Wednesday, March 28, 2007

A. da SILVA O.


Levante-se pois uma ponta do véu:

Eis o Poeta em pleno acto criativo


No melhor corpo cai a noite

De quem a sete selos

Tenta criar o paraíso

Terreno num beco sem saída

Estou a vir-me

Num espelho escrito por dentro

E por fora

Estou a vir-me

Enjaulado em mim

Distorcido

De um lado para o outro

Cabalístico

Estou a vir-me

As banhas,

as cicatrizes,

As chicotadas psicológicas,

Os olhares psicóticos,

As taras,

os traumas:

Exercícios de esquecimento

Interdito

Estou a vir-me

À volta do corpo,

Essa embarcação hostil,

Estou a vir-me

À volta do corpo

Os passos perdidos do desconhecido

Estou a vir-me

Tal cão saindo dum banho de sangue

Estou a vir-me

Num banho de vozes

A sete chaves

Que nada dizem

Estou a vir-me

À base

De plásticas e constante

Arrancar de costelas

Estou a vir-me

No desconhecido

Ser que morre como nasce

Escrito,

tatuado por dentro e por fora

Com a miséria mental

A tapar-lhe os olhos,

Estou a vir-me

Absolutamente

PerdidoEm sonhos,

banhas,

Cicatrizes para e psicológicas,

chicotadasPsicóticas em eternos

Exercícios de esquecimento

Estou a vir-me

Há três dias e três noites

Só me apetece delirar

Neste beco sem saída

Que é o corpo

Em permanente banho de multidão

Estou a vir-me

Em flagelo

A vir-me para o conhecido

Livro dos sete selos

E nas suas sete taças

Escritas por dentro

E por fora

Estou a vir-me”



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