espectáculo, da estrela, das conveniências. Não, o homem não é aquele que alguns pintam. Tem a sua maldade e precisa dela. Precisa dela para criar. No fundo, é um vaidoso, um cabotino. Sem isso não evolui, não cresce. Aliás, nunca foi o homem da lógica apesar de ser um homem de pensamento. Em várias ocasiões parecia que estava a seguir um caminho coerente, direitinho mas, de repente, há qualquer coisa que rebenta. Foi essa, tem sido essa, a história do homem. O homem do pensamento, desde criança. O homem do pensamento precisa do palco, da vaidade, da explosão. Não aguenta ficar sempre no pensamento. Mas precisa do pensamento em acção. Vive disso. Ouve as conversas. As que falam da vida, da amizade, da solidão. Da verdadeira vida. Ouve-as com toda a atenção.

DO NOVO DEUS


DO NOVO DEUS

Hoje tenho de agradecer a inspiração à D. Arminda da “Motina”. A confeitaria com rádio e sem televisão faz toda a diferença. Apesar de só ter lido o jornal, os últimos livros que li estão a fazer efeito. Sei lá, são como os comprimidos. Miller é uma pedra. Nietzsche é uma pedra. Kierkegaard é uma pedra. Hoje vejo os horizontes claramente alargados. Há dias verdadeiramente triunfais. E hoje ainda não falei com ninguém. É impressionante como um homem se sente atado e um dia se levanta às três da tarde e, sem saber porquê, a mente começa a libertar-se. Será, em parte, da doença mas acredito que só os verdadeiros criadores se sentem assim. As ideias dançam. Há uma vontade louca de me agarrar ao papel. Não tenho explicação. Sinto-me capaz de discorrer sobre qualquer tema. Tenho opiniões absolutamente lúcidas e definitivas sobre a situação política nacional e internacional. Desejo ardentemente que o orçamento não passe, que o governo caia, que o país fique a arder. Não as casas, não as pessoas mas as instituições, as bolsas, os mercados. Especialmente as bolsas e os mercados. São estes o Deus a quem (quase) todos obedecem. Não, não me peçam análises imparciais e isentas. Não me peçam para ser o filósofo de Platão. Não me compete dirigir ou governar coisa nenhuma. Neste momento sou um incendiário. É também assim, às marteladas, que se destrói o velho homem para se construir o novo. Estou lúcido. Estou absolutamente lúcido. Não me peçam moderação nem sentido de Estado. Ainda assim tenho de agradecer à D. Arminda. Não peço bolos mas estou possesso na confeitaria. Derramo tinta no papel. A tinta vive. Sinto poderes mediúnicos. Tenho iluminações. Não me peçam para adorar os mercados. Não me peçam para ser apenas mais um. Antes ser louco, antes tornar-me louco, como disse Nietzsche. Não, não conteis comigo, ó banqueiros. Não embarco na vossa viagem, como diz Morrison, ó mercadores, merceeeiros, ó políticos trapaceiros que ao novo Deus dais o cu. Não, não sou do deus a que prestais vassalagem, aos mercados. O artista falha, o artista fraqueja mas o artista não tem que obedecer a deus nenhum.

PORTUGAL E OS MERCADOS

Portugal, os “mercados” e o empobrecimento generalizado



Sócrates & Passos,

Ao serviço dos ricaços



Sumário



1. Esperança que se some, revolta que aumenta



2. A soberania que emigrou para Bruxelas, Frankfurt, para os “mercados”



3. A delegação de poderes e a hierarquia de comando



4. O PEC III, a caminho do PEC IV, com o PEC V no horizonte. E o FMI?



5. Onde estão os ricos e quantos são?



População activa e inactiva
Composição da população activa
Composição da população inactiva
Repartição do rendimento gerado – 1
Repartição do rendimento gerado - 2
Desigualdades salariais


Este e outros textos em:

