Wednesday, July 29, 2009

MANA CALÓRICA NA RELVA DE PAREDES DE COURA

Jazz na Relva

Qaije e Sergio Carolino (30 Jul)

Jorge Qaije, baterista e percussionista, é licenciado em jazz pela Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo do Porto. Estudou percussão no Conservatório de Coimbra. Frequentou o curso de Formação de Animadores Musicais da Casa da Música. Actualmente divide o seu tempo entre Porto e Londres, onde frequenta o mestrado em Music Leadership pela Guildhall School of Music and Drama sendo bolseiro da City university of London. Colabora regularmente com a Casa da Música na concepção e realização de workshops de Música criativa. Tocou com várias formações de jazz e música tradicional portuguesa. (Realejo, Segue-me à capela). Lidera o projecto Cheesecake, ligado à música experimental e improvisada.

Sérgio Carolino, Tubista português e Artista Yamaha Sérgio Carolino iniciou os seus estudos de tuba com apenas 11 anos de idade no Conservatório Nacional de Lisboa, prosseguindo-os no Conservatório Superior de Genebra (Suíça) com Pierre Pilloud (tuba principal da Orquestra da Suisse Romande) e na classe de música de câmara de Kurt Sturzenegger. Frequentou diversas Master Classes com os mais prestigiados mestres, tais como Roger Bobo, Michel Godard, Pia Bücher, Philippe Legris, David Taylor, Øystein Baadsvik, Thierry Thibault, Mel Culbertson, Anne-Jelle Visser, Gene Pokorny, Enrique Crespo, Walter Hilgers e Harvey Philips. Lecciona Tuba e música de câmara na Academia Nacional Superior de Orquestra (Lisboa) e é tuba principal da Orquestra Nacional do Porto.

Space Ensemble (31 Jul)
"Spy Quintet"

Ao longo dos últimos 6 anos do Space Ensemble desenvolveu-se uma lógica de actuação baseada na exploração das cumplicidades entre os músicos envolvidos, testando e variando as combinações instrumentais e estilísticas, de acordo com os locais e o contexto dos eventos. A essa formação orgânica e mutante chamamos Space Ensemble.

Os músicos Gustavo Costa, João Tiago Fernandes, Henrique Fernandes, João Martins e Rodrigo Amado apresentam um espectáculo inspirado no álbum "Spy Vs Spy" (Elektra,1989) no qual John Zorn, Tim Berne, Mark Dresser, Michael Vatcher e Joey Baron interpretam temas de Ornette Coleman, seguindo regras e estruturas musicais por este criadas e apresentadas em álbuns como "Free Jazz (A Collective Improvisation) by Ornette Coleman Double Quartet". O Space Ensemble apresenta-se numa formação de quinteto, copiando a estrutura trabalhada por John Zorn, de dois bateristas, um contrabaixista e dois saxofonistas.

Manuel d' Oliveira (1 Ago)
"Amarte"

Manuel d' Oliveira tem marcado presença em alguns dos mais conceituados festivais de Jazz e World Music nos últimos anos, tais como "Tourcoing Jazz Festival" França, "Jazz In It" em Vignola, "Emociona Jazz" Madrid, "Ollin Kan" Cidade do México, etc. para além de ter passado pelas principais salas de espectáculo nacionais.

Neste concerto serão revisitados temas da sua autoria, e que fazem parte dos seus dois trabalhos discográficos editados "Ibéria" e "Amarte". Manuel d' Oliveira apresentar-se há em trio, sendo acompanhado por Paulo Barros ao piano e Zé Maria nos saxofones.

Palavras na Relva
valter hugo mãe, Tiago Gomes e Isaac Ferreira (30 Jul)

valter hugo mãe é escritor, vencedor do Prémio José Saramago, autor de livros como «o remorso de baltazar serapião» ou «o apocalipse dos trabalhadores». É vocalista do grupo Governo, que integra também Miguel Pedro e António Rafael (ambos dos Mão Morta) e Henrique Fernandes (também dos Mécanosphère).

Tiago Gomes nasceu em 1971, tem quatro livros de poesia editados e esgotados. Letrista do grupo A NAIFA e LINHA DA FRENTE. Vocalista e letrista do grupo OS INSPECTORES. Editor e produtor da revista BÍBLIA. Fundador da Galeria ZDB. Performer há muito dedicado à poesia em acção. Também conhecido, quando põe música, como DJ VAIPES. Lançou recentemente o livro "Auto-ajuda" e participa com Tó Trips no projecto "On The Road".

Isaac Ferreira nasceu no Porto em 1974. É membro fundador da Caixa Geral de Despojos, colectivo poético. Lê poesia em (quase) toda a parte. Colabora regularmente nas Quintas de Leitura, do Teatro Campo Alegre. Coordena o espaço de poesia nos "Ciclos de poesia e música" e nos "Encontros de Mário Cesariny", ambos na Fundação Cupertino de Miranda.

Colectivo Silêncio da Gaveta (31 Jul)

Trupe de saltimbancos das palavras, interpretes sem trono dos afectos; o Colectivo Silêncio da Gaveta tem desenvolvido uma linguagem poético-musical própria em que “a mestiçagem” dos ritmos e harmonias, a expressividade da palavra, o recurso de elementos cénicos e plásticos se fundem em instantes livres do espartilho classicista do dizer poético.

Cansados do silêncio egoísta das gavetas, este grupo vem há dez anos percorrendo vales e montes no país e no estrangeiro, realizando sessões de poesia em bibliotecas públicas, auditórios municipais, associações culturais, feiras do livro, encontros literários, galerias de arte, bares e emissões radiofónicas.A sua actual formação é constituída por: João Rios - Leituras; José Peixoto - Guitarra, Tiago Pereira - Violino; Fátima Fonte - Piano.

Mana Calórica, A. Pedro Ribeiro e Rui Costa (1 Ago)

Mana Calórica é projecto poético-musical que alia a performance ao rock, ao punk e ao experimentalismo. "Primeiro-Ministro", "Faca", "Loirinha" e "Paredes de Coura" são os títulos de algumas das canções. Nasceu em 2006 e é constituído por António Pedro Ribeiro (voz), Rui Costa (guitarra) e André Guerra (guitarra).

Pedro Ribeiro ou António Pedro Ribeiro nasceu no Porto em Maio de 1968 e é autor de sete livros de poesia, entre os quais, "Declaração de Amor ao Primeiro-Ministro" (Objecto Cardíaco), "Queimai o Dinheiro" (Corpos), "Um Poeta a Mijar" (Corpos) e "Saloon" (Edições Mortas). Diz regularmente poesia há mais de 20 anos.

Rui Costa nasceu no Porto em 1972. Publicou os livros "A Nuvem Prateada das Pessoas Graves" (Quasi, 2005), Prémio de Poesia Daniel Faria 2005; "A Resistência dos Materiais" (Exodus, 2008), Prémio Albufeira de Literatura 2007; o "O Pequeno-almoço de Carla Bruni" (Ayuntamiento de Punta Umbria, Espanha, 2008). André Guerra ou A. Guerra nasceu no Porto em 1976. Com o projecto Karnnos, editou os discos "Deatharch Crann" (edição Cynfeirdd, França, 2000); "Bearer Of Order, Bringer Of Chaos" (edição Hau Ruck!, Áustria, 2002); "Dun Scaíth" (Cynfeirdd, 2003); "Undercurrents And Lost Horizons" (Cynfeirdd, 2006). Actualmente a criar, a gritar, a criar o próximo.

