O xamã, esse grande iniciado, manipula a chama do conhecimento, as águas da grande deusa, os ventos da revolta, as sementes do novo mundo. Então, calça as sandálias e atravessa o deserto, um percurso de sete dias e sete noites.
O telemóvel tocou. Ouve-se um tiro. Uma bomba. O bairro incendeia-se.
E, logo em seguida, um pesado silêncio, acompanhado de um violento escuro total.
Quando o pano volta a subir para se iniciar o 2º acto tomamos conhecimento que sofremos (do nosso lado) algumas baixas, não tantas quanto as do inimigo.
(...)
As imagens arquétipas resultam parecer sempre contemporâneas, reconhecemo-las. Habitam o nosso mais profundo subconsciente, entre elas as muitas que nos perturbam, que nos metem medo, que nos limitam enquanto pessoas livres. Cabe ao mago trazê-las à superfície, exibi-las. Eis a grande acção performativa- o performer desempenha a função do xamã e num estalar de dedos exibe o coelho extraído da cartola- clarifica a leitura da imagem, actualiza-a...
(ABDUL AFFI, "Imagens e Memórias", Revista Utopia nº 22, pp. 53-55)
No comments:
Post a Comment