Monday, July 04, 2011
JORNAL DE NOTÍCIAS
Há oito dias que não escrevia. Agora tudo é diferente. As pernas não aguentam. Vês tudo aos rectângulos e aos quadrados. Estás sujeito a cair na rua. O sol arde, queima. Estás doente aqui em Braga. O chão começa a desaparecer. Tens de te agarrar à Gotucha. Agora já não gozas com as velhas, ó poeta. Nem foste lesto a sacar do "Jornal de Notícias". Já não vês o fogo na Trofa. Mas ouves Hendrix e isso põe-te em cima. O velho rock n´roll põe-te em cima. Mas já não tens pedalada para ir até à Avenida. O feitiço virou-se contra o feiticeiro. Ah! Ah! Salva-te, ó poeta beat. Não foste a Amarante nem a Lisboa. Começas a admirar os militares depois da conversa com o camarada de Aveiro. És da vida, não da morte. De qualquer forma, o calor faz-te sair da toca. Tal como o rock. És do rock. Dos AC/DC, dos Deep Purple, dos Led Zeppelin. Quando andas por lá pões as gajas malucas. Mas desde o S. João que não te aguentas das pernas. Já não é só quando não dormes. Como vai ser agora, menino? O jogo desta vez é a valer. O sol arde dentro e fora. Cowboy solitário em pleno "Saloon", quase de muletas. Valha-te o santo rock n´roll. O gajo nunca mais acaba o "Jornal de Notícias". E tu já não danças. Homem superior, resta-te a inteligência. Por enquanto, dizem...ir à casa de banho tornou-se um sacrifício. A gaja do café rega. Ir até casa vai ser outro sacrifício. Prepara-te, menino. O chão aos losangos e aos quadrados. A loucura. Quantos dias mais permanecerás aqui? Nem sequer convém beber álcool. Ri-te agora, ó poeta. Entre isto e as alucinações, não sei...venha o diabo e escolha. Pois, precisamente o diabo. Santo Deus, valha-nos Satã. Talvez ele te salve. Valha-nos Satã e a aguínha, não é menino? Ou, por outro lado, talvez te fizesse bem ir à missa, à igrejinha, orar a Deus e a Jesus, pedir-lhes milagres. Levanta-te, Lázaro. Desperta. Agarra-te às mulheres. Talvez elas te salvem do inferno em que te vieste meter. Resta-te mesmo a inteligência, Pedro. Por enquanto. Mal te mexes. Tens de permanecer deitado ou sentado. Coitado. Vão começar a ter pena de ti, novamente. E o gajo nunca mais acaba o "Jornal de Notícias". Estás como o Nuno. Entregas-te à literatura. Pelo menos, ainda tens olhos, braços e a mão direita. As pernas falham, tremem, não te obedecem. Estás por um fio, grande rei. Os teus dias na Terra estão a chegar ao fim. Valha-te o "Jornal de Notícias".
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