Monday, December 31, 2007

DEUS EM BRAGA

Eu vi Deus
em Braga
sentou-se à minha mesa
bebeu um copo comigo
lamentou-se do mundo
falou de política e futebol

Eu vi Deus
em Braga
como das outras vezes
ouvi vozes
fiquei em delírio
Deus é um rocker
vestido de mendigo

Eu vi Deus em Braga
não estou louco
acredita no que te digo
Eu vi Deus
e Ele segredou-me ao ouvido:
Detesto o Natal e os padrecas
e essa história do Cristo
é uma grande treta.

DEUS

Deus caminha em mim na cidade de Braga
ao final da tarde
Deus observa as adolescentes
num café de Braga ao final da tarde
Deus olha para a TV num café de Braga
ao final da tarde

Deus, que é Dionisos, ama Braga,
apesar do Mesquita e dos padrecas
Deus bebe cerveja
e pensa na Katiucha
Deus não entra nas igrejas
Deus quer bacanais, festas
Deus ama-te
Deus sou eu
Deus é Dionisos
Deus olha para as mulheres
e deseja-as
Deus quer filhos
Deus quer descendência
Deus não quer sacrifícios
Deus não quer missas
Deus não grama o Papa
Deus manda foder as religiões
Deus é doido
Deus quer diversão
Deus tem coração
Deus cai quando é rejeitado
Deus tem poder mas não pode tudo
Deus gosta de futebol
Deus curte rock n' roll
Deus está vivo e é o homem superior,
o espírito livre de Nietzsche
Deus é um criador
Deus adoece
Deus enlouquece
Deus canta e dança
Deus é irmão de Satã
Deus é um poeta
Deus está farto de patetas
e de versejadores da corte
Deus quer incendiar o mercado
Deus não pode com capitalistas
Deus caga nos moralistas
Deus sou eu
Deus podes ser tu
Deus não come dinheiro
Deus não é merceeiro
Deus entra nas vossas cabeças
Deus põe as gajas possessas
Deus sobe ao palco
Deus é humano
Deus vai do Céu ao Inferno
Deus vem se tu o chamares
Deus está em todos os lugares
Deus é o vinho
Deus é o caminho
Deus é Amor
Deus esmaga o mercador
Deus é tudo o que quero
Deus é Nero
Deus é cruel
Deus é mel
Deus é o poema divino
Deus não grama cretinos
Deus és tu
Deus sou eu.

Braga, 29.12.2007

Friday, December 28, 2007

DA CARLA BENTO


Uma viagem alucinada ao ventre da mae Terra, um sentir
ilusório ... quente ambíguo um fascínio que me percorre num ideal de beleza
etérea, um abrigo, um sábio, um feiticeiro que distribui a embriaguês pelo
planeta e sente a essência cósmica, a perfeiçao criativa na utopia que divaga
pelo planeta Terra com transmissoes universais porque os planetas se encontram
se amam e querem se . Uma paisagem idìlica, prazeres que ardem e voltam a
sentir se para alèm do tempo .... um horizonte azul, tonalidade. E a magia vai
para além das muralhas e formam se castelos de som, templos dunares, sitios
onde a mente nao se desencontra do corpo porque a uniao é divina... um arco
iris em sete cores e criamos mais algumas para a humanidade ... desenhamos a
eternidade e seguimos num anel de cristal,uno... Unma envolvência de um segredo
que brilha em ruelas de luzes opacas e sentimos uma realidade fílmica quando o
feeling é mais alto do que a música que nos faz expandir, e nos dá um brilho
especial . Porque é sagrada. Porque toma parte de um ritual fantástico.
A presença de Nepturnom, o planeta do fogo. A presença de Venús, o planeta
marado, a presença de Platao o planeta da força. A presença de jupiter o
planeta de ilusao... Compositores autores de uma dimensao perdida, artistas que
combatem a guerra, a hipocrisia o cinismo, uma comunidade multicultural e o céu
torna se azul elèctrico a cor dos vestidos dos magos .

Thursday, December 27, 2007

BOMBAS


PROMETERAM-NOS BOMBAS

prometeram-nos bombas
os mentirosos.
perdeu-se uma boa ideia
eu tenho pena

o deserto atómico
ter-nos-ia ensinado
a morrer desprevenidos.
e passado o inverno rigoroso
eu teria regressado um cão.
sim, um cão pardo
triste e escanzelado
a farejar os restos insondáveis
da casa dos meus pais.
perdido na poeira dos mortos
entregue a tudo
os olhos humedecidos
amarrados a mim mesmo
pelas patas da frente

In O Sopro da Tartaruga

(que pode ser comprado na livraria Centésima Página)

Fonte: http://feeds.feedburner.com/~r/MesaDaCincia/~3/205616667/quartos-escuros.html

http://agostinhodasilva.blogtok.com

Monday, December 24, 2007

MANIFESTO ANTI-RIO 2


Manifesto anti-Rio

por Eduardo Faria in http://oquotidianodamiseria.blogspot.com


O Rio, não é rio!......
O Rio, é um esgoto a céu aberto!
O Rio na cabeça tem um deserto!
O Rio não é um burocrata!......
O Rio é um burro que farta!
O Rio bem podia ter ido desaguar ao raio que o parta!
O Rio é uma vergonha de presidente!
O Rio é um indigente!
O Rio é completamente demente!......
E quem deixa a sua cidade se representar pelo Rio, não é filho de boa gente!
O Rio tem de se tratar!
O Rio não se trata num centro hospitalar!...
... O Rio trata-se numa, (muito boa), ETAR!
O Rio polui tudo por onde passa!
O Rio matou a praça!...
... O Rio é a verdadeira desgraça!
O Rio cheira mal!O Rio é animal!
O Rio é irracional!...
... E uma cidade conduzida por tal, Rio, será certamente, (e muito em breve), a vergonha de Portugal!
O Rio odeia o criativo!
O Rio é radioactivo!
O Rio não passa de um espermatozóide que encontrou um furo no preservativo!
O Rio é um asno que ri!
O Rio faz xixi por um pipi!
O Rio quer nos matar o Rivoli!
O Rio está armado em ditador!
O Rio não é um ponto negro, é um tumor!
O Rio é um estupor!
O Rio é um insecto!
O Rio é abjecto!
O Rio é um dejecto!
Se estais com pena do Rio, eu digo-vos... não estejais!
Porque o Rio é tudo isto e muito mais!
O Rio usa a clausula para tentar calar!
O Rio é horrível de se cheirar!...
... O Rio é igual ao resultado de defecar!
O Rio diz-se Dão!...
... Mas o Rio é Nabão!...
... Porque o Rio é Cabrão!
O Rio no intimo usa purpurina!
O Rio senta-se quando urina!
O Rio é pior de que o Katrina!...
... Uma cidade com um Rio destes a governar transforma-se numa latrina!
O Rio é um primata!
O Rio é um pirata!...
... O Rio faz mal à saúde e mata!
O Rio é um inculto!
O Rio é um insulto!...
... Por isso o Rio não merece o indulto!
O Rio é oleoso!
O Rio é piolhoso!
O Rio é mentiroso!...
... E se o povo voltar a eleger o Rio será para sempre um povo piroso!
O Rio gosta de corridas na Boavista!
O Rio não usava selim se fosse ciclista!
O Rio é um grande fascista!
O Rio é um reaccionário!
O Rio é um salafrário!
O Rio é um caudilho retardatário!
O Rio quer impor uma ditadura!
O Rio é contra a cultura!
O Rio é o fluxo que nos sai do corpo quando estamos de soltura!
O Rio é ruminante e só come aveia!
O Rio não tem massa cinzenta, tem areia!
O Rio não nasceu de um parto, nasceu de uma diarreia!
O Rio não merece PAM nem PIM!...
...O Rio só merece PUM!
E se um dia o Rio que é Rui vos quiser chatear,
Só tendes uma solução!... Usai da diplomacia e mandai-o fazer-se montar!

MANIFESTO ANTI-RIO


MANIFESTO DO PARTIDO SURREALISTA SITUACIONISTA LIBERTÁRIO PELA CANDIDATURA DE ANTÓNIO PEDRO RIBEIRO À CÂMARA DO PORTO
UM POETA A MIJAR-3

O poeta mijou na àrvore de Natal do Rio
o poeta plantou uma árvore mais alta da Europa
em todas as esquinas da cidade do Rio
o Rio prostitui-se na esquina

O Rio e o La Féria ocuparam o Rivoli
o poeta vomitou, em fúria,
as peças do La Féria
O Rio engoliu o vomitado
e masturbou-se no túnel
o poeta mijou no Rio
o Pai Natal e as renas
enrabaram o La Féria
As renas voaram com o poeta
o Pai Natal comeu o BCP
o PCP mantém-se marxista-leninista

O espírito do Natal mantém-nos juntos
o espírito do Natal está nos bancos
o Rio é o Pai Natal
a àrvore mais alta da Europa
é patrocinada pelo BCP
o poeta mija na árvore, na Europa e no BCP
o PCP mantém-se marxista-leninista
o poeta mantém-se surrealista
o Rio faz uma pirueta
e cai ao rio Douro
o La Féria enforca-se
na árvore mais alta da Europa
O PSSL ocupa a Câmara.

