Thursday, May 29, 2008

WALT WHITMAN


Um mundo, como o que Whitman vislumbrou,

Onde os homens e mulheres não levem as leis a sério,

Onde o escravo deixe de existir, e o amo dos escravos,

Onde o populacho se levante imediatamente contra a eterna audácia dos privilegiados,...

Onde as crianças aprendam a operar por conta própria, e a depender de si mesmos,

Onde a equanimidade se reflita em fatos,

Onde as especulações sobre a alma sejam estimuladas,

Onde as mulheres caminhem em procissão pública nas ruas da mesma forma que os homens,

Onde participem na assembléia pública e tomem seus lugares da mesma forma que os homens....

As formas primordiais surgem!

Formas da democracia total, resultado de séculos,

Formas que projetam inclusive outras formas,

Formas de turbulentas cidades masculinas,

Formas dos amigos e anfitriões do mundo,

Formas que abraçam a terra, e são abraçadas por toda a terra.

PSSLM-68


PARTIDO SURREALISTA SITUACIONISTA LIBERTÁRIO DO MAIO DE 68



Vimos por este meio anunciar a fundação do Partido Surrealista Situacionista Libertário do Maio de 68 (PSSLM-68), organização que tem por base o ideário da revolução de Maio de 68, bem como os contributos das correntes surrealista, situacionista, libertária e guevarista. O PSSLM-68 assume-se como anti-capitalista e anti-imperialista e recusa a redução do Homem à condição de número e de mercadoria, assim como o império do mercado, do lucro e do dinheiro. O PSSLM-68 assume-se como anti-autoritário e recusa a linha reformista do PCP e a via do Bloco de Esquerda que se converteu numa espécie de partido da virtude. O PSSLM-68 faz suas as bandeiras do Maio de 68: "Sejamos realistas, exijamos o impossível!", "a imaginação ao poder", por considerar que se mantêm actuais na entediante e castradora sociedade capitalista. O PSSLM-68 considera que a poesia deve ser feita por todos na rua.



Pelo PSSLM-68,

António Pedro Ribeiro

Poeta, diseur, performer, ex-aderente nº 346 do Bloco de Esquerda, autor dos livros "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro. Manifestos do Partido Surrealista Situacionista Libertário" (Objecto Cardíaco), "Um Poeta a Mijar" (Corpos) e "Saloon" (Edições Mortas).

tel. 965045714

César Taíbo

Artista plástico



http://partido-surrealista.blogspot.com

http://tripnaarcada.blogspot.com

www.myspace.com/manacalorica

Tuesday, May 27, 2008

FRASES DO MAIO DE 68


Abaixo os jornalistas e todos os que querem manipular.

Abolição da sociedade de classes.

Abraça o teu amor sem largar a tua arma.

Abram as janelas do coração.

Acabareis todos por morrer de conforto.

Adoro escrever nas paredes.

Ainda não acabou!

Amem-se uns aos outros.

Antes de escrever, aprende a pensar.

Aqueles que fazem uma meia-revolução apenas cavam a sua própria sepultura. (Saint-Just)

As armas da crítica passam pela crítica das armas.

As lágrimas da burguesia são o néctar dos deuses.

As paredes têm ouvidos, os ouvidos têm paredes.

Autogestão da vida quotidiana.

Bobo, dodo, metro (trabalho, dormir, metro).

Camaradas, o amor também se faz na Faculdade de Ciências.

Ceder um pouco é capitular muito.

Consuma mais, viva menos.

Corre, camarada, o velho mundo está atrás de ti.

Criatividade, espontaneidade, vida.

CRS=SS.

Decretado o estado de felicidade permanente.

Desde 1936 eu tenho lutado por aumentos salariais. O meu pai, antes de mim, também lutou por aumentos salariais. Agora eu tenho uma TV, uma geladeira, um Volkswagen. Porém, apesar de tudo, a minha vida continua a ser uma vida de cão. Não discutas com os patrões, elimina-os.

10 horas de prazer, já!

É proibido proibir. (Cohn-Bendit)

Enraiveçam-se!

Escrevam por toda a parte!

Estudantes, professores, operários, imigrantes.

Eu gozo.

Eu participo. Tu participas. Ele participa. Nós participamos. Vós participais. Eles lucram.

Eu tinha alguma coisa a dizer, mas não sei mais o quê.

Faço dos meus desejos realidade porque acredito na realidade dos meus desejos.

Faz amor e não a guerra.

Fim da liberdade aos inimigos da realidade.

Já passaram 10 dias de felicidade. (à porta da Sorbonne ocupada)

Eu sou marxista de tendência Groucho.

Justiça, liberdade, solidariedade.

Juventude marxista pessimista.

La lutte continue.

A revolução é inacreditável porque é verdadeira.

