Tuesday, March 06, 2012

A DÍVIDA, A CULPA E OS LADRÕES DO TEMPO

Como diz Nietzsche ("A Genealogia da Moral"), há uma relação entre a dívida (shulden) e a culpa (shuld), o conceito fundamental da moral burguesa. Os ditos credores ou usurários, além de nos transformaram em culpados de uma dívida que não contraímos, roubam-nos a independência e até o tempo. As mensagens que Merkel, a comunicação social e os economistas transmitem aos gregos vão nesse sentido: "vocês erraram", "vocês são culpados", "vocês não sabem gerir o dinheiro". Mas como afirmam Maurizio Lazzarato ("Le Monde Diplomatique", Fevereiro 2012) e Jacques Le Goff ("A Bolsa e a Vida"), os usurários até o tempo nos roubam: "o que vende (o usurário) senão o tempo que decorre entre o momento em que empresta e o momento em que é reembolsado com juros. Ladrão do tempo, o usurário é um ladrão do património de Deus". Logo, pagar a pretensa dívida a ladrões, além de nos sufocar, não faz sentido algum.

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