Porto, 24. Dez.2007

Thursday, December 20, 2007

UM POETA MIJA


uM POETA MIJA
cAGAM DOIS OU TRÊS DE SEGUIDA
uM POETA MIJA
e QUE NÃO SE QUEIXE A GUIDA
uM POETA MIJA
pARA TODOS BOM NATAL E MUITA IDA.

zarelleci@gmail.com

ALEXANDRE O' NEILL


Alexandre Manuel Vahia de Castro O'Neill de Bulhões, nasceu em Lisboa no dia 19 de Dezembro de 1924.
Em 1948, juntamente com Mário Cesariny, António Pedro, Vespeiro e José Augusto França, O'Neill lançou-se na aventura do surrealismo, um movimento que surgiu como provocação ao regime político vigente, e à poesia neo-realista. Mas em 1950 decidiu-se pelo abandono polémico do Movimento Surrealista, expressando desta forma o seu desagrado pelo rumo em que o surrealismo mergulhara. Contudo, a sua poesia conservou traços surrealistas.
O'Neill, à semelhança de muitos artistas portugueses não pôde viver da sua arte. Afirmava "viver de versos e sobreviver da publicidade" e foi de facto a publicidade o modo que O'Neill encontrou para ganhar o sustento. Numa área que requer destreza e à-vontade com as palavras, O'Neill sentia-se como peixe na água. Porém, não criou nenhum vínculo afectivo com esta profissão. Criou algumas frases publicitárias que ficaram na memória, como por exemplo "Boch é Bom" ou um outro slogan, que é já provérbio, "Há mar e mar, há ir e voltar". A publicidade deu-lhe o conforto económico de que necessitava, mas sempre que se enfastiava mudava de agência publicitária.
No seu vasto currículo constam diversas colaborações para jornais, revistas e televisão.
Em 1953 foi preso pela PIDE durante 40 dias.
A pátria era o seu tema mais constante, e o gosto pelo jogo de palavras e pelo brincar a sério com a língua portuguesa foi uma das marcas constantes da sua poesia. Talvez por isso tenha sido pouco compreendido em vida, pagando o preço por se ter recusado a seguir qualquer poesia da moda.
Publicou dois livros em prosa narrativa, As Andorinhas não Têm Restaurante e Uma Coisa em Forma de Assim, e as Antologias Poéticas de Gomes Leal e de Teixeira de Pascoaes (em colaboração com F. Cunha Leão), de Carl Sandburg e João Cabral de Melo Neto. Gravou o disco «Alexandre O'Neill Diz Poemas de Sua Autoria». Em 1966, em Itália, foram publicados poemas de O’Neill como título Portogallo mio rimorso. Recebeu em 1982 o Prémio da Associação de Críticos Literários.
Faleceu em 1986, de doença cardíaca.
Obra:
Poesia:
A Ampola Miraculosa (Poema Gráfico) – Cadernos Surrealistas, Lisboa, 1948
Tempo de Fantasmas – Cadernos de Poesia, Lisboa, 1951
No Reino da Dinamarca – Poesia e Verdade, Guimarães Editores, Lisboa, 1958
Abandono Vigiado – Poesia e Verdade, Guimarães Editores, Lisboa, 1960
Poemas com Endereço – Círculo de Poesia, Livraria Moraes Editora, Lisboa 1962
Feira Cabisbaixa – Poesia e Ensaio, Ulisseia, Lisboa, 1965; 2ª edição, Sá da Costa Editora, Lisboa, 1979
Portugallo Mio Rimorso – Col. di Poesia, Einaudi, Torino, 1966
No Reino da Dinamarca – Obra Poética (1951-1965) – Poesia e Verdade, Guimarães Editores, Lisboa, 1969
De Ombro na Ombreira –Cadernos de Poesia, Publicações Dom Quixote, Lisboa, Abril, 1969; 2ª edição, Cadernos de Poesia, Publicações Dom Quixote, Lisboa, Setembro, 1969
Entre a Cortina e a Vidraça –Auditorium, Estúdios Cor, Lisboa, 1972
No Reino da Dinamarca – Obra Poética (1951-1969) – "Poesia e Verdade", Guimarães Editores, Lisboa, 1974
Made in Portugal – Quaderni della Fenice, nº 29, Guanda, Milão, 1978
A Saca de Orelhas – Sá da Costa Editora, Lisboa, 1979
Poesias Completas, 1951-1981 –Biblioteca de Autores Portugueses, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, Lisboa, 1982
Poesias Completas, 1951-1983 – 2ª ed. rev. aum. Biblioteca de Autores Portugueses, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, Lisboa, 1984
O Princípio da Utopia, o Princípio da Realidade seguidos de Ana Brites, Balada Tão Ao Gosto Português & Vários Outros Poemas, 1986 – Círculo da Poesia, Moraes Editora, Lisboa, 1986
Poesias Completas, 1951-1986 – 3ª ed. rev. aum. Biblioteca de Autores Portugueses, Imprensa Nacional- Casa da Moeda, Lisboa, 1990
Poesias Completas, 1951-1986 – Assírio & Alvim, Lisboa, 2000
Prosa:
As Andorinhas não têm Restaurante (crónicas) – Cadernos de Literatura, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1970
Uma Coisa em Forma de Assim (crónicas) – Edic, Lisboa, 1980; Editorial Presença, Lisboa, 1985
Discos:
Alexandre O' Neill diz poemas da sua autoria – A Voz e o Texto, Discos Decca
Os Bichos também são gente (Poemas dedicados aos bichos e ditos pelo autor) – A Voz e o Texto, Discos Decca

Wednesday, December 19, 2007

O BARDO


O Bardo na Brêtema




Rudesindo Soutelo










Entra no esquema




Aqueles que são mais inteligentes do que eu sempre fazem a mesma sugestão, por vezes imperativa mas, como se já fosse um caso perdido, quase sempre paternalista e com um tom de velada ameaça. A mediocridade musical e cultural -politicamente correcta- do país não dá para integrar vozes discordantes; e manter uma opinião própria é ousadia que se paga com a marginalização ou mesmo com a injúria, calúnia e difamação para promover o descrédito social do insubordinado. Entrar no esquema quer dizer que um já não precisa de ter ideias, e se por acaso lhe viesse alguma ao pensamento há-de escondê-la bem para não contrariar aqueles que o sustentam no poder, cargo, emprego, ofício ou função. O esquema remunera a mediocridade e gera um séquito de bonifrates, fantoches, títeres e marionetas; pessoas levianas e sem vontade própria que perpetuam um sistema de subservientes, louvaminhas e bajuladores.




Os Conservatórios públicos galegos têm um nível muito baixo, bastando ver o número de alunos europeus que vêm cá estudar nos nossos centros superiores ou quantos alunos formados aqui fazem carreira nos palcos da Europa sem passar antes por Conservatórios de outros países, nomeadamente França, Inglaterra, Holanda, Áustria, Alemanha, Itália ou mesmo Portugal, para adquirir a competência profissional que aqui não se alcança. Porque as habilidades que entre nós se ensinam apenas dão para aprovar formalmente os exames de oposição aos próprios Conservatórios, num sistema endogámico. Ainda assim, se o candidato não entra no esquema irá ser constantemente reprovado. É conhecido o caso de um acreditado profissional de música que este ano atingiu o limite da idade laboral sendo continuamente reprovado nas oposições de Conservatórios; mesmo que os seus valores e saberes sejam superiores aos dos júris que durante anos o rejeitaram. É um dos casos mais ignominiosos mas não é o único. Estas infâmias músico-pedagógicas estão instigadas por uma política educativa que gera o seu próprio esquema de mediocridades mexendo cordelinhos na sombra para recompensar com postos directivos os mais dóceis e obedientes, privando de iniciativa e mesmo de independência pedagógica os poucos profissionais que, sem entrar no esquema, conseguem aprovar.




Há professores de Conservatório que estão a ser perseguidos por promover ou apoiar uma candidatura para o conselho directivo diferente da oficial, ou seja, que não entra no esquema dos responsáveis políticos da educação musical. Mas como não é "estético" acusá-los de democracia então estão a ser imputados de não utilizar nas memórias pedagógicas o mal chamado "galego normativo". Acontece que no reino da Espanha não existe legislação alguma sobre normativas de escrita portanto não se pode obrigar alguém a escrever com uma determinada ortografia. Tão galego é representar a nossa língua com a grafia do castelhano como com a do português, outra coisa são os fundamentos filológicos e políticos que sustentam tais decisões. Há mesmo sentenças que assim o julgam porque a escrita não é mais do que uma representação da língua e como tal está sujeita a interpretação dos utentes. Assim pois, diante dos inspectores, tiveram de retirar as acusações e pedir desculpas aos professores. Não darei os nomes dos perseguidos para evitar-lhes represálias maiores e porque antes seria mais justo dar os nomes dos que formam o esquema inquisitorial. Mal vai uma Conselharia de Educação que persegue os que escrevem na nossa língua, seja na norma que for, e não se importa pelo nível educativo, neste caso, da música.




Aqueles que são mais inteligentes do que eu sempre estão no carro do poder, seja lá o poder que for e mesmo que a legitimidade o desassista.




Está-se a celebrar um centenário com mais pompa que substância onde tudo brilha com a luz trémula dum amortecido glamour. Pascual Veiga passou meia vida procurando que a Galiza tivesse um hino próprio, e pouco antes de morrer no exílio madrileno enviou para Cuba a composição musical que logo se converteu no símbolo pátrio por excelência. É uma obra notável e singular mas a versão original, para coro masculino segundo o gosto da época, é hoje muito inapropriada. Rogélio Groba, por encomenda da Xunta, fez os arranjos do hino e dignificou mesmo certos aspectos da partitura, mas como não entra no esquema dos celebrantes pois ignorado é. Parece que estão a dar voltas ao redor do nosso hino para o banalizar e ver como amputar a conflituosa segunda parte -"Nação de Breogam"- que também não lhes entra no esquema.




