Saturday, November 01, 2008
ALENTO DA MUSA
Ubiquidade e “alento da musa”
A ideia de beleza, tal qual aqui a concebemos, não poderia ser concebida com o estudo da produção e percepção do belo? O não-representável? Como fazer que a beleza aflua à nossa arte (a partir da utopia negativa da cultura electrónica contemporânea)? É esse o problema. É à volta deste tema – a ubiquidade do belo – que parcialmente se contrói a “Aesthetica. Vejamos, porém, um pouco mais pormenorizadamente, como é que se faz uma revisão necessária do que foi e do que é a beleza. Esta atitude de quem se volta para a beleza já de si implica, sem dúvida alguma, o reconhecimento pela nossa parte do êxtase, da “fissura” ontológica, o “rasgão”, o “não-saber” que desnuda? Que vem, porém, a ser a beleza da poesia que se nos dá como arte verbal (“contra-discurso” transgressivo)? Poder-se-á assimilar a poesia ao duende e o aduendado de Garcia Lorca? Que supõe, porém, algo convincente, abrindo margem assim ao “sublimis”? Quem se dispõe à beleza alucinatória que não cessa? Ao “transe”? Platão afirmava que ninguém seria bom poeta sem o sopro da loucura (ekstasis). O termo ekstasis significa “saída de si próprio”. A poesia supõe a inspiração, uma inspiração do poeta por uma força divina – Musa ou Apolo – ou um “fora de si”. A beleza que vamos tratar aqui é aquela que “articula” e “requer” o “Alento da Musa” (para usar um título do poeta galego Alberte Momán). A palavra “musa” soa aos ouvidos com um imemorial acento grego, como um eco de Petrarca; evoca o “eterno-feminino”, que tem a virtude polarizadora de nos revelar a beleza e a plenitude da expressão. As musas trabalham para nos inspirarem. Ora, entre outras ficções, e como talvez a mais importante de todas, as musas são uma faceta inspiradora activa (colocam-nos, porém, diante das imagens inspiradoras que podemos encadear a manejar criativamente).
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1 comment:
fazes-me ter vontade de lar "A história da beleza"de Humberto eco...
CSD
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