António Maria Lisboa, nasceu em Lisboa em 1 de Agosto de 1928 e morreu na mesma cidade em 11 de Novembro de 1953. É, com Mário Cesariny de Vasconcelos, um dos principais poetas do surrealismo português. Fez parte do Grupo Surrealista de Lisboa que, com Mário Cesariny de Vasconcelos, Cruzeiro Seixas, Pedro Oom, Henrique Risques Pereira e António Maria Lisboa, se formou em 1948. A sua obra (em parte publicada postumamente por Luiz Pacheco na Contraponto) é composta pelos seguintes livros: «Afixação Proibida» (1949), «Erro Próprio» (1950), «Ossóptico» (1952), «A Verticalidade e a Chave» (1956), «Exercício sobre o Sono e A Vigília de Alfred Jarry seguido de O senhor Cágado e o Menino» (1958), « Em 1980 foi publicado pela Assírio e Alvim um volume com a sua obra completa. O poema que escolhi foi dedicado pelo autor ao seu amigo, o também surrealista, Mário-Henrique Leiria e chama-se
Projecto de sucessão
Continuar aos saltos até ultrapassar a Lua
continuar deitado até se destruir a cama
permanecer de pé até a polícia vir
permanecer sentado até que o pai morra
Arrancar os cabelos e não morrer numa rua solitária
amar continuamente a posição vertical
e continuamente fazer ângulos rectos
Gritar da janela até que a vizinha ponha as mamas de fora
pôr-se nu em casa até a escultora dar o sexo
fazer gestos no café até espantar a clientela
pregar sustos numa esquina até que uma velhinha caia
contar histórias obscenas uma noite em família
narrar um crime perfeito a um adolescente loiro
beber um copo de leite e misturar-lhe nitroglicerina
deixar fumar um cigarro só até meio
Abrirem-se covas e esquecerem-se os dias
beber-se por um copo de oiro e sonharem-se Índias
Sunday, December 06, 2009
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