Ligaram-me do IGAEM (Instituto Galego das Artes Cénicas e da Música) para responder a um inquérito sobre a indústria musical galega e já na primeira pergunta percebi que o seu esquema tem pouco que ver com uma indústria musical que explore aqui a nossa muito rica matéria prima e criativa. Promove-se a cultura musical do subdesenvolvimento,

pois ignoram que a base da indústria musical são os contratos de edição, e não as fonográficas nem os organizadores de concertos. Sem compositores não há música nem indústria e sem editoras que defendam, explorem e controlem os direitos dos nossos criadores não passamos de um país terceiro-mundista, controlado por multinacionais do entretenimento ou da brincadeira. Confesso a minha ingenuidade quando pretendi assentar na Galiza a editora de música Arte Tripharia com a sua colecção "Corpus Musicum Gallaeciae". Aqui não interessa a música dos nossos criadores originais, e ainda menos se falarmos de música culta ou erudita. Depois das últimas campanhas difamadoras que os que estão no esquema me infligiram desde foros da internet, a editora vai-se embora. E eu, que sempre quis ser de onde nascera, agora sei que cada um é de onde o querem.




Aqueles que são mais inteligentes do que eu repetem sempre a mesma cantilena: -"Entra no esquema!". Mas haverá um esquema que nos livre de tanta mediocridade? E continuaria eu a ser livre se aceitar as prebendas do esquema? A dignidade ninguém a concede, conquista-se.




© 2007 by Rudesindo Soutelo

www.soutelo.eu

Tuesday, December 18, 2007

eu divirto
me divirtual,
e dá igual
se é renal,
porque subverto
quando verto.
urtigal ou bexigal
é paranormal
o aperto.
pelo rasto
enquanto me afasto
fica perto portugal.
se mijar está certo
fica mal,
mas no bar aberto
etc. & tal.

Renato Cardoso

VENHO AO CAFÉ-3


Venho ao café
e as pessoas já não conversam
venho ao café
e ainda há pessoas que se preocupam
com as outras
venho ao café
e está frio e chuva
venho ao café
e os carros deslizam lá fora
venho ao café,
escrevo,
e não digo palavra
venho ao café
e os clientes não param de escrever
nem eu de escrever
venho ao café
e entra uma gaja boa
venho ao café
e estou longe da Távola Redonda
venho ao café
e estou longe da minha amada.

Thursday, December 13, 2007

MANIFESTO DO ABSURDO



PARTIDO SURREALISTA SITUACIONISTA LIBERTÁRIO

Perante uma realidade absurda, sejamos absurdos.
As teses marxistas, embora correctas, não chegam para combater uma realidade quotidiana feita de tédio, onde a ideologia capitalista dominante impõe pensamentos e comportamentos monetaristas, competitivos, assassinos, absurdos. É a sobrevida, a vidinha, a sobrevivência, em vez da vida, como dizem os situacionistas. É a submissão às leis implacáveis do lucro, do mercado, do negócio, do homem-mercadoria ou, em alternativa, a depressão, o suicídio. O espaço destinado à liberdade, à criação é muito reduzido, só ao alcance de alguns e, mesmo assim, em grande parte submetido ao mercado. Só o espírito livre de Nietzsche escapa ao mercado. E esse espírito livre deve ser provocador. Os dada e os surrealistas compreenderam isso. É com atitudes provocatórias que ridicularizem o instituído, inclusivé a arte instituída, com a absurdização do absurdo quotidiano que o espírito livre cria e se manifesta.
Perante o absurdo, sejamos absurdos!

CONFEITARIA


O poeta senta-se na confeitaria
e escreve
permanece discreto
não está em fase de dar nas vistas

O poeta tira os óculos e escreve
não quer exibir a veia explosiva
nem assustar a clientela.

Wednesday, December 12, 2007

UM POETA A MIJAR


LANÇAMENTO DO LIVRO "UM POETA A MIJAR" DE A. PEDRO RIBEIRO

O livro "Um Poeta a Mijar" (Corpos Editora) de A. Pedro Ribeiro vai ser lançado no próximo dia 21, sexta, pelas 22,30 h, no bar Real Feytoria, no Porto (à Ribeira). "Um Poeta a Mijar" sucede a "Saloon" (Edições Mortas, 2007), "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro. Manifestos do Partido Surrealista Situacionista Libertário" (Objecto Cardíaco, 2006), "Sexo, Noitadas e Rock n' Roll" (2004), "Á Mesa do Homem Só. Estórias" (Silêncio da Gaveta, 2001) e a "Gritos. Murmúrios" (com Rui Soares, Grémio Lusíada, 1988). "Um Poeta a Mijar" combina o surrealismo e o Dada com o beatnick, a mulher e a noite com o palco e a loucura.
A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968, viveu em Braga, no Porto e na Trofa e actualmente reside em Vilar do Pinheiro (Vila do Conde). Diz regularmente poesia no norte do país, tendo actuado no Festival de Paredes de Coura de 2006 ao lado de Adolfo Luxúria Canibal e de Isaque Ferreira. Em 2005 alguns órgãos de comunicação social noticiaram uma candidatura sua à Presidência da República. Integra as bandas Mana Calórica- www.myspace.com/manacalorica- e Las Tequillas. Foi fundador e é colaborador da revista Aguasfurtadas.

tel. 229270069.

in http://serdoente.blogtok.com

Monday, December 10, 2007

ANTES ESCREVER POEMAS

Venho ao café beber cervejas
e as pessoas falam do trabalho
e insurgem-se contra os malandros
que, como eu, não se adaptam à vida prática
nem querem trabalhar
apesar disso tocam-me nos ombros
e saúdam-me
afinal de contas, escrevo poemas
sim, sou malandro
mas escrevo poemas

Antes escrever poemas
do que converter-me à lógica mercantil
antes escrever poemas
do que andar a sacar bonecos da máquina
antes escrever poemas
do que converter-me à lógica imbecil
antes escrever poemas
do que ser empreendedor
antes escrever poemas
do que ver telenovelas
antes escrever poemas, beber cerveja
e ser malandro
do que olhar para a televisão
antes escrever poemas
do que converter-me à vidinha
antes escrever poemas
do que defender o Governo e a situação
antes escrever poemas
do que trabalhar
antes escrever poemas
do que ser carneiro
antes escrever poemas
do que ser moedeiro
antes escrever poemas
do que dar-me de bandeja
antes beber mais uma cerveja
antes escrever poemas
do que agradar a todos.

Sunday, December 09, 2007

TÃO LONGE


Estás tão longe

longe do tédio dos cafés de domingo
longe do Verão em que estiveste comigo

O doutor não aparece
só as mamas da Marta me excitam

e as mulheres só me ligam
quando digo poesia

estás tão longe
e eu tão triste.

Wednesday, December 05, 2007

SURREALISMOS

"O Templo de Cesariny de Vasconcelos
terá esbofeteadores,
e será construído com copos de estanho
encontrados num bar antigo de alguma rua estreita
e tortuosa de Lisboa,
e quer seja colorido pelo derradeiro sonho de Viriato
ou pelo sangue de Sergius Galba,
a entrada para este local de encontro nunca nos livrará
do seu enrolar-desenrolar nos nossos olhos injectados de sangue,
sóis gémeos gravados na Adaga de Dezembro,
e à medida que passamos frente à sua pena,
aquela que ostenta a palavra
DESPREZO
..."

Breve extracto do longo e belíssimo poema "Entrar Sair" escrito por Allan Graubard e Jean-Jacques Jack Dauben - USA, e dedicado a Mário Cesariny (tradução de António Simões). No original o poema foi ilustrado por Thom Burns. A versão original (em formato digital), pode ver-se num dos nossos postings anteriores.

in www.alternativa200.org

Tuesday, December 04, 2007

AI, PRIMEIRO, PRIMEIRO, QUANTO GOZAS

Sócrates diz que crescimento do desemprego está contido
O primeiro-ministro, José Sócrates, disse hoje estar esperançado que a taxa de desemprego possa descer no próximo ano e acusou a oposição de ter tido uma "reacção precipitada" ao comentar os valores divulgados segunda-feira pelo Eurostat, depois corrigidos. Apesar da correcção do órgão estatístico da União Europeia os números mostram que a taxa de desemprego em Portugal aumentou em Outubro, quer face a Setembro, quer face ao mesmo mês do ano passado.

Saturday, December 01, 2007

O FUTEBOL E O PAÍS


O FUTEBOL E O PAÍS



O futebol pára o país

O país e o futebol jantaram juntos

O país, o futebol e o jantar

Reuniram-se na Junta de Freguesia



A água é o sangue da Terra



O que importa é que seja um bom jogo

E que ganhe o melhor



O país janta frango

O frango e o país foram ao futebol

O país deu um frango



O que importa é que seja um bom jogo

E que ganhe o melhor



O futebol encanta multidões

As multidões e o futebol comem frango

O futebol, o frango e as multidões

Comem o país



O que importa é que seja um bom jogo

E que ganhe o melhor



O Rocha é um analista reputado

O futebol, o frango e o Rocha

Banharam-se na Praia da Rocha

O futebol e o país foram às putas



O que importa é que seja um bom jogo

E que ganhe o melhor.