Fernando Alvim (Todos os dias)

Fernando Alvim é apresentador de televisão, humorista, locutor de rádio, escritor, director da 365 e, por assim dizer, outras coisas. Está em diferido.

Monday, July 27, 2009

VOLTAS


Está calor
suo da testa
não sou bem
como os outros
levanto-me às horas
que quero
escrevo umas coisas
leio umas coisas
Holderlin, Walt Whitman
depois vou dizê-las
aos tascos
de vez em quando
aos festivais
e assim levo a vida
não podem dizer que obedeço
à engrenagem
nem que me adaptei
ao sistema
sigo a minha via
desde os 14/15 anos
quando comecei
a ouvir os Pink Floyd
e as letras incisivas
do Roger Waters
depois vieram os Doors
e o Jim Morrison
e a cabeça começou
a dar voltas
até hoje
e vai continuar
a dar voltas
até à morte.

Friday, July 24, 2009

OS FAZEDORES DE DINHEIRO


Regressado da montanha, Zaratustra dirige-se aos senhores do mundo, aos fazedores de dinheiro:

Viveis no mundo da morte,
ó fazedores de dinheiro!
Julgai-vos donos do mundo
pensais que podeis tudo
com as vossas armas, os vossos milhões,
os vossos jogos, o vosso comércio
não passais de destruidores da vida,
ó fazedores de dinheiro!

Nem sequer somos da mesma espécie,
ó fazedores de dinheiro!
Nós sorrimos, nós amamos,
nós gozamos, nós dançamos
nós temos o espírito e o coração
vós tresandais a lucro e a morte
escravos de vós mesmos
alimentai-vos do ódio e da intriga
sois incapazes de sentir
qualquer tipo de amor.

A vossa cotação é zero,
ó fazedores de dinheiro!
Nem sequer sois seres humanos,
ó fazedores de dinheiro!

Desaparecerei da face da Terra
enterrai-vos na lama
sois menos do que vermes,
ó fazedores de dinheiro!

O SANGUE CORRE EM MIM


Vou a Paredes de Coura
vou, de novo, a Paredes de Coura
desta feita com a Mana Calórica
oxalá tenha o êxito da outra vez
oxalá não me passe
como da outra vez
oxalá aguente a pressão
sou narcisista a escrever
nada há a fazer, meu caro Carlos,
não preciso é de andar
a insultar toda a gente
embora às vezes apeteça
parece que hoje retomei
o ritmo da escrita
já estava a ficar cheio de dúvidas
este ano nem sequer há hotel
há três anos fiquei quase quatro noites
sem dormir
também foi por isso
que me passei
mas a História
não tem de se repetir
a gaja come a sopa
e o sangue corre em mim.

BLOCO DE NOTAS

Regresso aos blocos de notas
o "Ceuta" está cada vez mais
às moscas
a Fórmula 1 passa na TV
tenho saudades da Fórmula 1
nunca me interessei por carros
mas sempre me interessei pela F1
agora já não passa na RTP1
Schumacher Senna Prost
e os novos
há pouco encontrei o Ricardo
da editora
já me publicou dois livros
e vai-me publicar o terceiro
ainda estou à espera da "Livro do Dia"
é preciso ter paciência
a coisa há-de ir ao sítio
e um café é suficiente para escrever.

HÁ HORAS NO PIOLHO


Estou há horas no "Piolho"
fartei-me de ler e escrever
Nietzsche, Vaneigem, Miller
e até a própria Bíblia
a Joana sentou-se
à minha mesa
mostrou-me o umbigo
e excitou-me
são dez da noite
e eu ainda tenho
mais de meio príncipe
para beber
e duas folhas do caderno
para escrever.

Sunday, July 19, 2009

A GRANDE TRIP


Para ser feliz
para alcançar
o caramelo lá de cima
não preciso de grandes viagens
nem de grandes fortunas
basta-me ir da casa
à confeitaria
para ser feliz
para ser realmente feliz
talvez me falte apenas a Gotucha
ou talvez outra que ame
que realmente ame
mas também o mundo
não se pode resumir a esse amor
há o amor universal
mas há também o ódio
a intriga, a inveja
mas hoje apetece-me estar acima disso
apetece-me estar em festa
beber à festa
celebrar a festa
amar a vida
a vida que corre nas veias
e para isso basta
a grande viagem interior
o grande xamã
a grande trip.

O ROCHA


Venho ao café do Rocha
mas o Rocha não está
que será feito do Rocha?
Do reputado analista?
Do refinado racionalista?
Com quem partilha
as suas análises futebolísticas?
Deixou de atender o telefone
deve ter sido
por causa do Fred baiano
e do chato do costume
o Rocha tem um feitio difícil
Supostamente não deveria escrever mais hoje. Supostamente deveria sentir-me satisfeito. Mas continuo a escrever. Agradou-me o "Pequeno-Almoço de Carla Bruni" do Rui Costa. A gaja do vestido branco continua a roçar-se no quiosque. A maior parte da malta continua lá fora. O chato do costume só vem logo à noite. O Do Vale não aparece. O sexo é secundário mas apetece. Há gajas que lêem muitos livros mas não os vivem. A Gotucha continua longe. O que importa é que estamos bem, realmente bem, em forma. E estes escritos são quase só para nós. Não temos de os publicar. E o empregado trata-me por jovem. Sou um jovem! Ainda não envelheci nem me converti. Não preciso de forçar a escrita. Aliás, não preciso de forçar nada. As coisas saem naturalmente. E quando tiverem de parar, páram.

Saturday, July 18, 2009


ando a beber muito por estes dias por estas noites muito? É como quem diz não consigo ficar bêbado nem sequer trôpego mas a raiva vai acumulando qualquer dia em qualquer palco vai explodir bem sei que há quem não goste de mim quem não atine com as minhas cenas mas não é caso para me enforcar para dar um tiro nos cornos a coisa começa a fluir não tenho de acabar como o curtis a coisa começa a fluir de novo e desta vez não vai parar nunca mais

Friday, July 17, 2009

MANIFESTO META-MANIFESTO


Manifesto Meta-Manifesto Dada Engine
Postado em 4 de Burocracia de 3173 YOLD , às 4:44:34 Peterson Espaçoporto Silêncio