Levemos a revolução a sério, não nos levemos a sério.

Longa vida à comunicação, abaixo a telecomunicação.

Mesmo que não tenhas nada a dizer, fala na mesma.

Milionários de todos os países unam-se, o vento está a mudar.

Não consumas Marx. Vive-o.

Não é possível integrar uma sociedade em desintegração.

Não mudem de empregadores, mudem o emprego da vida.

Não nos prendamos ao espectáculo da contestação, passemos à contestação do espectáculo.

Não reclamaremos nada. Não pediremos nada. Tomaremos. Ocuparemos.

Não tomem o elevador, tomem o poder.

Não, não seremos apanhados pelo Grande Partido da Classe Trabalhadora.

Nós somos todos judeus alemães.

Somos todos indesejáveis.

O aborrecimento é contra-revolucionário.

O agressor não é aquele que se revolta, mas aquele que reprime.

O àlcool mata. Tomem LSD.

O discurso é contra-revolucionário.

O Estado é cada um de nós.

O futuro só conterá o que pusermos nele hoje.

O masoquismo hoje veste-se como reformismo.

O patrão precisa de ti, tu não precisas dele.

O poder tinha as universidades, os estudantes tomaram-nas. O poder tinha as fábricas, os trabalhadores tomaram-nas. O poder tinha os meios de comunicação, os jornalistas tomaram-nos. O poder tem o poder, tomem-no!

O sagrado, eis o inimigo.

O sonho é realidade.

Os limites impostos ao prazer excitam o prazer de viver sem limites.

Os sindicatos são uns bordéis.

Parem o mundo, eu quero descer.

Por favor, deixa o PC tão limpo ao sair quanto gostarias de o encontrar ao entrar.

Proclamemos a Comuna de Paris.

Professores, sois tão velhos quanto a vossa cultura, o vosso modernismo nada mais é do que a modernização da polícia. A cultura está em migalhas.

Professores, vocês fazem sentirmo-nos velhos.

Proibido não colar cartazes.

Quando a Assembleia Nacional se transforma num teatro burguês, todos os teatros da burguesia devem transformar-se em Assembleias Nacionais.

Quando interrogados, responderemos com perguntas.

Quanto mais eu faço amor, mais tenho vontade de fazer a revolução. Quanto mais faço a revolução, mais tenho vontade de fazer amor.

Queremos um lugar para mijar, não para rezar. (na porta fechada da capela da Sorbonne)

Recusamos o papel que nos foi designado, não seremos treinados como cães polícias.

Revulação, eu te amo.

Nada será como antes.

Se queres ser feliz, prende o teu proprietário.

Sejam realistas, exijam o impossível!

Ser rico é contentar-se com a pobreza?

Só a verdade é revolucionária.

Por baixo do empedrado está a praia. ("Sous les pavés la plage")

Teremos um bom mestre desde que cada um seja o seu.

Todo o poder abusa. O poder absoluto abusa absolutamente.

Todo o poder aos conselhos operários- um enraivecido. Todo o poder aos conselhos enraivecidos- um operário.

Todo o reformismo se caracteriza pela utopia da sua estratégia e pelo oportunismo da sua táctica.

Trabalhador: tu tens 25 anos, mas o teu sindicato é do outro século.

Trabalhadores do mundo inteiro, divirtam-se.

Tu, camarada, tu, que eu desconhecia por detrás das turbulências, tu, amordaçado, amedrontado, asfixiado, vem, fala connosco.

Tudo é Dadá.

Um homem não é estúpido ou inteligente: ele é livre ou não é.

Um só fim de semana não revolucionário é infinitamente mais sangrento do que um mês de revolução permanente.

Viva o efémero.

VIva o poder dos conselhos operários estendido a todos os aspectos da vida.

Vive sem limites e aproveita sem moderação. (Conh-Bendit)


Recolha de Milice Ribeiro Santos, com recurso a textos de Guy Debord e da Internacional Situacionista, bem como do colectivo Banderna (www.conradeditora.com.br)

Thursday, May 22, 2008

O NOVO MAIO DE 68

O NOVO MAIO DE 68



António Pedro Ribeiro



Nunca o capitalismo foi tão sufocante como agora. Os números, as percentagens, as estatísticas, o economicismo estão por todo o lado às ordens dos bancos, das multinacionais, das bolsas, da indústria de armamento. O homem é reduzido à condição de número, de mercadoria. O quotidiano tornou-se insuportável, entediante. A vida não é vida, é sobrevivência, é sobrevida. Os profetas da morte- Bush, Sócrates, Sarkozy- reinam, a liberdade não passa por aqui.

É preciso um novo Maio de 68. Uma revolução que questione a não-vida, a vida burguesa. Uma rebelião que traga o humano de volta- sem números, sem percentagens, sem estatísticas. Uma insubmissão permanente que faça tremer o capitalismo e o imperialismo.