1.12.2007

THE KING IS NOT DEAD


THE KING IS NOT DEAD

Sou do rock
Danço na pista
Assim vai o artista
Que se gasta na asneira

É a vida que provoca
Ao encontro de Baco
Festa queda bebedeira

Sou o que sou
Sou o que quero
Cabelos ao sol
Abertos libertos
Sem falsas virtudes
Nem damas castas

Quem viu a morte
Nada tem
Nada teme
Só a palavra
A dança a guitarra

Há um ser em mim
Que vai até ao fim

O poeta só o é
Perante o sangue
O sangue na guelra
Homem em guerra
Narciso em busca da dama
Que nos trama
Mesmo quando ama

O poeta só o é
Se anda pela Sé
E enfrenta a rua
A fera a noitada
E o resto
É conversa fiada

O poeta só o é
No “Barco Bêbado”
Ao leme
À porta do Hades
Ou dentro da mulher que ama

O poeta é aquele que quer
O resto são pombinhas da Catrina
Boatos de gente desfigurada

O poeta só o é
Quando canta
E diz a palavra
O poeta só o é
Quando ergue a espada
Artur
“Excalibur”
Minha amada.


Vilar do Pinheiro, “Motina”, 29.3.07

LÚCIFER


LúCIFER

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Quem é este> >


que tu queres> >


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espírito que dança> >


em busca do Graal.> >> >

Declaração de amor ao primeiro ministro

Como o editor valter hugo mãe disse: “A tolerância é uma coisa para tolos.”

Como a professora Carolina Leite disse: “Quem não tem um blogue não tem identidade.”

Como a professora Zara Coelho citou: “Toda a escrita que não tenha o caracter de luta não vale a pena” _ Michel Foucault.

Saturday, November 24, 2007

NÃO SOMOS DO PC MAS SUBSCREVEMOS

Abertura da conferência nacional comunista
PCP: política do Governo é "desigual, insustentável e injusta"
24.11.2007 - 17h45 Lusa
O deputado comunista Agostinho Lopes disse hoje que a política do Governo é "desigual, insustentável e injusta", na abertura da conferência nacional do PCP, que decorre este fim-de-semana na Torre da Marinha, no Seixal.

De acordo com o deputado comunista, a desigualdade reflecte-se essencialmente na "distância entre ricos e pobres, num país que pelos critérios comunitários tem dois milhões de pobres", e na desigualdade territorial "com regiões com dinâmicas de sobrepovoamento como contraponto ao esvaimento económico e social de outras".

A insustentabilidade económica, ambiental e social decorre, para o deputado do PCP, da maximização da taxa e volume dos lucros e da "consequente anarquia imposta à localização e afectação de recursos humanos e dos investimentos".

Agostinho Lopes afirmou também que a estrutura política do Governo fomenta a injustiça social, por polarizar a riqueza produzida pela sociedade numa minoria, "enquanto falha a estratos numerosos da população com o rendimento necessário para assegurar uma vida digna".

A ruptura com as linhas orientadoras do Governo central e a sugestão de uma política económica e social alternativa foram os principais destaques da sessão de abertura da conferência nacional do PCP, que decorreu hoje.

O deputado Agostinho Lopes, da comissão política do PCP, abriu a conferência nacional, subordinada às questões económicas e sociais, sugerindo a ruptura com os "dez eixos centrais, em torno dos quais se articula de forma persistente e consistente a política de direita levada a cabo nas últimas três dezenas de anos".

Romper com o interesse pelo grande capital, com a desvalorização do trabalho e dos trabalhadores, com a super valorização das exportações, com políticas que atingem a soberania nacional ou com a subversão da Constituição da República foram algumas das directrizes apontadas.

"Outro rumo, nova política"

A proposta alternativa, denominada "Outro rumo, nova política" e que está a ser elaborada desde Outubro do ano passado, será aprovada pelos delegados à conferência, defendendo, em traços gerais, "uma política mista, moderna e dinâmica e uma política social que garanta a melhoria das condições de vida do povo".

O documento "Outro rumo, nova política", que será aprovado amanhã, assenta em seis linhas integradoras, que encerram as ideias-chave de uma política alternativa. O aproveitamento dos recursos naturais, dos recursos humanos, a ciência e a tecnologia, a modernização da economia e o aumento da produtividade, a criação de um núcleo de indústrias de bens e equipamento, o planeamento descentralizado e a cooperação económica internacional são os seis principais vectores elencados na proposta.

A nível económico, o principal objectivo passará pelo crescimento económico, sustentado e acima da média da União Europeia, através do combate à estagnação da economia nacional, fazendo crescer o investimento público.

Esta política denominada "Democracia avançada" pretende também devolver um vasto número de "direitos sociais fundamentais", entre os quais o direito ao trabalho, à segurança social, à saúde e habitação, à igualdade, e a defesa dos direitos das minorias, idosos, deficientes e imigrantes.

"A efectivação e aplicação universais destes direitos sociais fundamentais são um imperativo para garantir condições dignas de existência a todos os cidadãos e se alcançar uma sociedade mais justa", pode ler-se ainda no documento.

O encerramento da conferência nacional ficará a cargo do secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, e decorrerá amanhã de manhã.

NOITE


JÁ NÃO HÁ NOITE

Já não há noite
De meninas ao colo
Já não há noite
E a pedra bate
A cadeira bate
No batuque do rock

Já não há noite
Nem meninas bonitas
Só óculos a fumar
E bandos a entrar
De barba precoce

Já não há noite
Só putos lá fora
A charrar

Estava a contar
Que alguém viesse
E me desse uns trocos
Para desbundar.

Pátio, vc

Saturday, November 17, 2007

HOMBRE


Hugo Chávez adverte EUA sobre ataques ao Irão e Venezuela

O Presidente venezuelano, Hugo Chávez, advertiu hoje os Estados Unidos sobre os riscos de ataques ao Irão e à própria Venezuela, nomeadamente a subida do preço do barril de petróleo até aos 200 dólares.

Wednesday, November 14, 2007

SAUDAÇÃO

As pessoas saúdam-me
e eu recomeço
as pessoas saúdam-me
e eu leio livros
as pessoas saúdam-me
e o rocker manda-me mensagens
as pessoas saúdam-me
e os olhos da menina brilham.

Tuesday, November 13, 2007

NIETZSCHE


"Quem é odiado pelo povo como o lobo pelos cães é o espírito livre, o inimigo das cadeias, aquele que não presta adoração e vive no meio das florestas."

"É noite: despertam os cantos dos amorosos. E a minha alma é também um canto de amor. A minha alma é uma fonte que canta."

"Que no vosso amor (mulheres) brilhe o clarão de uma estrela! Que a vossa esperança diga: que eu possa fazer nascer o super-homem."

"A tua obrigação é criar um criador."

(F. Nietzsche, "Assim Falava ZAratustra".

Monday, November 12, 2007

PSSL


DECLARAÇÃO DE AMOR À MINISTRA DA EDUCAÇÃO
(pelo José)


Estou apaixonado pelo primeiro-ministro
Por todos os primeiros-ministros
E pelos segundos
E pelos terceiros

(...) quero vê-lo(s) num filme porno.

A. Pedro Ribeiro, in Manifestos do Partido Surrealista Situacionista Libertário


Afinal, o José não é o único. O A. Pedro Ribeiro também morre de amores pelo nosso primeiro, e pela nossa ministra. Como é mais puritano,
José não gostaria de os ver num filme hardcore, 1º escalão, a fazerem amor com o défice, nem como Otelo, aos tempos em que nos fora cavaleiro tauromáquico lhes projectando (a baba, a raiva, o ranho) ao Campo Pequeno. Não,
José apenas os quer na RTP Memória, ao filme em que se pensam cowboys, a preto e branco, num duelo ao amanhecer. E sob a capa de não haver mais cêntimos, José pensa que o primeiro, o segundo, mesmo os terceiros são os bons que vão promover o mérito, quando, afinal, promoverão mas toda a gerontocracia de macacos velhos, por cinzentos. E entre estes, só os piores: amigos do sistema, que ocuparam cargos de gestão - mesmo sem haverem dado aulas, e haverá sempre alguns numa Escola perto de Si -, que ocuparão claramente os lugares de supervisão, não fossem eles Super-Homens, de tanto sonharem com a (sua, não esta) reforma. Até porque são os únicos que faltando, numa turma que às vezes vão tendo,
os outros funcionários lhes não marcam falta! E este passa a ser um critério de relevar a sua omnipresença - justamente diferenciador dos Deuses e dos simples mortais.

Sunday, November 11, 2007

A VOZ DE DEUS

Regresso ao café
À turbulência das conversas
Às chávenas que tilintam
Às misses que se passeiam

Oxalá a que está a meu lado
Me dê atenção
Pelo menos foi solidária e benevolente
Com o vendedor da “Cais”

Eu não.
Já tinha gasto os trocos
No “Diário de Notícias”
E numa revista vanguardista
Chamada “Voz de Deus”

Oxalá ela me prestasse atenção
Em vez de andar entretida com o “Sudoku”

Oxalá eu deixasse de ser tímido.

Porto, Piolho, 10.10.05

Saturday, November 03, 2007


Mantenho a minha candidatura à liderança do PS (Partido Surrealista).

