Um poema de D.H. Lawrence
Democracia
Sou democrata na medida em que amo o livre sol dos homens
e aristocrata na medida em que detesto as possessivas tacanhas [criaturas.
Amo o sol em qualquer,
quando o vejo na fronte,
claro, sem temor, ainda que frágil.
Mas, quando vejo os pardos homens prósperos,
hórridos e cadavéricos, inteiramente sem sol,
como obscenos escravos prósperos saracoteando-se mecânicamente,
então sou mais que radical, desejo a guilhotina.
E quando vejo os que trabalham,
pálidos e vis como insectos, às corridas
e como piolhos vivendo, com dinheiro contado
e sem nunca erguer os olhos,
então, como Tibério, desejo que a multidão tivera uma cabeça
para decepá-la de um só golpe.
Eu penso que, quando as gentes perderam totalmente o sol,
não têm direito a existir.
em Poesia do Século XX, antologia, tradução, prefácio e notas de Jorge de Sena, Porto: Edições ASA, 3ª edição, 2003, p.190.
retirado de http://meianoitetododia.blogspot.com
Thursday, December 31, 2009
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