Thursday, December 31, 2009

D.H.LAWRENCE

Um poema de D.H. Lawrence


Democracia

Sou democrata na medida em que amo o livre sol dos homens
e aristocrata na medida em que detesto as possessivas tacanhas [criaturas.

Amo o sol em qualquer,
quando o vejo na fronte,
claro, sem temor, ainda que frágil.

Mas, quando vejo os pardos homens prósperos,
hórridos e cadavéricos, inteiramente sem sol,
como obscenos escravos prósperos saracoteando-se mecânicamente,
então sou mais que radical, desejo a guilhotina.

E quando vejo os que trabalham,
pálidos e vis como insectos, às corridas
e como piolhos vivendo, com dinheiro contado
e sem nunca erguer os olhos,
então, como Tibério, desejo que a multidão tivera uma cabeça
para decepá-la de um só golpe.
Eu penso que, quando as gentes perderam totalmente o sol,
não têm direito a existir.





em Poesia do Século XX, antologia, tradução, prefácio e notas de Jorge de Sena, Porto: Edições ASA, 3ª edição, 2003, p.190.

retirado de http://meianoitetododia.blogspot.com

No comments: