Sunday, February 25, 2007

ZECA E AMIGOS




MAL HAJA A NOITE ASSASSINA E QUEM DOMINA SEM NOS VENCER.

(ZECA AFONSO)
ZECA, CHE E BAKUNINE.

INFORMAÇÃO

A consciência individual é anulada pela quantidade de informação empacotada.
(Edward w. Said)

O MEU REINO POR UM CAVALO


Autarca (de Vila Pouca de Aguiar) pede ajuda ao rei da Noruega contra o fecho da Urgência.


Dança dos cus atraiu 7000 visitantes.

(Cabanas de Viriato)


4000 quilogramas de cavacos só para um dia.

(Resende)


O caminho é meu.

(José Ferreira, dono de rua no centro de Oliveira do Douro)


Retirado do JN 21 e 24 de Fevereiro de 2007.

EL CHE VIVE!

Sunday, February 18, 2007

A ALMA AO GOVERNO

quero entregar a minha alma ao governo
deixar-me colectar em êxtase
amar-te ordeiramente
como um cidadão cumpridor
quero lançar uma OPA
em directo no Telejornal
imolar-me no mercado global.

A. Pedro Ribeiro

PUTAS E ROCK N' ROLL 38



às mulheres da rua, da noite e do sexo


Mulheres de mim

até ao último copo

cair sair

sem mácula

em carne e osso


És o poeta

o gajo sem cheta

gramas as putas

falas com elas

amigo no palco

até acabar

és o poema

no meio do mar


Mulheres feias

mulheres sem rosto

andas roto

mas és o maior

putas rock n' roll

sempre a abrir

até ao sol se vir

na cara do totem

do homem que vem

dizer a palavra

cantautor

FMI Brigadas Vermelhas

é o homem que cai

e lança a chama na dança

como o Curtis

toujours, jamais


Deixa-o ir

deixa-o cair

ou então resistir

quero se foda

essa treta de merda

do poeta asceta

sem cheta agora

mas coberto de ouro amanhã

nos braços de Satã

do anjo que te ama

maria joana

dá-ma dá-ma dá-ma


Sou o filme e a canção

o caos no caos a rebelião

dás-me trunfos

e eu dou-te copas

gajas boas

já não me enganas

acendes o cigarro

e eu dentro delas

quebra o ritmo

as tarolas

poeta princípe

no sexo húmido delas

marco o ritmo

apanho pielas


É só camelos

e tu gostas delas

e só caramelos

e tu a vê-las

eu sou finito

mas tu não me levas

sou o infinito

estou para lá das eras...


Porto, BIG BEN, 18.2.2007


AVANTE, CAMARADA TONY


O Partido Surrealista Situacionista Libertário apoia a candidatura do camarada Tony Vieira à presidência da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim. Contra o Macedo, o Buenos e o Diamante marchar, marchar.


O COMITÉ CENTRAL DO PSSL.

OUTRA VEZ OS MAGOS DE SALVATERRA


O SILÊNCIO DE FRANCISCO LOUÇÃ
E A AFLIÇÃO DOS FALSOS BLOQUISTAS

Desde que rebentou o escândalo na Câmara Municipal de Salvaterra de Magos que o líder do Bloco de Esquerda (uma Esquerda Caviar!), Francisco Louçã se remeteu a um silêncio que até chega a ser incomodativo. Sempre que é abordado pelos jornalistas nos corredores do Palácio de São Bento para falar sobre "as investigações policiais" na autarquia salvaterrense, Louçã opta pelo silêncio, ou então, usa aquele discurso furtivo e retórico que nós já conhecemos.
Em Salvaterra de Magos, o silêncio da senhora presidente Ana Cristina Pardal Ribeiro continua a perturbar a opinião pública local e deixa os partidos da oposição completamente perdidos no espaço e no tempo. Aliás, a senhora presidente até deixou de aparecer em lugares públicos como fazia anteriormente. Diz-se que optou por um retiro espiritual estratégico de modo a poder digerir todas as desgraças que se abateram sobre ela nas últimas semanas.
Falando em aflição, depois das rusgas policiais e de todo o alarido mediático em torno do assunto e do desaparecimento (e silêncio) da senhora presidente, os falsos bloquistas (os tais estalinistas ortodoxos que vos falamos!) têm andado numa roda viva que só visto. Sentem-se desamparados e perdidos. Temem que possam perder os tachos. Tal como os "ratos oportunistas", ainda estão indecisos se devem saltar da embarcação ou não.
Espero que este acontecimento tenha servido como uma grande lição para a senhora presidente "Anita". Espero que ela tenha aprendido de uma vez por todas que o facto de ter sido eleita democraticamente para a presidência da Câmara Municipal de Salvaterra de Magos não lhe confere imunidade judicial.
Como diz o velho provérbio: "Elas cá se fazem, elas cá se pagam!". Ou seja, quando há uns anos atrás a senhora presidente se regozijava pelo facto de os socialistas José Gameiro dos Santos, Joaquim Mário Antão e o comandante dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra terem que prestar contas na Justiça, estava longe de pensar, que no dia 7 de Fevereiro de 2007, também ela pudesse ser tema de abertura dos Telejornais.
Estou em crer que a era do Autoritarismo "Anitista" está com os dias contados. Os tempos do quero, posso e mando hão-de chegar ao fim. As perseguições políticas a alguns trabalhadores da autarquia vão ter um ponto final. Ou seja, os ventos libertários oriundos do Tejo começam a soprar de forma mágica e os "ratos oportunistas" já começaram a ficar aflitos.
A continuação de um excelente Domingo sem rusgas policiais.
posted by José Peixe @ 13:05 0 comments
Sábado, Fevereiro 17, 2007

CDU - Salvaterra pede demissão de "Anita"

A Policia Judiciária na Câmara
Municipal de Salvaterra de Magos

1 – Face aos acontecimentos amplamente divulgados no passado dia 7 de Fevereiro,a CDU considera não ser normal que uma câmara municipal seja investigada com o grau de empenho de diversos agentes da P.J. e com o aparato de meios envolvidos, como nessa data o foi a Câmara Municipal de Salvaterra de Magos.Estas investigações terão por base denúncias graves sobre a actual gestão de maioria BE.

2 – Para além do que se vier a apurar, a CDU lamenta que, atempadamente, a senhora Presidente não tenha prestado os devidos esclarecimentos, ao executivo camarário, à Assembleia Municipal, e aos munícipes.

3 – A CDU partilha da convicção constitucionalmente consagrada, de que o arguido goza da presunção da inocência até condenação transitada em julgado, gozando ainda do direito, enquanto anónimo cidadão, de poder negar o seu estatuto de arguido. Contudo, a CDU entende que face ao cargo público que a senhora Presidente exerce, esta tem o dever de informar os órgãos autárquicos (Câmara Municipal e Assembleia Municipal) e a população do concelho, dos processos em curso, visando a gestão da maioria BE a que preside.

4 – Face à gravidade dos factos vindos a público, a CDU entende que a maioria BE e a senhora Presidente vêm seriamente afectadas as condições para continuar a exercer, com dignidade e isenção, os cargos para foram eleitos, no pressuposto que o grau de confiança entre estes e a população sofreu um rude golpe.No vasto interesse do concelho e da sua população, a CDU entende que apenas restará à senhora Presidente e à maioria BE, repensar a legitimidade política e moral da sua continuidade à frente da gestão do concelho de Salvaterra de Magos.

Salvaterra de Magos, 13 de Fevereiro de 2007

A Coordenadora de Salvaterra de Magos da CDU


in http://salvaterraefixe.blogspot.com

Friday, February 16, 2007

ANTÓNIO MANUEL RIBEIRO


O nosso amigo António Manuel Ribeiro, vocalista e mentor dos UHF, apresenta o seu novo livro de poesia "O Momento a Seguir" (Sete Caminhos) na FNAC do Norteshopping (Senhora da Hora) no próximo dia 18, domingo, pelas 17,00 horas.