http://www.scribd.com/group/16730-esquerda-desalinhada

http://www.slideshare.net/durgarrai

www.esquerda_desalinhada.blogs.sapo.pt

Saturday, October 09, 2010

IGUAIS AOS DEUSES

IGUAIS AOS DEUSES

António Pedro Ribeiro


Acordo de madrugada. Penso que sou um rei em cima do palco. As mulheres acham-me piada e riem-se para mim. Ontem só bebi cinco cervejas. Tenho bebido muitas mais noutras noites. Pensava que depois de ter ido ao Campo Alegre as mulheres bonitas me viriam dar beijos na boca. Afinal, não. É a mesma rotina de sempre. É como um gajo em frente ao computador a teclar. Terei algo que os outros não têm. Ando na demanda do Graal, procuro os moinhos de Quixote. A anarquia vem ter comigo. Estou mesmo muito bem disposto. Poderia ter conversas espirituosas com muita gente. Fá-los-ia rir. Pelo menos não ando para aí a partir os vidros dos carros. O que até nem era má ideia. Anjo em chamas. Por onde andas? Por aí, atrás da minha loucura. Os meus berros são de louco. Cambaleio pelo palco. Faz-me falta o Henrique. Ando a ouvir as canções todas das Las Tequillas no youtube. Diz a palavra. Quero ir para o palco. O meu reino por um palco. A plateia aborrece-se, entendia-me. Sempre as pessoas normais a fazer as coisas normais. Sempre as pessoas a dizer avé-maria ao chefe, ao Sócrates, ao Cavaco. Sempre atrás do dinheiro e do estatuto social. Sempre fechadas na família. Sempre a fingir que estão bem. Sempre a criticar o parceiro do lado. Não! Não é isso que quero. Afastei-me dessa via. Não sou mesquinho, não sou merceeiro. Estou do lado da liberdade. Do lado do criador. Do bailarino. Vim para aqui de graça para criar. Assim devo continuar. Assim é o Artista. Provoco os outros. Faço-os rir. Para isso vim ao mundo. Nada a fazer. A vida não é só comer, beber e sacar dinheiro. Estamos aqui para algo de muito mais alto, de mais sublime. Estamos aqui para sermos iguais aos deuses.

A. PEDRO RIBEIRO EM "A VOZ DA PÓVOA"


Arquivo: Edição de 21-01-2010

SECÇÃO: Cultura

Entrevista a A. Pedro Ribeiro


Poesia de Choque




A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto, em 1968 e vive em Vilar do Pinheiro, Vila do Conde. É Licenciado em Sociologia. Foi fundador da revista literária Aguasfurtadas e colaborador de revistas e fanzines como a “Portuguesia”, “Cráse”, “Voz de Deus”, revista “Bíblia”, e “Conexão Maringá”, do Brasil. O último dos oito livros de poesia publicados tem o título, “Um Poeta no Piolho” e foi lançado em Dezembro de 2009. Pedro Ribeiro também diz poesia e faz performances poéticas e poético-musicais.


A Voz da Póvoa – Qual a razão de comemorar os 100 anos do Piolho com um livro?


A. Pedro Ribeiro – A ideia partiu do escritor Raul Simões Pinto, que me convidou a reunir os poemas escritos naquele café. Alguns poemas perderam-se, outros aparecem nos vários livros que fui publicando. Tem também poemas inéditos escritos no Piolho a partir de Junho último.


A.V.P. – Cafés como o Piolho são referências que começam a rarear nas cidades?


A.P.R. – O Piolho tem uma história de encontro de opositores ao regime, tanto da área política como artística. A tertúlia ainda se mantém viva. Já vivi naquele lugar grandes discussões literárias e políticas. O Piolho no Porto, a Brasileira em Braga, o antigo Diana Bar ou o Guarda Sol na Póvoa, são espaços que tem uma certa especificidade. Não é um lugar onde vais simplesmente beber uma cerveja ou tomar um café, tem uma história, uma vivência que vem de longe. Infelizmente alguns vão desaparecendo.


A.V.P. – A que se deve o facto de ultimamente publicar com mais regularidade?


A.P.R. – Tem a ver com o ritmo da escrita. Escrevo praticamente todos os dias e vou publicando nos meus blogs. Há sempre cinco ou dez pessoas que lêem. A partir daí faço uma selecção. Mas há sempre textos que ficam para trás e só mais tarde é que são recuperados e publicados em livro.


A.V.P. – O ritmo do espectáculo tem acompanhado o ritmo da escrita?


A.P.R. – As duas coisas estão ligadas, mas são distintas. A escrita é fundamentalmente um acto solitário, mesmo que estejas a escrever num lugar cheio de gente. Quando estou acompanhado não escrevo. Não troco um amigo por um texto ou um poema. Já o acto de estar em palco é dar alguma coisa. Não dependes só de ti, mas também das reacções do público. Boas ou más, lido com ambas.


A.V.P. – Os palcos de Paredes de Coura e do Teatro Campo Alegre, definem o poeta?


A.P.R. – Espero que sim, até porque fui dizer poemas meus e as reacções do público foram muito positivas. Talvez devido ao tipo de textos que seleccionei, com uma temática ligada à vida boémia, textos que falam do sexo, da mulher fatal, das gajas boas. São textos que resultam bem em certos sítios, para um certo público. Mas há lugares onde digo Mário Cesariny, Jim Morrison, Allen Guinsberg ou Nietzsche.