1. Não resta mais nada do que antes era o que se chamava Eu.
2. Tudo o que se escreve é repetição indômita do que se foi.
3. “There´s nothing i could say that i haven´t thought before”.
4. Não há nada que eu possa dizer, que eu não tenha pensado antes.
5. A tentativa tão desesperada de alguma oriniginalidade é vã; é vaidade infrutífera. Tão inútil quanto despropositada.
6. Toda originalidade reside na repetição monótona, do que é, foi e será.
7. Não há fuga possível da finitude para o Eu.
8. O Eu não pode fugir da finitude.
9. O Eu é a própria finitude, monotonia.
10. Os mascaramentos, na forma de deslumbramentos, por mais que distraiam, não apresentam solução real.
11. A desesperança pode ser sincera, ainda.
12. Vive-se como se pode. Qualquer meio de vida ou sobrevivência é tão válido quanto outro.
13. Quem pode com absoluta certeza legitimar a fundo qualquer regra?
14. vive-se de ilusões.
15. Há ilusões mais ilusórias que outras.
16. Há ilusões mais ilusórias que outras?
17. Os critérios são ilusórios.
18. E quem poderá dizer que existe razão?
19. A razão, este vampira morto-vivo, sugador de sangue animal.
20. A incerteza, grande mãe da liberação.
21. Longe da paixão, longe da certeza, aquecido pelo frio, livre da felicidade, livre do destino, livre da referência e de lugar a se chegar: e por fim, livre da eternidade.
22. Expectativas, sonhos, desejos. Do indivíduo, dos outros, dos familiares. Quem é quem afinal? Quem quer o que afinal?
23. A mente, esta grande tela de TV.
24. Vive-se de imagens.
25. Quem vive a vida? O humano ou a TV?
26. Fragmentos ou unidade?
27. Conceitos ou ações?
28. Ações sem conceitos? Conceitos sem ações?
29. Superfície e fundo: questão de perspectiva.
30. A relatividade absoluta.
31. Resta alguma moral, verdade, bem e beleza enquanto valores absolutos?
32. A cultura como um castelo de cartas.
33. A cultura como um jogo de azar.
34. Quem está certo?
35. Rapaz negro do sax, música por favor!!!!!!
36. A melodia não encerra nenhuma verdade.
37. Os diferentes sentidos percebidos na palavra e na realidade possuem igual valor.
38. A realidade está morta.
39. A realidade está morta. Ela se suicidou.
40. A realidade está morta. A causa de sua morte é o eterno retorno.
41. A realidade é um mito.
42. A realidade não passa de um jogo idiota.
43. A verdade é a maior das mentiras.
44. A verdade está morta. Ela foi morta pela sociedade.
45. A verdade está morta. Ela foi morta pelas classes sociais.
46. Não existe nada mais falso do que o verdadeiro.
47. As coisas mais verdadeiras são as absolutamente falsas.
48. Somos todos mentirosos.
49. A sociedade é uma ilusão.
50. A sociedade não passa de uma piada de mau gosto.
51. As classes sociais são um mito.
52. Quem busca sentido nas classes sociais é um tolo.
53. Somos todos vítimas da cultura.
54. A civilização é o ruído de fundo da história.
55. A história não passa de uma brincadeira obscena.
56. A história está morta. Ela morreu de repetição infinita.
57. Estamos todos condenados à repetição infinita.
58. Não existe um fim para a repetição.
59. Estamos todos condenados à redundância infinita.
60. Não existe um fim para a redundância.
61. Aqueles que acreditam que existe um fim para o contínuo da redundância são idiotas.
62. A individualidade é uma ilusão.
63. A individualidade não passa de ruído.
64. Quem busca consistência na individualidade é um tolo.
65. Somos todos vítimas da individualidade.
66. A consciência está morta.
67. A consciencia está morta porque a individualidade a matou.
68. Somos todos ovelhas que se crêem conscientes.
69. Somos todos ovelhas que acreditam ser inteligentes.
70. Somos todos ovelhas.
71. Somos todos marionetes.
72. Somos todos autômatos.
73. Somos todos autômatos que acreditam ter autoconsciência.
74. A linguagem não é nada além de ruído.
75. Buscar coerência na linguagem é uma tolice.
76. As coisas mais significativas são as completamente sem sentido.
77. Não há nada mais significativo do que o absurdo.
78. O Demônio de Maxwell não existe.

MANIFESTO DO CROCODARIUM DADÁ


Manifesto do Crocodarium Dadá

(Manifeste du Crocodarium Dada)



As lâmpadas estátuas saem do fundo do mar e gritam viva DADÁ para saldar os transatlânticos que passam e os presidentes dadá o dadá a dadá os dadás uma dada um dadá e três coelhos à nanquim por arp dadaísta em porcelana de bicicleta estriada nós partiremos a Londres no aquário real perguntem em todas as farmácias os dadaístas de rasputin do tzar e do papa que só valem por duas horas e meia.

Arp

MANIFESTO DO MOVIMENTO DADÁ

Manifesto do movimento Dadá

(manifeste du mouvement Dada)





Não mais pintores, não mais literatos, não mais músicos, não mais escultores, não mais religiões, não mais imperialistas, não mais anarquistas, não mais socialistas, não mais bolcheviques, não mais políticos, não mais proletários, não mais democratas, não mais burgueses, não mais aristocratas, não mais exército, não mais polícia, não mais pátrias, enfim chega de todas estas imbecilidades, mais nada, mais nada, nada, nada, nada.

Desta maneira, esperamos que a novidade que será a mesma coisa que aquilo que nós não queremos mais, se imporá menos apodrecida, menos egoísta, menos mercantil, menos obtusa, menos imensamente grotesca.

Vivam as concubinas e os concubistas. Todos os membros do Movimento DADÁ são presidentes.

PRIMEIRO MANIFESTO DADÁ


PRIMEIRO MANIFESTO DADÁ

Hugo Ball

Dadá é uma nova tendência da arte. Percebe-se que o é porque, sendo até agora desconhecido, amanhã toda a Zurique vai falar dele. Dadá vem do dicionário. É bestialmente simples. Em francês quer dizer "cavalo de pau" . Em alemão: "Não me chateies, faz favor, adeus, até à próxima!" Em romeno: "Certamente, claro, tem toda a razão, assim é. Sim, senhor, realmente. Já tratamos disso." E assim por diante.
Uma palavra internacional. Apenas uma palavra e uma palavra como movimento. É simplesmente bestial. Ao fazer dela uma tendência da arte, é claro que vamos arranjar complicações. Psicologia Dadá, literatura Dadá, burguesia Dadá e vós, excelentíssimo poeta, que sempre poetastes com palavras, mas nunca a palavra propriamente dita. Guerra mundial Dadá que nunca mais acaba, revolução Dadá que nunca mais começa. Dadá, vós, amigos e Também poetas, queridíssimos Evangelistas. Dadá Tzara, Dadá Huelsenbeck, Dadá m'Dadá, Dadá mhm'Dadá, Dadá Hue, Dadá Tza.
Como conquistar a eterna bemaventurança? Dizendo Dadá. Como ser célebre? Dizendo Dadá. Com nobre gesto e maneiras finas. Até à loucura, até perder a consciência. Como desfazer-nos de tudo o que é enguia e dia-a-dia, de tudo o que é simpático e linfático, de tudo o que é moralizado, animalizado, enfeitado? Dizendo Dadá. Dadá é a alma-do-mundo, Dadá é o Coiso, Dadá é o melhor sabão-de-leite-de-lírio do mundo. Dadá Senhor Rubiner, Dadá Senhor Korrodi, Dadá Senhor Anastasius Lilienstein.
Quer dizer, em alemão: a hospitalidade da Suíça é incomparável, e em estética tudo depende da norma.
Leio versos que não pretendem menos que isto: dispensar a linguagem. Dadá Johann Fuchsgang Goethe. Dadá Stendhal. Dadá Buda, Dalai Lama, Dadá m'Dadá, Dadá m'Dadá, Dadá mhm'Dadá. Tudo depende da ligação e de esta ser um pouco interrompida. Não quero nenhuma palavra que tenha sido descoberta por outrem. Todas as palavras foram descobertas pelos outros. Quero a minha própria asneira, e vogais e consoantes também que lhe correspondam. Se uma vibração mede sete centímetros, quero palavras que meçam precisamente sete centímetros. As palavras do senhor Silva só medem dois centímetros e meio.
Assim podemos ver perfeitamente como surge a linguagem articulada. Pura e simplesmente deixo cair os sons. Surgem palavras, ombros de palavras; pernas, braços, mãos de palavras. Au, oi, u. Não devemos deixar surgir muitas palavras. Um verso é a oportunidade de dispensarmos palavras e linguagem. Essa maldita linguagem à qual se cola a porcaria como à mão do traficante que as moedas gastaram. A palavra, quero-a quando acaba e quando começa.
Cada coisa tem a sua palavra; pois a palavra própria transformou-se em coisa. Porque é que a árvore não há-de chamar-se plupluch e pluplubach depois da chuva? E porque é que raio há-de chamar-se seja o que for? Havemos de pendurar a boca nisso? A palavra, a palavra, a dor precisamente aí, a palavra, meus senhores, é uma questão pública de suprema importância.