Saturday, May 17, 2008

A IMAGINAÇÃO AO PODER


IMAGINAÇÃO AO PODER
A IMAGINAÇÃO AO PODER

António Pedro Ribeiro

Há 40 anos uma revolta estudantil abalou os alicerces da sociedade capitalista. Grito libertário de estudantes universitários a que, numa segunda fase, se juntou o operariado com ocupações de fábricas e 10 milhões em greve, o Maio de 68 permanece como exemplo de revolução no seio de uma sociedade capitalista desenvolvida. Pretendia-se revolucionar o quotidiano, mudar a vida, colocar a imaginação no poder. Maio de 68 foi também uma revolução feita à margem da burocracia sindical do PCF e do estalinismo, onde a espontaneidade e a autogestão foram práticas correntes. Maio de 68 foi beber aos beatnick, ao movimento hippie, aos situacionistas, a Che Guevara, às revoltas estudantis de Berkeley, de Itália, da Alemanha, à Primavera de Praga, ao Brasil, à contestação à Guerra do Vietname, à música de Woody Guthrie, de Bob Dylan, dos Beatles, dos Doors, dos Stones. Maio de 68 é a negação da vida burguesa. Começou a falhar quando os partidos de esquerda começaram a tomar conta do movimento. Foi o retorno à normalidade. Maio de 68 foi a nova Comuna de Paris, a nova revolução permanente. Sejamos realistas, exijamos o impossível! Maio de 68 é a festa, a revolução pura.

A IMAGINAÇÃO AO PODER


IMAGINAÇÃO AO PODER
A IMAGINAÇÃO AO PODER

António Pedro Ribeiro

Há 40 anos uma revolta estudantil abalou os alicerces da sociedade capitalista. Grito libertário de estudantes universitários a que, numa segunda fase, se juntou o operariado com ocupações de fábricas e 10 milhões em greve, o Maio de 68 permanece como exemplo de revolução no seio de uma sociedade capitalista desenvolvida. Pretendia-se revolucionar o quotidiano, mudar a vida, colocar a imaginação no poder. Maio de 68 foi também uma revolução feita à margem da burocracia sindical do PCF e do estalinismo, onde a espontaneidade e a autogestão foram práticas correntes. Maio de 68 foi beber aos beatnick, ao movimento hippie, aos situacionistas, a Che Guevara, às revoltas estudantis de Berkeley, de Itália, da Alemanha, à Primavera de Praga, ao Brasil, à contestação à Guerra do Vietname, à música de Woody Guthrie, de Bob Dylan, dos Beatles, dos Doors, dos Stones. Maio de 68 é a negação da vida burguesa. Começou a falhar quando os partidos de esquerda começaram a tomar conta do movimento. Foi o retorno à normalidade. Maio de 68 foi a nova Comuna de Paris, a nova revolução permanente. Sejamos realistas, exijamos o impossível! Maio de 68 é a festa, a revolução pura.

MAIO DE 68


Entenda os protestos de 1968
No Brasil, estudantes lutavam contra o regime militar e por melhor educação.
Na França, revolta de maio opôs universitários e polícia em batalhas violentas.
Do G1, em São Paulo
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Os Estados Unidos estavam mergulhados na guerra no Vietnã e se agitaram com o assassinato do líder negro Martin Luther King Jr. A Europa entrou no furacão das revoltas estudantis. E o Brasil, com o endurecimento do regime militar, entrou numa fase de censura política e dura repressão policial.



Veja infográfico com os principais acontecimentos do ano



O ano de 1968 foi de muitas perdas na história mundial, mas foi também um período de conquistas sociais importantes que ecoam até os dias de hoje, como a igualdade de direitos civis, a liberação sexual, o reconhecimento das lutas dos estudantes e da diversidade cultural.

O clima de agitação mundial se estendeu por todo o ano de 1968, mas foi especialmente no mês de maio daquele ano que as revoltas foram sentidas com mais força e transmitidas de um país a outro pelos meios de comunicação de massa -principalmente a televisão.




A luta dos estudantes
O estopim da agitação na França foi o fechamento da Universidade de Nanterre, nos arredores de Paris, em 2 de maio. Havia semanas os estudantes vinham entrando em conflito com a polícia francesa, depois que decidiram ocupar a universidade protestando contra a burocracia da instituição que, entre outras coisas, impedia os alunos de dividirem os quartos da residência estudantil com colegas do sexo oposto.



Em pouco tempo os alunos de Nanterre ganharam o apoio dos estudantes da Universidade de Sorbonne, que tomaram as ruas do Quartier Latin, em Paris. Os sindicatos de trabalhadores da França decidiram cruzar os braços e ocupar as fábricas, cobrando do governo melhores salários e condições de trabalho.