A.V.P. – Cita e recita muito Nietzsche é porque assim falava Zaratustra?


A.P.R. – Estou a ler pela quarta vez esse livro. O Nietzsche fascina-me quando fala da superação do homem, que não é este homem pequeno das mercearias, das contas, dos orçamentos, do homem económico. Como diz o padre Mário de Oliveira, o homem é afecto e espírito, ou deveria ser sobretudo isso. Mas esse homem é destruído por esta sociedade capitalista. Mas há também o homem artista, que canta que dança, que está ai.


A.V.P. – Sente que o artista deve ser cada vez mais interventivo?


A.P.R. – O artista não tem que ser como os outros e levar aquela vida regrada e certinha. Deve ir mais longe, quebrar rotinas, ser um desalinhado. As pessoas podem não estar de acordo com tudo o que tu dizes ou escreves, mas aquilo mexe com elas. Esse é o objectivo.

Saturday, October 02, 2010

AMIGOS, ESTAMOS DE VOLTA


Depois de mais de quatro meses de quase ausência devido à falta do computador de casa, estamos de volta. Esperamos que o Partido Surrealista de agora em diante seja um companheiro fiel. Esperamos também os vossos comentários, sugestões e críticas.

Abraço,
António Pedro Ribeiro.

Friday, October 01, 2010

GARCIA PEREIRA

CONTRA O “COMER E CALAR”, VAMOS À LUTA!


Como já era previsível, o governo Sócrates, após ter andado a procurar ocultar a sua verdadeira dimensão, anunciou hoje um conjunto de medidas de suposto combate ao défice e de extrema gravidade para o Povo trabalhador.

Tais medidas vão, para já, do aumento para 23% da taxa geral do IVA (que é um imposto “cego”, que atinge tanto ricos como pobres mas que, agravando os preços de muitos produtos de primeira necessidade, vai prejudicar sobretudo os mais necessitados) ao abaixamento, de 5% em média, dos salários dos trabalhadores da Função Pública (alvo fácil e sempre à mão), ao congelamento das miseráveis pensões de reforma e à diminuição dos apoios sociais como o subsídio social de inserção.

Ora, é sabido que nenhum elemento do Povo ficou a dever o que quer que seja a quem quer que seja e que o actual défice (que, recorde-se, antes das últimas eleições o Ministro Teixeira dos Santos afirmava ser de apenas 3,5% e que, só após sacados os votos, veio reconhecer que era então já cerca de 9%...) se deve, em larga medida, aos dinheiros do Orçamento de Estado (cerca de 4,5 mil milhões de euros) que foram usados para tapar os buracos do sistema financeiro causados pela gestão fraudulenta e, por outro lado, à quebra de receita fiscal, a qual, por seu turno, decorre de uma parte da economia, em especial as pequenas e médias empresas, já não aguentar a carga fiscal e de áreas cada vez mais amplas de “desfiscalidade” (ou seja, de o Estado não cobrar os impostos que devia cobrar).

O que estas medidas de Sócrates representam é que quem nada teve que ver com a criação do défice e mais sofre com a crise, ou seja, os trabalhadores por conta de outrem, os reformados e os pensionistas, os desempregados, os idosos e os doentes, é que é posto, e de forma absolutamente brutal, a pagar a crise!

O sector financeiro que no ano da plena crise económica, que foi 2009, acumulou 1.725 milhões de euros pagou de imposto sobre esses lucros fabulosos apenas 74 milhões de euros, ou seja, 4,3%. E entretanto vai buscar dinheiro emprestado ao Banco Central Europeu à taxa de 1% e depois empresta aos cidadãos e às empresas e até ao próprio Estado a taxas 4, 5 e mais vezes superiores. Os empréstimos dos bancos que operam em Portugal ao Estado Português ascendem já a 10.530 milhões, a taxas que vão dos 4,5% para os empréstimos a 4 anos a 6,4% para os empréstimos a 10 anos.

Baixar o salário, um cêntimo que seja, a quem ganha 500€, congelar as pensões de um milhão e meio de portugueses que recebem as pensões mínimas e diminuir ou dificultar os apoios a quem não tem nenhum meio de subsistência, mostra bem a natureza de classe do Governo do PS. E exige que todos nós, contra a paralisia dos Sindicatos e o marasmo dos Partidos que se dizem de esquerda, nos ergamos resolutamente em luta. Não ceder, não aceitar a canga que nos querem pôr ao pescoço e impor na rua a queda do Governo reaccionário de Sócrates é a nossa primeira e principal tarefa.

Nunca como hoje faz tanto sentido a primeira estrofe da Internacional: “De pé, ó vítimas da fome”...

http://garciapereira2009.blogspot.com