Zurique, 14 de Julho de 1916

Wednesday, July 15, 2009

QUE SE FODA O BELMIRO!

Ameaça de despedimento colectivo no "Público"
A Administração do “Público” ameaça desencadear na próxima segunda-feira um processo de despedimento colectivo de duas dezenas de trabalhadores se não for aceite a redução de salários preconizada pela empresa, denuncia o Sindicato dos Jornalistas (SJ) em comunicado divulgado hoje, 15 de Julho.
Segundo o SJ, que refere um comunicado distribuído hoje pela Administração do “Público” e comunicações feitas pelas chefias aos trabalhadores, caso 90% dos trabalhadores não formalizem o acordo para a redução salarial a Administração vai avançar com um "plano alternativo de redução de custos com pessoal", “sem nova negociação”.

O SJ, que tem acompanhado e apoiado a luta dos jornalistas do “Público, repudia as ameças e apela à unidade dos trabalhadores.

É o seguinte o texto, na íntegra, do comunicado do SJ:

SJ repudia ameaças da Administração do "Público"

1. O Sindicato dos Jornalistas tomou conhecimento de um comunicado distribuído hoje pela Administração do “Público” contendo ameaças que justificam inequívoco repúdio, bem como do anúncio, através das chefias, de que será desencadeado, na segunda-feira, um processo de despedimento colectivo de duas dezenas de trabalhadores se não for aceite a redução de salários preconizada pela empresa.

2. Com efeito, perante a falta de adesão da maioria dos trabalhadores a um acordo de redução dos salários através da alteração do regime de isenção de horário de trabalho, bem como a rejeição dessa possibilidade expressa numa consulta por voto secreto realizada ontem, a Administração veio dizer hoje que:

a) “Caso 90% dos trabalhadores não formalizem o acordo” está “mandatada pelo accionista para apresentar um plano alternativo de redução de custos com pessoal”;

b) Aplicará esse plano “sem nova negociação”;

c) “Tanto a Administração como o accionista sentem-se responsáveis pela manutenção do maior número possível de postos de trabalho, o que exige o reequilíbrio das contas”;

d) Haverá ónus “para muitos dos que fazem parte da equipa”.

3. Do teor do comunicado é evidente que a Administração prepara medidas – incluindo o despedimento – que penalizarão os jornalistas e outros trabalhadores ao serviço do “Público” e que não se preocupou em evitar o tom de ameaça, quando poderia e deveria ter manifestado abertura para continuar a encontrar soluções negociadas para os problemas que diz ter.

4. Mas é igualmente evidente uma atitude que o SJ não pode aceitar nem deixar de denunciar, por ser intimidatória e violadora de garantias legais que os jornalistas e os restantes trabalhadores têm – a de anunciar que desencadeará medidas alternativas “sem nova negociação”.

5. Mesmo que a Administração do “Publico” ou o seu accionista (accionista este que tem um nome e um rosto – Belmiro de Azevedo, da Sonae) não queiram ou não gostem, negociação terá de haver se pretendem pôr em causa os direitos dos trabalhadores! Tal negociação é aliás obrigatória se a Empresa desencadear o processo de despedimento colectivo esta tarde anunciado.

6. O SJ, que tem acompanhado e apoiado a luta dos jornalistas do “Público”, continuará empenhado na defesa dos direitos e interesses dos seus representados e do direito de todos os trabalhadores a discutir as medidas que afectem as suas condições de trabalho.

7. Neste contexto, apela aos jornalistas e demais trabalhadores para que se mantenham unidos e à Administração para que reabra as portas do diálogo e da negociação.

Lisboa, 15 de Julho de 2009

A Direcção

Monday, July 13, 2009

E.M. DE MELO E CASTRO

MÚSICA

mais difícil é falo
que falá-lo
mais difícil é língua
do que lua
mais difícil é dado
do que dá-lo
mais difícil vestida
do que nua
mais fácil é o aço
do que achá-la
mais fácil é dizê-la
que contê-la
mais fácil é mordê-la
que comê-la
mais fácil é aberta
do que certa
nem difícil nem fácil
nem aço nem licor
nem dito nem contacto
nem memória de cor
só mordido só tido
só moldado só duro
só molhada de escuro
só louca de sentido
fácil de falá-lo
difícil de contê-lo
o melhor é calá-lo
o melhor é fodê-lo
Escrevo sem limites sou um ser à solta de tarde fui até Deus até matei Deus e agora regresso não tenho sono prossigo viagem pela noite dentro ainda sou racional afinal ainda não passei todas as fronteiras dá-me mescalina whisky com medicamentos e verás o efeito fico sem limites ainda estou lúcido merda dai-me asas poemas ébrios não consigo dormir sou doido mas consigo disfarçar no café em sociedade mesmo quando digo alguns poemas outros não passo-me completamente ultrapasso os limites vou além de Deus e do infinito estou possuído pelos espíritos dos mestres mas agora não estou assim vou voltar a pegar no Henry Miller.

Há dias
como hoje
em que, não sei,
a palavra sai mais fácil
e fluída
em que todas as coisas
nos saem bem
em que todas as lamúrias
parecem ridículas
em que conseguimos
vencer os moínhos
de Quixote
só nos falta a Dulcineia
mas a Dulcineia
está lá longe
na Madeira
vamos levando
a nossa vida aqui
há pessoas, como a D. Rosa,
que pensam que vivemos
da escrita
e não andam longe da verdade
na verdade, escrevemos,
lemos, estudamos
e vamos dizer
o que escrevemos
e é isso que fazemos
e sentimo-nos bem
ao fazê-lo
há outros que se adaptam
às empresas
aos bancos
à economia
eu estou fora disso
nem sequer tenho
conta no banco
vou andando por aí
sempre do céu ao inferno
do inferno ao céu
prefiro o inferno
ao purgatório
o purgatório é uma seca
sempre com uns
a obedecer aos outros
sempre com uns
a maldizer os outros
sempre com uns
a ter inveja dos outros
não é, definitivamente,
o meu mundo
não é, definitivamente,
a minha vida.

