Sunday, January 31, 2010

ECCE HOMO


Filosofia. Eis o que me apetece fazer. Sem método, sem regras, sem disciplina. Tu aprendeste as regras e o método, Gotucha. Tens de os aplicar. Eu não sou assim. Sou um vadio. Na esteira de Agostinho da Silva. Já nem escrevo poemas, pelo menos poemas líricos. O patrão controla. Não gosto de patrões. Bom, há alguns que são meus amigos. Mas esses não são bem patrões. Não gosto de ver gajos ou gajas a mandar. Não sei o que seria se estivesse no poder. Talvez às vezes fosse autoritário como Fidel ou Chávez. Por isso não quero o poder. Quero apenas derrubá-lo. Por isso estou aqui. Por isso escrevo aqui nesta padaria de Vila Nova de Telha às sete da tarde. Escrevo o que vejo, o que ouço e o que vem à cabeça. Não sou daqueles que colocam a palavrinha no sítio, a palavrinha na coninha. Faço correcções e revisões às vezes. Mas são mínimas. Talvez devesse fazer mais. Mas assim não seria original. O patrão controla. Não gosto de patrões que controlam nem de gajos arrogantes. Sou um vadio. Um poeta que anda por aí. Um homem das ideias. Um homem de outros séculos neste século. Não tenho de respeitar os capitalistas nem os economistas nem os merceeiros nem os bolsistas. Ecce Homo.

1 comment:

Tomás Magalhães Carneiro said...

Caro António Pedro,

temos claramente visões diferentes do que é a Filosofia. Para mim é (também) rigor e método.
Não me compreendas mal. As ganas de viver, o inconformismo, a lata desmedida, a criatividade criadora, o amor pela vida, o ódio ao estabelecido, tudo isso que tu demonstras ter, são qualidades filosóficas que admiro - sou, como tu, leitor de Nietzsche mas, de forma alguma seu seguidor. No entanto todos esses "cavalos selvagens" têm, a meu ver, de ser domados (no sentido de clarificados, compreendidos, analisados) para sairmos do campo da Arte e entrarmos no da Filosofia. Sei que não vês fronteira alguma onde eu vejo. Talvez devessem existir mais pessoas como tu. Tens a minha assinatura para a tua candidatura. O voto já não.

um abraço,

Tomás