De 1982 recuperamos ESTOU DE PASSAGEM


Dá-me abrigo por esta noite

dá-me abrigo por esta noite

procuro conforto no teu cobertor

a noite prepara jogos de amor

febre que sobe e acende a fogueira


Dói-me cá dentro, ao certo não sei

dói-me cá dentro, ao certo não sei

dói-me o inferno da minha arte

dói-me o silêncio da tua carne

feito sossego nas minhas mãos

é quente o silêncio das tuas mãos.


Dá-me um bilhete p'ro inferno


São línguas de fogo que entram no corpo

são línguas de fogo que entram no corpo

são noites de assombro e descoberta

em busca da vida estou de passagem

parto contigo na minha bagagem

parto sozinho p'ra longa viagem.


Dá-me um bilhete p'ro inferno
(AMR)

MALCOM X

ESSA RAIVA

Em geral, quando as pessoas estão tristes não fazem nada. Apenas se lamentam da sua condição. Mas quando se zangam, originam a mudança.

Malcom X (n. 1925, m. 1965 – norte americano, activista dos direitos civis).

Wednesday, February 14, 2007

ZECA AFONSO


GRÂNDOLA VIVE!

Ao meu pai, António

Por A. Pedro Ribeiro

A 23 de Fevereiro passam 20 anos sobre a morte de José Afonso. Nestes dias de tédio, de marketings, de ilusões mercantis, de fantasias e felicidades fabricadas, de carreirismos e carneirismos, de “Vampiros”, urge, mais do que nunca, celebrar o homem, o músico, o cantor, o trovador, o poeta, o revolucionário, sem cair em saudosismos estéreis.
Zeca Afonso é, será sempre, um exemplo de coragem, de combate, de integridade, de uma generosidade sem limites, de solidariedade autêntica, mas também de renovação musical e poética. Zeca amava sobretudo a liberdade e cantou a “Utopia”- não a utopia dos Céus, mas a utopia que só pode triunfar na Terra. Foi sempre fiel ao ideal igualitário e libertário, “à cidade sem ameias” mas teve sempre a nobreza de carácter (e a humildade, talvez até excessiva, desarmante por ser absolutamente sincera) de nunca se afirmar um qualquer detentor da verdade e da virtude, como fazem certos moralistas/ evangelistas de esquerda ou outros oportunistas que se aproveitam de certas figuras como Zeca, como Ernesto Che Guevara, como Karl Marx para sacar o voto ou para subirem na hierarquia partidária. Zeca Afonso estava para lá de toda essa mesquinhez, de toda essa pequenez. Apoiou Otelo Saraiva de Carvalho, Maria de Lurdes Pintasilgo mas nunca nunca se converteu aos espartilhos partidários. Zeca Afonso foi um puro, como dizia o meu pai. Como ele houve poucos na História. “Grândola” vencerá!

O PSSL RESPONDE A ARMANDO HERCULANO


O PARTIDO SURREALISTA SITUACIONISTA LIBERTÁRIO digna-se responder (e a conceder direito de resposta, porque nós cá somos democratas) ao magnânimo Armando Herculano, GRANDE TIMONEIRO DO BLOCO DE ESQUERDA/VILA DO CONDE E DA CULP, SEGUIDOR MESSIÂNICO DO IDEAL BLOQUISTA-ESTALINISTA, COM LIGAÇÕES FREQUENTES A SALVATERRA DE MAGOS E A NOSSO SENHOR LOUÇÃ.



Armando,
que sou um poeta isso sou, já ninguém o nega. Sou um homem livre e frontal, sou um actor, não um fingidor. Só estranho essa fuga à crítica? Onde está a tal Democracia Exigente? Quem está farto do Bloco e das palhaçadas do Bloco sou eu, por isso saio. Mas como ainda me mereces consideração pessoal, não te vou insultar, como outros fizeram ou tentaram fazer em relação a mim e às minhas posições políticas nietzcheanas, situacionistas, surrealistas propositadamente despropositadas, para sair do vosso tédio e da vossa pasmaceira. E a FRENTE GUEVARISTA LIBERTÁRIA é muito mais do que tu pensas e vai ter mais votos do que o Bloco na Póvoa, em Vila do CONDE e em Braga. Mas para os revolucionários os votos são secundários, os parlamentos são meros instrumentos de propaganda, como dizia Rosa Luxemburgo. Não andamos atrás de Comissões de Utentes fantasmas, oportunistas e eleitoralistas nem de tachos como a tua camarada de Salvaterra de Magos.
Hasta siempre,
António Pedro Ribeiro.

From: "armando herculano" Reply-To: DemocraciaExigente@yahoogrupos.com.brTo: DemocraciaExigente@yahoogrupos.com.brSubject: [DemocraciaExigente] Pedro Ribeira e a listaDate: Tue, 13 Feb 2007 12:50:25 -0000
O Pedro é um poeta, e «...um poeta é um fingidor...» e aqui o Pedro finge várias coisas.Finge que nunca foi candidato a nada, finge que é do Bloco (condição para pertencer a esta lista), e finge que a Frente Guevarista é mais que ele próprio e a sua sombra.Os poetas gozam de uma grande liberdade de expressão, de figuras de estilo e de elevada capacidade retórica, ou não fossem poetas; com isso animam os nossos chatos dias, e elevam o nosso espírito, bem hajam por isso, e por isso gozam de ampla compreensão pelos seus exageros e desvios ao senso comum.As suas perfomances são de livre entrada e ... saída, ouvimo-lo, como aos demais, quando estamos para isso; nesta lista podemos sempre não abrir a mensagem ou apagá-la de imediato, ou ainda dar-lhe troco conforme a paciência e a disposição de cada um.No entanto esta lista tem objectivos precisos onde a polémica é naturalmente bem vinda, mas é óbvio que o Pedro tem tido intervenções despropositadas, e pouco consentâneas com os objectivos do grupo, como sejam mais claramente os anúncios das sua performances ou dos seus livros.Quanto a outros conteúdos de natureza política e relacionados com o bloco, por si só não podem(devem) ser eliminada, e cada um dá-lhe a atenção que lhe parecer adequada.O Pedro como já admitiu nada ter a ver com o BE, deve abandonar a lista pois não se percebe que, com a posição que tem, pretenda continuar nela. Basta enviar uma mensagem para

Monday, February 12, 2007

PORQUE TE AMO, Ó ETERNIDADE!



SE ALGUMA VEZ ESTENDI POR SOBRE MIM FIRMAMENTOS TRANQUILOS, SE VOEI COM AS MINHAS PRÓPRIAS ASAS NO MEU PRÓPRIO CÉU.

SE NADEI ATIRANDO-ME PARA PROFUNDAS E LUMINOSAS DISTÂNCIAS, SE A MINHA LIBERDADE SE TORNOU UMA SABEDORIA DE AVE,

...MAS ASSIM FALA A SABEDORIA DE AVE: "REPARA, NÃO HÁ ALTO NEM BAIXO! ATIRA-TE PARA TODOS OS LADOS, PARA A FRENTE, PARA TRÁS, HOMEM LEVE! NÃO FALES! CANTA!

NÃO SÃO AS PALAVRAS FEITAS PARA OS SERES PESADOS? PARA O HOMEM LEVE NÃO SÃO MENTIRA TODAS AS PALAVRAS? CANTA! NÃO FALES!

OH! COMO NÃO COBIÇARIA A ETERNIDADE E O SUPREMO ANEL NUPCIAL- O ANEL DO REGRESSO!?

AINDA NÃO ENCONTREI A MULHER DE QUE DESEJARIA TER FILHOS, A NÃO SER ESTA MULHER QUE AMO:


PORQUE TE AMO, Ó ETERNIDADE!


