Sunday, July 05, 2009
ABSOLUTAMENTE VIVO
Sento-me
e não consigo escrever
bem, já escrevi alguma coisa
mas não estou com o pedal de há dias
o raciocínio não sai célere
a escrita não é automática
são as tais variações
que não consigo explicar
as velhas falam
passam a tarde desbobinar
e eu aqui sem palavras
há intelectuais com o dom da palavra
eu só tenho esse dom em certas ocasiões
já disse: não tenho aquela frase a propósito
às vezes provocam-me e eu não respondo
a propósito do Che Guevara e do Fidel Castro
por um lado, até acho que faço bem
há uns anos mandava-os logo foder
e criava confusão
prefiro o Fidel á democracia bolsista
sou crítico do regime cubano
mas prefiro o Fidel e o Hugo Chávez
à democracia bolsista
não é essa a minha via
mas prefiro o Fidel e o Hugo Chávez
à democracia bolsista
faço bem em não responder
a todas as provocações
outros ou outras que respondam
faço bem em resguardar-me
as velhas não páram de falar
são máquinas de falar
a vida alheia é o mundo delas
e eu aqui agarrado à caneta
escrevo para não enlouquecer
-já o disse
às vezes um gajo repete-se
tanto escreve
que tem de se repetir
poderia escrever por objectivos
para um romance, um conto,
uma peça
mas não o tenho conseguido
só me saem estas coisas
que estão fora do mercado
e, olha, ainda bem que estão
ninguém me pode acusar de vendido
e este que se casou com aquela
e aquele que se separou desta
ao fim de dois meses-
eis a conversa das velhas
mas que se foda!
O que importa é que estou aqui vivo
a escrever
a máquina não me venceu
às vezes caio
mas volto a levantar-me
ás vezes fico fraco
mas volto a ficar forte
e isto é a minha vida
a escrever
às 5,30 da tarde de sábado
na "Motina"
isto é a minha vida
não ma tirais, capitalistas!
Não ma tirais, bolsistas!
Não ma tirais, mercadores!
Não ma tirais, governantes!
A depressão ataca-me
está sempre à espreita
mas eu estou aqui vivo
permaneço vivo
absolutamente vivo.
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