Sunday, September 14, 2008
POEMA
Poesia surrealista #1 - Hans Arp
Publicado 6 Junho, 2008 Poesias surrealistas 4 Comentários
Tags: arcanos, poesia surrealista, surrealismo
O PAI, A MÃE, O FILHO, A FILHA
O pai se pendeu
em lugar da pêndula.
A mãe está muda.
A filha está muda.
O filho está mudo.
Todos os três seguem
O tiquetaque do pai.
A mãe é de ar.
O pai voa através da mãe.
O filho é um dos corvos
da praça de São Marcos de Veneza.
A filha é um pombo-correio.
A filha é doce.
O pai come a filha.
A mãe corta o pai em dois
come-lhe uma metade
e oferece a outra ao filho.
O filho é uma vírgula.
A filha não tem cauda nem cabeça.
a mãe é um ovo galado.
Da boca do pai
pendem caudas de palavras.
A filha é uma pá quebrada.
O pai é pois forçado
a lavrar a terra
com sua longa língua.
A mãe segue o exemplo de Cristóvão Colombo.
Anda sobre suas mãos nuas
e agarra com seus pés nus
um ovo de ar após o outro.
A filha remenda o desgaste de um eco.
A mãe é um céu cinza
em que se arrasta embaixo bem embaixo
um pai de papel mata-borrão
coberto de manchas de tinta.
O filho é uma núvem.
Quando chora chove.
A filha é uma lágrima imberbe.
retirado de http://surrealismodoacaso.wordpress.com
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