(F. NIETZSCHE, "ASSIM FALAVA ZARATUSTRA")

MENINA LINDA


Menina linda

que estás ao balcão

menina linda

que varres o chão

menina linda

que vens

sorris

e mostras a pele

menina de mel

por quem suspiras

no moinho de pedra

no castelo da Escócia


Quando olho para ti

vejo o mar

vejo o amor

menina-amor

menina-flor


Fazes desaparecer

as feridas do rocker

apaziguas

as chamas

de Lúcifer.


A. Pedro Ribeiro, "Moinho de Pedra", V. N. Telha.

OS MAGOS



FEITIÇARIA

O universo quer brincar. Aqueles que por ganância espiritual se recursam a jogar & escolhem a pura contemplação negligenciam sua humanidade - aqueles que evitam a brincadeira por causa de uma angústia tola, aqueles que hesitam, desperdiçam sua oportunidade de divindade -aqueles que fabricam para si máscaras cegas de Idéias & vagam aí à procura de uma prova para sua própria solidez acabam vendo o mundo através dos olhos de um morto. Feitiçaria: o cultivo sistemático de uma consciência aprimorada ou de uma percepção incomum & sua aplicação no mundo das ações & objetos a fim de se conseguir os resultados desejados. O aumento da amplitude da percepção gradualmente bane os falsos eus, nossos fantasmas cacofônicos - "a mágia negra" da inveja & vingança volta-se contra o autor porque o Desejo não pode ser forçado. Quando o nosso conhecimento da beleza harmoniza-se com o ludos nature, a feitiçaria começa. Não, não se trata de entortar colheres ou fazer horóscopos, naõ é a "Aurora Dourada" nem um xamanismo de brincadeira, projeção astral ou uma Missa Satânica - se você quer mistificação, procure nas coisas reais, nos bancos, política, ciência social - não esta baboseira barata da Madame Blasvatsky. A feitiçaria funciona criando ao redor de si um espaço físico/psíquico ou aberturas para um espaço de expressão sem barreiras - a metamorfose do lugar cotidiano numa esfera angelical. Isso envolve a manipulação de símbolos (que também são coisas) & de pessoas (que também...


simbólicas) - os arquétipos fornecem vocabulários para esse processo & portanto, são tratados ao mesmo tempo como reais & irreais, como palavras: Ioga da Imagem... A feitiçaria não infringe nenhuma lei da natureza porque não existe nenhuma Lei Natural, apenas a espontaneidade da natura naturans, o Tao. A feitiçaria viola as leis que procuram deter seu fluxo - padres, reis, hierofantes, místicos, cientistas & vendedores consideram a feitiçaria...
uma inimiga porque ela representa uma ameça ao poder de suas charadas & resistência de sua teia ilusória. As táticas do anarquismo ontológico estão enraizadas nesta Área secreta - os objetivos do anarquismo ontológico aparecem no seu florescimento. O Caos enfeitiça seus inimigos & recompensa seus devotos... este estranho panfleto amarelado, pseudonímico & , manchado de pó, revela tudo... passe-o adiante por um segundo de eternidade.




Hakim Bey, "Caos, Terrorismo Poético"
www.pontodevista.jor.br/guerrilha/terrorismo.htm

Sunday, February 11, 2007

É O TRABALHO, O TRABALHINHO



CAOS TERRORISMO POÉTICO & CRIMES EXEMPLARES

Hakim Bey

"Coloque placas de bronze comemorativas nos lugares(públicos ou privados) onde você teve uma revelaçãoou viveu uma experiência sexual particularmenteinesquecível".


"Ninguém jamais deveria trabalhar. O trabalho é a fonte de quase todos os sofrimentos no mundo. Praticamente qualquer mal que se possa mencionar vem do trabalho ou de se viver num mundo projetado para o trabalho. Para parar de sofrer, precisamos parar de trabalhar."


MULHERES GUERRILHEIRAS (farc)


Las FARC-EP son la juventud en armas

En una charla mantenida, en algún lugar de la selva amazónica del Caquetá, el Comandante guerrillero Raúl Reyes me decía enfático: “Las FARC son la juventud heroica de Colombia en armas”. Recorrí decenas de kilómetros y varios campamentos guerrilleros para comprobar, con mis propios ojos, las verdades del Jefe insurgente. Los encuentros con la juventud, sin embargo, me llevaron a otra precisión importante y sugestiva: cerca de la mitad de esos guerrilleros son unas preciosas muchachas a las que el peligroso oficio de la guerra no ha podido robar su encanto.
Jenny la guerrillera
Jenny había culminado de lavar su uniforme verde olivo- y otros implementos de su dotación personal- en el pequeño río que formaba parte del campamento de Reyes. Su fusil esperaba en la orilla. Al advertir mi presencia salió al piso de madera que besaba el agua. No era un terno de baño el que usaba, sino los interiores cotidianos que parecían multiplicar su sensualidad. Los entrenamientos diarios y las duras jornadas de lucha sólo habían logrado pulir las formas perfectas del cuerpo de la muchacha. Entonces recordé que: “En Colombia hay más mujeres bonitas por kilómetro cuadrado que en el resto del planeta”. La había visto antes formando parte de la escolta del Comandante. De estatura mediana, de complexión más bien fuerte, trigueña, su cabello parecía más negro con el agua. Su rostro, sus manos y sus brazos tenían el color de la panela, las demás formas de su cuerpo habían sido protegidas, amorosamente, por el uniforme y la humedad de la selva. Un rayo de sol trajo a mi mente la analogía con los rostros amasados de trigo criollo de las dulces chiquillas de mi tierra.
El cuidado personal
¿ Por que no se baña? Me pregunta. El agua esta deliciosa. Le sentará muy bien. Entonces, con un cepillo inicia el ritual insinuante de peinarse frente al doble espejo de mis pupilas deslumbradas. Me atrevo a confesarle que esta radiante. Gracias, responde, acompañando la palabra con la mejor de sus sonrisas. Le comentó que me parece positiva la preocupación por la higiene y el cuidado personal que he podido advertir en todas las combatientes. Toma al vuelo mis palabras y recordo que las audiencias publicas, formo parte del grupo guerrillero designado para asistir a los diálogos con la juventud, en la Villa Nueva Colombia, en Los Pozos, se encontraron con cientos de jóvenes procedentes de todos los lugares de Colombia, cuya primera impresión fue verlas con sus uniformes nítidos, bien maquilladas, usando aretes, anillos, pulseras y cadenas de bambalina, pero a la última moda. Los muchachos no salían de su asombro, recuerda.

dizem




Dizem que a terra
fica mais fértil á sua passagem
Mas também ela morre, também ela morre.


(Manuela Aleixo)

Saturday, February 10, 2007

DUAS ROSAS


Para ambas as Rosas da Galiza que me iluminaram a noite e a vida.

AQUI

estou aqui
e já não estou
o meu pai morreu
o Bob Marley canta na rádio
a menina limpa o fogão

estou aqui e já não estou
não sou desta terra
e o cacau não dá para bebedeiras
estou a ir-me abaixo
apesar dos rugidos
que solto de vez em quando

estou aqui e já não estou
a rádio passa música foleira
nada me alimenta a alma
estou sóe as iluminações
pós-natalíciasmetem-me nojo
"Amai-vos uns aos outros"-
pregava o outro camarada
fodei-vos uns aos outros!
-digo eu, de rajada
ide todos para o caralho!
Sobretudo vós,
locutores radiofónicos
sempre bem humorados e sorridentes
sobretudo tu, Floribella, Rosabela
,imbecil e a pilhas
ficai com o vosso amor e as velinhas
que eu prefiro o inferno
e os "Cantos de Maldoror"
e, além do mais,
o cacau não chega
para a bebedeira.

