Quando Bertrand Russell entra no mundo festivo do ócio e da negação do trabalho, sente que as suas opiniões passam por "uma revolução". E continua assim: "Penso que se trabalhou demasiado no mundo, que a crença de que o trabalho é uma virtude causou enormes danos e que o que se deve pregar nos países industrializados modernos é completamente diferente do que sempre se pregou."
(...)
Russell lamenta que aqueles que se reformam se dediquem a fazer outros trabalhos e se mantenham activos do ponto de vista produtivo, no sentido tradicional do termo. Do mesmo modo, investe contra os que poupam dinheiro ("o verdadeiro malvado... é o homem que poupa"). Porquê? Porque o homem que guarda obsessivamente o dinheiro não está a fazer outra coisa senão a emprestar as suas poupanças "ao governo". (...) Não poupar dinheiro, transgredir, folgar, ser, enfim, preguiçoso, um pouco libertino, moralmente um vagabundo - exercer the right to be lazy -, é, em boa medida, fazer oposição.
(...)
Russell prefere uma boa pândega a um mau caminho-de-ferro, um prazer bem aproveitado a um trabalho mal empregue. Uma boa pândega pode beneficar muita gente: "O talhante, o padeiro, o traficante de álcool." E se o dinheiro é gasto "em colocar carris em lugares onde os eléctricos são desnecessários, terá sido desviada uma considerável quantidade por caminhos que não darão prazer a ninguém".
Iván de la Nuez, "Fantasia Vermelha". Tradução de Ana Bela Almeida.
publicado por Rui Manuel Amaral às 8:45 AM 1 comentários
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Saturday, July 11, 2009
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