QUIXOTE


Publicam-me em colectâneas
convidam-me para revistas
agora até querem publicar-me
um livro on-line
não me posso queixar
mas ainda não cheguei
onde quero chegar
dizem que me exponho muito
demasiado mesmo
que cuspo e mijo poesia
que insulto Deus e o mundo
mas ainda não cheguei
onde quero chegar
dizem que sou um provocador
que agito as massas
e as plateias
que afugento
os que não gostam de mim
mas ainda não cheguei
onde quero chegar
dizem que sou louco
que não nasci
no tempo certo
que devia andar
pelos tempos bíblicos
ou pela Grécia antiga
mas ainda não cheguei
onde quero chegar
dizem que sou narciso
que me centro muito
em mim próprio
dizem até que sou
um homem de fé
que sou como Quixote
que vou até onde
os outros não vão
mas ainda não cheguei
onde quero chegar.

E.M. DE MELO E CASTRO

Claro que tudo isto fazia parte do processo experimental. Era uma forma de ultrapassa as dificuldades e de resolver os problemas da falta de uma tecnologia adequada para o queríamos fazer e inventar. Era uma forma criativa, e laboratorial que nós tínhamos de ultrapassar essas dificuldades. E tudo isto custava muito dinheiro, custava muito tempo e requeria inventividade. Escrever quadrinhas e sonetos sentimentais, encher sonetos, como dizia o Jorge de Sena, era bastante mais fácil. Eu dizia que para ser poeta convencional basta um bocadinho de papel [risos] e o toco de um lápis. Não é preciso mais nada. Agora nós, não. Até há um texto em que eu digo, nessa altura colaborava no Diário de Lisboa e acho que esse artigo foi publicado no Diário de Lisboa, em que eu ponho a pergunta:”Se eu precisar de uma máquina que custa mil contos para produzir um poema, onde é que eu vou buscar esses mil contos?” Este problema ainda hoje se põe a todos os artistas... Simplesmente, só que mil contos hoje não é dinheiro. Hoje diria: Se eu precisar de 50 mil contos, 100 mil contos para produzir um poema, quem é que vai financiar? Esse problema ainda existe. Mas hoje existem os coleccionadores, existem os bancos que compram obras embora em Portugal não exista ainda um verdadeiro sistema de mecenato.

Toda a minha proposta ideológica - porque a Poesia Experimental tem uma proposta ideológica... é uma volta ao humanismo, embora já não esteja na moda falar em humanismo... Mas eu falo. E digo. Por exemplo, a exposição que vou fazer aqui tem um fundo muito violento que está expresso no texto do catálogo várias vezes. “Contra a guerra. Contra a estética do supermercado e tudo o que isso representa.” Por isso eu tenho máquinas leves que não produzem nada, pinturas inúteis, desenhos inúteis e outras coisas assim do género. Porque eu estou farto das coisas úteis que não servem para nada. Tudo o que a gente compra no supermercado acaba no lixo... e espero que o meu trabalho não acabe no lixo. Eu vou acabar no lixo, evidentemente. Os cemitérios são depósitos de lixo humano. Mas espero que o meu trabalho...não ! Por isso é que eu estou a investir, porque eu também estou a investir na Fundação Serralves, não é só a Fundação Serralves que me convida para eu vir cá fazer uma exposição. Eu aceitei porque acredito que as pessoas que estão aqui na Fundação Serralves são pessoas que comungam das mesmas ideias que eu. E toda a proposta pedagógica da Fundação Serralves de trazer cá as crianças, as visitas guiadas, promover discussões, fazer exposições de artistas que não poderiam expor em mais parte nenhuma, mesmo artistas internacionais. Evidentemente que de vez em quando têm que trazer os grandes nomes, porque isso é fundamental para cotar o museu, para o museu circular no circuito da Europa... porque, francamente, o circuito da Europa não passa pelo museu do Chiado, nem passa sequer pela Culturgest, nem passa pelo Centro Cultural de Belém. O mundo cultural da Europa passa por Serralves. Não passa pela Culturgest... pela Culturgest é que passam alguns dos artistas comerciais que andam no mundo. O Centro Cultural de Belém também está ao serviço do capitalismo. Portanto, há realmente que distinguir as águas. E, se você quiser, a exposição que vou fazer aqui é uma exposição política, embora seja tratada em termos estéticos, fundamentalmente em termos estéticos. E a Poesia Experimental sempre teve esse cunho.

A poesia experimental inseria-se nesta luta, neste problema e todos nós éramos muito conscientes, cada um ao seu modo. Mas havia uma coisa que nós não fazíamos, porque achávamos isso ridículo, era lutar contra o Salazar. O Salazar para nós nunca existiu. A gente chamava-lhe “o botas” e o meu pai chamava-lhe “o guarda-livros” (o meu pai era um homem que não era politicamente activo). Portanto, nós não lutávamos com as armas dos neo-realistas que se fartavam de escrever poemas contra o sistema, poemas para lutar pela liberdade, pelo operariado e disto e daquilo. O nosso instrumento era a língua. Nós descobrimos, esse foi o elemento fundamental do Experimentalismo português e nisso é diferente da poesia concreta brasileira. Porque a poesia concreta brasileira está hoje integrada na reconstrução de um novo Brasil que acompanha a construção de Brasília e do Presidente como chefe do governo. Portanto, está associada a uma espécie de um mundo, de um PSD um pouco mais à esquerda... vá lá, um partido socialista... que os partidos no Brasil têm outras nomenclaturas. Nós não. Nós éramos ferozmente independentes e a nossa descoberta é fundamental. Descobrimos que o regime de Salazar se aguentou 40 anos pela produção de uma linguagem específica do sistema e, evidentemente, do Estado Novo e a linguagem do Estado Novo é que mantinha aquela união. Toda a gente falava a linguagem do Estado Novo. Então nós dedicávamo-nos a desconstruir o discurso salazarento, como a gente lhe chamava, e quando lhe chamava salazarento já estávamos a desconstruir. Essa foi a grande descoberta. Trabalhámos na linguagem. E os neo-realistas, que nos combateram ao princípio, que nos consideravam um produto da burguesia, a certa altura calaram o bico. Por volta do final dos anos 60 já os neo-realistas não escreviam nada contra nós e olhavam-nos com o terror estampado nos olhos, porque diziam: “Nós não descobrimos isto, que era óbvio. Nós achámos que era a luta política contra o sistema, ou a luta ideológica. Aí fomos buscar, para fazermos essa luta, (O quê?) os padrões de escrita do século XIX. Ah! Ah! Ah!” Escrever como o Guerra Junqueiro e escrever como o Eça de Queirós era o ideal dos neo-realistas. Nunca nenhum escreveu como o Guerra Junqueiro, nunca nenhum escreveu como o Eça de Queirós. E nós sempre nos estivemos nas tintas. Eu escrevi três artigos contra o Eça de Queirós, que são artigos políticos... mas passaram pela censura! Porque disseram assim: “Olha, este não gosta de Eça de Queirós. Oh, deixa-o estar. É um pateta. Não gosta de Eça de Queirós! Possivelmente até nem sabe escrever português.” Porque o padrão era outro. O Fernando Pessoa era um acto revolucionário, porque o padrão da língua portuguesa era o Eça de Queirós. Não era o Fernandinho Pessoa que escrevia bem. “O Fernando Pessoa era um louco, coitado. Então, até tinha várias personagens. Ele sabia lá o que é que queria.” E depois, passados uns aninhos, qual é o padrão do português que nós hoje todos falamos? É o Livro do Desassossego. Está lá tudo! A linguagem que nós utilizamos hoje, que os jovens usam no dia a dia … ou então a estética visual-literária que a poesia experimental introduziu e propôs já há mais de 50 anos mas que cada dia nos parece mais adequada e certeira perante a velocidade e o sincronismo sinestésico da vida contemporânea.