Pedras e cartazes
Dezenas de milhares de pessoas participaram de manifestações em Paris naquele maio de 1968, trocando agressões com os policiais da Compagnie Républicaines de Securité (CRS), a tropa de choque francesa. Mas, para além das barricadas, coquetéis molotov e pedras de calçamento atiradas, os manifestantes tinham como arma as palavras, espalhadas em cartazes e pichações com slogans irônicos e anti-autoritaristas como: "A imaginação ao poder", “Abaixo o realismo socialista. Viva o surrealismo”, “Ceder um pouco é capitular muito”, “Consuma mais, viva menos” ou “A humanidade só será feliz quando o último capitalista for enforcado com as tripas do último esquerdista”.

Inspirada pelo pensamento de intelectuais como Herbert Marcuse, um dos principais defensores da Nova Esquerda, ou do situacionista Guy Debord, a revolta dos estudantes franceses ganhou apoio de artistas locais, como os cineastas François Truffaut e Jean Luc-Godard - que incentivaram um boicote ao Festival de Cinema de Cannes naquele ano -, além de inspirarem músicas dos Beatles (“Revolution”) e dos Rolling Stones (“Street fighting man”).



Ouça o especial do Globo Rádio com as músicas que faziam sucesso em 68





Música de protesto
No Brasil, um dos slogans de maio de 68 foi eternizado por Caetano Veloso e Gilberto Gil em “É proibido proibir”. Apresentada no Festival Internacional da Canção da Rede Globo naquele ano, a canção foi vaiada pelo público provocando a famosa reação irritada de Caetano: “Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder? (...) vocês não estão entendendo nada!”.

De fato, a juventude em lugar nenhum do mundo tomou o poder naquele ano. Na França, os protestos esfriaram consideravelmente após os episódios de maio, as universidades reabriram e o general Charles De Gaulle, que muitos manifestantes pretendiam derrubar, continuou no poder até abril de 1969.



Na Tchecoslováquia, tropas soviéticas impediram a implantação do “socialismo humano” proposto por Alexandre Dubcek durante o período que ficou conhecido como Primavera de Praga. No México, centenas de estudantes foram agredidos durante um protesto às vésperas da realização dos Jogos Olímpicos no país.





Vietnã e os EUA
Nos Estados Unidos, a opinião pública passou a rejeitar a guerra do Vietnã após ficar chocada com as imagens que a TV mostrava da ofensiva do Tet, momento em que os vietcongs atacaram tropas americanas, a partir de janeiro. A morte de Martin Luther King também gerou revoltas das comunidades negras.



Leia também: 40 anos após King, negros têm ascensão política nos EUA, diz biógrafo



No Brasil, os militares, que reprimiram com prisões a realização do congresso de estudantes da UNE em Ibiúna, em outubro de 1968, continuariam no poder por mais 17 anos.



A herança de 68
Quarenta anos depois, no entanto, as consequências diretas ou indiretas daquelas revoltas juvenis ainda são debatidas.



A revitalização recente do movimento estudantil no Brasil e na França, com ocupações de reitorias e indícios de distanciamento de sindicatos e partidos políticos, tem gerado comparações com as manifestações de 1968; os protestos pró-diretos humanos em todo o mundo contra a realização das Olimpíadas em Pequim; a corrida à Presidência de Barack Obama, com a possibilidade de os Estados Unidos elegerem seu primeiro líder negro na Casa Branca; o ressurgimento do interesse por artistas como os Mutantes; sem falar na infinidade de livros de autores e atores dos episódios daquele ano -tudo isso transpira 1968.

“Em 1965, uma mulher casada tinha que pedir permissão ao marido para abrir uma conta bancária. Hoje você tem uma aceitação da autonomia da homossexualidade, apesar da Igreja ainda ter seus problemas. Há uma aceitação da diversidade dos indivíduos. Uma idéia de direitos humanos e democracia”, declarou à agência de notícias France Presse o franco-alemão Daniel Cohn-Bendit, um dos principais líderes dos estudantes de Nanterre em 68. Hoje, ele é deputado do parlamento europeu pelo Partido Verde.

Na contra-mão, o idealismo da geração 1968 não passou exatamente incólume à virada do século 21.



No Brasil, ex-líderes estudantis da época, como o ex-deputado José Dirceu, enfrentam acusações em episódios de corrupção. Na Europa, pressionados pelo desemprego e o aumentos dos gastos sociais, grupos cada vez maiores de eleitores apóiam políticas duras contra a entrada de imigrantes em seus países. E, na França, berço dos protestos libertários de Maio de 1968, o presidente eleito Nicolas Sarkozy leva adiante uma "cruzada" para "liquidar de uma vez" com a herança daquele período.