Wednesday, November 02, 2011


Poderia talvez escrever um texto épico mas não sei se sou capaz. Poderia invocar os deuses, iluminar-me a meio da tarde chuvosa.
Não consegui passar da segunda página do Lobo Antunes. Não sei se tenho algum problema com o homem. Serei "o homem livre na terra livre"? Não sei, há coisas que me reprimem. As iluminações não vêm. Tenho de escrever o que vem. A mente está bloqueada. Deseja a mulher ao balcão. Poderia escrever um texto épico. Tomei quatro cafés mas não fazem efeito. Estamos a meio da tarde e eu aqui. Acordei demasiado cedo. A Gotucha diz que faço bem em dedicar-me à filosofia e à literatura. O "Café Paraíso" está quase pronto. Não há motivos para andar deprimido. Está um pouco mais de luz lá fora. Não suporto o pimba televisivo da tarde. Possivelmente serei candidato à presidência de uma Câmara. Escrevo desta forma, aparentemente desconexa, como alguém disse. É a minha forma de escrever, pronto. Que querem? Não sou o Lobo Antunes. Tenho lido mais filosofia do que literatura. Procuro um livro que me encante. Sou único. Não sou o homem. Escrevo ao sabor dos ventos. Escrevo porque nada mais há a fazer. Escrevo porque não quero morrer. Estou aqui. Existo. Tenho todo o direito a estar aqui. Sou o único, porra. Outros trabalham, eu dedico-me à literatura. Escrevo. Não sou menos do que ninguém! Antes pelo contrário. Olho as horas. Gasto a caneta. As horas vão passando. Mais logo dá o Benfica. Não gosto de fado. Sou louco. Nada a fazer. Sou louco, porra! Não me barres a entrada, ó Sampaio! Estava alucinado, porra. é proibido ter alucinações? O país cai e eu subo. O país arde e eu também. Vou para a rua dançar.

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