Saturday, July 11, 2009

SALVADOR DALI


Só há uma diferença entre um louco e eu. O louco pensa que é sadio. Eu sei que sou louco." [Salvador Dali]

"Existe dias em que acho que vou morrer de uma overdose de satisfação." [Salvador Dali]

"O termômetro do sucesso é meramente a inveja dos fracassados." [Salvador Dali]

JESUS FORA DE SI


as ideias fervilham não consigo dormir se calhar deveria ler a Bíblia a ver se acalmo a cabeça é impressionante comparar estes estados ultra-activos com os estados de letargia em que só apetece ir para a dormir e dormir cedo já tomei duas metades de lorenin para dormir mas ainda não fez efeito só dormi duas horas hoje é impressionante a mudança da mente e da alma é impressionante a velocidade dos pensamentos parecem meteoros tenho mesmo que dormir senão entro mesmo em estado de euforia até é bom ficar no limite é óptimo sentirmo-nos um profeta o próprio Deus que está na Bíblia com Jesus "chegados a casa de novo a multidão acorreu, de tal maneira que não podiam comer e, quando os seus familiares ouviram isto, saíram a ter mão n' Ele, pois se dizia: "Está fora de Si" e os escribas que tinham descido de Jerusálem afirmavam: "Ele tem Belzebu", e ainda : "É pelo príncipe dos demónios que expulsa os demónios então Jesus chamou-os e disse-lhes em parábolas: "Como pode Satanás expulsar Satanás? Se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode perdurar e, se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não pode subsistir se, portanto, Satanás se levanta contra si próprio, está dividido, e não poderá subsistir é o seu fim ninguém consegue penetrar em casa de um homem forte e roubar-lhe os bens sem primeiro o amarrar só depois poderá saquear-lhe a casa em verdade vos digo todos os pecados e blasfémias que proferirem os filhos dos homens tudo lhes é perdoado mas quem blasfemar contra o Espírito Santo jamais terá perdão será réu de pecado eterno Jesus fora de si Jesus a passar-se e eu agarrado ao computador Jesus é um xamã

QUALQUER COISA QUE ME FAZ ESCREVER


Há qualquer coisa
que me impele a escrever
talvez seja Deus
ou o espírito
ou o coração
tenho lido a vida de Cristo
S. Mateus S. Marcos
não fiquei impressionado
por aí além
Zaratustra impressiona-me
mais do que Cristo
Morrison também
mas talvez seja
uma questão de gostos
Cristo conquistava multidões
com os milagres
mas foi a multidão
que o condenou à morte
Zaratustra foi rejeitado
pela multidão
teve de procurar companheiros
homens superiores
e nem estes o satisfizeram
e quantos,
na multidão dos concertos,
compreenderam o alcance
das palavras de Morrison?
Achavam graça
às suas loucuras em palco
nada mais
e eu aqui a escrever sozinho
na "Motina" às seis da tarde
sem leitores
nem multidões
até posso ter ideias geniais
gritos xamânicos
mas ninguém me ouve
nem a D. Arminda
no entanto, há qualquer coisa
que me faz escrever
que me arrasta para as palavras
qualquer coisa de mágico
talvez seja mesmo Deus
que me empurra para a vida
e para a escrita
talvez eu próprio seja Deus
e esteja a construir
um novo mundo
a cada letra, a cada palavra,
a cada verso
e para isso não preciso
de estar alucinado nem pedrado
basta-me continuar a escrever.


Vilar do Pinheiro, 10.7.2009

O PROCESSO DE CRIAÇÃO


Mais um dia
mais um poema
logo vou a Famalicão
à "Portuguesia"
não estou mal
também eu me debruço
sobre o processo de criação
o que faz um bom poema?
O que faz um poema genial?
Pode ser escrito
em qualquer lado
pode ser escrito
aqui na "Motina"
mesmo que eu seja
o único cliente
podemos estar possuídos pelo sublime
ou talvez até não
ontem escrevi um bom poema
e não estava em estado extático
falava da liberdade
e da vida livre e gratuita
estava a ler Henry Miller,
"O Olho Cosmológico"
e a ideia veio à cabeça
é preciso que a ideia venha à cabeça
e que a cabeça esteja aberta, liberta
mas há também a escrita automática
quando as palavras vêm ter connosco
e escapam à razão
este é o processo de criação
agora é preciso que os leitores
conheçam o poeta
que os poemas estejam acessíveis
que a magia se faça
porque a criação é magia
que se transmite ao leitor

BERTRAND RUSSELL

Quando Bertrand Russell entra no mundo festivo do ócio e da negação do trabalho, sente que as suas opiniões passam por "uma revolução". E continua assim: "Penso que se trabalhou demasiado no mundo, que a crença de que o trabalho é uma virtude causou enormes danos e que o que se deve pregar nos países industrializados modernos é completamente diferente do que sempre se pregou."
(...)
Russell lamenta que aqueles que se reformam se dediquem a fazer outros trabalhos e se mantenham activos do ponto de vista produtivo, no sentido tradicional do termo. Do mesmo modo, investe contra os que poupam dinheiro ("o verdadeiro malvado... é o homem que poupa"). Porquê? Porque o homem que guarda obsessivamente o dinheiro não está a fazer outra coisa senão a emprestar as suas poupanças "ao governo". (...) Não poupar dinheiro, transgredir, folgar, ser, enfim, preguiçoso, um pouco libertino, moralmente um vagabundo - exercer the right to be lazy -, é, em boa medida, fazer oposição.
(...)
Russell prefere uma boa pândega a um mau caminho-de-ferro, um prazer bem aproveitado a um trabalho mal empregue. Uma boa pândega pode beneficar muita gente: "O talhante, o padeiro, o traficante de álcool." E se o dinheiro é gasto "em colocar carris em lugares onde os eléctricos são desnecessários, terá sido desviada uma considerável quantidade por caminhos que não darão prazer a ninguém".

