PORTO 2001
ou o outro lado da Capital Europeia da Cultura
Inferno nos olhos
arde mata
sangue sanguessuga
carcaça carcomida
chupada até à gota
deserto nos olhos do Buda
oração na montanha
senha de uma nação
castelo fortaleza brasão
às voltas, à solta
enrola descola
sai para a rua
este é o reino
a terra prometida
e agora?
Inferno nos olhos
sida no vidro
e tu cais
desconversas ao telefone
quando o carnaval
desce à cidade natal
e as caras deslavadas se insinuam
de chapéu e lenço revivalista ao pescoço
vilar de mouros
led zeppelin street
cerveja na mão
à espera da dama de porcelana
e a multidão afoga-se em ti
dá-me um poeta lírico
dá-me um poeta lírico
para foder esta noite
uma cara bonita
para desfigurar
salvas de canhões
luzes no rio azuis
as mamas da boazona
anubciam o jackpot na tv
e o camarada
fala da revolução traída
agarrados ao telemóvel
como à piça
Camarada,
traz-me
uma revolução armada!
in "Saloon", A. Pedro Ribeiro.
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