Eu represento a ala dos supersticiosos, crentes em makumbas e voodoo, cartas de tarot e outras coisas misticas. Levarei esta minha candidatura até ao fim, contra gregos, poetas e filhinhos do papá.

Se eu for eleito, prometo levar o PS ao poder.
A linhas principais do meu programa de governo são:

EDUCAÇÃO:
- criar uma disciplina obrigatória de ciências misticas e de energias ocultas no ensino secundário.
- criar uma universidade dedicada ao estudo das ciências misticas e energias ocultas.

SEGURANÇA:
- distribuir pela população uma cartilha de magia negra aplicada à auto-defesa.

ECONOMIA:
- reflorestar as areas ardidas com arvores onde crescem dinheiro.

AMBIENTE:
- distribuir tapetes voadores (não poluentes) à população.
- usar uma varinha mágica para fazer desaparecer lixos tóxicos (aqueles destinados à co-incenerização).

EMPREGO E SEGURANÇA SOCIAL:
- acabar com as reformas vitalicias dos ex-governantes e ex-deputados.

NEGÓCIOS ESTRANGEIROS:
- estabelecer relações diplomáticas com o Peter Pan e com outros mundos paralelos.

CULTURA:
- criar o instituto português de ciências misticas e energias ocultas.
- promover espetaculos de magia, de circo, e os filmes do Shrek, do Raboby e do Harry Potter.

OBRAS PÚBLICAS E TRANSPORTES:
- desenvolver um inovador sistema de tele-transporte.

Prof. Çakana Manguito

SALOON NA INSÓNIA


Segundo apontamento biobibliográfico reproduzido na sua mais recente recolha poética, A. Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 68. Pode tratar-se de falsificação biográfica, mas não deixaria de ser congruente com a atitude do autor ter este nascido na data que marca as agitações revolucionárias francesas no período do governo de Charles de Gaulle. De facto, a poesia de A. Pedro Ribeiro ecoa, desses tempos, certos gestos e atitudes que, sem grande esforço, conseguimos entrosar na encruzilhada das esferas social e política. Saloon, o seu quinto título publicado, depois de Gritos. Murmúrios (1988), À Mesa do Homem Só. Estórias (2001), Sexo, Noitadas e Rock n’ Roll (2004) e Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro (2006), compõe-se de elementos onde nessa encruzilhada cabe ainda uma outra esfera, muito mais subjectiva, onde reconhecemos um erotismo de pendor lascivo e a ameaça permanente de uma loucura com contornos tão íntimos quão sociais. De resto, sendo o autor licenciado em sociologia, não admira que seja o corpo social, nomeadamente urbano, aquele que mais se reflecte nestes poemas. Saloon, como nos westerns antigos, é apenas o ponto de encontro, muitas vezes o cruzamento onde os acidentes acontecem, dessas esferas, aqui disparadas umas contra as outras, em versos que lembram a arte de grafitar. Frases curtas, incisivas, raramente dão lugar, nesta poesia, a outra coisa que não seja o grito, o berro, a vontade de partir pedra, de atirar certeiro contra uma paisagem devastadora e repugnantemente adúltera. Essa paisagem é a paisagem de um tempo, de uma sociedade, de um país, percorrido nos seus casebres de Vilar de Mouros a Braga, do Porto a Castro Daire, de Vila do conde ao Gerês, da Póvoa a Lagos. Por estes lugares, o poeta vai deixando um rastro de pó, facilmente reconhecível, aqui e acolá, nas evocações dos saloons do nosso tempo, ou seja, dos cafés e das esplanadas, mas também na invocação de personagens, que tanto podem ser o revisor da CP no poema que dá título ao livro, as mulheres que se cruzam com o salteador como a gente anónima de todos os dias: «A noite morre / Mas ainda há gente que ri / gente que se cruza e encontra e desencontra / E freaks a entoar cânticos futebolísticos» (p. 27). O Luso e o Piolho, históricos pontos de encontro na vida nocturna portuense, são apenas dois exemplos dos balcões onde foram bebidos e vomitados alguns dos versos desta colectânea de A. Pedro Ribeiro. É pois esta uma poesia nocturna, da rua, da deambulação, que não enjeita a gíria comum - «em cascos de rolha» (p. 9), «fechas-te em copas» (p. 35) – e o chavão popular - «meio mundo fode outro meio» (p. 12) – na sua réproba demanda. A ideia de poema como anátema talvez não seja descabida de todo para uma possível caracterização desta poesia, conquanto o anátema seja aqui entendido no plano de tal subjectividade que há pouco evocava. As palavras de ordem, o ímpeto político, sofrem no nosso tempo o isolamento das testemunhas. O poeta, em posição voyeurista, acaba transformando-se num mero observador, acusador, denunciante, de um mundo do qual se sente deslocado, no qual se sente desintegrado. A loucura, seja ela consequência do que for, é já solução para essa desintegração, como solução parecem ser os paraísos artificiais de que falavam Thomas de Quincey e Baudelaire. “Cicatrizar as angústias que induzem o espírito à rebelião”, parece ser também um fim último destes poemas arrumados sob o título Saloon, um título que anuncia a entrada num universo delirante, alucinatório, esquizofrénico, como era o universo dos saloons do Old West. É o nosso universo, não é outro, é o universo que todos poderão constatar caso queiram assumir os olhos do poeta, caso queriam arriscar a loucura, o delírio, que é o de estar do outro lado da barricada, do lado oposto àquele onde a esquizofrenia acontece como uma valor que se promove e dissemina sem que alguém se dê conta:

OCEANO

No café “Oceano”
os pensionistas protestam contra
os fracos aumentos das pensões
decretados pelo Governo
mas misturam o tema
com a toxicodependência
e com a pedofilia na Casa Pia

Definitivamente os pensionistas
Não constituem uma classe revolucionária.

Lagos, “Oceano”, dez. 2003.

A. Pedro Ribeiro, Saloon, Edições Mortas, 2007 (?).

in http://antologiadoesquecimento.blogspot.com

Friday, November 02, 2007

SURREALISMO


O surrealismo como arma de combate


Alfredo Mendes

"Quanto mais surreal, mais verdadeiro", eis o mote para um debate que juntou, no Café Literário da Feira, escritores da estirpe de Pedro Ribeiro, Daniel Maia-Pinto, João Gesta e João Habitualmente. Adolfo Luxúria Canibal vocalista e letrista dos Mão Morta moderou, competindo ao actor Isaque Ferreira a leitura de textos. Obscenos? Vade-retro! Antes, a jocosidade na peanha para exorcizar preconceitos.

O pretexto, disseram os intervenientes, é dar combate ao sistema. Com ironia, sarcasmo, arestas de subtileza. Numa breve incursão histórica, falou-se, inclusivamente, das cantigas de escárnio e de maldizer, com penadas de surrealismo.

Concordaram que o "terrorismo poético" denuncia a sociedade contemporânea. Vai daí, a Declaração de Amor ao primeiro-ministro, obra cujo autor pretende ver Sócrates protagonista de um filme porno. Até porque, disse outro participante , o capitalismo está em todo o lado, Lisboa, Caxinas, Vilar de Mouros, ilustrou. E também na feira do livro. A forma de derrotar o flagelo "é a via do surrealismo". O que existe, considerou-se, "não presta! É tédio, morte!".

in DN, 7.6.2006

Wednesday, October 24, 2007

O POETA É LOUCO


O poeta é louco
e a TV dispara hipocrisias
o poeta é louco
e naufraga no café a meio da tarde
o poeta é louco
e vocifera contra os cidadãos de sucesso
o poeta é louco
e cai na ribanceira
o poeta é louco
e está longe da menina
o poeta é louco
e a vida é um tédio.

Tuesday, October 23, 2007

O ABSURDO VIVO

Ei, vocês aí, desse lado
Homens, mulheres, outros,
Fantoches do instituído
Figurantes mutilados
Transeuntes apressados
Refugiados à sombra do anonimato
Servos, senhores,
Explorados, exploradores
Tiranos, competidores
Caçadores de canudos e status social
Escravos do tédio e da TV
Predadores sem escrúpulos à cata do poder
Viciados do lucro e do sucesso
Apostadores da bolsa
Amantes da finança
Eh! Vocês!
Prisioneiros do absurdo
Parem! Ouçam!
O meu isolamento é tão ridículo
quanto a vossa existência

Para vossa informação
Não me vestirei decentemente
Adoptarei uma postura demente
Cambalearei desleixado no palco
Vomitarei obscenidades sempre que me apetecer

Estou interessado na liberdade.


A. Pedro Ribeiro

Monday, October 08, 2007

ERNESTO CHE GUEVARA


Carta de despedida del Che a sus hijos


A mis hijos



Queridos Hildita, Aleidita, Camilo, Celia y Ernesto:

Si alguna vez tienen que leer esta carta, será porque yo no esté entre Uds.

Casi no se acordarán de mi y los más chiquitos no recordarán nada.

Su padre ha sido un hombre que actúa como piensa y, seguro, ha sido leal a sus convicciones.

Crezcan como buenos revolucionarios. Estudien mucho para poder dominar la técnica que permite dominar la naturaleza. Acuérdense que la revolución es lo importante y que cada uno de nosotros, solo, no vale nada. Sobre todo, sean siempre capaces de sentir en lo más hondo cualquier injusticia cometida contra cualquiera en cualquier parte del mundo. Es la cualidad más linda de un revolucionario.