Iván de la Nuez, "Fantasia Vermelha". Tradução de Ana Bela Almeida.
publicado por Rui Manuel Amaral às 8:45 AM 1 comentários
in http://last-tapes.blogspot.com

EU SÓ QUERO VER O PODER A ARDER


É impressionante a cabeça arde o raciocínio liberta-se já é instinto as palavras correm são 8 e meia da manhã e eu escrevo fui a Famalicão e não dormi é bom sinal é sinal que estou fora da depressão em cima posso fazer jogos com as palavras chama o xamã e ele vem falo com os mortos ouço a voz do meu pai serei também uma espécie de médium há médiuns a assistir às minhas sessões e a apreciar há textos meus que fogem do normal e a maneira como os digo também tem a sua originalidade acredito em mim e nas mulheres em algumas mulheres e nas crianças hoje sou a criança sábia brinco com as palavras ergo castelos cidades um novo mundo serei o poeta que quereis ouvir? Tenho estado no underground mas de vez quando salto para o mainstream acredito que estou a trabalhar para melhorar a condição humana que estou a denunciar o homem-cotação a desumanidade que grassa nas sociedades do mercado e do rebanho acredito como henry miller que ao tratar do meu problema interior estou a tratar do problema do mundo e da humanidade tenho andado à procura de Deus do deus em mim e penso que o encontrei e daí vem a alma o espírito o coração o amor tenho de ir para o palco cantar o amor claro que com o caos pelo meio porque estamos numa era caótica e desumana e é esta a missão do poeta devolver a humanidade à humanidade e ao homem e era isto que eu deveria ter acrescentado a Deus e à merda e à merda de Deus e para Deus mas não me ocorreu isso ontem no debate da portuguesia em Seide no Centro de Estudos Camilianos ficou a provocação até poderia ficar a dormir no hotel em Famalicão com direito a almoço mas só tinha 90 cêntimos no bolso só dava para um café paciência havemos de voltar aos hotéis e às tertúlias literárias não pode ser só despejar poesia estou mesmo bem disposto esta manhã amo os pássaros e a minha mãe dos poemas publicados na portuguesia só um tem palavrões: "O Dinheiro", posso mostrar os outros à minha mãe hoje apetece-me pregar mesmo a boa nova conversar com as pessoas divulgar a minha ideia o dinheiro deveria ser todo queimado ponto final grande parte do problema da desumanização do homem ficaria resolvido por outro lado eu só quero ver o poder a arder daqui deveria nascer uma canção eu só quero ver o poder a arder os ministros em chamas o presidente a fugir eu só quero ver o poder a arder a bolsa dinamitada o mercado a morrer eu só quero ver o poder a arder todos irmãos ninguém a mandar eu só quero ver o poder a arder a mulher a dar à luz a criança a crescer eu só quero ver o poder a arder

Friday, July 10, 2009

EXERCÍCIO SURREALISTA




Ao António Manuel Ribeiro


A Carlinha maradinha a curtir bues apanha boleia para o país basco sempre maluquinha gosto tanto dela fico na casa dela de Amarante também eu sou marado mas essa estória das viagens não me bate tanto às vezes bastam-me as viagens de casa à confeitaria faço viagens mentais vou a Deus e ao diabo e a todo o lado fui publicado fui um dos 101 eleitos publicados na Portuguesia do Wilmar Silva merda para Deus e a Gotucha Xoninhas lá na Madeira tem de lá ficar mais quatro anos hoje estava mais bem dispostinha gosto tanto daquela menina há outras que gostam de mostrar as mamas ficam ali expostas à mão de chupar foda-se andei dois dias deprimido mas hoje com o vinho a coisa voltou a compôr-se e até me sinto em cima um poeta da lusofonia um poeta da portuguesia até me convidaram para ficar no hotel para amanhã feito vedeta mas estava sem dinheiro para as despesas enfim perdi a oportunidade de conviver com algumas pessoas ricas e interessantes o que interessa é um gajo estar em cima não tenho de andar sempre a despejar poemas hei-de dizê-los em vários sítios se continuar vivo e inteiro vivo e inteiro e não como os partidos andar a mendigar o voto a perseguir os eleitores vou votar mas até devia cagar nesses gajos tenho uma relação erótico-pornográfica com o primeiro-ministro só isso me faz voltar contra ele que esteja lá a Nelinha seis meses e que depois vá para a rua é o que eu desejo que vão caindo todos até o sistema e S. Bento e Belém rebentem isto tem de começar tudo de novo do zero como os UHF aquela maria no youtube tanto tempo quem és hoje Maria quem és hoje por onde vais qual é a ideia tenho estado a falar com henry miller por estes dias aprendo e identifico-me e agora estou a falar com a teresa a ideia é fazer um texto sem nexo escrever para aqui umas coisas só para encher mais um exercício de escrita automática a coisa flui há muito tempo que não ouvia estas canções dos uhf fim de vida fim de linha talvez hoje seja o novo recomeço o coração oferece poemas às meninas de que gosta mas elas não vão na cantiga rola, persona non grata estamos na roleta no casino somos cotações na bolsa rolamos like a rolling stone quero uma namorada! Uma namorada aqui e agora uma namorada que entenda a minha loucura santa loucura uma namorada sem compromissos nem chouriços isto está a empancar completamente infiel eu estou a recordar-me em Braga há 20 anos na casa que eu tinha lá estava a descobrir as coisas a apalpar o terreno agora sei mais umas coisas sinto-me mais senhor mas não estou numa posição melhor as minhas coisas têm mais saída claro mas continuo teso a estrela está tesa a estrela ou o gajo qualquer que escreve estas merdas talvez a gaja queira dar umas quecas e o poema era uma coisa para chocar e não para levar à letra ´não sei há qualquer coisa que me irrita nela não sei explicar quero estoirar são 5:13 e estou a escrever uma coisa sem limites como o E. M. Melo e Castro sugeriu rolos e rolos de papel higiénico totalmente preenchidos por poemas encontros de poetas para que serve a poesia a poesia tem utilidade? são questões que se repetem mas lá se vai dizendo que a poesia é útil nesta sociedade das bolsas e dos mercados que a poesia é o último reduto de resistência até eu disse que a poesia vai da merda a Deus abarca tudo e eu continuo aqui em frente ao computador a carregar nas teclas esta merda sai mesmo assim não é papel e caneta e viva a carlinha e viva a gotucha e viva a poesia e Deus e a merda e o Bloco de Esquerda e o broche de direita e assim terminamos por hoje.

MERDA PARA DEUS


RIMBAUD

Thursday, July 09, 2009

LIBERDADE


Vim ao mundo gratuitamente
não tenho de pagar o que como
nem o que bebo
não tenho de pagar
a ponta de um corno pela vida
nem tenho de trabalhar
para pagar o que como
e o que bebo
não tenho de me sacrificar
por coisa nenhuma
a vida é livre e gratuita
só faço o que quero
o que me dá na real gana
e é isto que vos tinha para dizer
e é isto que me vem ao espírito
e é isto a liberdade.

O MARAVILHOSO

É neste presente de bolsas, mercados e bancos e de políticos ao serviço das bolsas, dos mercados, dos bancos, neste presente em que a raça humana bateu no fundo que é preciso reinventar o senso do maravilhoso, do mágico, do espanto de que falam Henry Miller e os surrealistas. "O problema do mundo é a projecção do problema interior. É um processo de expropriação do mundo, de se tornar Deus", diz Henry Miller. Tudo parte do indivíduo, do indivíduo soberano que toma consciência de que está vivo, de que veio ao mundo gratuitamente, não teve de pagar nada para nascer e isso é que é verdadeiramente importante, e isso é maravilhoso. As relações de compra e venda, a mercantilização, as cotações bolsistas, tudo isso são questões menores perante o problema interior, perante a dádiva da vida, perante o espírito. Nenhum ser humano deveria passar fome. Todo o ser humano tem o direito de cultivar gratuitamente o seu espírito. E é através do espírito que nos tornamos criadores, deuses, poetas- os poetas vadios de que fala Agostinho da Silva. E aí atingimos o maravilhoso. O que importa é que estamos vivos e que não nos deixemos assassinar pela sub-vida dos horários, das obrigações, da disciplina, da competição. O que importa é que voltemos a ser humanos e nos possamos espantar com o maravilhoso de estarmos vivos.

