Friday, June 19, 2009
Já não escrevo. As palavras vêm ter comigo. Perdi a namorada por causa de um poema que publiquei neste blogue. Já não controlo o que escrevo. Sou apenas o mediador, o intérprete. As namoradas não compreendem a minha arte, a minha loucura. A minha loucura é deixar-me ir, deixar-me levar, como um barco à deriva no meio do mar. Amo a minha loucura. Ofereco-lhe palácios, diamantes, todos os meus reinos. Nada se sobrepõe a ela. Amo-a desesperadamente, sem limites. Vou com ela até ao fim. Poucos, muito poucos me acompanham. Talvez por isso eu seja, por vezes, tão narcisista, tão centrado em mim próprio. Aqueles que admiro também o eram. Estou condenado à minha solidão, ao caminho que conduz a mim mesmo, como Zaratustra. Mesmo que esteja a banquetear-me com outros e com outras sei que tenho de seguir o meu caminho. Sigo apenas os meus mestres, aqueles que subiram ao palco antes de mim. O meu caminho nada tem a ver com a vidinha do cidadão comum, sei-o claramente agora. Estou a separar as àguas. O meu caminho é o caminho da loucura e da criação.
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