Tuesday, January 18, 2011
RIBEIRO NO FRATERNIZAR
DO SABER E DA POTÊNCIA
Continua tudo nas mãos dos mercados e agora dos leilões da dívida. O absurdo a que estes dias nos conduzem. Por isso há Presidentes como Cavaco, primeiros-ministros como Sócrates. A vida reduzida a isto, às flutuações de números que só uns iluminados entendem, às vontades de especuladores sem rosto. Não, não vou por aí. Os mercados não me podem pôr deprimido, a bolsa não me entra pelas entranhas. Não fui eu que endividei o país. Não fui eu que estive no Governo ou na Presidência. Acredito num homem que não mercadeja, que não está no mercado. Acredito num homem pleno, livre, que afirma a vida, que não se deixa levar pelas patranhas que nos espetam nos cornos todos os dias. Sim, tenho de seguir a minha via, uma via quase religiosa, como a do padre Mário de Oliveira. Há sempre o homem que cai e se levanta. Que até se pode servir dos media. Mas que não pode estar preso ao que quer que seja por demasiado tempo. Não, não falarei a linguagem dos mercados. Há, de novo, uma revolta interior. Não me venderei na praça. Aqui, na "Motina", a 12 de Janeiro de 2011, redescubro o mundo. Sou o homem sem fronteiras. Sempre tive uma vida interior rica. É do contacto, do casamento da vida interior com a vida exterior que se faz a vida. E como ela é superior aos mercados e aos políticos ao serviço dos mercados, aos carros que passam. Como me sinto pujante aqui na confeitaria. Como nasço de novo, uma vez mais. Com "Viver Para Te Ver", dos UHF na rádio. Não, não tenho de andar a auto-censurar-me. Não fui eu quem pôs o mundo assim. Nada tenho a ver com a economia. Sou da vida. Nem sempre a consigo viver mas fujo sempre para ela. Não me levais, ó profetas da morte. Não me levas, ó "Pingo Doce". Não me levais com conversas mansas. Sou doido e por isso me safo. Ficai com os vossos bancos, com as vossas bolsas, metei-as pelo cu acima. Hoje nasço outra vez. Estava em baixo mas agora já estou em cima. O país arde e eu assisto. Sou doido como Nero mas sou anarquista. Preocupo-me com as pessoas. Agarro-me ao texto como Moisés às tábuas, como Camões aos "Lusíadas". Sou completamente doido. Por isso amo a vida, o instante, o aqui e agora. Não façais de mim o homem da família. Nada tenho a ver com as vossas contas. Não sou da crise nem da economia. Nem sequer tenho conta no banco. Não tenho qualquer responsabilidade na dívida pública. Sou uma voz delirante. Sou o homem que nasce aqui, hoje, agora, na "Motina". Não quero negócios nem compromissos. Sou do ócio. Sou da vida. Não sou aquele que quereis. Não sou aquele que venceis. Nada tenho a temer. Não gosto de empresas nem de capitalistas. Não me toqueis. Não me deis acções nem cotações. Não sou desses. Teria vergonha. Nasço outra vez. Não tenho quaisquer responsabilidades. Não me toqueis. Estou farto das vossas conversas. As vossas conversas e as vossas notícias dão cabo de mim, matam-me. Prefiro ser doido. Prefiro não ter obrigações. Prefiro gritar em plena praça. Estou na graça, estou de graça. Ninguém me tira daqui. Sou ébrio. Sou ébrio, mesmo sem álcool. Acredito num novo mundo, num novo homem. Num homem sem dinheiro, sem economia. Chamai-me utópico, chamai-me irrealista, eu estou para lá. Escrevo e o que escrevo fica aqui cravado, mesmo que nunca seja publicado, mesmo que não vá para o blog. Não, sou daqui e sou daqui mais do que nunca. Nasço e falo com a D. Rosa. A D. Rosa é uma espécie de anjo que me visita de vez em quando, de anjo sem economia que fala da vida e das doenças. Não, não me posso prender. Tenho iluminações na confeitaria. Nada tenho a perder. Nasço outra vez. Esta é a verdade. A única verdade. Não há aqui cavacos. Não há aqui castração social. Sou do homem que nasce outra vez. Sou do homem que se torna naquele que é. Há um mundo novo. Há uma nova vida no coração do homem. Não me atireis bancos, dívidas, notícias. Sou o homem que se completa. Sou o homem do eterno retorno. Não me dou a todos, não me mostro a todos mas sou o homem. Posso até ser desajeitado, desastrado nas tarefas manuais mas sou o homem que fica. Não há aqui corte e costura, não há aqui censura. Sou o que escrevo, nada está acima de mim, nem Deus nem os mercados. Estou farto da linguagem mesquinha das percentagens. Estou farto de estatísticas. Rompi com a economia. Não me peçam para ser outro que não sou. Não sou esse ser que está a meio, que não se assume, sou da vida, da potência. Vou atrás da emoção. Não espereis de mim condescendência. Sou da potência. Da vontade de potência. O que acontece é que a economia por vezes parece vencer-me, faz de mim um Dionisos efeminado, mas depois há dias como hoje em que a potência regressa, vinda não sei de onde. E volto a ser aquele que amo, aquele que diz a palavra, aquele que enfrenta o inimigo mas mais sabedor, mais puro. Sou do saber e da potência.
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