A. Pedro Ribeiro, 8.1.2007.

O SEXO E A REVOLUÇÃO



O SEXO E A REVOLUÇÃO

António Pedro Ribeiro

"Não vejo por mais que isso desagrade a alguns revolucionários de espírito tacanho, porque é nos deveríamos abster de agitar os problemas da revolução, do amor, (do sexo), do sonho, da loucura", escreveu o poeta surrealista André Breton.
Queremos estar numa paisagem "onde a revolução e o amor alumiam concordantes espantosas perspectivas e mantêm conversas perturbadoras", disse outro grande surrealista, René Char (1). Ao pé destas palavras, toda a politiquice mundial, nacional e local torna-se absurdamente mesquinha, absolutamente imbecil e pequena.
A esmagadora maioria das políticas nacionais e autárquicas, mesmo as ditas de esquerda ou de esquerda alternativa, é feita de mesquinhices, de lutas de galos ou galinhas por poleirinhos, lugarzinhos ou tachinhos, de medidazinhas que, centímetro a mais, centrímetro a menos, reproduzem a ideologia dominante e fogem ao essencial. E o essencial é a liberdade, a poesia e o amor, incluindo o sexo puro e duro, em todas as suas variantes, à boa maneira do Marquês de Sade ou de Henry Miller. A poesia revolucionária e sexual de Rimbaud, de Nietzsche, de Jim Morrison, dos Led Zeppelin, de Karl Marx, de Bakunine, de Rosa Luxemburgo é a única resposta possível ao capitalismo, ao mercado, ao mercantilismo, cujos valores- a rentabilidade, o lucro, a eficácia- tudo controlam: as decisões dos governos, o funcionamento das famílias, das escolas e dos "media". Quem o disse foi um outro revolucionário, chamado Marcos, que está no México, em Chiapas, em toda a parte. "Hay que endurecerse sin nunca perder la ternura jamas", afirmou um dia (ou terá sido uma noite?) outro revolucionário, que era argentino e cidadão do mundo, e que também anda por toda a parte. Para bom entendedor...

(1)- René Char, "Le Surrealisme au service de la révolution".

Friday, February 09, 2007

O QUE DIZEM OS MEUS INIMIGOS


Olhem lá, ó meus...

Está um gajo contente da silva a meter-se na vida dos outros que só a si próprio diz respeito quando, vindo sabe-se lá de onde, leva nas ventas hirsutas com esta cacoépia de capa e espada sem mais nem porquê!!!

Esse caro António etecetera dá-se muita importância, pá. Se ele não me pedisse um conselho, dir-lhe-ia para levar a vida mais folgada e maneirinha, que de outro modo encomenda uma úlcera e, acreditem, ninguém lhe vai erguer uma estátua. Ademais, se alguém se aventurasse nessa demanda apareceria sem demora um energúmeno qualquer que a deitaria abaixo numa noite de borracheira com filósofos de 45º etílicos. Toda a gente sabe que as obras públicas são fodidas. Aliás, daí a importância do saneamento familiar da Polícia Judiciária, mas sem precipitações, que o navio ainda flutua e os ratos não fazem cá falta.

Frente Guevarista Libertária?!?... Isso não é um tanto pretencioso? Mas trata-se de uma frente internética com a aura do camarada Che a pegar na arma, perdão, no rato? E no pai natal também acreditam...?

Bem, perdõem-me estes parcos reparos ao prato do dia, mas não gosto de ver moscas na minha merda. E como pensei que esta era uma linha aberta para falarmos, conversarmos, trocarmos informação sobre a Poesia, e outrossim do ROMP, indignei-me temporária e ligeiramente ao perceber que, afinal, vale mesmo tudo em toda a parte. O que é preciso, à laia de pretexto, é que sirva a causa em que um acredita, e não as motivações que se nos afiguram erradas dos demais.

Eu ando por aí...

Renato C.

Então, amor, andas por aí e eu também e não te conheço de lado nenhum nem quero conhecer patetas. E mete a vida maneirinha pelo cu acima.

António Pedro Ribeiro/ Frente Guevarista Libertária.

