Sunday, June 28, 2009

RAOUL VANEIGEM

A liberdade do comércio(...) estimula um desprezo do indivíduo por si mesmo e pelos outros que constitui a virtude das transacções lucrativas.

Mas não decorrerá tanto mistifório do pavor dum único interdito, aquele que a economia decreta contra a fruição que a vida oferece sem nenhum pagamento?

O império do livre-câmbio difundiu assim pela terra inteira um humanismo do Direito, ao mesmo tempo que o direito de viver humanamente não se encontra em lado nenhum.

A única liberdade efectiva é aquela que a mercadoria se atribui, a de se trocar por si mesma e de não ter outro uso. O futuro assim conjecturado dilacera-se entre a vontade de viver e a força do dinheiro que a parodia e a nega absolutamente.

O totalitarismo económico deixou entretanto de precisar de homens políticos ou de ideologias. Bastam-lhe funcionários que administrem mundialmente a dívida pública e a falência dos Estados nacionais.

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