Friday, June 10, 2011

A QUEDA DO IMPÉRIO


10 Junho 2011A queda do império, e o que falta fazer

Sócrates, finalmente, caiu. Não com o desequilíbrio de uma cadeira velha, mas com o estrondo repetido de telepontos e portas que não aguentam a dose de hipocrisia que sobre eles se abate. E nem mesmo após a queda soube assumir responsabilidades, antes tendo sido vergado pela força das evidências, mesmo quando tudo fez para as negar.

Conduziu, sozinho, o país à situação de mão estendida em que se encontra, antes mesmo de qualquer crise internacional, como o demonstram os indicadores económicos da própria agencia nacional de estatisticas, mesmo que vertendo a conta-gotas dados "pouco simpáticos" quase sempre APÓS eleições.


Cereja no topo do bolo, depois de ter dito que nunca seria candidato com o FMI o país, nem isso cumpriu. Típico de pessoa que nunca soube desenvolver qualquer sentido auto-crítico, ou ser suficientemente humilde para assumir os seus próprios erros. Sócrates não "se demitiu": foi demitido pela História, e por milhares de portugueses fartos da vergonha em que a sua conduta se tornou. Não "abriu portas", foi lançado através delas para fora do cargo. Não é bem a mesma coisa. Se vamos debater eufemismos, ao menos que sejam honestos e inteligentes.


Numa altura em que se criticam os "ismos" do BE - que, pelo menos, são transparentes, e criticas precisamente por o serem - o mesmo não pode dizer-se dos unanimismos artificiais do PS, com saneamento de candidatos próximos da oposição (muitos dos apoiantes de Seguro nem nas listas estiveram), com "militantes" que apupam jornalistas para que não façam perguntas incómodas, com militantes que empurram a dissonância para fora de restaurantes, com jornalistas que são despedidos por se recusarem a inventar notícias a pedido de consultores próximos do PS, entre outros "ismos" que, por educação, não reproduzo. Com "esse" tipo de ismos o BE tem, ainda, muito a "aprender".


Sobre "democracia interna" no "reinado" de Sócrates muito haveria a dizer, mas não quero dar tempo de antena a mortos. Já sobra demasiada antena nos principais media para cada suspiro vindo dos partidos ao centro, e merecerem também tempo do meu seria, a todos os níveis, um despropósito. Direi apenas que "a ilusão da democracia" e a "decisão do colectivo" com que por vezes se veste o PS lembram, sobretudo, as candidaturas que à direcção do PS nunca existem, por razões que todos conhecemos, e que apenas alguns socialistas tiveram a ousadia de revelar. Até ministros com mais humildade que JS são estrategicamente apagados das fotos no site do partido em que ambos apareciam. Curiosa democracia. Curiosa forma de "assumir".


Nunca a inteligência e a consequência estiveram tão divorciadas como nos partidos catch-all que temos em Portugal. A esse título, aliás, bastaria comparar o CV, por exemplo, de Francisco Louçã, com cujas palavras concordo amiúde, mas cuja conduta interna raramente subscrevo: não se é premiado academicamente, não se é publicado cientificamente fora do país por amiguismos a la Armando Vara. Só mesmo num partido podre, no qual a meritocracia se exibe na parede sem se praticar, se poderia criticar o mérito intelectual alheio quando tão fino é o vidro do telhado próprio. FL não terminou graus académicos ao fim-de-semana, nem enviou trabalhos por fax. Sobre isso, aliás, o perfil das lideranças socialistas é tão absolutamente falho de competencia tecnica que chega a ser risível ter de debate-lo.


Em jeito de resposta a quem considera que o PS é uma escolha errada de alvo para o BE, é precisamente por todas as razões que apontei, e que qualquer pessoa com memória e sentido crítico desmontaria, que o PS é um excelente alvo para qualquer partido digno, com pessoas a quem ambos os olhos ainda ajudam a ver. Porque se tornou um saco de gatos hipócrita, que mantém uma espécie de verniz finissimo de pseudo-aristocracia, que passeia a nudez das suas ideias na esperança de que ninguém a aponte, e que se tornou com o seu último líder uma anedota política de que a História se encarregará de manter registo, mesmo tendo em conta o recorde que o sr "6x3, é só fazer as contas" deixou a esse respeito. É por ter os telhados de vidro que tem, e por ainda assim ter o descaramento de se chamar "socialista" e de tratar os seus por "camaradas" que tem de ser o alvo, não apenas do BE, mas de todas as pessoas no mundo que têm nos valores da esquerda a sua praia. Chega de fraudes e de embustes.

http://pedropereiraneto.blogspot.com

1 comment:

Claudia Sousa Dias said...

e está tudo dito. o problema é que mesmo entre pessoas com formação superior, 80% não tem massa crítica dentro do crânio.