O IMPÉRIO DO CONSUMO


O Império do Consumo

Por Eduardo Galeano

A explosão do consumo no mundo atual faz mais barulho do que todas as guerras e mais algazarra do que todos os carnavais. Como diz um velho provérbio turco, aquele que bebe a conta, fica bêbado em dobro. A gandaia aturde e anuvia o olhar; esta grande bebedeira universal parece não ter limites no tempo nem no espaço. Mas a cultura de consumo faz muito barulho, assim como o tambor, porque está vazia; e na hora da verdade, quando o estrondo cessa e acaba a festa, o bêbado acorda, sozinho, acompanhado pela sua sombra e pelos pratos quebrados que deve pagar. A expansão da demanda se choca com as fronteiras impostas pelo mesmo sistema que a gera. O sistema precisa de mercados cada vez mais abertos e mais amplos tanto quanto os pulmões precisam de ar e, ao mesmo tempo, requer que estejam no chão, como estão, os preços das matérias primas e da força de trabalho humana. O sistema fala em nome de todos, dirige a todos suas imperiosas ordens de consumo, entre todos espalha a febre compradora; mas não tem jeito: para quase todo o mundo esta aventura começa e termina na telinha da TV. A maioria, que contrai dívidas para ter coisas, termina tendo apenas dívidas para pagar suas dívidas que geram novas dívidas, e acaba consumindo fantasias que, às vezes, materializa cometendo delitos. O direito ao desperdício, privilégio de poucos, afirma ser a liberdade de todos. Dize-me quanto consomes e te direi quanto vales. Esta civilização não deixa as flores dormirem, nem as galinhas, nem as pessoas. Nas estufas, as flores estão expostas à luz contínua, para fazer com que cresçam mais rapidamente. Nas fábricas de ovos, a noite também está proibida para as galinhas. E as pessoas estão condenadas à insônia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de pagar. Este modo de vida não é muito bom para as pessoas, mas é muito bom para a indústria farmacêutica. Os EUA consomem metade dos calmantes, ansiolíticos e demais drogas químicas que são vendidas legalmente no mundo; e mais da metade das drogas proibidas que são vendidas ilegalmente, o que não é uma coisinha à-toa quando se leva em conta que os EUA contam com apenas cinco por cento da população mundial. «Gente infeliz, essa que vive se comparando», lamenta uma mulher no bairro de Buceo, em Montevidéu. A dor de já não ser, que outrora cantava o tango, deu lugar à vergonha de não ter. Um homem pobre é um pobre homem. «Quando não tens nada, pensas que não vales nada», diz um rapaz no bairro Villa Fiorito, em Buenos Aires. E outro confirma, na cidade dominicana de San Francisco de Macorís: «Meus irmãos trabalham para as marcas. Vivem comprando etiquetas, e vivem suando feito loucos para pagar as prestações». Invisível violência do mercado: a diversidade é inimiga da rentabilidade, e a uniformidade é que manda. A produção em série, em escala gigantesca, impõe em todas partes suas pautas obrigatórias de consumo. Esta ditadura da uniformização obrigatória é mais devastadora do que qualquer ditadura do partido único: impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz seres humanos como fotocópias do consumidor exemplar. O consumidor exemplar é o homem quieto. Esta civilização, que confunde quantidade com qualidade, confunde gordura com boa alimentação. Segundo a revista científica The Lancet, na última década a «obesidade mórbida» aumentou quase 30% entre a população jovem dos países mais desenvolvidos. Entre as crianças norte-americanas, a obesidade aumentou 40% nos últimos dezesseis anos, segundo pesquisa recente do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Colorado. O país que inventou as comidas e bebidas light, os diet food e os alimentos fat free, tem a maior quantidade de gordos do mundo. O consumidor exemplar desce do carro só para trabalhar e para assistir televisão. Sentado na frente da telinha, passa quatro horas por dia devorando comida plástica. Vence o lixo fantasiado de comida: essa indústria está conquistando os paladares do mundo e está demolindo as tradições da cozinha local. Os costumes do bom comer, que vêm de longe, contam, em alguns países, milhares de anos de refinamento e diversidade e constituem um patrimônio coletivo que, de algum modo, está nos fogões de todos e não apenas na mesa dos ricos. Essas tradições, esses sinais de identidade cultural, essas festas da vida, estão sendo esmagadas, de modo fulminante, pela imposição do saber químico e único: a globalização do hambúrguer, a ditadura do fast food.
A plastificação da comida em escala mundial, obra do McDonald´s, do Burger King e de outras fábricas, viola com sucesso o direito à autodeterminação da cozinha: direito sagrado, porque na boca a alma tem uma das suas portas. A Copa do Mundo de futebol de 1998 confirmou para nós, entre outras coisas, que o cartão MasterCard tonifica os músculos, que a Coca-Cola proporciona eterna juventude e que o cardápio do McDonald´s não pode faltar na barriga de um bom atleta. O imenso exército do McDonald´s dispara hambúrgueres nas bocas das crianças e dos adultos no planeta inteiro. O duplo arco dessa M serviu como estandarte, durante a recente conquista dos países do Leste Europeu. As filas na frente do McDonald´s de Moscou, inaugurado em 1990 com bandas e fanfarras, simbolizaram a vitória do Ocidente com tanta eloqüência quanto a queda do Muro de Berlim. Um sinal dos tempos: essa empresa, que encarna as virtudes do mundo livre, nega aos seus empregados a liberdade de filiar-se a qualquer sindicato. O McDonald´s viola, assim, um direito legalmente consagrado nos muitos países onde opera. Em 1997, alguns trabalhadores, membros disso que a empresa chama de Macfamília, tentaram sindicalizar-se em um restaurante de Montreal, no Canadá: o restaurante fechou. Mas, em 98, outros empregados do McDonald´s, em uma pequena cidade próxima a Vancouver, conseguiram essa conquista, digna do Guinness. As massas consumidoras recebem ordens em um idioma universal: a publicidade conseguiu aquilo que o esperanto quis e não pôde. Qualquer um entende, em qualquer lugar, as mensagens que a televisão transmite. No último quarto de século, os gastos em propaganda dobraram no mundo todo. Graças a isso, as crianças pobres bebem cada vez mais Coca-Cola e cada vez menos leite e o tempo de lazer vai se tornando tempo de consumo obrigatório. Tempo livre, tempo prisioneiro: as casas muito pobres não têm cama, mas têm televisão, e a televisão está com a palavra. Comprado em prestações, esse animalzinho é uma prova da vocação democrática do progresso: não escuta ninguém, mas fala para todos. Pobres e ricos conhecem, assim, as qualidades dos automóveis do último modelo, e pobres e ricos ficam sabendo das vantajosas taxas de juros que tal ou qual banco oferece. Os especialistas sabem transformar as mercadorias em mágicos conjuntos contra a solidão. As coisas possuem atributos humanos: acariciam, fazem companhia, compreendem, ajudam, o perfume te beija e o carro é o amigo que nunca falha. A cultura do consumo fez da solidão o mais lucrativo dos mercados. Os buracos no peito são preenchidos enchendo-os de coisas, ou sonhando com fazer isso. E as coisas não só podem abraçar: elas também podem ser símbolos de ascensão social, salvo-condutos para atravessar as alfândegas da sociedade de classes, chaves que abrem as portas proibidas. Quanto mais exclusivas, melhor: as coisas escolhem você e salvam você do anonimato das multidões. A publicidade não informa sobre o produto que vende, ou faz isso muito raramente. Isso é o que menos importa. Sua função primordial consiste em compensar frustrações e alimentar fantasias. Comprando este creme de barbear, você quer se transformar em quem? O criminologista Anthony Platt observou que os delitos das ruas não são fruto somente da extrema pobreza. Também são fruto da ética individualista. A obsessão social pelo sucesso, diz Platt, incide decisivamente sobre a apropriação ilegal das coisas. Eu sempre ouvi dizer que o dinheiro não trás felicidade; mas qualquer pobre que assista televisão tem motivos de sobra para acreditar que o dinheiro trás algo tão parecido que a diferença é assunto para especialistas. Segundo o historiador Eric Hobsbawm, o século XX marcou o fim de sete mil anos de vida humana centrada na agricultura, desde que apareceram os primeiros cultivos, no final do paleolítico. A população mundial torna-se urbana, os camponeses tornam-se cidadãos.
Na América Latina temos campos sem ninguém e enormes formigueiros urbanos: as maiores cidades do mundo, e as mais injustas. Expulsos pela agricultura moderna de exportação e pela erosão das suas terras, os camponeses invadem os subúrbios. Eles acreditam que Deus está em todas partes, mas por experiência própria sabem que atende nos grandes centros urbanos.
As cidades prometem trabalho, prosperidade, um futuro para os filhos. Nos campos, os esperadores olham a vida passar, e morrem bocejando; nas cidades, a vida acontece e chama. Amontoados em cortiços, a primeira coisa que os recém chegados descobrem é que o trabalho falta e os braços sobram, que nada é de graça e que os artigos de luxo mais caros são o ar e o silêncio. Enquanto o século XIV nascia, o padre Giordano da Rivalto pronunciou, em Florença, um elogio das cidades.
Disse que as cidades cresciam «porque as pessoas sentem gosto em juntar-se». Juntar-se, encontrar-se. Mas, quem encontra com quem? A esperança encontra-se com a realidade? O desejo, encontra-se com o mundo? E as pessoas, encontram-se com as pessoas?Se as relações humanas foram reduzidas a relações entre coisas, quanta gente encontra-se com as coisas?
O mundo inteiro tende a transformar-se em uma grande tela de televisão, na qual as coisas se olham mas não se tocam. As mercadorias em oferta invadem e privatizam os espaços públicos.
Os terminais de ônibus e as estações de trens, que até pouco tempo atrás eram espaços de encontro entre pessoas, estão se transformando, agora, em espaços de exibição comercial. O shopping center, o centro comercial, vitrine de todas as vitrines, impõe sua presença esmagadora. As multidões concorrem, em peregrinação, a esse templo maior das missas do consumo. A maioria dos devotos contempla, em êxtase, as coisas que seus bolsos não podem pagar, enquanto a minoria compradora é submetida ao bombardeio da oferta incessante e extenuante.

MORREU UM ANJO


Para Anna Nicole Smith,
mais uma vítima da fama.

NA MERDA

Na merda
a cair
enclausurada

queimo as cartas
os retratos
as palavras

e o deserto dói
o deserto mata

ao telefone
os amigos falham

nada sai
nada vem
desse lado
do espelho.

