Wednesday, July 27, 2011

UMA CERVEJA NO INFERNO


Defendo a violência de Atenas mas não sou violento. Sempre passei muito tempo sozinho. Não tenho medo. Desde que não esteja deprimido. Tenho 43 anos. Estou a caminho de escrever a grande obra. A obra do profeta que regressa à praça. Como Zaratustra. Estou a abrir a mente, a abrir as portas. Não há fronteiras. Deus, Satã e tudo o mais bebem à minha mesa. Não quero mais saber da conversa dos ignorantes, dos imbecis. Estou na demanda. Não posso deixar fugir o instante. O instante mágico. Sou aquele que possui, aquele que agarra. Não, não me atireis mais conversa fiada. Eu sou do outro reino mas sou também da Terra. Altura! Altura! Vem apanhar-me. Olha como voo, como sou belo. "Como te amo, ó eternidade". Nada acima de mim. Falta consumar-se o casamento. Sou o profeta. Os deuses amam-me. O cérebro alimenta-se. Quem sois, meus demónios? Porque não dançais, bailarinos? Por onde andais, meus queridos? Tantas noites, preso à mesa, preso ao balcão, a beber no inferno.

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