Hasta siempre hijitos, espero verlos todavía. Un beso grandote y un gran abrazo de



Papá

Saturday, October 06, 2007

REGRESSO


Regresso
sem aplausos nem honrarias
regresso sem retrocesso
assim o espero
não seja isto mais um desabafo

sou um poeta
sei que sou um poeta
com umas coisas publicadas
regresso
e sei que já fiz umas coisas
neste mundo
umas coisas de que me orgulho.

Tuesday, September 25, 2007

CHARLES BAUDELAIRE

É a morte que faz viver, sim! e que consola;
É o fim da vida, é a única esperança
Que, como um elixir, nos enche e nos embriaga
E nos dá coragem para caminhar até à noite;

Através da tempestade, da neve e da geada,
É a luz que vibra no horizonte negro;
É a célebre estalagem inscrita no livro,
onde poderíamos comer e dormir e sentar-nos...

CHARLES BAUDELAIRE in "A Morte dos Pobres".

Wednesday, September 19, 2007

escrever
e nada escrever
escrever
e nada ser
deixar-me andar
devorado pelas horas

és
o que já não és.

APR, 19.9.2007

Monday, September 17, 2007

ESPERO POR QUEM VEM


ESPERO POR QUEM VEM

Espero por quem vem
desta vez vem
tenho a certeza
espero por quem vem
desta vez
tenho a cerveja
espero por quem vem
sou o anjo maldito
o rocker sem cheta
o gajo das alucinações
já chateia a treta
da vedeta incompreendida.

Friday, September 07, 2007


BÊNÇÃO

Ter dinheiro e não ter
Pagar ficar a dever
Ir aos bares do Bairro Alto
Beber nos bares nas barracas
Cheio de cacau nos bolsos

Depois deixar cair o cacau
Pelos bolsos abaixo
Perder os óculos em Lisboa
Andar à toa feito rock-star

Regressar sem saber como
Comprar dois bilhetes em vez de um
Um para o Porto outro para Coimbra
Viajar fodido dos cornos, do estômago e da barriga
Entrar, sair e depois cair na cama
Sem luz, sem vontade
E depois regressar a Zaratustra
Ao poeta-mago
Ao céu ao sol à luz
Às mulheres que queres
Aos pulsos que cortas que feres
À prudência que mandas para o caralho
Vira o baralho
E volta o futebol
O circo máximo de outrora
Quando andavas por Roma
Entre Cícero e Augusto
Rei morto, rei posto
Em transe por Lisboa
Ao acaso à deriva à sorte
Como Pessoa

E, por duas horas, não sabes bem
O que fizeste, onde estiveste
Com quem estiveste
Ficou tudo em branco

Hoje estás a caminho do mesmo
Mas não tens cacau
E isto não é Lisboa
Nem tu és o príncipe da Macedónia
Só há golos e tolos a festejar
Nuvens a perturbar- assim falava Zaratustra
E tu amas as alturas
Amas realmente as alturas
E até a Humanidade
Mas não suportas a pequenez dos homens
És daqueles que sabes
Nada há a fazer
Mesmo que vás pelos caminhos direitos
Haverá sempre noites, dias em que seguirás
As ruas tortuosas
Porque sabes que esse é o caminho do Céu
Não o céu de Deus, de Alá ou de Cristo
Mas o céu de Nietzsche, de Blake, de Rimbaud,
De todos os malditos
Abençoados sejam os malditos
Abençoados sejam os que procuram a luz
No meio das trevas
Abençoados sejam os que te amam
Abençoados os que enlouquecem
Porque a loucura dos que se curvam
Não é loucura, é doença.

Vila do Conde, 28.0ut.06, A. Pedro Ribeiro.

THE KING IS NOT DEAD

http://partido-surrealista.blogspot.com/2007_03_01_archive.html

Wednesday, August 22, 2007

LOUCURA

LOUCURA

A loucura serve-se aos cálices
galopa na solidão
à espreita do próximo abrigo

A loucura estoira
num bar de cães
atira facadas
pela noite dentro

A loucura entontece
molda as palavras
torna-nos frágeis
e invencíveis

A loucura
não tem cura.




A. Pedro Ribeiro, 8.5.2004

Thursday, August 16, 2007

Pêssegos


Antes pêssegos que meteorologistas,
antes manhãs que primeiros-ministros,
antes alucinações que coca-colas,
antes Péret que Eugénio de Andrade,
antes acordar que morrer.

LOJA DO CIDADÃO

Loja do Cidadao


na loja do cidadao
a ler nietzsche
as meninas tiram fotocopias
e correm atras dos correios

a humanidade dentro do cerebro
um anti-cristo
no meio da democracia burguesa!

festim de mendigos
um cabotino a alucinar

as meninas
acariciam os cabelos
no deslize
micam-se estrelas do rock n' roll.

E tu choras
presa a cama
a caminho do aviao

este e o tempo
dos assassinos de Deus.

Wednesday, August 15, 2007

AS MENINAS


as meninas


quando as meninas beijam
o amor vem
quando as meninas sorriem
o amor vem
quando as meninas são bonitas
o amor vem
quando as meninas se mexem
o amor vem
quando as meninas falam
o amor vem
quando as meninas se despem
o amor vem
quando as meninas enlouquecem
o amor vem
e quando o amor vem
o mundo recomeça.

Wednesday, August 08, 2007

O ROCKER


O ROCKER

Sou um rocker
Vivo no palco
Acendo o rastilho

Sou um rocker
Dou-me no canto
Renasço na dança
Puxo do gatilho

Sou um rocker
Nos olhos da menina
Um rocker
Nas luzes da ribalta
Sou um rocker
Estou em alta

Sou um rocker
Sigo o instinto

Sou um rocker
Vivo no palco
Prossigo o transe
Até à última dança

Sou um rocker
Nada me pára
Sou um rocker
Não valho nada.

www.myspace.com/manacalorica

LUCIFER


> > LUCIFER> >> > [1]> >






Sinais de fogo> >


vulcões> >


gentes que fogem> >


em fúria> >


outras que caem> >


ao Hades> >


is this the end, beautiful friend,> >


or just the beginning of the new age?> >> >




Devo desposar-te,> >


minha mulher,> >


ó eternidade?> >


ou devo combater,> >


meu comandante?> >> >




quando um homem>


> procura a solidão>


> e regressa á infância> >


que pode esse homem encontrar> >


senão a luz, senão a vingança?> >> >


Quem é esse homem> >


que vem do incêndio> >


da cidade eterna?> >


Quem é esse homem> >


no meio das mulheres>


> e das outras merdas?> >> >


Quem é este> >


que tu queres> >


e volta de madrugada> >


a cair de bêbado> >


atraiçoado> >


a arder no canto> >


a subir no verbo> >


na tua palavra> >>


> Lúcifer> >


anjo de Deus> >


anjo de Bosch> >


anjo deboche> >


rei guerreiro> >


rei querido> >


Hamlet em delírio> >


bruxas> > feitiços> >


o que é que conta isso> >


diante de ti> > homem livre> >


espírito que dança> >


em busca do Graal.> >> >




A. Pedro Ribeiro, 6.4.2007, Braga, Forum.

Tuesday, August 07, 2007

MANA CALORICA


www.myspace.com/manacalorica

Monday, August 06, 2007

LAS TEQUILLAS



Las Tequillas em concerto


A banda Las Tequillas, constituída por António Pedro Ribeiro (voz), Henrique Monteiro (guitarra eléctrica), Marco (baixo) e Valdemar Monteiro (bateria) dá um concerto no Luna Bar em Vila Chã (Vila do Conde) hoje, pelas 22h30. A banda, uma mescla de rock e blues com a performance poético-teatral, interpreta os temas próprios «Submissão», «Image», «Távola», «Anjo em Chamas», «Bailado» e «A Coisa» e os blues «Crawling King Snake» (John Lee Hooker/the Doors) e «The Cars Hiss By My Window» (The Doors). Os Las Tequillas voltam a actuar dia 12, domingo, no Atlantic Caffé, em Mindelo (Vila do Conde), pelas 22h30.

in "O Primeiro de Janeiro", 4.8.2007

Monday, July 30, 2007

O AMOR LOUCO

AMOR LOUCO ________________________________________
O Amor Louco não quer se alistar no exército
de ninguém, não toma partido na Guerra dos Sexos,
entedia-se com os argumentos a favor de iguais
oportunidade de trabalho (na verdade, recusa-se a
trabalhar para ganhar a vida), não reclama, não
explica, nunca vota & nunca paga impostos.
O Amor Louco gostaria de ver todo bastardo ('filho natural')
chegar ao fim de sua gestação e nascer - o AL vive de
aparelhos antientrópicos - o AL adora ser molestado por
crianças - o AL é melhor que preces, melhor que
sensimilla (3) - o AL leva para onde for suas próprias
palmeiras & sua própria lua. O AL admira o tropicalismo,
O amor louco não é uma social-democracia, não é um
parlamentarismo a dois. As atas de suas reuniões
secretas lidam com significados amplos, mas precisos
demais para a prosa. Nem isso, nem aquilo - seu Livro
de Emblemas treme em suas mãos.
Naturalmente ele caga para os professores & para a
polícia, mas também despreza os liberais & os ideólogos
- não é um quarto limpo & bem iluminado. Um topógrafo
embusteiro projetou seus corredores & seus parques
abandonados, criou sua decoração de emboscada feita
de tons pretos lustrosos & vermelhos maníacos
membranosos... O anarquismo ontológico nunca retornou
de sua última viagem de pesca. Conquanto ninguém nos
denuncie para o FBI (CIA), o CAOS não se importa nem
tão pouco com o futuro da civilização. O amor louco
procria apenas por acidente - seu objetivo principal é
engolir a Galáxia. Uma conspiração de transmutação...
O amor louco é saturado de sua própria estética, enche-se
até as bordas com a trajetória de seus próprios gestos,
vive pelo relógio dos anjos, não é um destino adequado
para comissários ou lojistas. Seu ego evapora-se com a
mutalidade do desejo, seu espírito comunal murcha em
contato com o egoísmo da obsessão. O amor louco pede
sexualidade incomum, da mesma forma que a feitiçaria
exige uma consciência incomum. O mundo anglo-saxão
pós-protestante canaliza toda sua sensualidade
reprimida para a publicidade & divide-se entre
multidões conflituantes: caretas histéricos versus
clones promíscuos & ex-ex-solteiros.

a sabotagem, a break dance, Layla & Majnun (4), o cheiro
de pólvora e de esperma. O AL é sempre ilegal, não importa
se disfarçado de casamento ou de um grupo de escoteiros -
sempre embriagado do vinho de sua próprias secreções ou
do fumo de suas virtudes polimorfas. Não é a deterioração
dos sentidos, mas sim sua apoteose - não é resultado da
da liberdade, mas seu pré-requisito. Lux et voluptas.

