Sunday, March 10, 2013

REINO

É noite. Escrevo. Este é um dos dias mais felizes da minha vida. Celebro. Nada me deitará abaixo. Sou sublime. Ouço os galos. Escrevo ao ritmo da terra. O coração bate forte. Tenho medo de ter um ataque. Ainda assim reino. Penso na Leonor. Está infeliz. Coitada daquela menina. Chora. Tão incompreendida. Ainda assim reino. Saio nas entrevistas. Vou aparecendo nos media. Escrevo e sou feliz. Tomo Roma e Atenas. Percorro as ruas em triunfo como Alexandre. Exércitos que me protegem. Estou pronto para a batalha. A palavra é a minha arma. Exércitos que me protegem. Sou Nero. Toco lira. Recito poemas. Nunca mais haverá alguém como tu. Soberano da vida. Rei. Deus. Que se lixem os poetas menores! Eu estou aqui vivo. Com Morrison e Zaratustra. Há outra vida. O meu reino não é deste mundo. Palácios. Castelos. Reinos por conquistar. Este sou eu, menina. Não me faças a cabeça, ó coquete televisiva. Este sou eu. Continuo aqui. Não saio daqui. Não saio do meu país. Isso queriam eles...O reino é meu. Vou reclamar o trono. Terra inóspita. O Santo Graal. Artur de Camelot. Galaad. Vejo-te, ó Graal. És meu. O cálice. Vejo-te claramente. Estou em Deus. Às 7 da madrugada de 8 de Março. Dia da mulher. Todas as mulheres são minhas irmãs. Danço com elas. Vou até ao infinito. Bebo do cálice. Bebo whisky. Expulso os vendilhões. Sou soberano. A escrita é automática. Passa da mente para o papel, sem interferências. A mente arde. Estou em Deus e além de Deus. Não me apanhais, ó merceeiros, homens pequenos, escravos da vidinha. Estou para além. Muito para além. Bebo o Graal. Danço. Canto. Tenho o riso soberano.

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