A. Pedro Ribeiro, "Saloon", Edições Mortas.

MANIFESTO


manifesto empolgado/ manifesto à flor do ecrã de um telemóvel

Estou um bocadinho farto. Confesso. Estou um niquinha farto. Confesso que estou um niquinta farto:
Mensagem Recebida, que bom. Quem me quer dizer o quê? Alguém para convidar para um copo. Não! Alguém para perguntar "Tá td bem ctg?" Não! Alguém para dizer "Hoje chego mais tarde..." Não!
-Não vai chegar tarde, não!, já cá está: esta estúpida desta mensagem! Comigo não está nada bem! quando recebo estas mensagens só me apetece é embebedar-me para esquecer a sua existência!
E na minha caixa de correio electrónico?! Na minha caixa de correio electrónico passa-se exactamente o mesmo: sempre a martelarem-me com espécies de frases-feitas num misto de inutilidade e trespassada inutilidade! Se Deus existisse, não existiam estas sms e estes e-mails! Ah, mas o Diabo existe; o Diabo existe... porque se não não existiam estas inutilmente fraudulentas e real e trampatoriamente ridículas mensagens!
Lê, passa: vais ter sorte, vais receber bónus em chamadas, vais encontrar-alguém-especial; se não o fizeres: vais morrer, vais ser castrado, vais fazer o pino (vais ser parvo! é o que vais ser, se passares esta mensagem). Passa a quinze amigos... É nestas alturas que vemos os amigos que temos: sempre a passar-nos mensagens estúpidas que nos matam a cabeça!)
Acabem com as mensagens grátis! É urgente! Se pelo menos deixasse de haver mensagens grátis estas mensagens morreriam na ponta dos dedos de quem as cria! Eu não queria que quem as cria as criasse! Por que é que tenho de levar com vocês no meu telemóvel? Deixem-me suas bestas! Ainda me deixo a mim próprio por causa de vocês! A mim próprio e aos meus contactos na memória do telefone ocupada com as vossas palavras bestiais- tão bestiais que até as catalogaria de real trampa dos nosso dias! Seus cobartes dos pontos finais!
Comprem um segundo ou um terceiro ou um quarto telemóvel e depois enviem mensagens de uns telemovéis para os outros, para se divertirem no recreio sem incomodarem quem não tem paciência para estas coisas! Masturbem-se! Usem ponto final, e vírgula já agora; podem usar também ponto e vírgula (se faz favor)?- e até parêntesis ou mesmo travessão, numa escrita deveras mais elaborada. Era só para não me fazer mal à vista...
Sabes, é que custa-me cagar quanto nao tenho vírgulas nem travessões. Podia cagar nos vossos travesseiros, se soubesse quem são. Mas infelizmente só recebo a vossa hipocrisia. É isso e os pontos finais. Eu não esqueço os pontos finais! Se querem escrever usem pontos finais. Quer dizer, chego ao fim da mensagem em todo o meu tom coloquial e não sei se a caganita que ali está é simplesmente um ponto ou se é um ponto final. Acham justo fazer-me isto suas bestas quadradas (que é o ecrã azul de um telemóvel)?

in http://mensagemrecebida.blogspot.com

Wednesday, February 07, 2007

ALIANÇA LIBERTINA


O PARTIDO SURREALISTA SITUACIONISTA LIBERTÁRIO (PSSL), O PARTIDO INTERESTELAR PARRACHIANO ANARCO-DISCORDIANO (o partido da hermenêutica psicodélica)-PIPA http://pipa55.blogspot.com, A ASSOCIAÇÃO DOS LIBERTINOS APOSENTADOS E A COMISSÃO DOS UTENTES OPRIMIDOS E ROTOS (CUOR) INICIARAM CONVERSAÇÕES, TENDO EM VISTA ACÇÕES COMUNS E A PARTICIPAÇÃO NAS PRÓXIMAS ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS E LEGISLATIVAS.
O BLOCO E A ESQUERDA QUE SE CUIDEM!

NU E CRU (FORA DA MORAL)


BÊNÇÃO

Ter dinheiro e não ter
Pagar ficar a dever
Ir aos bares do Bairro Alto
Beber nos bares nas barracas
Cheio de cacau nos bolsos

Depois deixar cair o cacau
Pelos bolsos abaixo
Perder os óculos em Lisboa
Andar à toa feito rock-star

Regressar sem saber como
Comprar dois bilhetes em vez de um
Um para o Porto outro para Coimbra
Viajar fodido dos cornos, do estômago e da barriga
Entrar, sair e depois cair na cama
Sem luz, sem vontade
E depois regressar a Zaratustra
Ao poeta-mago
Ao céu ao sol à luz
Às mulheres que queres
Aos pulsos que cortas que feres
À prudência que mandas para o caralho
Vira o baralho
E volta o futebol
O circo máximo de outrora
Quando andavas por Roma
Entre Cícero e Augusto
Rei morto, rei posto
Em transe por Lisboa
Ao acaso à deriva à sorte
Como Pessoa

E, por duas horas, não sabes bem
O que fizeste, onde estiveste
Com quem estiveste
Ficou tudo em branco

Hoje estás a caminho do mesmo
Mas não tens cacau
E isto não é Lisboa
Nem tu és o príncipe da Macedónia
Só há golos e tolos a festejar
Nuvens a perturbar- assim falava Zaratustra
E tu amas as alturas
Amas realmente as alturas
E até a Humanidade
Mas não suportas a pequenez dos homens
És daqueles que sabes
Nada há a fazer
Mesmo que vás pelos caminhos direitos
Haverá sempre noites, dias em que seguirás
As ruas tortuosas
Porque sabes que esse é o caminho do Céu
Não o céu de Deus, de Alá ou de Cristo
Mas o céu de Nietzsche, de Blake, de Rimbaud,
De todos os malditos
Abençoados sejam os malditos
Abençoados sejam os que procuram a luz
No meio das trevas
Abençoados sejam os que te amam
Abençoados os que enlouquecem
Porque a loucura dos que se curvam
Não é loucura, é doença.

Vila do Conde, 28.0ut.06

PARA OS CABRÕES DAS OPAS E DO CACAU


UMA OPA NA TUA SOPA

Dá-me uma OPA
uma contra-OPA
quero ver a alta finança a delirar
a Bolsa sem controle
os capitalistas a devorarem-se

Uma OPA na tua sopa
dá-me uma OPA
para eu brincar

Uma OPA papa o Papa
uma OPA caga a caca
uma OPA vem-se na copa
uma OPA snifa a coca
uma OPA viola a foca
uma OPA vai à tropa
uma OPA na ressaca
uma OPA
para quem a apanhar

Uma OPA na tua sopa
dá-me uma OPA
para eu brincar.

OLHA A TRANSPARÊNCIA...


EL CHE A RIR
E O BLOCO A CAIR

Câmara de Salvaterra de Magos nega que presidente tenha sido constituída arguida
Os responsáveis da Câmara de Salvaterra de Magos negaram hoje, em comunicado, que a sua presidente, Ana Cristina Ribeiro, tenha sido constituída arguida no âmbito das buscas que a Polícia Judiciária efectuou esta manhã na autarquia.
Francisco Louçã encara buscas da PJ "com toda a naturalidade"
PJ efectua buscas na Câmara de Salvaterra de Magos

OLHA A NATURALIDADE!

Tuesday, February 06, 2007

AI, ANÍBAL, ANÍBAL


Rompimento de chaminé causa incêndio no Cavaco.
(Jornal de Notícias, 30.1.2007)

para o post anterior http://afilosofia.no.sapo.pt

VIVE L' ANARCHIE!


Anarquismo (literalmente "sem poder")

