Saturday, July 12, 2008

ODISSEIA NO NOVA EUROPA


A ODISSEIA NO NOVA EUROPA

Acordo de manhã e sinto-me um conquistador. A saúde esplêndida. Sou o rei punk que regressa enquanto o Rocha hiberna. Bues de fixe altamente como a Carlinha. A cidade onde nasci é bela e cinzenta. A gaja do café limpa os vidros. O Manuel controla. Até me apetecia beber uma cerveja. Mas não o vou fazer. Não preciso. Sou o rei punk que regressa. No alto da barca. A vida sorri como nos anúncios. Mas sei que se escapa aos bocados. Aos poucos, não sobra nada. Sobras tu amor perdido na aldeia. Amor perdido em Braga. Coxas, voz doce, bandeja, "Astória". Era em Braga que deveria estar. Uma vez mais. Rei punk na tua imagem. Cinto desapertado, cowboy que chicoteia. Quanto te vir quero um beijo, um beijo louco na boca. E o Rocha que hiberna. E tu, loirinha, no "Púcaros". E tu no filme da poesia. No concerto cancelado da banda. "Loirinha". Sabes que temos uma canção chamada "Loirinha"? E o teu poema é o "Trip na Arcada". Sim, deveria estar em Braga à tua procura. Menina que vens do Gerês e entras na cama. Que me dás o amor e a vida.
Agora sim, estou possesso. Li dois livros de madrugada. Um sobre os Clash e outro de Eduardo Lourenço. Rei punk. Punk aristocrata. Eis a súmula. E o Manuel carrega as águas. E o Rocha que não sai da cama. 11:20. Nova Europa. Estou só e não preciso de ninguém. O pasteleiro carrega os bolos. Falta o Rocha para analisar os golos. Estou speedado demais para este pessoal. Estou noutro comprimento de onda. E o Aires e o Macedo que se cuidem. Rei punk. Poeta punk. Com o António Variações no ar. Estou com um speed do caralhão. Até me apetece discursar acerca do Estado da Nação. Anda apanhar-me agora, ó bardo da corte. Podes vir de fato e gravata e pastinha na mão. Anda apanhar-me que eu estou para lá. E tu, musa do Velvet, nunca mais te vi. Poeta punk. Vomito poemas ao som dos Clash. Sandinista! Combat Rock, London Calling. E os engravatados abandonam o café apavorados. Coitados, fogem de mim. Estou cheio de pedal. Até apareço no Telejornal. E o Rocha sempre a xonar. Eu produzo e os outros xonam. Como tu, Xoninhas, no Funchal. E tu, na rádio, a gozar. Sinto-me uma estrela. Ah!Ah! De novo, a estrela. Rei punk. Poeta punk. Há tanto tempo que não danço. Nietzsche deve andar satisfeito comigo, o Jim também. Não, não fui feito para linhas rectas nem para quadrados, nem para a razão. Sou do outro lado. Do lado louco, do lado subversivo, do lado punk. Rei punk. Um punk com maneiras. Um punk à maneira. É este o manifesto que fica. Até o Manuel já sorri. Sou doido. Absolutamente doido. Estou-me a despir perante vós. Não importa. Já passei por muita merda. E o Rocha permanece na cama. E se tu me desses um beijo? Quem vem amar-me ao palco? Hoje estou na companhia do divino marquês. Não há limites. O mundo começa hoje. Rei doido. Rei punk. Rei anarquista aos papéis em Paredes de Coura. Ouço vozes. Delírios. Alucinações.
Odisseia no "Nova Europa". Idade do ouro. E o Quim pede um queque. E o Rocha a dormir. E a gaja agarrada à loiça. Estou aqui a expôr-me. E daí? São 11:35. Estou no "Nova Europa". O destino da Humanidade passa por aqui. O padre renegado trata-me por rapaz. E eu rejuvesneço 20 anos. Ou talvez 2500. Volto à Idade do Ouro. À maravilha da criação. Zaratustra dança comigo e com as Bacantes. Dionisos punk. Quem vem amar-me? Hey! Isto é um happening. Dança! Sou o rei punk. Sou absolutamente sem limites.

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