Sunday, December 13, 2009

NO ORFEUZINHO


Apesar do cacau ter chegado ao fim sinto-me bem. Até os empregados do "Orfeuzinho" brincam comigo. A diferença é que não posso pedir cerveja atrás de cerveja. Durante duas semanas fiz feliz as gerências dos cafés e dos bares. Durante duas semanas andei à grande e à francesa a espalhar a felicidade pelos tascos. Agora acabou. Acabou tudo, minha rica. Volto a contar os trocos. Fico reduzido a uma ou duas cervejolas de novo. Mas não me sinto mal. O livro vai ser lançado no sábado no "Piolho". É o meu oitavo livro ou o sétimo, consoante a perspectiva. Mais uma obra lançada ao mundo. Mais um filho, como dizia o Vasques. O terceiro pela Corpos. Mas o que é facto é que tenho de arranjar maneira de ter dinheiro novamente. Se bem que o capitalismo seja maléfico na sua essência, como dizem o padre Mário e o Michael Moore. O capitalismo, tal como o dinheiro, é maléfico na sua essência. A opção é lutar contra isso ou converter-me ou adaptar-me à máquina. E eu, no fundo, nunca me converti. A partir de certa altura segui o caminho nietzscheano, rebelde e dionisíaco. Tenho mesmo algo de messiânico. Serei o Pedro de Jesus, de que fala o padre Mário? E o homem ao balcão fala da morte. "Antes ser queimado do que ser comido pelos vermes e pelas formigas". Vem-se ao "Orfeuzinho" e ouvem-se conversas interessantes. Só me falta ir ao "Guarda-Sol". Lá tratam-me como a um doutor. E o telefone toca.

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