Saturday, January 24, 2009
JIM MORRISON
JIM MORRISON
Os concertos dos Doors eram na verdade, rituais. Morrison conhecia profundamente a filosofia de Nietzche e particularmente suas obras: A origem da tragédia e a cultura dos gregos, nas quais o autor postula o espírito dionisíaco em cujo delírio sagrado a natureza abre ao artista suas verdadeiras portas e lhe mostra a face real:
"A música mágica e a conjuração parecem ter sido a forma primitiva e origem de toda a poesia. O homem acostumou-se durante milênios com a conecção do idioma com o ritmo da música. O poder mágico da dicção rítmica tem sido paulatinamente esquecido. Distanciamo-nos cada vez mais da nossa origem. A canção mágica é uma conjuração aos demônios que parecem estar em atividade. A iniciação - cujos mestres foram segundo a mitologia, Orfeu, Musaeu, etc... era fundamentada pelos efeitos catárticos. As canções rituais relacionadas com os antigos mistérios eram vigorosas e entusiásticas."
(Nietzche - A cultura dos gregos)
"Da mesma forma que os coribantes possuídos pela febre da dança não realizam suas que evoluções no espaço, segundo uma clara consciência, os poetas líricos também engendram as mais belas poesias apenas quando a potência da harmonia e do ritmo 'baixa' sobre eles."
(Platão, em Ion)
Morrison havia particpado na UCLA de um grupo de teatro que seguia as diretrizes do teatro da crueldade do surrealista Antonin Artaud. A representação cênica foi revolucionada por este mestre que a concebia como um ritual orgástico, mágico e irrepetitível. Artaud, que nos anos 30 já experimentava peiote (cacto alucinógeno) entre os xamãs mexicanos, descreveu esse ritual no seu livro A Taraumara.
"O país dos índios Taraumara é repleto de misteriosos signos de formas esculpidas pela rocha viva sob o sol escaldante do deserto. Sob o efeito profundo do peyote, presenciei a tradição da Cabala, esta notável música dos números. A sagrada matemática oculta, na qual o caos material se rende totalmente a seus princípios. Uma matemática grandiosa que explica como a natureza engendra a gênese das formas. Nos maciços rochosos do deserto, distinguia, cristalinamente as estátuas esculpidas segundo a progressão numérica 3,4,7 e 8. As formas bizarras e barrocas dispunham-se sob um pedestal de granito formado por 3 sólidas rochas que se arrojavam em 12 pontas até as alturas. Os Taraumara repetiam estas séries em seus rituais e danças."
(Antonin Artaud)
Os alucinógenos sempre tiveram uma importância muito grande na formulação inicial do som dos Doors. Eram utilizados como catalisadores. Morrison seguiu ao pé da letra a máxima de Rimbaud: "Embriaguês sagrada: te afirmamos método!" ritualizando seus concertos, deixava-se levar pelas poderosas correntezas de Dionísio.
(Erycson Poltronieri e Andrei Simoes)
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