Eurico Tiago
Salvem os banqueiros e as empresas
Os banqueiros atiraram com a civilização ocidental para a falência e durante uns tempos foi vê-los, de chapéu na mão, pedindo aos governos que lhes dispensassem milhões dos impostos cobrados aos contribuintes que, como se sabe, são quase todos trabalhadores e dos que têm de fazer das tripas coração para comer e pagar as suas contribuições ao Estado.
Até o Governo Sócrates despejou os nossos biliões nos bolsos dos banqueiros para que a boa vida continuasse sem a menor perturbação. Depois de receberem rios do nosso dinheiro, os bancos rapidamente regressaram aos lucros pornográficos. E uma vez recuperada a antiga glória financeira, logo voltaram a aparecer nas televisões aqueles economistas inteligentes que dão a táctica ao Governo para Portugal sair do buraco.
Alguns desses tartufos metem pena. Afinal vê-se logo que são vozes de donos que querem sacar mais e mais à custa da ladainha da iniciativa privada.
Outros atrevem-se de novo a dizer que o Estado tem que entregar todos os bens públicos à iniciativa privada e ficar repimpado na poltrona a ver os ricos ficaram ainda mais ricos e os pobres rastejarem para as bichas da sopa e da roupa usada.
Outros ainda dizem como é que Sócrates deve agir e para já: reduzir os salários dos trabalhadores e despejar milhões nas empresas. Primeiro enche-se o prato aos banqueiros. Agora a mesa dos empresários. E sempre cortando na ração dos trabalhadores por conta de outrem. Ou o Governo faz assim ou Portugal acaba, dizem os malandros.
Alguns destes seres inqualificáveis já estiveram no Governo e só fizeram porcaria. São todos do socialismo cavaquista e sempre que aparecem, metem nojo aos cães. Se as suas vozes chegarem aos céus, estamos tramados. Porque como diria Cavaco Silva, isto está mais para o explosivo do que para os brandos costumes. E se Sócrates vai na conversa de alguns dos seus antigos ministros e que hoje aparecem alinhados com o que de mais retrógrado existe em Portugal, pode ser que isto se componha e a malta imite os gregos que não param de partir bancos e sedes dos grandes grupos financeiros.
É sempre possível que a corda parta, quando banqueiros e empresários levantam as bandeiras do sacar vilanagem e enchem os bolsos à custa dos que, à custa de muito trabalho e baixos salários, têm de sustentar clientelas políticas, empresários falidos e banqueiros arruinados.
Há sempre um dia que o cântaro parte a asa e os que nada têm decidem que querem um pouco mais do que pobreza e falta de respeito. Nesse dia, tenho a certeza, as vozes dos donos que nas televisões, rádios e jornais pedem tudo para os ricos e nada para os pobres, desaparecem num ápice. Não brinquem com o fogo porque as chamas queimam mesmo e às vezes arde tudo, mesmo o que não devia arder. Mas quando toca a rasgado, não há inocentes e vai tudo à frente das águas do rio que ignoram as margens opressoras.
Tenham juízo, que a impunidade não dura sempre e até os escravos um dia descobrem que têm direito à dignidade.
www.vozdapovoa.com
Wednesday, January 13, 2010
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