Tuesday, July 10, 2007

ESPERO POR QUEM VEM

Espero por quem vem
desta vez vem
tenho a certeza
espero por quem vem
desta vez
tenho a cerveja
espero por quem vem
sou o anjo maldito
o rocker sem cheta
o gajo das alucinações
já chateia a treta
da vedeta incompreendida.

Sunday, July 08, 2007

A POLÍCIA É UMA DELÍCIA

Brasileira acusa PSP de agressão violenta no Porto

Tivera uma zanga amorosa, apetecia-lhe sair. Bebeu umas cervejas na Foz, talvez cinco. Quis tomar um copo na Baixa, mas a "movida" portuense é quase uma inexistência ao domingo à noite. "Estava tudo fechado." Ana (nome fictício) pôs-se a dar chutos na Rua do Almada. Primeiro num carro, depois num edifício. André agarrou-a, para a controlar. De repente, aproximam-se dois agentes da PSP. "Só me lembro de ser puxada pelos cabelos."

Saturday, July 07, 2007

princess om


fantasy trip

A luta por uma crença construtiva que parte da intelligentsia divinizada de quem procura o amor a dimensão alternativa da percepção. Abstraccionar.Surrealizar a mente. Denunciar a autoridade, a prepotência, a mentira, o horror, crescer como um elo interdependente com o outro. em ligação cósmica quando a verdade floresce no planeta com arte, a transferência da realidade para a arte, faz progredir o imaginarium colectivo.
Mensagem de paz de Carla Vera
Peace Warrior

dedicated to Tó Pereira
Art in Sabar

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Tuesday, July 03, 2007

JORNAL DIGITAL

Braga - O politicamente incorrecto poeta portuense António Pedro Ribeiro veio a Braga, quinta-feira, apresentar a sua «Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro e Outras Pérolas - Manifestos do Partido Surrealista Situacionista Libertário», obra surrealista e directa que não poupa nas palavras fortes para fazer uso da liberdade de expressão.«Ele tem um modo de estar arrogante, intolerante e mecânico, um modo de falar robótico, tecnológico», diz Pedro Ribeiro sobre José Sócrates, actual chefe do Governo português, a quem dedica o poema que dá nome ao seu mais recente livro. Mas além do primeiro-ministro, que o autor, rebelde assumido, pretende ver «num filme porno», há outros visados. «Este livro não é apenas uma dedicatória a José Sócrates, é um livro assumidamente anarquista, guevarista. Todos os poderes estão em causa, não é só o primeiro-ministro», explicou o próprio ao Jornal Digital aquando do lançamento na Livraria Centésima Página, em Braga, cidade onde viveu muitos anos.«Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro», título cuja escolha «não foi inocente», reconhece o autor, é também um manifesto contra o que se passa actualmente nos partidos políticos em Portugal. Os três primeiros textos são dedicados à Póvoa de Varzim, Porto e Vila do Conde «e respectivos presidentes de Câmara», refere o poeta. Com a primeira autarquia diz ter «uma especial relação de amor. Mais até do que com Sócrates». E nem a Igreja nem os jornalistas escapam à visceral «paixão» de Pedro Ribeiro.A obra, editada no início do ano pela objecto cardíaco, do escritor valter hugo mãe, que esteve presente na apresentação, é «muito influenciada» por leituras que o autor fez no Verão passado. Admirador dos situacionistas e dos surrealistas, o poeta utiliza algumas técnicas que estes usaram, nomeadamente a colagem. Em muitos dos seus textos mistura, por exemplo, excertos de notícias de jornais com frases suas ou de outros autores.Fundador da revista «aguasfurtadas», A. Pedro Ribeiro, que nasceu no Porto no famoso ano de 1968, publicou já outros livros e manifestos. «Eu também escrevo poemas de amor melancólicos», lembra o escritor que é também autor do blog «trip na arcada» e membro da banda Mana Calorica. Alguém que acredita «que a criatividade é o último reduto da rebelião».
Madalena Sampaio

Saturday, June 30, 2007

O POETA VEM


O poeta vem e senta-se

a menina dos olhos está grávida

o poeta vem e senta-se

a menina do encontro

ainda não chegou

mas ainda está dentro da hora

o poeta vem e senta-se

não se passa nada

o poeta vem e senta-se

a menina dos olhos passa

o poeta vem, senta-se

e agarra-se à literatura

o poeta vem e senta-se

o mundo é o mesmo

não muda nada

o poeta vem e senta-se

espera pela dama

o poeta vem e senta-se

será que vem?


A. Pedro Ribeiro

Saturday, June 23, 2007

Nietzsche

O grande homem irradia, transborda, consome-se, não se poupa.
(Nietzsche, "Crepúsculo dos ídolos")

Wednesday, June 20, 2007

Vida pequeno-burguesa


Ah! Como tenho asco aos moralismos das coisas certinhas

das hora-determinadas que vos movem

da vidinha pequeno-burguesa sem ponta de novidade


e, no entanto, amo-vos

amo-vos do lado de lá do balcão

a sonhar mundos

a entrar no filme

a dirigir palavras amáveis

à clientela.


A. Pedro Ribeiro.

Tuesday, June 19, 2007

Artur Rockzane,cidadão das galáxias, poeta edecodificador, geraçao nexus23.balada nadaísta" quando se fizer o tempo em que o tempo será despertem-me!é que dormi de...tédioe assim trouxeram-me por um preciso feitiço aquia mim que já estava láagoniza a raça in-humanamilitares tambores rufam afobadosjorram as fezes das bocas de um e de todo rei e presidente_o mundo anda de cu cozidomerda... afinal que tenho eu que ver com esta ordem infecta?sou andarilho dos mundos carroceiro da palavra ando de estrela em estrela como um cantor cegocomo o grande leproso aquele a quem se encomendou o verbo nú e em carne vivae apenas anseia ao silêncioagitam-me pulsões electrónicas destroço cabos extensões do peito retiro uma bombasou o velho rapaz subliminalque por um destino fatal provoca explosõese merda merda merda !estou farto desta morte! assim por sobre as baladas de villon _bêbedo drogado inválido-social _ coloco a mão e jurovou ao meu nadaísmo rezarque isto acabe de vez este filme em branco e brancodesliguem a máquina já!sobram-me 500 000 anos de caminhospercorridos para tráse outros 500 000 percorridos para diante sonho sem dormir dormir já não possosou cúmplice da insónia de ciorandeserdado e pobre fui no entanto beatificadopelo privilégio de certos caminhosque levam a encontros proscritosem determinadas encruzilhadasonde nos juntámos os danados e nos lambemos as feridastalvez que por tudo isso não possa mentir_ isso só aos agentes da realidade ! ah ah ah!!!que sou ladrão assumidoaprendi em criança com dignos bandidosnão existe tesouro perdidofedayin com hassan ibn sabbha assaltei caravanas degolei cristãosinvestiram-me haxixinnão sinto culpa tão pouco sou inocentetenho chamas nos cabelose um olhar verde e descrentebardo calcorreio a terra dos homensdjilaba negra khol nos olhoso camelo indiferente o cavalo andaluz_ uma adaga ainda com sangue quenteastronauta das ruínas fumegantesaleitei-me de ópios que sorvi dos figados de junkies mortos por radiaçãopisei luas blasé e li poemas em marte no âmago do conflitotransmiti a tragédia desde onde a tragédia é premente e afinal sobrevivié que tenho a alma no bolsoe a arma escondida na coluna vertebralno meu ventre um alien procria um ser deve nascer pelo natalah que bom se não tivesse nem alma nem bolsonão usaria mais a arma no dorsotrá-la-ia sempre na mão pronta a não dispararque não fosseao acaso de bretonou para sobreviver ao ocasodo betão armado."in nexus.caos
vacinado por Marginal às 23:23 0 infecções

Sunday, June 10, 2007

MY KING

Onde ir,
meu rei,
nesta terra putrefacta
nesta terra de mortos-vivos?

Onde ir,
meu rei,
içar a bandeira,
erguer a espada,
combater o mal?

Onde ir,
meu rei,
para fora da menina de verde,
para junto do Graal?

