Thursday, May 28, 2009

BRAGA. BRASILEIRA


Regresso a Braga e à "Brasileira". Vim cá ver os UHF. Para a semana volto cá para apresentar o livro na "Centésima Página". Os senhores debatem a república e a página da necrologia. O POrto é tetracampeão. O Porto é sempre campeão. O personagem de outrora saúda-me. Este, ao menos, nunca deixou de me saudar. É mil vezes melhor estar aqui do que na "Motina". Aqui há gente. As ideias circulam. Há vida. E a cerveja flui. Os senhores analisam exaustivamente o jornal. Só falta aqui o Rocha para comentar o tetra. Mas isso seria no Porto, não aqui em Braga. Aqui em Braga a maioria é bracarense e benfiquista. As gajas boas e altas encostam-se ao balcão. Peço mais uma. Daqui a bocado vou abalar para as redondezas da universidade. Penso que são lá os concertos. A empregada é nova e simpática. Deu um chuto no meu guarda-chuva. Há sol lá fora. Escrevo e faço espectáculos. Escritor e artista de palco, eis a minha profissão. O sol está mesmo a bater. Entra um engravatado de livro na mão. Procura alguém. Olha para todos os lados. Não encontra ninguém. Senta-se. Olha! Afinal é o Código Tributário. E eu escrevo. Escrever é a minha vida. O Jaime já cá não está. E eu permaneço. Sou uma espécie de animal de palco. Bebo como Bukowski. Sem profissão fixa, sem fonte de sustento. Há dois anos vim cá ver "Maldoror" dos Mão Morta. No dia dos meus anos. Hoje venho ver os UHF. O personagem de outrora sai sozinho. Entra uma loira. Beija o amigo. Há sempre gajas boas na última página do "Correio do Minho". Entra o Cândido. Diz-me como funciona a porta do WC. A Gotucha só vem em Agosto. Coitada da Gotucha! Sempre infeliz. E eu aqui a abrir. O personagem de outrora desloca-se para a janela. Ao menos, está sempre a mudar de lugar. Tal como o senhor de gravata. Já é a terceira vez que vem cá hoje. Um gajo aqui encontra um filão para escrever. E a empregada tem piada. O senhor da república fala de óculos. Não há mamas que se prezem à vista. E eu fico a olhar para o antigo quiosque em frente, a "Helena Florista". Ao menos aqui em Braga há cacau, já o disse. E antes beber do que morrer. Até o gajo do "Vip" me comprou um livro. Talvez aqui as gerentes da "Brasileira" fizessem o mesmo, tal como o gerente do "Piolho". E já dava para um gajo se alimentar. Vou dar uma curva.

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