Sunday, July 05, 2009

ABSOLUTAMENTE VIVO


Sento-me
e não consigo escrever
bem, já escrevi alguma coisa
mas não estou com o pedal de há dias
o raciocínio não sai célere
a escrita não é automática
são as tais variações
que não consigo explicar
as velhas falam
passam a tarde desbobinar
e eu aqui sem palavras
há intelectuais com o dom da palavra
eu só tenho esse dom em certas ocasiões
já disse: não tenho aquela frase a propósito
às vezes provocam-me e eu não respondo
a propósito do Che Guevara e do Fidel Castro
por um lado, até acho que faço bem
há uns anos mandava-os logo foder
e criava confusão
prefiro o Fidel á democracia bolsista
sou crítico do regime cubano
mas prefiro o Fidel e o Hugo Chávez
à democracia bolsista
não é essa a minha via
mas prefiro o Fidel e o Hugo Chávez
à democracia bolsista
faço bem em não responder
a todas as provocações
outros ou outras que respondam
faço bem em resguardar-me
as velhas não páram de falar
são máquinas de falar
a vida alheia é o mundo delas
e eu aqui agarrado à caneta
escrevo para não enlouquecer
-já o disse
às vezes um gajo repete-se
tanto escreve
que tem de se repetir
poderia escrever por objectivos
para um romance, um conto,
uma peça
mas não o tenho conseguido
só me saem estas coisas
que estão fora do mercado
e, olha, ainda bem que estão
ninguém me pode acusar de vendido
e este que se casou com aquela
e aquele que se separou desta
ao fim de dois meses-
eis a conversa das velhas
mas que se foda!
O que importa é que estou aqui vivo
a escrever
a máquina não me venceu
às vezes caio
mas volto a levantar-me
ás vezes fico fraco
mas volto a ficar forte
e isto é a minha vida
a escrever
às 5,30 da tarde de sábado
na "Motina"
isto é a minha vida
não ma tirais, capitalistas!
Não ma tirais, bolsistas!
Não ma tirais, mercadores!
Não ma tirais, governantes!
A depressão ataca-me
está sempre à espreita
mas eu estou aqui vivo
permaneço vivo
absolutamente vivo.

Saturday, July 04, 2009

SOB CONTROLE


O gerente deseja "bons negócios"
ao negociante engravatado
o gerente parece ser um bom homem
mas está sob controle
quase todos estão sob controle
quase todos obedecem à máquina
foram formatados para a vidinha
o dinheirinho ao fim do mês
a pança cheia
a televisão o futebol o trabalho
e umas conversas para entreter
mais nada
absolutamente mais nada
nada de elevado
nada de sublime
a não ser o Deus em que acreditam
que está lá longe
muito longe
completamente inacessível.

DAS MULHERES


Talvez estes poemas
não sejam grande coisa
para dizer em público
talvez não empolguem
não arranquem palmas entusiásticas
mas é o que eu escrevo agora
e o agora é o que conta
agora estou no café "Natural"
não está quase ninguém
e o gerente ciranda
as senhoras bebem meias-de-leite
e eu penso no sublime
são quase 7 horas
e eu quase nada produzi
estive na cama
precisava de dormir
a Carlinha e a Filó
estiveram no messenger
duas boas meninas
maradinhas
gosto muito delas
é o amor
o amor existe
apesar do mercado
o amor existe
apesar daquilo que nos vendem
o amor existe
apesar da rapina
o amor existe
apesar desta merda toda
e eu acredito nele
acredito nas minhas amigas
acredito nas mulheres
em algumas mulheres
naquelas que não se deixam contaminar
naquelas que dão amor
naquelas que criam a vida
naquelas que estão connosco
mesmo estando distantes
naquelas que nos dão o sol e a vida
naquelas que nos amam.

Friday, July 03, 2009

RAOUL VANEIGEM

O homem lucrativo é a expressão perfeita da desumanidade.

Doravante, só poderá bastar-nos uma revolução da vida quotidiana, onde só aquilo que é transformado segundo os nossos desejos transforma o mundo.

ESCREVO PARA NÃO ENLOUQUECER


Tenho poemas bons
sem dúvida que tenho poemas bons
mas ontem estive a ler uns papéis
que estavam perdidos nos armários
e vi que há alguns anos
escrevia poemas que não eram grande coisa
escrevi coisas boas aos 18, aos 20, aos 25, aos 30
mas também escrevia muita merda
agora estou mais selectivo
apesar de ser mais prosaico
e menos lírico
acho que a maior parte das coisas que escrevo
são boas
e este é um daqueles poemas
que escrevemos para nós mesmos
enquanto não aparece ninguém conhecido
escrevo para não enlouquecer
à medida que vou lendo os mestres
a escrita torna-se muito mais fluída
e eu sinto-me bem comigo mesmo
mesmo que esteja só no "Piolho"
com o Do Vale calado na mesa do lado
os poetas passam a mensagem entre si
o espírito comunica com o espírito,
como diz Henry Miller
e chega o Simões.

"Piolho"

Thursday, July 02, 2009

DEUSES

DEUSES

Homem, que porra de sociedade construíste?
Homem, em que porra te tornaste?
Num predador do teu irmão,
Do teu semelhante?
Tornaste-te uma cotação na bolsa
Uma percentagem que sobe e desce
Uma mercadoria que se compra e vende
uma marioneta nas mãos do mercado?
Homem, como é que desceste tão baixo?

Alguns de nós
Ainda andamos por aí
A agarrar-nos desesperadamente
Ao que resta da alma
Do amor
Do coração
Mas somos poucos, muito poucos
Às vezes deixamos de acreditar
Quase cedemos

Onde está o homem?
Que é feito do homem?
Onde está o homem livre?
Onde está o homem
Que canta e dança?
Está morto
Quase morto
Tornou-se escravo
Do seu semelhante
Tornou-se o homem pequeno
O homem da intriga, da inveja
Da usura, da mercearia
Da agiotagem, da sacanagem

Por quanto mais tempo aceitareis ser comidos
Por aqueles que vos governam,
Por aqueles que vos pilham,
Por aqueles que vos roubam
A alma e a vida?
Por quanto mais tempo
Aceitareis ser escravos?
Quanto mais tempo
Permanecereis na lama?
Quanto mais tempo
Permanecereis mortos?
A que deus vos agarrais agora?
Ao Deus dos cristãos, a Alá,
Ao deus-dinheiro?
A coisa bateu no fundo
A bolsa bateu no fundo
O mercado bateu no fundo
É preciso um novo começo
Uma nova linguagem
Uma nova poesia
É preciso que abandoneis a economia, companheiros,
Deixai o trabalho, a casa, a família
Ide pelas praças passar a mensagem
Falai da alma nobre
Do homem sem preconceitos
Da mulher
Da criança
Da criação
Do novo mundo
Do amor
Da liberdade
Esse mundo está dentro de nós
Só nós podemos ser deuses.



Poema inspirado em Jim Morrison