Movimento político que defende uma organização social baseada em consensos e na cooperação de indivíduos livres e autónomos, mas onde à partida sejam abolidas entre eles todas as formas de poder. A Anarquia seria assim uma sociedade sem poder, dado que os indivíduos de uma dada sociedade, se auto-organizariam de tal forma que garantiriam que todos teriam em todas as circunstâncias a mesma capacidade de decisão. Esta sociedade, objecto de inúmeras configurações, apresenta-se como uma "Utopia" (algo sem tempo ou espaço determinado). É um ideal a atingir.
As origens do anarquismo, entroncam directamente na concepção individualista dos direitos naturais defendida por John Locke. A sociedade para este filósofo inglês era o resultado de um contrato voluntário acordado entre individuos iguais em direito e em deveres. No entanto foi só a partir do final do século XVIII que o anarquismo se veio a estruturar como uma corrente política autónoma, com seguidores em toda a parte do mundo. Entre os seus teóricos contam-se pensadores tão diversos como William Godwin (1773-1836), P.J.Proudhon (1809-1865), Bakunine (1814-1870), Kropotkin (1842-1921) ou o português Silva Mendes.
A intervenção política dos anarquistas, pouco inclinados à constituição de grandes organizações, embora muito dispersa tem historicamente se centrado a sua luta na defesa de seis ideias:
1. Direitos Fundamentais dos Indivíduos. Os anarquistas, como os liberais foram os primeiros retirar das ideias de John Locke profundas implicações politicas. Em primeiro lugar a ideia da primazia do indivíduo face à sociedade. Em segundo, a ideia de que todo o indivíduo é único e possui um conjunto de direitos naturais que não podem ser posto em causa por nenhum tipo de sociedade que exista ou venha a ser criada.
2. Acção Directa. Recusando por princípio o sistema de representação, os anarquistas afirmam o valor da acção directa do indivíduo na realidade social. Este conceito foi interpretado no final do século XIX/princípios do século XX, por alguns anarquistas, como uma forma de actuação política, cometendo assassinatos de figuras políticas que diziam simbolizarem tudo aquilo que reprovavam ( a célebre propaganda por factos).
3. Crítica dos Preconceitos Ideológicos e Morais. Uma das suas facetas mais conhecidas pela sua crítica irreverente à sociedade. Com a sua crítica demolidora dos preconceitos sociais pretendem destruir todas as condicionantes mentais que possam impedir o indivíduo de ser livre e de se assumir como tal.
4. Educação Libertária. Os anarquistas viram na educação um processo de emancipação dos indivíduos, acreditando que por esta via podiam lançar as bases de um nova sociedade.
5. Auto-organização. Embora recusem qualquer forma de poder, a maioria dos anarquistas não recusa a constituição de organizações. Estas devem contudo ser o resultado de uma acção consciente e voluntária dos seus membros, mantendo entre eles uma total igualdade de forma a impedir a formação de relações de poder (dirigentes/dirigidos, representantes/representados, etc). É por esta razão que tendem desconfiar ou combater, as grandes organizações porque nelas a maioria dos indivíduos tendem a ser afastados dos processos de decisão. Os anarquistas estão desde o século XIX ligados à criação de sociedades mutualistas, cooperativas, associações de trabalhadores (sindicatos e confederações, etc), ateneus, colónias e experiências auto-gestionárias. Em todas estas formas de organização procuram em pequena ou grande escala ensaiar a sociedade que preconizam.
6. Sociedade Global. Um dos seus grandes ideais foi sempre a constituição de uma sociedade planetária que permitisse a livre circulação de pessoas ou o fim das guerras entre países. É neste sentido que alguns anarquistas, como P. Kropotkin, viram no desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação um meio que poderia conduzir ao advento da Anarquia.
A defesa destas ideias tem caracterizado o movimento anarquista internacional, ao longo dos seus duzentos anos de existência.
Carlos Fontes

O SALOON DO SALOON


SALOON

Todos os loucos desaguam à minha mesa.

O revisor da CP com dúvidas metafísicas
- sabe, estive a pensar como seria o mundo de pernas para o ar
o bisneto do escultor
-você é jornalista, faça-me uma entrevista.

As amigas acariciam-se nas bochechas
o filme recua dez anos
matilha que reconhece o totem

Bombos da corte
barbas pontiagudas
rússia imperial

bazar do czar

Saloon
cavalos à porta
cowboys punks urinóis

chuta, chabalo.

A. Pedro Ribeiro, Porto, Luso, Natal 2000
in "Saloon" (Edições Mortas)

Monday, February 05, 2007

DANCE TO THE RADIO


diz:
dance, dance, dance to the radio
in Paris, in Athens, in Rome
all night long
with Caeser, Socrates and Plato
dance, dance, little girl
with Dionisos, Jesus and the rainbow
dance, dance, dance,
with Nietzsche, Blake and Rimbaud
dance, dance, dance, all night long.

A. Pedro Ribeiro, inspirado em Ian Curtis.

QUEDA? REDENÇÃO? TRAIÇÃO?


JESUS

Jesus
o sol
a luz
a meio do concerto
do deserto
do desespero

Jesus
a luz que guia
na rua
no escuro

Jesus
dá-me asas
dá-me forças
para enfrentar o medo
as perseguições
os vendilhões do templo

Jesus
a estrela está em mim
dentro das moléculas
no universo
no último verso
no único verso.

A. Pedro Ribeiro in "Saloon" (Edições Mortas), p.23

SÓ NO HOTEL SOSSEGO


Apesar de isto ser um descampado
Ela disse: Eu deixei a droga quando descobri Deus.
Ele respondeu: Eu deixei Deus quando descobri este hotel onde uma vez pernoitou o Rei de Inglaterra.

com a devida vénia aos nossos irmãos de http://sossegohotel.blogspot.com
no post anterior leia-se http://povoaonline.blogspot.com

O JARDIM DA PÓVOA


A FRASE ASSASSINA

Em entrevista à Rádio Onda Viva, o que se diz Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, declarou mais ou menos isto:“Enquanto, como autarca, estiver consciente de que não estou a tirar benefícios pessoais do cargo que exerço, continuarei a exercer as minhas funções para que fui eleito pelo povo”.Muito bem.Como o leitor pode ver na foto, estamos em frente ao balcão do Millennium BCP na Praça Luís de Camões, mais conhecida por ter a estátua do Sá Carneiro.Antes de ser um balcão do BCP era um do Banco Pinto & Sotto Mayor, o qual foi adquirido por aquele, como pode ler aqui.Estamos em condições de informar os leitores que o que se diz Presidente da Câmara possuía uma conta naquele balcão em nome do filho Gustavo, com um saldo de mais de cem mil contos.Sim. Leu bem. Mais de cem mil contos.Diz quem sabe que o homem fazia depósitos em dinheiro e já tinha o percurso interno traçado previamente: directo ao gabinete do gerente.Desta vez não é preciso chamar o Tribunal da Califórnia.Coloca a queixa no Ministério Público.Nós levamos as testemunhas, o gerente e o sub-gerente, e exigimos um extracto do banco contendo os respectivos movimentos, os quais não são apagados pelo tempo.Como diria o povo: Andou! Mundo!

Fernando Cardoso
in povoaonline.blogspot.com

Sunday, February 04, 2007

PORTO 2001 NO SALOON


PORTO 2001
ou o outro lado da Capital Europeia da Cultura

Inferno nos olhos
arde mata
sangue sanguessuga
carcaça carcomida
chupada até à gota

deserto nos olhos do Buda
oração na montanha
senha de uma nação
castelo fortaleza brasão

às voltas, à solta
enrola descola
sai para a rua
este é o reino
a terra prometida
e agora?

Inferno nos olhos
sida no vidro

e tu cais
desconversas ao telefone
quando o carnaval
desce à cidade natal
e as caras deslavadas se insinuam
de chapéu e lenço revivalista ao pescoço
vilar de mouros
led zeppelin street
cerveja na mão
à espera da dama de porcelana

e a multidão afoga-se em ti

dá-me um poeta lírico
dá-me um poeta lírico
para foder esta noite
uma cara bonita
para desfigurar

salvas de canhões
luzes no rio azuis

as mamas da boazona
anubciam o jackpot na tv
e o camarada
fala da revolução traída

agarrados ao telemóvel
como à piça

Camarada,
traz-me
uma revolução armada!

in "Saloon", A. Pedro Ribeiro.



