Friday, November 09, 2012

A VERDADEIRA VIDA

Não me convence o Lobo Antunes. Demasiado descritivo. Entretanto, prossigo os meus dias em Braga entre a Sandra e a Goreti. Não consigo dormir. As ideias vêm-me, vêm-se. Volto a ter excelentes motivos para me levantar da cama. O amor acena. O "Um Poeta a Mijar" seria um excelente livro não fossem três ou quatro poemas que precisavam de ser revistos. Talvez o "Queimai o Dinheiro" seja o mais autênt...ico, à semelhança do "Café Paraíso". Enfim, não sei, já vou para o 11º livro. Ainda não criei "a obra" mas hei-de lá chegar. Sinto-me um filósofo ou, pelo menos, um aprendiz. Não acho estupidez nenhuma recorrer ao àlcool ou às drogas. Sobretudo se eles nos ajudam a alcançar um certo paraíso num mundo que os mercadores e os merceeiros têm destruído. Sou, portanto, a favor da legalização das drogas. Já o sou desde os tempos do PSR. Tenho um percurso político de mais de 20 anos. Já poderia ter sido eleito deputado. Mas, enfim, há-de chegar a hora. Ao menos eu vivo aquilo que escrevo. Não estou com grandes floreados. É a minha vida que está nas prosas, nos poemas. Aos quatro anos deixei a infantil ou a pré-primária porque pensava que sabia tudo o que lá se dava. Agora não sei tudo. Desconheço muitos pensadores e artistas. Contudo, cheguei a um ponto em que sou capaz de fazer uma síntese. Cheguei a um ponto em que estou convicto de que a vida não vale a pena se não for vivida, se não for gozada, se não for celebrada. Um homem que passe a vida a fazer contas ou cheio de medo ou cheio de tédio não vive, sobrevive. E muita gente, a maioria clara da população portuguesa limita-se a sobreviver, a tratar da vidinha ou nem isso. Portanto, é claro para mim que o culto da economia e do safanço, aliados à austeridade e aos cortes na saúde, na educação e na segurança social traduzem a não-vida que reina na mente dos imbecis que nos governam e nos querem controlar. Tudo isto acrescido da "overdose" de telenovelas e de futebóis, de imbecilidades como a "Casa dos Segredos" contribui para que sejamos cada vez mais espectadores passivos de um espectáculo que não controlamos. Felizmente, nos últimos tempos, sobretudo no 15 de Setembro, tem subido o número daqueles que protestam contra o governo mas também contra o roubo da verdadeira vida. Isso pode ainda não estar totalmente claro mas há sinais visíveis nos cartazes, nos confrontos com a polícia, nas palavras de ordem, de uma reivindicação não apenas económica mas também vital. "Queremos o mundo e exigimo-lo agora!", volto a Jim Morrison. Queremos de volta a vida que nos tiraram ou nos estão a tirar, queremos aquilo por que viemos à terra, queremos a idade do ouro, o paraíso perdido. Queremos dançar e celebrar sem estar a fazer contas, sem contabilistas.

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