Onde ir,
meu rei,
neta terra d cães,
nete deserto sem lei?

Onde ir,
meu rei,
para quê prestar juramento,
quando tudo se desfaz?

Onde ir,
meu rei,
fugir à emboscada,
escapar à cilada,
qual é a senha,
meu rei?

meu rei,
porque não respondes
à minha chamada?

APR, PADEIRINHA, 10.6.2007

Thursday, June 07, 2007

Tuesday, June 05, 2007

O ARTISTA


Voltas a oferecer poemas às meninas

e tens sucesso

mas não o sucesso materialista

o sucesso daflor e do amor

o sucesso de ir até à dor

de passar o Bojador

e de ficar por cima

a cantar

estrela do rock n' roll

renascido das cinzas

caído de costas

assim vai o artista

a meio da missa

eis o artista

o poeta lisonjeador

o D. Juan

o Casanova da aldeia

que deixa em chamas

tudo por onde passa

excepto a mulher

que ama sempre

sempre sempre

até ao fim

ecce homo

at home

o artista

fora da tua lista.


APR, Vilar do Pin, 5.6. 2007


Sunday, June 03, 2007

STAY FREE


Conhecemo-nos quando andávamos na escola

não aceitávamos shit de ninguém

não éramos tolos

o professor diz que somos parvos

só estamos a divertir-nos

mijamos em todos os da turma

quando fomos expulsos eu saí sem muito alarido

aos fins de semana íamos dançar

descendo Stratham de autocarro

sempre me fazias rir

metiasm briga difíceis

jogávamos brilhar toda a noite

fumando mentol


porque os anos passaram

e as coisas mudaram

e eu vou da forma que quiser ir

nunca esquecerei o que senti

quando soube que tinhas regrssado a casa

e nuca equecerei o sorriso no meu rosto

e sabia onde estarias

e se estiveres no crown esta noite

bebe um cop à minha conta


mas vai comcalma...an cuidado..mantèm-te livre


THE CLASH/JOE STRUMMER




Wednesday, May 30, 2007

BEBER POR BEBER

Beber por beber
por mim
por ti
beber sem saber
deixar-me ir

Beber por beber
o bar a encher
aqui d' el rei
e eu sem ti

beber por beber
celebrar a mulher
copo dentro
noite fora
por uma palavra
que tarda a vir

beber por beber
o som a bater
bênção maldição
e eu aqui

Beber por beber
nada a fazer
tu não me entendes
e eu sou assim.

A. Pedro Ribeiro.

Monday, May 28, 2007

carla oom

as autarquias nao fazem manutenção dos bairros camarários um direito garantido constitucionalmente direito à habitação integração, a alternativa possível um saco cama ar livre universo cósmico tanto faz também dá . selon my own experience my own opinion my own point of view ... un dancer cosmique en progression travelling tha sound in my passé avec LUI avec Lé lé und Lé ! Crawling in tha beat (ou então OKUPAS ! o que nao está habitado.... bute pa lá anarquia espiritual it s the name of tha thing os fucking mata-ratos ao poder a minha..... sogra é um grande BOI dum dum dum dum dum dum dum etc

Sunday, May 27, 2007

DECLARAÇÃO DE AMOR




Quarta-feira, 8 de Novembro de 2006

DECLARAÇÃO DE AMOR À MINISTRA DA EDUCAÇÃO
(pelo José)Estou apaixonado pelo primeiro-ministroPor todos os primeiros-ministrosE pelos segundosE pelos terceiros(...) quero vê-lo(s) num filme porno.




A. Pedro Ribeiro, in Manifestos do Partido Surrealista Situacionista Libertário


Afinal, o José não é o único. O A. Pedro Ribeiro também morre de amores pelo nosso primeiro, e pela nossa ministra. Como é mais puritano,José não gostaria de os ver num filme hardcore, 1º escalão, a fazerem amor com o défice, aos tempos em que nos fora cavaleiro tauromáquico lhes projectando (a baba, a raiva, o ranho) ao Campo Pequeno. Não,José apenas os quer na RTP Memória, ao filme em que se pensam cowboys, a preto e branco, num duelo ao amanhecer. E sob a capa de não haver mais cêntimos, José pensa que o primeiro, o segundo, mesmo os terceiros são os bons que vão promover o mérito, quando, afinal, promoverão mas toda a gerontocracia de macacos velhos, por cinzentos. E entre estes, só os piores: amigos do sistema, que ocuparam cargos de gestão - mesmo sem haverem dado aulas, e haverá sempre alguns numa Escola perto de Si -, que ocuparão claramente os lugares de supervisão, não fossem eles Super-Homens, de tanto sonharem com a (sua, não esta) reforma. Até porque são os únicos que faltando, numa turma que às vezes vão tendo,os outros funcionários lhes não marcam falta! E este passa a ser um critério de relevar a sua omnipresença - justamente diferenciador dos Deuses e dos simples mortais.Estava a ler um notável poema de Fernando de Castro Branco, nessa parte em que tocava Lorca, intitulado "Na morte de José Augusto Seabra", Como habitualmente, talvez não cheguesàs cinco em ponto da tarde, que o teu relógioé o rasto do sol, o outono das sombras.Mas nós, os teus alunos, esperar-te-emos algum tempo,escondidos nesta paisagem sem Natal, lá fora.Sabemos que não vais faltar.e pensava eu como fosse vivo e no Ensino Básico ou Secundário, José Augusto Seabra, anti_normativo e convencional... Jamais faria parte dos futuros professores titulares. Se a reforma é em nome do Cêntimo, substituindo um passado pardo, em que quase todos os professores eram iguais, com classificação Suficiente — por um futuro em que só dos pardos rezará a históriao José não vê que a Escola pública será cada vez mais lugar de marginalização (só lá ficarão professores, digo: funcionários públicos que piquem o ponto: 8 horas, não é?, sem condições de prepararem aulas e alunos que não queiram prosseguir estudos). Quequem quiser ensino de qualidade que o pague!, num Colégio privado, (à imagem de 99% dos deputados e 100% dos ministros), que é onde têm os filhos. Sem saber nem sonhar que a conta do Guarda-Roupa (banal, neste Carnaval...) lhe virá em breve, olhando a máscara de Zorro, ao feminino... Ah, diz o José, como eu morro de amores pela linda capa da Ministra da Educação!vitorino almeida ventura
Postado por josé alegre mesquita às 15:12 0 comentários

PERDOAI-VOS UNS AOS OUTROS, POR AGORA


Tuesday, May 22, 2007

FILÓSOFOS E DIVINOS




MÁQUINA-ÓRGÃO

É impossível determinar até onde ia a paixão dos apaixonados de Sócrates. Podemos imaginar Aristodemo e Ágaton num festim orgíaco, levados pela embriaguês, elogiando o amor nos braços do mestre. É-nos legítimo incluir Alcibíades neste exército de amantes, pensá-los a todos num leito de sensualidade com tons de Rubaiyat. Vinho e sexo são há muito conjugação frutuosa entre sábios das mais diversas estirpes. Beber, cantar, conversar… e amar, não são senão gestos do intelecto num corpo que se procura realizar. Pausânias queria uma lei que proibisse o amor com adolescentes. Não pelos adolescentes, mas pelos amantes que, deslumbrados com a juventude, facilmente se perdem num amor sem nobreza, «realizado com vileza», indigno. «E por indigno entendemos justamente esse amante popular, que prefere o amor do corpo ao amor da alma, e não guarda constância porque o objecto a que se prende não é também constante». Mas inconstante é o próprio amor. Logo, também aquele que ama. Quem é aquele que ama? O que se diz quando se diz amor? Que poder esse o do verbo indecifrável? O poder do amor é andar nu e não sentir vergonha por isso, como naquele tempo em que o homem e a mulher eram um só ser. Penso nisso enquanto olho uma fotografia de Man Ray, Erotismo Velado (1933), uma fotografia que o próprio terá caracterizado como um tipo de poema plástico. Tinha razão Ágaton ao observar «que todo o homem bafejado pelo Amor, «mesmo antes avesso às Musas», adquire o dom da poesia». Importa porém actualizar as palavras de Ágaton, pois nenhum dom é a poesia. O bafejo do amor acorda no homem instâncias adormecidas, esse campo de andar nu sem sentir vergonha disso, como no tempo em que homem e mulher eram um só género. Dessa dança nasce e vive a poesia, para na palavra morrer como um corpo que se desnuda. E, ao contrário do que possa parecer, não longe disto andava Diotima quando via no amor um intermediário entre mortal e imortal, entre o humano e o divino. Divinas são as coisas que florescem nesse corpo dos homens, o amor. Não o resumamos a mais, olhemos antes a fotografia de Man Ray e vislumbremos nela a nudez de não ter vergonha, essa nudez que uns dirão dúbia, outros essencial, outros ainda, como Aristófanes, caso fosse vivo, andrógina. A arte, toda a arte, é fruto dessa reunião que remete para um estado original, celular, tão simples quanto 1 mais 1 ser igual a 1. O que nos parece estranho agora, só assim parece por do estado original já nos termos afastado o suficiente para que nada vejamos além da lógica que as necessidades dos sentidos foram exigindo ao corpo. A fotografia de Man Ray é ainda mais estonteante por ao lado desse corpo que é o nosso colocar um outro corpo, mecânico, como que antecipando essas máquinas desejantes de que falaram Deleuze e Guattari. Tudo é máquina? Pode ser que sim, desde que lá dentro venha o amor.