SALOON-A.PEDRO RIBEIRO

SALOON NA PULGA

"Saloon" é o título do novo livro de poesia de A. Pedro Ribeiro, publicado pelas Edições Mortas e já está disponível na livraria Pulga, tal como "Teatro D' Abjecção" de A. da Silva O. "Saloon" sucede a "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro. Manifestos do Partido Surrealista Situacionista Libertário" (Objecto Cardíaco, 2006), a "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (Edição Pirata, 2004) e a "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001). A “Pulga” situa-se no Parque Itália (à Boavista) na rua Júlio Dinis,752 -1º Loja 70- 4050-405 Porto. "Saloon" fala dos bares, dos saloons, da vida da noite na cidade, do “narciso do bar que controla”/ poeta-cantor libertino/ cowboy a gingar, da mulher (presente e ausente), do amor, do sexo puro e duro, dos jogos de sedução, da prostituição, dos copos até de madrugada, das alucinações, da loucura mas também de uma certa redenção/misticismo/messianismo expresso em poemas como "Jesus" ou "Madalena" e é ainda rebelião libertária/libertina em bruto em “Porto 2001”, “A Arder” ou “O Futuro Já Não É”. A ironia dada/surrealista, que marcou a anterior “Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro” é visível, por exemplo em “Mamas” ou “Oceano”.
A. Pedro Ribeiro ou António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 68 (não por acaso…). Tem andado por Braga, Trofa, Porto, Vila do Conde e Póvoa de Varzim e actualmente reside em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). É vocalista da banda punk-rock MANA CALORICA & LAS TEQUILLAS e há 18 anos que diz poesia em vários tascos, salas e saloons do país. É licenciado em Sociologia e é cronista, tendo já exercido jornalismo. Foi fundador e é colaborador da revista “Aguasfurtadas”. Em 2005 a RTP e o PÚBLICO noticiaram uma candidatura sua à Presidência da República pela Frente Guevarista Libertária, organização acusada de derrubar em 2003 a estátua do Major Mota, antigo Comandante da Legião Portuguesa e presidente da Câmara da Póvoa durante a ditadura salazarista.
António Pedro Ribeiro foi também associado a uma pretensa ocupação ou encerramento do hipermercado Feira Nova em Braga em Setembro de 1990. Foi mandatário distrital em Braga pelo PSR nas eleições legislativas de 1995 e às Juntas de Freguesia da Póvoa (onde ficou a dois votos de ser eleito para a Assembleia de freguesia) e de Vila do Conde em 2005 e 2001 pelo Bloco de Esquerda, partido de que se afastou. Actualmente considera-se anarco-nietzscheano-guevarista.
CONTACTOS: António Pedro Ribeiro tel. 229270069
http://tripnaarcada.blogspot.com
http://partido-surrealista.blogspot.com
LIVRARIA PULGA/EDIÇÕES MORTAS
TEL. 914223065 http://edicoes-mortas.blogspot.com info@edicoes-mortas.com

Friday, February 02, 2007

PARTIDO SURREALISTA SITUACIONISTA LIBERTÁRIO


Hoje nasce oficialmente o blog do PARTIDO SURREALISTA SITUACIONISTA LIBERTÁRIO. Começamos por saudar todos os camaradas, companheiros e amigas que, desde já, se queiram associar às nossas causas. Queremos construir um novo partido sem dirigidos nem dirigentes, sem sabonetes, nem detergentes. Saudamos também os nossos irmãos em http://pipa55.blogspot.com e http://tripnaarcada.blogspot.com.

THE BLACK SWAN

Vens à cidade
E ela escapa-se-te
Por entre os dedos do último metro
Uma vez mais
O acaso que fere que queres
À deriva por fora da cartilha maternal
Apeado por um metro por um minuto
Por uma fita amarela
Nos braços da Aurora

Vens à cidade
E ninguém te espera
Nem sequer as mamas
Da gaja do lado
Cujas mãos folheiam um livro
Talvez até de Cesariny
Olha, afinal não,
É o “Discurso do Método” de Descartes
A razão a descartar o instinto e a loucura
Mas tu continuas a ser tu próprio
A aguentar o “Barco Bêbado”
As cheias do Douro
Com o ouro nos bolsos, para variar
À deriva por uma diva
À deriva a ferir a dama
Mas, apesar de tudo,
Permaneces íntegro integral
Até pediste um café
Enquanto que as gajas do lado
Se emborracham
Para contrariar o habitual

Vieste com Cesariny, com a liberdade, com o surreal
Mas o bar da poesia ficou alagado
Pelo rio da àgua
Pelo Rio da Câmara
E perdeste a vontade de rir

Sempre odiaste os grupos, os grupelhos organizados,
Os grupecos fechados
Embora até prefiras juntar-te às matilhas de fêmeas
Em detrimento dos machos
Porque são mais selvagens, mais livres,
Mais próximas, mais naturais
E riem loucamente
E acariciam os cabelos loucamente
E fazem-te beber até ao fim
Como o teu amigo Jim
Até ao tasco fechar
Até ao barco se afundar
Na cidade onde nasceste
Onde já foste tudo e nada
“O nada que é tudo”
Rei e mendigo
Actor e espectador
Vítima e carrasco
Vens da noite e amas a noite
Vens do fracasso em busca da luz
Vens do cansaço em busca do Homem
Bebes porque só assim consegues viver
Vives porque só assim consegues beber
Entre mulheres e fantasmas
Entre delírios e gargalhadas
Entre a Pamela Anderson, a Mimi,
A Minka e a Bárbara Guimarães
Entre as gajas das revistas
E as putas da rua
Ama-las a todas
Quere-las a todas
Excepto se forem feias
Excepto se forem frias
Excepto se forem vazias
Excepto se forem santas

Mas amas sobretudo a rainha de copas
E as tuas irmãs
Não sabes é, ao certo, quantas são
Algumas nunca as viste
Nem sabes quem são
Vives em Roma, em Atenas
E és completamente doido
Completamente fora
Por isso é que os guardiões do templo e os moralistas
Te querem manter cativo, em hospícios,
Longe da cidade
Porque sabem que tens o dom da palavra
E podes tornar-te perigoso
Sobretudo nos dias e noites em que tens visões
E procuras a tribo

Na infância e na adolescência controlavas-te
E fechavas-te numa espécie de redoma
E tinhas medo de Deus, da moral e de partir os vidros
Mas a tola é a mesma:
Genial? Mágica? Maníaca? Demoníaca? Dionisíaca? Apolínea?-talvez, também.

Vens à cidade- ela pertence-te
Nada tens a temer
É a tua mulher- a dama de espadas
É tua como a lua como a cona
Como a rua do poema
E já perdeste o preconceito a vergonha
E já te apetece perderes-te com as gajas com as bacantes
No meio delas no meio do mar
Mas o amigo chama-te
O velho camarada de outras eras
Do outro que eras
E ainda és

E o camarada arranca a página da “Ilíada”
No meio das patas, dos marinheiros, dos travestis
E a rainha faz anos
O rei está doente
E até parece pecado
Quando te fazem perguntas
Acerca de Timor e da Indonésia
Do Suharto, do Alatas
Do Ximenes, o Belo, e do Horta diplomata
Todos uns bons filhos da puta
Da puta não, que até a amas
Como à Madalena
É aqui que te tomam por culto, por santo,
Porque lês Sade, Nietzsche, Miller
E compras jornais
E todos eles estão em ti
O Cesariny, o Oom e o Lisboa

Putas travestidas de mamas à mostra
Poema contínuo (como Herberto)
Em coma, na cona, em Roma
Vais chegar a casa às 7 da manhã
Como Satã na canção (na tua canção)
E o teu nome é mesmo Liberdade
És o anarquista do Vale
A caminho do Hades será que hás-de
Cair na Graça
Ou em desgraça?

Puto de poema que nunca mais acaba
Puta do poema que me desperta
De qualquer forma, cavaleiro negro,
Não olhes para mim
Não me estendas a mão
Contigo não vou
Não sou teu
Nem por milhões
Nem por euromilhões
Vai, morte,
Que me persegues,
Vai, sorte,
Que me feres

Olha, voltaram a meter conversa
Com os meus versos
Falam-te de Fidel, de Chávez, da América Latina
Tornaste-te um intelectual respeitado
Por estas bandas
Esquerdista convicto
Bombista nas horas vagas
Afinal, os livros até te servem de alguma coisa
E o filme regressa
Sobes, de novo, ao palco,
Armado em estrela
Não consegues fugir à fama, à ilusão maldita
Só no palco te sentes em cima
Amado odiado
Com fantasmas nos cornos, é certo,
Com moinhos e Dulcineias
Narciso incendeias
Mas permaneces em comunhão
Com aqueles que segues com aqueles que amas
Com a estrela que segues sempre
Rubra negra imensa maldita
Que te faz “intensamente livre”
Imensamente livre
Como o cisne, como o poeta
O último dos românticos- como dizem na entrevista
Que nada tem a ver com o caramelo lá de cima
Ou talvez até tenha- já nem sei
Não quero saber

És o poeta, o cisne negro, the black swan,
The end.


Porto, piolho-big ben, nov. 2006


A. PEDRO RIBEIRO